TERMINOLOGIA INSTÁVEL

July 11, 2016 | Author: Betty Arantes Affonso | Category: N/A
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PERFORMANCE

TERMINOLOGIA INSTÁVEL Etimologicamente, a palavra “performance” significa fazer ou atuar – assumindo assim o sentido de desempenho ou atuação – e entrou no vocabulário internacional, sendo atualmente recorrente em vários domínios. Este anglicismo faz parte da gíria do meio artístico, na qual a designação artes performativas equivale a artes de palco, enquanto a palavra isolada não tem um significado estabilizado e é utilizada para designar obras com características diversas; neste sentido, trata-se de um termo que por vezes levanta mais questões do que as respostas que oferece. Embora não seja possível (e eventualmente não desejável) chegar a uma definição fechada, podemos apontar características normalmente associadas à arte da performance, tais como: a tónica na ação, na plasticidade do corpo do artista ou de objetos e adereços utilizados; a utilização de espaços informais; protagonistas com formação e práticas profissionais diversificadas; um acentuado experimentalismo e improvisação; maior grau de interatividade com o espectador; recurso a diversos géneros artísticos e grande tradição de documentação. As várias combinações possíveis que derivam destes aspetos contribuem muitas vezes para a hibridez do resultado final e consequente dificuldade de categorização, o que não é um problema se considerarmos a criação de categorias meramente operativa e não um valor em si. De resto, basta olharmos à nossa volta para perceber que hoje em dia continuamos a ter, por exemplo, artistas-pintores ou artistas-bailarinos, mas também estamos rodeados de artistas com as mais variadas formações e práticas que se dedicam a explorar o potencial inerente a diversas disciplinas artísticas, muitas vezes convocando para a sua obra noções implicadas com outras áreas do saber. Generalizando-se no contexto artístico a partir dos anos 1970, a palavra performance refere-se a determinadas características que podemos encontrar em diversas propostas de vários artistas, mesmo muito antes da utilização do termo.

ANTES DE SER JÁ O ERA Na primeira metade do século XX, numa altura em que o termo performance ainda não era utilizado no contexto artístico de uma forma generalizada, assistiu-se uma série de propostas que, estando associadas às artes performativas, extravasavam esse domínio. Tanto as Serate Futuriste ou a atividade da Oficina de Palco da Bauhaus sob direção de Oskar Schlemmer (http://www.youtube.com/ watch?v=m40jBghI0To), como os acontecimentos no Cabaret Voltaire ou as produções da companhia de dança Ballets Suédois conjugam as diversas características que já referimos atrás, aliando aspetos tradicionalmente associados às artes performativas a outros ligados às artes visuais. Ainda nesta época, e mesmo fora dos círculos identificados com as vanguardas (futuristas, dadaístas, surrealistas, etc.), diversos artistas conjugam na sua produção aspetos identificados com os domínios mais tarde designados como Performance Art.

