um atalho

September 3, 2016 | Author: Anonymous | Category: N/A
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a vapor SS Ancon realizava a primeira travessia oficial do ... Navio a vapor. Bolton Castle na .... das chamadas “mulas”...

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Canal do Panamá: 100 anos

UM ATALHO

HISTÓRICO

A INAUGURAÇÃO Em 15 de agosto de 1914, o navio a vapor SS Ancon realizava a primeira travessia oficial do Canal do Panamá

EM AGOSTO DE 2014, UMA DAS MAIS NOTÁVEIS OBRAS DE ENGENHARIA DA HISTÓRIA COMPLETOU 100 ANOS DE EXISTÊNCIA. O CANAL DO PANAMÁ UNIU OS OCEANOS ATLÂNTICO E PACÍFICO POR UMA ROTA QUE CRUZA O PAÍS LATINO E REVOLUCIONOU O COMÉRCIO MARÍTIMO MUNDIAL Por Leandro Portes Fotos Cortesia da Autoridade do Canal do Panamá (ACP)

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Canal do Panamá: 100 anos

I

CURIOSIDADES DO CANAL DO PANAMÁ

A ideia de construir um canal que atravessa o Panamá surgiu no século 16, especificamente em 1534, quando o rei Charles I da Espanha pediu o levantamento de um projeto de rota entre os oceanos Atlântico e Pacífico, ao longo do rio Chagres. Após concluir esses estudos, o então governador da província afirmou que seria impossível para qualquer pessoa realizar tal façanha.

Desde o início da construção do canal, muitas curiosidades ficaram marcadas na história centenária. Eis algumas bem interessantes: Em 1887, o futuro conhecido pintor francês Paul Gauguin passou cinco semanas no Panamá, onde trabalhou como operário na construção do canal e quase morreu ao contrair disenteria e malária. Ele se recuperou e seguiu para a Martinica. Teve um destino melhor que as milhares de pessoas que morreram na construção da via.

Acima: retirada de terras no final do séc. 19

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*Fonte: Autoridade do Canal do Panamá (ACP).

Primeiros anos Navio a vapor Bolton Castle na eclusa Gatun, antes de 1920.

Os Estados Unidos utilizou na construção uma força de trabalho de 56 mil pessoas, sendo quase 30 mil das Antilhas. Outras dezenas de milhares teriam trabalhado na tentativa dos franceses.

Durante a construção, mais de 27 mil trabalhadores morreram, principalmente de malária e febre amarela, e em acidentes (cerca de 22 mil mortes no projeto francês e mais de 5 mil nas obras dos Estados Unidos).

Em 100 anos de operação, mais de um milhão de barcos atravessaram o canal.

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magine que você é um comerciante marítimo no final do século 19 e precisa transportar sua carga do porto de Nova Iorque, na costa leste dos Estados Unidos, até São Francisco, na costa oeste. Naquele tempo, a única rota acessível era descer até a América do Sul, contornar o Cabo Horn (com todas as dificuldades marítimas de realizar tal atividade) e subir novamente todo o continente. Esse trajeto tem uma distância de aproximadamente 22.500 quilômetros e incontáveis dias. Agora, pense nesse mesmo objetivo mas com uma rota diferente: descer até a América Central, atravessar o continente horizontalmente e subir até a costa oeste, totalizando 9.500 quilômetros de viagem. Isso representou uma economia absurda de tempo e, consequentemente, dinheiro. Esse atalho histórico só foi possível graças à construção do Canal de Panamá, que completou 100 anos de sua inauguração em agosto de 2014.

Um barco que viaja de Nova York a San Francisco economiza cerca de 20.300 quilômetros utilizando o Canal do Panamá, ao invés de contornar o Cabo Horn. Do porto equatoriano de Guayaquil a Nova York, a economia chega a 7.540 km.

O volume de terra escavado foi o triplo do registrado no Canal de Suez. O material retirado na construção equivale a 95 milhões de metros cúbicos, suficiente para construir uma réplica da Muralha da China de San Francisco até Nova York.

O maior pedágio para atravessar o canal custou US$ 317.142 e foi pago pelo MSC Fabienne em 2008; o menor, de US$ 0,36 centavos, foi pago por Richard Halliburton por atravessar o canal a nado em 1928.

