Valdir Lourenço Jr. Rui Pereira Leite Jr. Louise Larissa May De Mio. Antracnose do Caquizeiro no Paraná

February 10, 2016 | Author: Luana Arruda Canedo | Category: N/A
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1 Valdir Lourenço Jr. Rui Pereira Leite Jr. Louise Larissa May De Mio Antracnose do Caquizeiro no Paraná2 ...

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A antracnose, causada por Colletotrichum spp., é a doença mais importante para a cultura do caquizeiro no Paraná. Diversos pomares na Região Metropolitana de Curitiba e no Norte do Paraná foram erradicados devido à gravidade das lesões causadas pela doença em folhas, ramos e frutos. Apesar da sua importância, há poucos estudos sobre a biologia do patógeno e técnicas de manejo e controle que permitam reduzir danos e otimizar a exploração econômica da cultura. Esta publicação, dirigida a produtores, técnicos e pesquisadores, reúne as informações disponíveis sobre a doença, indica métodos para seu controle e aponta necessidades de pesquisa.

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Antracnose do Caquizeiro no Paraná

Valdir Lourenço Jr. Rui Pereira Leite Jr. Louise Larissa May De Mio

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CARLOS ALBERTO RICHA Governador do Estado do Paraná NORBERTO ANACLETO ORTIGARA Secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - IAPAR FLORINDO DALBERTO Diretor-Presidente ARMANDO ANDROCIOLI FILHO Diretor Técnico-Científico ALTAIR SEBASTIÃO DORIGO Diretor de Administração e Finanças ADELAR ANTONIO MOTTER Diretor de Recursos Humanos

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INFORME DA PESQUISA Nº 159 ABRIL/2014

ISSN 0100-9508

Antracnose do Caquizeiro no Paraná Valdir Lourenço Jr. Rui Pereira Leite Jr. Louise Larissa May De Mio

INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ Londrina 2014

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INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ Crédito das imagEns Valdir Lourenço Jr.: capa, Figs. 1, 3, 4, 5 e 11 Louise Larissa May De Mio: Figs. 2 e 9 Leandro C. Borsato: Figs. 6, 7 e 8 Maria Giovana Yoshino Sonomura: Fig. 10

Comitê Editorial (intErino) Augusto Guilherme de Araújo Edmilson Gonçales Liberal Álisson Néri Editor ExECutivo Álisson Néri rEvisão Carla M. P. Machado diagramação Nelson M. Júnior Capa Nelson M. Júnior distribuição Área de Difusão de Tecnologia - ADT [email protected] | (43) 3376-2373 tiragEm: 300 exemplares Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte. É proibida a reprodução total desta obra.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) L892a Lourenço Júnior, Valdir. Antracnose do caquizeiro no Paraná / Valdir Lourenço Jr., Rui Pereira Leite Jr., Louise Larissa May De Mio. – Londrina : IAPAR, 2014. 19 p. : il. – (Informe da Pesquisa ; n.159) Inclui bibliografia. ISSN: 0100-9508 1. Caqui – Doenças e pragas – Paraná. 2. Antracnose. 3. Colletotrichum. I. Leite Junior, Rui Pereira. II. May De Mio, Louise Larissa. III. Instituto Agronômico do Paraná. IV. Título. V. Série. CDU 634.45(816.2) Impresso no Brasil / Printed in Brazil 2014

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AUTORES Valdir Lourenço Jr. Engenheiro-agrônomo Doutor em Fitopatologia Pesquisador da Área de Proteção de Plantas IAPAR – Londrina [email protected] Rui Pereira Leite Jr. Engenheiro-agrônomo Doutor em Fitopatologia Pesquisador da Área de Proteção de Plantas IAPAR – Londrina [email protected] Louise Larissa May De Mio Engenheira-agrônoma Doutora em Fitopatologia Professora do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba [email protected]

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................. 5 SINTOMAS..................................................................... 6 CARACTERÍSTICAS DO PATÓGENO ..............................10 CICLO DA DOENÇA .......................................................13 MEDIDAS DE CONTROLE ..............................................14 Fungicidas ............................................................................ 15 Práticas Culturais .................................................................. 16 Variedades Resistentes ou Tolerantes ................................... 16

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................17 REFERÊNCIAS.................................................................18