EM TODO O LADO SE EXPERIMENTA Na segunda metade do século XX, o legado modernista vai ser expandido por muitos artistas em vários pontos do mundo. Podemos referir os clássicos exemplos de Piero Manzoni e Yves Klein, que dão o mote para a acentuação do caráter experimental, valorizando a ação e destacando o valor do processo criativo no contexto das chamadas artes visuais. Com as suas “antropometrias” [http://www.youtube.com/ watch?v=dyOm2c815fQ] ou com a sua primeira Escultura Aerostática (1957, 1001 balões azuis largados no céu de Paris; reconstituída em 2007 pelo Centro Pompidou: http://www.youtube.com/watch?v=1mJCVM3d7jw), Klein “sai” do seu ateliê para trabalhar diante do público, permitindo-lhe assistir à ação que constitui, ela própria, a obra de arte, agora no caminho da dissolução da objectualidade. Quando Manzoni assina o corpo de pessoas a quem entrega certificados de autenticidade ou lhes concede um espaço sobre o tradicional pedestal que sustenta as esculturas, declarando-as obras de arte (Escultura Viva, 1961) está evidentemente a implicar o público nas suas obras, tornando-o indispensável à execução artística. Ainda na Europa, outros artistas usaram o corpo como suporte ou ferramenta, como aconteceu com os protagonistas do acionismo vienense: não se tratando de um movimento, já que não se verificou qualquer sentido de grupo ou programa partilhado, um conjunto de artistas realizou diversos trabalhos marcados pela transgressão, violência e destruição, investindo na escatologia e na corporalidade. A identificação da performance com uma linhagem proveniente das artes visuais acontece não só pela sua atenção à plasticidade dentro do contexto da arte efémera, mas também por casos de contaminação e influência, como se passou com Jackson Pollock ou com o grupo Gutai no Japão. Se pensarmos que a pintura era tradicionalmente mimética, ocultando o facto de as obras serem o resultado de um processo, percebemos que os expressionistas abstratos em geral, e Pollock em particular, tenham tido um impacto significativo naqueles interessados na dissolução de fronteiras entre o objeto e a sua feitura e na dimensão performativa da prática artística, tal como aconteceu no Japão com os elementos do grupo Gutai. Sendo pintor, Pollock foi pioneiro na valorização do movimento e da gestualidade implicadas na feitura das obras, que acabaram por se tornar indissociáveis da sua produção pictórica. Esta associação marcante fez furor nos anos 1950, circulando internacionalmente e influenciando o percurso de outros artistas. Partindo da ideia modernista de que a arte não representa a realidade mas constitui uma realidade em si, alguns dos membros do grupo Gutai – ligados inclusivamente a géneros tradicionais como a caligrafia – dedicaram-se na década seguinte a uma pintura mais orientada para o processo, incluindo a improvisação e apelo à participação do público. Nos Estados Unidos, foi também incontornável o contributo de John Cage e Merce Cunningham para esta dissociação entre arte e representação. O abandono da narratividade, da hierarquização espacial do espaço cénico, assim como dos géneros artísticos, a adoção da aleatoriedade como método de composição, a definição de dança como corpo em movimento e de música como o som que nos rodeia, trouxe uma liberdade e uma frescura que prepararam a emergência dos diversos artistas ligados ao Judson Dance Theater [http://dlib.nyu.edu/findingaids/html/fales/judson.

html]. Este grupo informal de artistas, que atuou na Judson Memorial Church em Nova Iorque entre 1962 e 1964, derivou de um grupo de alunos de Robert Dunn – músico que trabalhou com Cage e Cunningham – e incluiu diversos artistas ligados à dança, música e artes visuais, que se propuseram superar os “constrangimentos” presentes na dança moderna. Recorrendo a ações corporais muito simples (assim dispensando o trabalho com corpos treinados numa técnica de movimento específica e a formação em dança), exploraram elementos como o ritmo e a repetição, sublinhando a qualidade objectual dos corpos. Rejeitaram o artificialismo e o virtuosismo e investiram na simplicidade, assim como num tipo de expressividade distante da emotividade intencional. Hanna Wilke (Gestures, 1974: gestos físicos banais, repetitivos ou contínuos); FS 0867 Simone Forti (Solo No. 1, 1975: a artista movimenta-se como diversos animais, estudo sobre o movimento natural). FS 0912 Para além disto, desenvolveram trabalho cooperativo, na medida em que, dispondo de recursos limitados, se disponibilizaram para participar nos trabalhos uns dos outros, assim como para desempenhar todas as tarefas inerentes à apresentação pública dos trabalhos; esta acontecia em espaços informais e implicava incursões por disciplinas artísticas que iam além da formação dos protagonistas, assim como colaborações com outros grupos profissionais, como aconteceu em 1966 nas nove noites em que foram apresentadas no 69th Regiment Armory de Nova Iorque obras resultantes da colaboração com um grupo de engenheiros e cientistas dos Bell Telephone Laboratories.