O tempo médio que uma embarcação leva para cruzar o canal é de mais de 10 horas. A passagem mais rápida foi feita pelo Hydrofoil Pegasus da Marinha americana, em 2 horas e 41 minutos. A maior carga foi transportada pelo navio Arco Texas em 1981, com 65.229 toneladas de petróleo.

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Canal do Panamá: 100 anos

ESTRUTURAS DO CANAL

ECLUSAS GATÚN A entrada atlântica do canal se localiza na baía de Limón. Após passarem pelas grandes rompeolas (barreiras que impedem o avanço da maré alta e facilitam a navegação), as embarcações percorrem 10,5 quilômetros até a primeira comporta. Uma sequência de três eclusas eleva os barcos até a superfície do lago Gatún, 26 metros acima do nível do mar.

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ECLUSA PEDRO MIGUEL

LAGO GATÚN

Está situada longe da costa por razões militares: pretendia-se evitar que o canal fosse inutilizado em caso de um ataque às bases americanas. Ao passar por Pedro Miguel, os barcos descem a 10 metros de altitude e navegam pelo lago Miraflores até o próximo jogo de eclusas.

Até 1935, Gatún foi o maior lago artificial do mundo. Possui 418 quilômetros quadrados e foi alagado em 1910 com a construção da barragem, que controla o curso das águas do rio Chagres.

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OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO PACÍFICO

NÍVEL DO MAR

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ECLUSAS MIRAFLORES

Ao contrário da entrada pelo Atlântico, o lado do Pacífico não possui rompeolas. Por isso, as eclusas Miraflores têm comportas maiores para sustentar o impacto e a alteração da maré, que pode variar em até quatro metros.

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Canal do Panamá: 100 anos

Durante os 78 quilômetros de extensão do canal, a embarcação é elevada a 26 metros, passa por grandes portões e desce ao nível do mar novamente. Sem dúvida, uma maravilha da engenharia

Lago Nicarágua Foz do Rio Brito

Rio Punta Gorda

O CONCORRENTE

CANAL INTEROCENÂNICO DA NICARÁGUA A prosperidade econômica gerada com o Canal do Panamá despertou o interesse de outros países da América Central de possuírem seus próprios canais que ligam os oceanos Atlântico e Pacífico. Há projetos para criação de hidrovias na Guatemala, Honduras e Nicarágua. Esse último, ao longo do século 19, também tinha a preferência da França e Estados Unidos para receber uma travessia interoceânica, devido a sua igual posição estratégica. Na época, foram realizadas expedições que levantaram detalhes de terreno e viabilidade da construção do canal, mas não foi levado adiante.

Mas nada saiu do papel, até 1880, quando os franceses fizeram um acordo com a Colômbia (a quem o território pertencia na época) e, liderados por Ferdinand de Lesseps (responsável pela construção do Canal de Suez, décadas antes), conseguiram permissão para o início das obras de abertura do canal. No entanto, problemas financeiros para continuar a construção e doenças tropicais que atingiram milhares de trabalhadores, causando inúmeras mortes, fizeram com que a França abdicasse dos trabalhos depois de oito anos. O então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, estava convencido de que o país poderia terminar o projeto, além de reconhecer que o controle da passagem do Atlântico ao Pacífico seria importante militar e economicamente.

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Assim, Roosevelt iniciou as negociações com a Colômbia e, em 1903, o Tratado Hay-Herran foi assinado pelos dois países. Mas o Senado colombiano não o ratificou, pois não concordava em ceder o controle do canal aos norteamericanos por um período de 100 anos. Para contornar essa situação, Roosevelt deu a entender aos panamenhos que, se houvesse uma busca pela independência do país, a sua marinha apoiaria a causa. E assim o fez. Em seguida, o Panamá proclamou sua independência em novembro daquele ano e permitiu aos Estados Unidos o controle da zona do Canal do Panamá, como dizia o tratado, em fevereiro de 1904. Com as obras reiniciadas, elas foram concluídas dez anos depois.

Um século e meio depois a obra existirá. E, além de rivalizar com o grande Canal do Panamá, o Canal Interoceânico da Nicarágua estará nas mãos de uma empresa chinesa por até 100 anos. A Hong Kong Nicaragua Canal Development Investment Company (HKND) firmou um acordo com o governo da Nicarágua, em 2013, e investirá US$ 40 bilhões na construção do canal. No entanto, alguns detalhes ainda travam o início das obras, principalmente pelo lado ambiental. O trajeto de 278 quilômetros inclui a travessia pelo Lago Nicarágua (principal fonte de água potável do país), que será muito afetado com a construção, correndo riscos de contaminação, além do desmatamento de milhares de hectares de floresta.