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INTRODUÇÃO Colletotrichum spp., agente causal da antracnose ou mancha necrótica, é o patógeno mais importante do caquizeiro e está amplamente disperso nas regiões produtoras da Ásia, Oceania (WEIR; JOHNSTON, 2010), Europa e América (BASSANEZI; AMORIM, 1997). No Brasil, causa danos elevados à produção de frutos em diversas regiões produtoras. No Estado do Paraná, diversos produtores da Região Norte, principalmente dos municípios de Apucarana, Rolândia e Mauá da Serra, e da Região Metropolitana de Curitiba, incluindo os municípios de Campina Grande do Sul e Bocaiúva do Sul, abandonaram o cultivo do caquizeiro devido à alta severidade da doença (Figura 1). O problema se agravou na referida região metropolitana depois das geadas ocorridas em 2006, que provocaram danos nos galhos e ramos, aumentando a incidência de infecções. Após esse período,

Figura 1. Lavoura de caqui, no município de Bocaiúva do Sul, abandonada devido à antracnose.

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os produtores passaram a relatar, com frequência, a ocorrência de uma doença no caquizeiro denominada “pinta preta”, caracterizada por manchas negras de formato elíptico em ramos novos, ladrões e nos frutos em processo de amadurecimento. Em condições de alta umidade, essas manchas apresentavam pontuações de coloração rosa à alaranjada.

SINTOMAS

A antracnose ocorre nas folhas, ramos e frutos do caquizeiro (BASSANEZI; AMORIM, 1997). O patógeno causa lesões arredondadas no limbo e oblongas nas nervuras das folhas (Figura 2). Essas lesões em desenvolvimento podem coalescer, causar a seca das folhas a partir do ápice e provocar uma queda prematura, que ocorre quando próximas do pecíolo. O tecido foliar se torna quebradiço e pode ocorrer a queda prematura das folhas. Nos ramos do ano, Colletotrichum spp. causa cancros caracterizados por manchas necróticas escuras e deprimidas (Figura 3). Sob ataque severo do patógeno, ocorre a murcha e seca dos ramos (Figura 4), que culmina com a sua morte. Todavia, essa doença causa maior dano nos frutos do caquizeiro, nos quais inicialmente ocorrem manchas deprimidas de cor parda à negra com aproximadamente 1 mm de diâmetro (Figura 5). Essas lesões se desenvolvem até atingir 1 cm e coalescem com outras manchas, sendo circundadas por um halo claro (Figura 6). As lesões podem atingir a polpa e as sementes, causando a podridão total do fruto. Em condições de alta umidade, formam-se massas gelatinosas e concêntricas, de coloração rósea, nas manchas velhas dos frutos constituídas por conídios do fungo (Figura 7). Na Região Metropolitana de Curitiba, o dano nos frutos é muito severo durante a floração, principalmente em anos mais chuvosos. O que mais tem preocupado os produtores é o número crescente de cancros nos ramos e a queda acentuada de frutos ainda verdes. No entanto, não se conhece ainda a causa dessa queda e sua

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relação com o aumento da incidência de antracnose nas plantas ou mesmo com a ocorrência de outros patógenos. Lesões em ramos e galhos encontradas em pomares de caqui podem ter causas diversas como, por exemplo, o cancro causado por Pestalotiopsis (ALVES et al., 2011).

Figura 2. Lesões escuras, no limbo e sobre a nervura principal da folha, causadas por Colletotrichum spp.

Figura 3. Lesões necróticas escuras e deprimidas (cancros) no ramo jovem do caquizeiro, causadas por Colletotrichum spp. Livro Caqui - 15-04-14.indb 7

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Figura 4. Murcha dos ramos de caquizeiro atacados por Colletotrichum spp.

Figura 5. Lesões necróticas e deprimidas no fruto com aproximadamente 1 mm de diâmetro, causadas por Colletotrichum spp.

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Figura 6. Coalescência de lesões no fruto de caquizeiro, causadas por Colletotrichum spp.

Figura 7. Massa gelatinosa de cor rósea no fruto de caquizeiro constituída por conídios de Colletotrichum spp.