EFÉMERO, OU NEM POR ISSO Os museus são tendencialmente sítios de exibição, divulgação, conservação e armazenamento de obras e embora possam incluir performance nas suas coleções, essa opção obriga a um tratamento específico, eventualmente mais complicado e/ou oneroso. Sendo obras efémeras, os trabalhos de performance podem ser reproduzidos ao vivo ou filmados, podendo nesta última forma chegar a um maior número de pessoas, mas perdendo a especificidade da apresentação presencial. Isto leva a que os museus sejam repositório de muita documentação sobre performance, que nos permite uma reconstrução sempre parcial do acontecimento original e que pode ser ou não considerada pelo artista como obra. Um exemplo disto é o caso da artista portuguesa Helena Almeida Tela rosa para vestir (1969) FS 0749 , que sempre utilizou o seu próprio corpo como ferramenta de trabalho, fazendo-se fotografar no decurso de ações realizadas no seu ateliê. Geralmente expondo apenas obra fotográfica, ainda que incluindo pintura, a artista já apresentou como obra vídeos feitos no decurso do seu processo de trabalho. Embora não se trate de performance, o trabalho desta artista inclui uma forte performatividade, conferida pelas ações que o seu corpo efetua ou que a obra sugere. A noção de performatividade está muitas vezes presente em obras objectuais, em que as características dos materiais e a sua organização no espaço sugerem fortemente ações prévias. É o que acontece nas obras Untitled (1966) e Within the Series of Layered Pattern Acts (1968–72) de Barry Le Va, em que pedaços de tela e peças de puzzle parecem ter sido atirados para o chão, ou nos deparamos com vidros empilhados e partidos, aparentemente por terem sido atingidos na sua zona central.

Por outro lado, há casos de obras concebidas para serem apresentadas ao vivo mas que, por impossibilidade, são apenas filmadas, acabando assim por alcançar um público muito mais vasto. Walking In an Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square, (1967–68) FS 0857 da autoria de Bruce Nauman, é uma delas. O advento do filme, e sobretudo do vídeo, permitiu que obras como Bouncing in the Corner No. 1 (1968) FS 0863 ou Manipulating a Fluorescent Tube (1969) FS 0862 , tenham chegado até nós enquanto performances executadas na solidão do estúdio do artista, num primeiro momento apenas para a câmara. Os registos fílmicos e fotográficos vieram permitir que ações que não poderiam ser presenciadas por um grande número de espectadores alcançassem um vasto público. É assim que podemos ver Gordon MattaClark em ação, dissecando edifícios (Splitting, 1974) FS 0869 ou durante a performance Tree Dance (1971), FS 0870 apresentada no contexto da exposição Twenty Six by Twenty Six, em Nova Iorque. O mesmo se aplica a Two Stage Transfer Drawing (Advancing a Future State) e a Stage Transfer Drawing (Retreating to a Past State), ambos de 1971, onde Dennis Oppenheim desenha nas costas do filho, que simultaneamente desenha na parede através das sensações tácteis, depois invertendo-se os papéis. Para além disto, abriram-se novas possibilidades, como comprova a obra Duet FS 0876 (1972) de Joan Jonas, uma das primeiras vídeoperformances, na qual a artista faz um dueto consigo própria, utilizando para isso a imagem gravada.

ARTE E VIDA – DÚVIDA E INTEGRAÇÃO Uma das vertentes da arte do nosso tempo é a necessidade que muitos artistas sentem de refletir, questionar e investigar a arte em geral, assim como as suas próprias obras, linguagens, esferas de ação e mecanismos. Joseph Beuys é um exemplo incontornável, já que para além de performer, escultor ou autor de instalações, foi também teórico e professor, refletindo sobre o papel da arte e reclamando para os artistas um papel social e político interventivo. Tornou-se uma referência e teve enorme influência e importância, já que alargou a definição de arte, incorporando no seu trabalho diversos elementos que eram até então considerados exteriores à esfera artística, tentando utopicamente ligar arte e vida de uma forma indissociável e indiscernível. Se Beuys questionou o papel do artista, Marina Abramovic, figura com uma extensa carreira no domínio da performance, dedicou-se a outro tipo de questões específicas deste território. No seu trabalho Seven Easy Pieces (2005) reconstituiu cinco performances de outros artistas – Bruce Nauman, Gina Pane, Joseph Beuys, Valie Export e Vito Acconci – e um trabalho seu, explorando assim a possibilidade de representar e preservar um tipo de arte efémera por natureza. (http://pastexhibitions.guggenheim. org/abramovic/) O humor e a ironia estão por vezes presentes nestas reflexões. Em I Am Making Art (1971), FS 0883 John Baldessari questiona as definições do conteúdo e a execução da criação artística. Executa inexpressivamente vários movimentos, acompanhando cada gesto com a frase “Estou a fazer arte”, naquilo que pode ser encarado como uma referência irónica à própria performance.

