UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA DA APRENDIZAGEM DE SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA E TAXONOMIA ZOOLÓGICA NO ENSINO MÉDIO

July 16, 2016 | Author: Gabriela Vilalobos Fraga | Category: N/A
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UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA DA APRENDIZAGEM DE SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA E TAXONOMIA ZOOLÓGICA NO ENSINO MÉDIO ARAÚJO, Lenon Oliveira de – PUCPR [email protected] COSTA, Ana Lúcia da – PUCPR [email protected] COSTA, Reginaldo Rodrigues da – PUCPR [email protected] NICOLELI, João Henrique – PUCPR [email protected] Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas Agência Financiadora: Coord. de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Resumo Neste artigo descreve-se a aplicação de uma nova metodologia de ensino e aprendizagem da Sistemática Filogenética no Ensino de Zoologia para Ensino Médio, a partir de uma atividade proposta para alunos do Segundo Ano do Ensino Médio em uma escola publica de Curitiba realizada pelos alunos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da PUCPR e participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID. O diagnóstico realizado no início do programa revelou as dificuldades de aprendizado dos alunos nessa escola e norteou o desenvolvimento de uma atividade bem sucedida na área de Zoologia. O objetivo foi possibilitar ao aluno o entendimento da classificação dos seres vivos sob uma perspectiva evolutiva através de uma atividade diferenciada. A metodologia utilizada proporcionou ao aluno total liberdade para criar uma teoria evolutiva de um animal fictício. Os resultados revelaram uma metodologia eficaz e com uma avaliação positiva no ensino de Zoologia. Os alunos desenvolveram um texto criativo sobre sua teoria e a defenderam perante a turma durante um seminário. Na exposição os alunos utilizaram cartazes, leituras de texto para apresentar as características, táxons e evolução do animal fictício estudado. Como destaque tivemos a criatividade dos alunos com teorias evolutivas apresentadas com coerência, características evolutivas bem exploradas, função morfológica e adaptações ambientais provando que os alunos aprenderam a base da Sistemática Filogenética. Além disso, houve uma grande contribuição para o nosso desenvolvimento acadêmico, forçando a busca de novos recursos didáticos para aplicar um trabalho diferenciado em um ambiente

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precário. Também surgiu a possibilidade de explorar uma nova área de trabalho, proporcionando a viabilização de literatura para práticas em sala de aula. Palavras-chave: Zoologia. Classificação Lineana. Teoria Evolutiva. Introdução O conteúdo do presente artigo é baseado em uma atividade desenvolvida dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Esta atividade é referente ao ensino da Classificação dos Seres Vivos e Teoria Evolutiva, com uma turma do segundo ano do ensino médio de um colégio localizado na cidade de Curitiba, Estado do Paraná. O PIBID é um programa que oferece bolsa para estudantes de cursos de licenciatura plena, para que eles exerçam atividades pedagógicas em escolas públicas de ensino básico, aprimorando sua formação e contribuindo para a melhoria de qualidade dessas escolas. Esse programa tem como principais objetivos incentivar os jovens a reconhecerem a relevância social da carreira docente; promover a articulação teoria-prática e a integração entre escolas e instituições formadoras; e contribuir para elevar a qualidade dos cursos de formação de educadores e o desempenho das escolas nas avaliações nacionais e, consequentemente, seu Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), (CAPES, 2010). Local de estudo O estudo foi realizado em um colégio da rede estadual do município de Curitiba, que atende alunos no ensino fundamental e médio. A inserção no Colégio teve início no dia 15 de setembro de 2010, onde foi realizada a coleta de dados para responder ao Roteiro de Coleta de Dados para o Diagnóstico de Gestão Escolar, se estendendo até a data de 29 de setembro de 2010. Essa atividade foi realizado com base em um questionário padrão fornecido pela Coordenação Institucional do PIBID-PUCPR, preenchido com o auxilio do Projeto Político Pedagógico (PPP) e Regimento Interno do colégio, além de consulta à direção, coordenação pedagógica e à professora supervisora do projeto. Após esse levantamento, foram realizadas observações livres (sem roteiro) em sala de aula, em turmas de ensino médio, visando analisar a participação e comportamento dos alunos