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CARACTERÍSTICAS DO PATÓGENO O fungo Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. (=Colletotrichum kaki Maffei) produz corpos de frutificação denominados acérvulos, com a presença de setas (Figura 8). Nos acérvulos, são produzidos conídios hialinos (esporos assexuais) com formato cilíndrico (9-24 x 3-4,5 µm) e envoltos em uma massa gelatinosa (Figura 9) (SUTTON, 1980). Além de C. gloeosporioides, outras espécies de Colletotrichum estão associadas à antracnose do caquizeiro. Na Coréia do Sul, foi relatado C. acutatum associado à doença (KIM et al., 2009). Em outro estudo, isolados provenientes da Nova Zelândia, China, Japão e Coréia do Sul foram identificados como C. horii nom. nov. (WEIR; JOHNSTON, 2010). Esse fungo causa morte dos ramos, cancros e manchas em frutos imaturos (WEIR; JOHNSTON, 2010). Como há um complexo de espécies de Colletotrichum associadas à antracnose do caquizeiro, torna-se importante identificar e caracterizar cuidadosamente os isolados obtidos dessa frutífera no Brasil. Esses estudos estão sendo conduzidos pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em um trabalho preliminar, realizado no IAPAR, foram observadas diferenças morfológicas e culturais entre os isolados obtidos de folhas de caquizeiro das regiões produtoras paranaenses (Tabela 1). Além disso, também tem sido observado que os isolados diferem na cor do micélio e dos corpos de frutificação e na presença e ausência de setas e micélios concêntricos e aéreos (MARQUES-MARÇAL et al., 2008; RAMPAZO et al., 2007). Em estudos recentes, conduzidos no IAPAR e na UFPR, detectou-se a presença de C. horii em algumas regiões paranaenses produtoras de caqui.

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Figura 8. Acérvulo com setas e conídios de Colletotrichum gloeosporioides.

Figura 9. Conídios de Colletotrichum gloeosporioides.

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Folha

Fruto

Fruto

Fruto

529

531

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Branco acinzentado Branco acinzentado Branco acinzentado Branco acinzentado com centro esverdeado Branco acinzentado Branco acinzentado Branco acinzentado com borda esverdeada Branco acinzentado

CM1

+

-

-

-

+

+

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

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-

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MA1 Setor

+

+

-

-

+2

MC1

+

+

+

+

+

+

+

+

CF1

+

Salmão a pardo

Cilíndrico de bases arredondadas

Cilíndrico de bases arredondadas

Cilíndrico de bases arredondadas Cilíndrico de bases arredondadas

Cilíndrico de bases arredondadas

Cilíndrico de bases arredondadas Cilíndrico de bases arredondadas Cilíndrico de bases arredondadas

Forma do conídio

Adaptada de Marques-Marçal et al. (2008).

-

-

Laranja a pardo

Salmão

-

+

Salmão

Preto

-

Salmão a pardo

Pardo

-

Setas

Laranja a pardo

CCF1

1

Atributos morfológicos: CM: cor do micélio; MC: micélio concêntrico; MA: micélio aéreo; CF: corpos de frutificação; CCF: cor dos corpos de frutificação; 2 “+”: presença; “–”: ausência.

Fruto

Folha

528

530

Folha

527

Folha

526

525

Local do isolamento

Número do isolado

Tabela 1. Número, local do isolamento e características morfológicas dos isolados de Colletotrichum spp. obtidos de caquizeiros no Estado do Paraná.

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CICLO DA DOENÇA Como não foram realizados estudos detalhados sobre a antracnose no caquizeiro, pode-se utilizar como exemplo o ciclo geral de Colletotrichum spp. (Figura 10). O fungo sobrevive em folhas, ramos, frutos e sementes, como micélio dormente ou conídios (AGRIOS, 2005), sendo estes esporos assexuais, produzidos a partir do micélio dormente, causadores de infecções primárias. Em condições de temperatura elevada, alta umidade e longos períodos de chuva, os conídios causam infecções secundárias durante todo o ciclo da cultura. Cabe salientar que para a cultura do caqui não foi estudada, até o momento, a importância e a ocorrência da reprodução sexuada. A germinação dos esporos e a emissão de tubos germinativos ocorrem na superfície da planta hospedeira, na presença de água livre. Na extremidade do tubo germinativo, ocorre a formação do apressório, estrutura responsável pela penetração do fungo no tecido da planta hospedeira. O micélio do fungo cresce interceluFruto

Folha

Germinação do conídio e penetração no tecido

Ramo

Infecção inicial e invasão do tecido

Setas negras Acérvulo de Colletotrichum sp.

Tecidos infectados morrem e entram em colapso, formando áreas deprimidas

Micélio Acérvulos com massas de conídios rosadas em áreas infectadas O fungo sobrevive como micélio, ou conídio em frutos podres, restos culturais e cancros

Acérvulos em áreas infectadas deprimidas

Figura 10. Ciclo geral da antracnose causada por Colletotrichum spp.