AÇÃO! Para além da utilização do corpo como ferramenta, suporte, recurso ou matéria, a performance centra-se na ação do artista enquanto transformador do mundo, muitas vezes caminhando no sentido de dispensar um objeto final, como acontece de uma forma radical no trabalho de Tino Seghal. As obras deste artista, formado em dança e economia, residem apenas no espaço e tempo que ocupam, assim como na memória de todos aqueles que com elas se confrontam; recusando qualquer vestígio material (como fotografias, catálogos ou qualquer outro tipo de documento, inclusive no que diz respeito à compra e venda dos trabalhos), Seghal apelidaas de “situações construídas”: construídas pelo autor (que para isso transmite instruções) e também pelo público que, quer seja mais ou menos participativo, é sempre parte integrante da obra. São portanto trabalhos que existem na medida em que acontecem. E uma vez que o artista rejeita qualquer tipo de documentação, as obras podem apenas ser descritas, tal como acontece com as peças This Is About (2003) e This Is New (2003), pertencentes ao acervo da Fundação de Serralves. (http://www.serralves. pt/atividades/detalhes.php?id=557)

ATORES SEM PALCO Os cruzamentos disciplinares patentes na obra de diversos artistas contemporâneos fazem com que um trabalho possa convocar a música sem que o seu autor seja músico, ou que um artista utilize o seu corpo para criar personagens sem que seja ator ou bailarino. Também neste sentido se fala de performatividade no trabalho de determinados artistas. Em Rock Star (Character Appropriation), 1974, FS 0896 David Lamelas assume a persona de uma estrela de rock, utilizando a fotografia para recriar um personagem que todos reconhecemos. Também Cindy Sherman tem utilizado o seu próprio corpo para criar diversas identidades e explorar a natureza da representação. As suas obras não são autorretratos, antes retratando diversas tipologias de personagens através do recurso a elaborados figurinos, adereços e maquilhagem, que lhe permitem encarnar – num processo próximo da representação teatral – outras pessoas, como por exemplo em Untitled, 1987. O trabalho Lives of Performers de Yvonne Rainer, um filme 16mm de 1972, é um exemplo da exploração da dicotomia realidade/ficção, já que inclui cerca de catorze episódios, cada um deles caracterizado por um diferente tratamento cinematográfico dos aspetos reais e ficcionais do papel da artista como realizadora e coreógrafa e dos papéis dos artistas durante a criação dos trabalhos anteriores e do próprio filme. Também Jorge Molder trabalha sempre a sua própria imagem, que funciona como ponto de partida para as fotografias que cria, quase sempre numa escala superior à real. As suas obras convocam mais o indício do que a evidência, frequentemente recorrendo a imagens que se relacionam com a dualidade, adquirindo uma qualidade simultaneamente trágica e irónica: veja-se a série “The Secret Agent”, 1991.