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durante as aulas e a relação destes com o professor. Isso foi importante na tomada das decisões das futuras atividades que seriam aplicadas a essas turmas, tais como: práticas ao ar livre e dentro de sala de aula; locomoção dos alunos para outras salas com equipamento de vídeo; dinâmicas e trabalhos em grupo e grupo focal. Para que essas atividades fossem mais bem desenvolvidas, foram realizados testes sobre o conteúdo de Biologia com as turmas de ensino médio, com questões objetivas de múltipla escolha baseadas no livro didático adotado pela escola para os três anos do ensino médio. Cada turma respondeu questões referentes apenas ao ano que cursava. Em seguida, foram aplicados questionários com as mesmas turmas, compostos por questões objetivas de múltipla escolha, discursivas e de associação, sobre as temáticas do Projeto – biologia como ciência, o cenário ambiental e a saúde e a sociedade. Como complemento da atividade docente, o grupo participou do conselho de classe do colégio no último bimestre de 2010, onde foi observado o desempenho dos alunos através do ponto de vista de cada professor. E no início do ano de 2011, na primeira semana do mês de fevereiro, houve participação na reunião pedagógica e no Planejamento Escolar referente à disciplina de biologia, que tinha o intuito de organizar as atividades do ano letivo. Baseado neste Planejamento, todas as atividade do PIBID foram programadas de acordo com o calendário da escola. Dentre estas atividades, destacou-se uma referente à Classificação dos Seres Vivos em conjunto com a Teoria Evolutiva, aplicada em uma turma de segundo ano do ensino médio, e que será o tema a ser tratado neste artigo. Desenvolvimento Com base nos testes referentes aos conteúdos de Biologia aplicados no início do Programa, verificou-se que o tema da Classificação dos Seres Vivos, relacionado à sistemática e taxonomia, era pouco abordado ou eram tratados de modo pouco eficaz no aprendizado dos alunos. Isso ocorria devido à complexidade do tema e à necessidade de um raciocínio mais amplo do aluno, ou seja, este precisaria basear seus conhecimentos não somente no livro didático e nas atividades ali propostas, mas também conseguir visualizar todo o processo evolutivo que ocorreu durante todos os anos, suas mudanças e conseqüências, sem ter vivenciado esse processo. Consequentemente, isso acabava por trazer muitas dúvidas aos alunos, como pôde ser visto nos resultados dos testes realizados (Tabela 1). Devido a isso,

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buscou-se uma nova forma de apresentar este conteúdo dentro da sala de aula, na tentativa de proporcionar um melhor entendimento do conteúdo. Tabela 1 - Resultado dos testes do Conteúdo de Biologia referente a Biodiversidade e Classificação do Seres Vivos. Turma A Turma B Média

Quantidade de Alunos Acertos Quantidades de questões 22 64 6 24 65 6 23 64 6 Fonte: Dados obtidos na Escola participante do projeto.

Média de Acertos 2,91 2,71 2,81

Segundo Lopes, Ferreira e Stevaux (2007), para transmitir um ensino adequado nas áreas de sistemática filogenética e taxonomia zoológica em Biologia, é necessário compreender as mudanças do processo evolutivo dos organismos vivos. Segundo os autores: É fundamental identificar as transformações dos organismos ao longo do tempo e situar as linhagens com representantes atuais. É indispensável ser capaz de reconhecer na diferenças e semelhanças a identidade e unidade do sistema vivo. Se o ensino da Biologia deve refletir um universo em transformação constante a ser entendido como tal, a Zoologia torna-se um instrumento ideal neste processo para os níveis básicos (fundamental e médio) da educação formal (p. 265),