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larmente e pode permanecer latente até o tecido vegetal começar a apodrecer. Dessa forma, o micélio forma acérvulos (corpos de frutificação) que produzem conídios abaixo da cutícula da planta. Quando a produção de conídios se torna abundante, ocorre o rompimento da epiderme e a liberação desses esporos para o ambiente. Nos frutos, as infecções permanecem latentes até o amadurecimento desses órgãos. Os conídios são dispersos por gotas de água da chuva ou de irrigação, animais e ferramentas utilizadas nos tratos culturais. Em algumas plantas, o patógeno pode infectar as sementes e ser transportado a longas distâncias (AGRIOS, 2005). Lesões latentes em frutos verdes de caqui foram detectadas em pomares da Região Metropolitana de Curitiba (BLOOD et al., 2011), entretanto, a importância desse tipo de infecção e relação com a queda de frutos não está caracterizada.

MEDIDAS DE CONTROLE

Há carência de estudos sobre o controle da antracnose do caquizeiro no Brasil, notadamente informações sobre a biologia do patógeno e fatores que afetam a sua ocorrência. Preliminarmente, e tomando por base as medidas de controle da antracnose recomendadas para outras culturas, aponta-se o uso concomitante dos seguintes métodos, que devem ser adotados no manejo integrado da doença: • • •

Aplicação de fungicidas, incluindo o tratamento no inverno e pulverizações da parte aérea no verão; Implementação de práticas culturais adequadas; Uso de variedades resistentes ou tolerantes à antracnose.

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Fungicidas1 Fungicidas à base de oxicloreto de cobre e sulfato de cobre, únicos produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA2 (BRASIL, 2003) para antracnose do caquizeiro, devem ser aplicados preventivamente a cada 10-15 dias, ou a cada 4-5 dias em condições favoráveis à doença, e nunca sob temperatura ambiente superior a 25°C. No período da frutificação, observar atentamente a ocorrência de fitotoxidez, cujos sintomas podem ser confundidos com a antracnose (Figura 11). A calda bordalesa (0,2%) também é recomendada, sendo a primeira aplicação feita após a queda das flores e a segunda depois de 30 dias. No tratamento de inverno, ou seja, após a poda das plantas, a calda pode reduzir o inóculo de Colletotrichum spp.

Figura 11. Fitotoxidez em frutos de caqui causada por fungicidas cúpricos. Toda aplicação de agrotóxico deve ser feita mediante receituário agronômico.

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Consultar os produtos comerciais autorizados para uso no Paraná em: www.agricultura.pr.gov.br 2

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Práticas Culturais Na implantação do pomar, é importante selecionar áreas de plantio sem histórico da doença e utilizar mudas sadias, produzidas em locais distantes de lavouras com antracnose. Além disso, as áreas para a produção de mudas e implantação definitiva da cultura devem ser bem arejadas, para promover a redução da umidade, que favorece o desenvolvimento da doença. Dessa forma, não é recomendado fazer o plantio em áreas de baixada, sujeitas ao acúmulo de água. O controle de plantas daninhas na área de projeção da copa do caquizeiro é importante para promover a ventilação. O monitoramento constante do pomar é fundamental para detectar, eliminar e queimar os ramos e frutos doentes. Podas de condução são essenciais para manter a copa aberta, o arejamento e a entrada da radiação solar. Entretanto, a poda não deve ser realizada sob orvalho ou com a copa molhada e as ferramentas e outros tratos culturais devem ser desinfestados – com solução de hipoclorito de sódio ou água sanitária (uma parte de hipoclorito de sódio para três partes de água) ou produtos a base de amônia quaternária – quando utilizados em plantas doentes. É importante evitar o excesso de adubação nitrogenada – alguns produtores utilizam adubos verdes para reduzir a aplicação de adubos nitrogenados e também melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo – e evitar ferimentos nos frutos durante a colheita e a seleção, impedindo o favorecimento da infecção por Colletotrichum spp. e outros patógenos que causam podridões nos frutos.

Variedades Resistentes ou Tolerantes

Em locais favoráveis à ocorrência de antracnose, o ideal é utilizar variedades resistentes ou tolerantes à doença. Aparentemente, as cultivares Kyoto, Mikado e Yamamoto possuem resistência parcial ao fungo. Por outro lado, a cultivar Giombo é altamente suscetível.