Trabalho cuidadoso Para grandes embarcações, a travessia total do canal chega a demorar 10 horas

A obra é tão ou mais faraônica que o canal vizinho. O Canal da Nicarágua encurtará em 800 quilômetros uma viagem de Nova Iorque a Los Angeles e terá espaço para embarcações maiores. Ele terá três vezes o tamanho do Canal do Panamá e pretende-se terminar os trabalhos em até cinco anos. De acordo com a HKND, em 2030, o valor combinado de mercadorias que atravessarão os dois canais superará US$ 1,4 trilhão.

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Canal do Panamá: 100 anos

A AMPLIAÇÃO DO CANAL Necessitando de uma ampliação em sua capacidade, em 2006, um referendo popular aprovou projeto para melhorias no Canal do Panamá, em que se iniciou a construção de uma terceira via com novo conjunto de eclusas, duplicando a capacidade e permitindo tráfego de maior volume de carga. As obras também envolvem o alargamento e aprofundamento dos canais de navegação existentes no lago Gatún. A previsão de término dos trabalhos é para o início de 2016, com gastos de US$ 5,25 bilhões.

O novo caminho levará a embarcação do nível do mar até o lago Gatún em apenas uma passagem, em oposição à situação atual, onde há uma passagem em duas etapas, por Miraflores e Pedro Miguel.

As novas comportas terão 427 metros de comprimento, 55 metros de largura e 18,3 metros de profundidade, podendo receber navios de 366 metros de comprimento, 49 metros de largura e 15 metros de profundidade.

Linha do Tempo

1881

Após assinar um acordo com a Colômbia (a quem o Panamá pertencia), a França inicia as obras de construção do canal sob o comando de Ferdinand de Lesseps.

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1889

França abandona o projeto depois de milhares de mortes de trabalhadores por doenças tropicais, crise financeira e pouco avanço nas obras.

1903

Com apoio dos EUA, Panamá consegue a independência da Colômbia e assina acordo com os norteamericanos, dando-lhes controle absoluto sobre o canal.

1904

As obras são iniciadas (A imagem mostra a construção das eclusas em 1912).

1914

Canal do Panamá é inaugurado com a travessia do navio SS Ancon.

1977

EUA assinam acordo que transfere gradualmente o controle do canal para o governo panamenho.

1999

A partir de dezembro, o Canal do Panamá é 100% controlado pelo governo local.

2006

Referendo popular aprova projeto para ampliação do canal.

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Canal do Panamá: 100 anos

A primeira travessia antes da inauguração oficial aconteceu em 26 de setembro de 2013, quando o rebocador Gatún testou sistema de eclusas (espécie de elevadores aquáticos que enchem ou esvaziam, transportando a embarcação para outro nível) e cruzou a entrada do Canal pelo Atlântico, verificando o funcionamento da instalação. A operação levou 1 hora e 51 minutos. Quase 11 meses depois, em 15 de agosto de 2014, o barco foi escolhido para acompanhar o navio a vapor SS Ancon, na viagem inaugural do Canal do Panamá. Em 1977, após um longo período de manifestação popular no Panamá, os termos do tratado foram revistos e os Estados Unidos passou gradualmente o controle do canal ao Panama até 1999, quando o país assumiu o comando total da região.

A TRAVESSIA

Antes da embarcação iniciar a travessia, o prático (piloto habilitado a navegar no canal, por conhecer a rota e os locais de passagem) sobe a bordo e assume o comando da operação. O navio é conectado ao rebocador que realiza as operações de manobra nas águas do canal. A travessia das eclusas é feita com a ajuda das chamadas “mulas”, locomotivas que se movem por trilhos paralelos às eclusas e se conectam aos navios por cabos, cuja regulagem mantém a estabilidade do barco e evita choques nas paredes laterais das câmaras. O número de mulas utilizado por travessia varia de quatro a oito, dependendo do tamanho do navio. Os 78 quilômetros de extensão são percorridos entre 10 e 20 horas, dependendo do tamanho da embarcação.

O Canal do Panamá revolucionou o comércio marítimo mundial. É inegável sua importância histórica

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