No primeiro semestre de 2011, segundo o Planejamento Escolar, os conteúdos estruturantes trabalhados no segundo ano do ensino médio foram: A Organização dos Seres Vivos e Mecanismos Biológicos, sendo que os temas específicos foram: Classificação dos Seres Vivos: Critérios Taxonômicos e Filogenéticos e Teorias Evolutivas. Para Borges e Lima (2007, p. 2) Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, expresse a urgência de reorganização da Educação Básica, a fim de dar conta dos desafios impostos pelos processos globais e pelas transformações sociais e culturais por eles geradas na sociedade contemporânea, na área das ciências biológicas, o ensino de Biologia se organiza ainda hoje de modo a privilegiar o estudo de conceitos, linguagem e metodologias desse campo do conhecimento, tornando as aprendizagens pouco eficientes para interpretação e intervenção na realidade. Atender às demandas atuais exige uma reflexão profunda sobre os conteúdos abordados e sobre os encaminhamentos metodológicos propostos nas situações de ensino.

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Após aulas expositivas introdutórias sobre classificação de seres vivos apresentadas pela professora da escola, foi elaborada uma proposta pedagógica diferenciada a respeito da sistemática filogenética e taxonomia zoológica. Essa atividade visava desenvolver nos alunos a habilidade de construir uma teoria evolutiva relacionada a um animal fictício, a fim de apresentar um conteúdo anteriormente visto como complexo em algo de fácil entendimento e produzir dentro da sala de aula uma atividade experimental sem necessidade de recursos laboratoriais. (Figura 1).

Figura 1 – Animais fictícios utilizados na atividade Fonte: Ruppert e Barnes, 2006.

Segundo Gioppo e seus colaboradores (1998), há preferência em se trabalhar com atividades demonstrativas, velhas conhecidas dos autores de livros-texto, que as repetem num vicioso ciclo de plágio. Dando assim mais combustível as grandes empresas produtoras de materiais para educação em massa que criam estojos laboratoriais e os vendem as escolas, alguns de custo tão alto que ficam trancafiados em salas e quase nunca são utilizados e quando utilizados a instituição não tem verba para reposição do material utilizado tornando-o inutilizável. Trabalhar com Biologia e Ciências sem que o aluno tenha contato direto com material biológico e/ou experimental parece ser um formidável exercício de imaginação. Entretanto, diante das dificuldades limitantes do modelo de ensino é o que acontece na maioria das vezes. Professores inovadores nas suas metodologias e que ousam alguma mudança são persistentes e determinados, mas também correm o risco de desanimar diante das dificuldades. Sem

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dúvida “remar contra a correnteza” durante muito tempo torna-se cansativo, podendo o professor preferir acomodar-se a um modelo de ensino tradicional (LEPIENSKI e PINHO 2009, p. 6). Para realização do exercício, os alunos foram organizados em grupos contendo de três a quatro integrantes. Cada grupo recebeu um material que continha seis figuras de diferentes espécies de indivíduos fictícios, em tamanho A4 para confecção de cartazes e mais seis figuras no mesmo tamanho da figura 1 para colocar em seus trabalhos escritos, para elaborar a classificação lineana de Reino/Filo/Classe/Ordem/Família/Gênero/Espécie. Os grupos entregaram um trabalho escrito e realizaram uma apresentação para a sala defendendo sua teoria evolutiva e os nomes dados a cada espécie, justificando-os. Foram utilizados de cartazes e revisão de literatura para compor o trabalho. Todos esses processos foram cumpridos num período de trinta dias, dentro das aulas de Biologia do segundo ano do ensino médio e com supervisão da professora da escola, as apresentações ocorrem em duas aulas tendo um tempo de 15 minutos cada equipe para demonstrar seu trabalho. Considerações Finais A realização da atividade sobre a Classificação dos Seres Vivos e Teoria Evolutiva proporcionou aos alunos do segundo ano do ensino médio uma nova perspectiva sobre o assunto. Quando os mesmos apresentaram seus resultados, ficou evidente o domínio do conteúdo e a diversidade de idéias que compuseram suas teorias. A apresentação do trabalho em forma de seminário tornou a atividade ainda mais interessante, pois todos os alunos tiveram acesso ao resultado dos outros, e assim exerceram também seu pensamento crítico. Além disso, a aplicação do exercício em sala de aula provou que uma aula diferenciada pode se tornar bem sucedida sem a necessidade de um espaço também diferenciado - como um laboratório - já que na realidade encontrada nessa escola, esse espaço não existia. A maior dificuldade na atuação no colégio referiu à falta de estrutura com um espaço físico direcionado às aulas práticas, além da carência de literatura com atividade práticas para serem executadas dentro de sala de aula. Entretanto, a participação no Programa nos mostrou a necessidade da criatividade do docente para executar aulas diferenciadas, utilizando de baixo investimento para a escola e em locais com pouca estrutura. Porém, viu-se através desse impasse que podemos explorar um novo campo de trabalho com a produção de recursos