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No entanto, é necessário conduzir estudos para determinar o nível de resistência ou de suscetibilidade das variedades de caqui plantadas no Brasil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A antracnose é uma séria ameaça ao cultivo do caquizeiro no Paraná e em outras regiões produtoras do Brasil. Trabalhos de pesquisa devem ser conduzidos para identificar e caracterizar quais espécies de Colletotrichum estão associadas à doença. Apesar de diversas espécies de Colletotrichum possuírem especificidade por hospedeiros, C. gloeosporioides e C. acutatum possuem uma ampla gama de plantas hospedeiras. Na Coreia do Sul, essas duas espécies foram capazes de infectar plantas de caqui e pimentão (KIM et al., 2009). No Brasil, é necessário verificar se a mesma espécie de Colletotrichum que causa doença em caqui é capaz de infectar outras plantas cultivadas. A identificação da espécie de Colletotrichum em caqui é importante para a diagnose correta da doença e o estabelecimento de medidas adequadas para o controle do patógeno. Além disso, estudos da biologia do patógeno (ciclo de vida) e de epidemiologia (estudo da interação entre populações de patógenos e plantas hospedeiras sob a influência do ambiente no tempo e espaço) são fundamentais para otimizar o manejo integrado da doença. Programas de melhoramento devem ser realizados para desenvolver cultivares resistentes e com boas características agronômicas. Outros métodos de manejo da doença também são necessários como: avaliação da eficiência, época de aplicação e registro de outros fungicidas protetores, sistêmicos e mesostêmicos no manejo da antracnose; seleção e avaliação em campo de potenciais agentes de biocontrole à Colletotrichum spp.; efeito da adubação e demais tratos culturais na intensidade da antracnose em caquizeiro; e, avaliação do manejo integrado da antracnose nas diversas regiões produtoras de caqui. Livro Caqui - 15-04-14.indb 17

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REFERÊNCIAS AGRIOS, G. N. Plant pathology. USA: Elsevier Academic Press, 2005. 922 p. ALVES, G.; VERBISKI, F. S.; MICHAILIDES, T. J.; MAY-DE MIO, L. L. First repost of Pestalotiopsis diospyri causing canker on persimmon trees. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, p. 1019-1022, 2011.

BASSANEZI, R. B.; AMORIM, L. Doenças do caquizeiro (Diospyros kaky L.). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE, J. A. M. (Ed.) Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda., 1997. p. 226-232.

BLOOD, R. Y.; ROZWALKA, L. C.; MICHAILIDES, L. L.; MAY DE MIO, L. L. Pestalotiopsis and Colletotrichum species causing latent infection on persimmon fruits in Brazil. Phytopathology, v. 101, n. 6, p. S17, 2011.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA. Agrofit: Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. 2003. Disponível em: . Acesso em: 19 fev. 2014. KIM, H.; LIM, T. H.; KIM, J.; KIM, Y. H.; KIM, H. T. Potential of cross-infection of Colletotrichum species causing anthracnose in persimmon and pepper. Plant Pathology Journal, v. 25, n. 1, p. 13-20, 2009. MARQUES-MARÇAL, V. V.; VILAS-BOAS, L. A.; LEITE JR., R. P. Identificação e variabilidade genética de isolados de Colletotrichum gloeosporioides obtidos de caquizeiro. In: XLI Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2008, Belo Horizonte. Anais do XLI Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2008.

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RAMPAZO, L. G. L.; MARQUES-MARÇAL, V. V.; PAULA, C. A. A.; LEITE JR., R. P. Ocorrência e caracterização de Colletotrichum sp. de caquizeiro na região de Londrina, PR. In: XL Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2007, Maringá. Fitopatologia Brasileira, v. 32, p. 314, 2007. SUTTON, B. C. The coelomycetes. Kew, Surrey, England: Commonwealth Mycological Institute, 1980. 696 p.

WEIR, B. S.; JOHNSTON, P. R. Characterisation and neotypification of Gloeosporium kaki Hori as Colletotrichum horii nom. nov. Mycotaxon, v. 111, p. 209-219, 2010.

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A antracnose, causada por Colletotrichum spp., é a doença mais importante para a cultura do caquizeiro no Paraná. Diversos pomares na Região Metropolitana de Curitiba e no Norte do Paraná foram erradicados devido à gravidade das lesões causadas pela doença em folhas, ramos e frutos. Apesar da sua importância, há poucos estudos sobre a biologia do patógeno e técnicas de manejo e controle que permitam reduzir danos e otimizar a exploração econômica da cultura. Esta publicação, dirigida a produtores, técnicos e pesquisadores, reúne as informações disponíveis sobre a doença, indica métodos para seu controle e aponta necessidades de pesquisa.

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