PUXAR PELO PÚBLICO Mesmo sem poderem ser designados performance, vários trabalhos implicam uma forte noção de performatividade, muitas vezes implícita no contacto do público com as obras, já que inúmeros artistas incentivam a exploração por parte do público – transformando o espectador tradicional em ator –, na medida em que o conhecimento da obra depende da disponibilidade deste para experimentar e testar a sua perceção. Isso acontece, por exemplo, no trabalho de Dan Graham instalado no Parque de Serralves: Double Exposure, 1995/2003, uma estrutura arquitetónica e escultórica em que os materiais utilizados desafiam a nossa perceção da obra e daquilo que a rodeia. Quando nos movimentamos no interior ou no exterior da peça, constituída por vidros transparentes e espelhados, automaticamente entramos num jogo que explora a nossa relação com o espaço, o ambiente que nos envolve e a imagem do nosso corpo. Assim, o público frequentemente abandona uma atitude de espectador passivo, adotando antes a postura do performer, que através da ação explora uma situação, aqui facultada pelo artista. Este papel ativo do público volta a estar presente em Performer/Audience/ Mirror (1975), já que o artista transporta habilmente os espectadores para a obra, transformando-os – ainda que involuntariamente – em parte integrante do trabalho. Aqui, recorrendo a um espelho colocado em frente à audiência sentada, perante a qual o artista se posiciona, Graham interroga as relações entre a audiência e o performer, assim como as noções de objetividade e subjetividade presentes nos atos de ver e descrever. Em Body Press (1970-73) podemos reconstituir uma ação passada através da obra, resultante da filmagem que um homem e uma mulher fazem dos seus corpos nus em rotação dentro de uma estrutura cilíndrica espelhada, bem como através de fotografias, desenhos, textos e colagens. Também o artista brasileiro Hélio Oiticica considerou o corpo e a motricidade do seu público nas obras que criou, como acontece nos seus célebres Parangolés, esculturas móveis feitas para serem experimentadas, tendo sido inclusivamente utilizados inicialmente por bailarinos de samba. Em Tropicália (1967), o penetrável que deu origem ao nome adotado pelo movimento tropicalista, o artista criou uma estrutura que alude à arquitetura popular, utilizando materiais como areia, brita, plantas e pássaros tropicais, numa peça destinada originalmente a ser experimentada pelo público, a quem se permitia a livre circulação por entre os estímulos visuais, tácteis e sonoros incluídos na obra. Oiticica colaborou nos finais da década de 1950 com o Grupo Neoconcreto, de que faziam parte Lygia Clark e Lygia Pape, entre outros, artistas que partilhavam com Oiticica a vontade de envolver diretamente o público com as obras apresentadas, através da utilização do corpo do espectador, convidado a “usar” os objetos criados. [http://www.heliooiticica.org.br/ home/home.php] Por vezes, até os títulos das obras revelam o apelo ao público para que se envolva ativamente, como acontece com Respire Comigo ou Desenhe com o Dedo, duas obras de 1966 da autoria de Lygia Clark. Nesta linha, convém referir Spiral Jetty (1970), de Robert Smithson: trata-se de uma obra de grandes dimensões, que pode ser percorrida, aliando noções inerentes à escultura e ao desenho com a experiência, diversificando as hipóteses de aproximação à proposta artística. Integrada no domínio da Land Art, Smithson criou uma gigantesca espiral de 450 metros de comprimento e 4,5 metros de largura, feita com pedras sobre um lago, destinada não só a ser apreciada como também “vivida” pelo público que tenha a oportunidade de visitar a obra in loco; Smithson recorreu ao filme para documentar esta possibilidade e assim permitir a disseminação da obra para além do constrangimento da situação “ao

vivo”. Incluiu várias outras imagens e comentários seus, criando assim um filme que se torna mais do que um documentário, já que promove diversas associações ligadas à forma espiralada e ao tempo geológico. À partida destinada à efemeridade, já que a erosão e o desgaste ditariam o fim da existência da obra, Spiral Jetty acabou por ser restaurada, levantando uma intensa discussão e reflexão acerca dos propósitos dos artistas versus questões de proteção do património artístico e sua musealização. [http://www.nytimes.com/2004/01/13/arts/the-salt-ofthe-earth-sculpture-debating-intervention-as-nature-does-its-work. html?pagewanted=all&src=pm] A efemeridade traz consigo a preocupação em gerar memória, partilhada por vários artistas que trabalham com performance. Alberto Carneiro registou as suas incursões na natureza que se transformaram em obra, como acontece com Operação Estética/Vilar do Paraíso (1973), em que 38 fotografias nos permitem ter uma noção, ainda que parcelar, dos elementos que o artista construiu com e na natureza. Para além da utilização documental, as tecnologias de captação de imagem, como a fotografia e o filme, vieram abrir o campo de possibilidades no que toca à exploração e conjugação de elementos tradicionalmente inerentes aos vários géneros artísticos, como mostram as obras de Fernando Calhau (#99, 1974) e Francesc Torres (Ejercicio con Segmento, 1972) FS 0695. Estas obras problematizam de uma forma lúdica as questões da bi e da tridimensionalidade, materializando elementos do desenho, como faz Helena Almeida na sua Pintura Habitada (1975).