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didáticos para esse ambiente, já que se torna cada vez mais necessário adequar os conteúdos práticos da Biologia para a sala de aula. Também foi possível vivenciar a experiência da relação aluno-professor, o contato com realidades diferentes e a quebra do paradigma de que as escolas públicas não conseguem trabalhar os conteúdos com os alunos de maneira contrária à tradicional. Para Gioppo, Scheffer e Neves (1998, p.42)

...ao concluir a graduação, os alunos deparam-se com um reduzidíssimo número de vagas nos cursos de pós-graduação na área biológica e vêem-se empurrados para o mercado de trabalho na licenciatura, geralmente mais aberto e com vagas ociosas. Então, estudantes preparados para atuar na pesquisa biológica enfrentam uma “inesperada” situação: a do ensino.

Desse modo, concluímos que a participação efetiva do PIBID nas escolas pode ser benéfica para todos os envolvidos, visto que pudemos aprimorar nosso desenvolvimento acadêmico como futuros docentes e levar melhorias, idéias e novas práticas para serem trabalhadas nas escolas públicas, proporcionando aos alunos uma aprendizagem diferenciada e próspera. REFERÊNCIAS BORGES, Regina Maria Rabello, LIMA, Valderez Marina do Rodário. Tendências contemporâneas do ensino de Biologia no Brasil. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias Vol. 6 Nº 1 (2007) Disponível em < http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2002/01/a4. htm> Acesso em 14 de jun. de 2011. CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: http://www.capes.gov.br/. Acesso em 14 de jun. de 2011. GIOPPO, C.; SCHEFFER, E.W.O., NEVES, M.C.D. O ensino experimental na escola fundamental: uma reflexão de caso no Paraná. Educar, n. 14, p. 39-57. 1998. Editora da UFPR. Disponível em < http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_14/gioppo_scheffer _neves.pdf> Acesso em 05 de jul. de 2011. LIPIENSKI, L.M., PINHO, K.E.P. Recursos Didáticos No Ensino De Biologia E Ciências. Base de dados dia a dia educação. Disponível em http://www.diadiaeducacao.pr.gov.br/port als/pde/arquivos/400-2.pdf?PHPSESSID=2009071511113042> Acesso em 05 de jul. de 2011.

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LOPES, W. R.; FERREIRA, M. J. M.; STEVAUX, M. N. Proposta pedagógica para o ensino médio: filogenia de animais. Disponível em http://www.revistas.ufg.br/ index.php/sv/article/viewArticle/3417. Acesso em 14 de jun. 2011. RUPPERT, E. E.; BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. 6 ed. São Paulo: Ed. Roca. 1996. 1028p. SILVA JÚNIOR, César da, SASSON, Sezar. Biologia 2. São Paulo, Ed 7 Saraiva, 2002.

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