DOCUMENTAÇÃO Albuquerque Mendes, Documento (n. dat.) Com o advento do vídeo, que se generaliza no mundo da arte a partir da década de 1980, não só se dá um alargamento da circulação e alcance das obras de arte, como se torna possível documentar mais eficazmente performances, efémeras por natureza. Este recurso permite aos artistas disseminar o seu trabalho, sendo utilizado frequentemente, como provam os exemplos de Chris Burden – com Documentation of Selected Works (1971–74) obra que inclui a filmagem das performances, assim como comentários do artista sobre as obras e respetivo processo de documentação – ou de Ana Mendieta, com Selected Film Works (1972–81). Por outro lado, esta tecnologia e as suas especificidades e limitações são também abordadas nos trabalhos onde se utiliza o filme para registar ações. Disso é exemplo a obra Three Frame Studies (Circle, Jump, Push) (1969), de Vito Acconci, em que o artista executa as simples ações de correr em círculos, saltar e empurrar outra pessoa, de forma a enfatizar os limites do enquadramento em cinema.

AGIR POLITICAMENTE Intervir chamando a atenção para determinados aspetos com uma dimensão política é uma atitude presente nas propostas de vários artistas, que com as suas ações e performances pretendem suscitar uma reação e uma reflexão acerca de acontecimentos marcantes para a sociedade do seu tempo ou para os papéis sociais e de género. Artur Barrio (Situação T/T1 (2ª e 3ª partes), 1970) Em Paris, La Cumparsita (1972), de Antoni Miralda e Benet Rossell, por exemplo, Miralda coloca um soldado de plástico branco em tamanho real

e posição de tiro em vários locais monumentais e turísticos de Paris, enquanto Rossell filma, numa referência ao movimento contra a guerra do Vietname e às movimentações estudantis na Espanha dos anos 1970. Diversas artistas mulheres se têm dedicado a criar performances sobre a condição feminina e seus estereótipos, como fizeram Valie Export em Hyperbulie (1973) ou Martha Rosler em Semiotics of the Kitchen (1975), apresentando os ingredientes do quotidiano doméstico com movimentos mais próprios de samurais do que suburbanos, desafiando as convenções tradicionais.

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS 

Andy Warhol Andy Warhol (Pensilvânia, 1928– 1987) começou a sua carreira como ilustrador, produzindo depois obras de desenho, pintura, gravura, fotografia, escultura, filme e música. Fundou a Interview Magazine e é autor de diversos livros. A sua obra artística convoca os domínios da publicidade e da circulação de imagens em grande escala, refletindo e usando o star system e a iconografia contemporânea, o que o transformou no mais célebre artista da arte pop. Alvo de diversos estudos, monografias e exposições internacionais, o seu trabalho tem uma vastíssima circulação, existindo na sua cidade natal o maior museu dedicado a um único artista.

Merce Cunningham Merce Cunningham (Centralia, Washington, 1919–2009), estudou dança e teatro na Cornish School em Seattle. Entre 1939 e 1945 foi solista da companhia de Martha Graham, altura em que começou a criar coreografias. A sua primeira apresentação em Nova Iorque com John Cage foi em 1944. Em 1953 formou a sua própria companhia de dança, para a qual criou desde então cerca de duzentas obras. O seu trabalho tem sido apresentado por diversos outros grupos, como o New York City Ballet, o Ballet da Ópera de Paris, o American Ballet Theatre, o Boston Ballet, o White Oak Dance Project, o Pacific Northwest Ballet, o Pennsylvania Ballet, o Ballett Zürich e a Rambert Dance Company , entre outros. Em 1999 foi realizada uma grande exposição sobre a obra de Cunningham e seus colaboradores, itinerando pela Fundació Antoni Tàpies de Barcelona, a Fundação de Serralves, Porto, o Ludwig Museum, Viena, e o Museo d’Arte Contemporanea, Castello di Rivoli, Turim. Merce Cunningham recebeu inúmeros prémios e condecorações, como a Comenda da Ordem das Artes e Letras Francesa (1982) e o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (1995).

Hannah Wilke Hannah Wilke (Nova Iorque, 1940–1993) foi uma artista multidisciplinar, trabalhando com escultura, desenho, fotografia, assemblage, instalação e performance. Formada em belasartes, entre 1974 e 1992 foi também professora na School of Visual Arts, em Nova Iorque. Conotada ainda em vida com o feminismo, o seu trabalho foi amplamente divulgado a partir da década de 1960 através de exposições individuais e coletivas. Na década seguinte inicia a sua atividade no campo da performance, muitas vezes utilizando a fotografia e o vídeo.

Simone Forti Embora Simone Forti tenha nascido em Florença, Itália, em 1935, a sua família emigrou para os Estados Unidos logo no início dos anos 1940. Forti iniciou os seus estudos em 1955, com Anna Halprin, pioneira da improvisação em dança. Em 1957 criou com Robert Morris um grupo de improvisação de teatro e dança em San Francisco, que pretendia contrariar o formalismo e a rigidez das coreografias estilizadas do ballet e de alguma dança moderna. Em 1959 muda-se para Nova Iorque, onde estuda composição com Robert Dunn, no estúdio de Merce Cunningham. Associou-se nesta altura ao Judson Theater Group. Forti vive actualmente em Los Angeles, Califórnia, atua e ensina em todo o mundo, e escreve regularmente para as revistas Contact Quarterly Dance Journal e Movement Research Performance Journal. Em 1995 foi galardoada com o prémio nova-iorquino para dança e performance “Bessie”.

Helena Almeida Nasceu em Lisboa (1934), onde vive e trabalha. Licenciou-se em pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Começou a expor na década de 1960, tendo realizado a sua primeira exposição individual em 1967 na Galeria

Buchholz, em Lisboa. Em 1967 parte para Paris com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Mais recentemente, destacam-se as exposições no Centro Galego de Arte Contemporánea, em Santiago de Compostela (2000), no Centro Cultural de Belém, em Lisboa e no Drawing Center, em Nova Iorque (ambas em 2004), assim como a sua participação na Bienal de Veneza (2005), em representação de Portugal.

Barry Le Va Barry Le Va nasceu em 1941 na Califórnia e vive e trabalha em Nova Iorque. Tem-se dedicado sobretudo à escultura e à instalação e está representado em importantes coleções por todo o mundo, tendo também sido professor. É frequentemente integrado no grande grupo da Process Art, que coloca a tónica no processo de feitura da obra. O Institute of Contemporary Art da Universidade da Pensilvânia (Filadélfia) realizou em 2005 uma importante retrospetiva do seu trabalho, simultaneamente lançando uma monografia.

Bruce Nauman Bruce Nauman nasceu em 1941 em Fort Wayne, Indiana (EUA). Atualmente vive na Califórnia. Na década de 1960 estudou matemática, física e arte nas Universidades de Wisconsin e da Califórnia. A sua primeira exposição individual realizou-se em 1965, apresentando uma série de esculturas em fibra de vidro. No ano seguinte inicia-se no campo da performance, recorrendo ao filme e à utilização do corpo como instrumento de trabalho. Participou nas edições IV, VII e IX da “documenta” de Kassel (1968, 1982 e 1992). A sua obra já foi exposta em vários países, destacando-se as exposições retrospetivas no Centro de Arte Reina Sofía, em Madrid (1993), na Kunsthaus de Zurique (1996), e a recente apresentação da instalação sonora Raw Materials no Turbine Hall da Tate Modern, em Londres (2005).

Gordon Matta-Clark Gordon Matta-Clark (Nova Iorque, 1943–1978), filho do pintor chileno Roberto Matta, estudou arquitetura na Cornell University de 1963 a 1968. Em 1969 muda-se para Nova Iorque, ficando conhecido pelos seus filmes experimentais e pelas intervenções em espaços arquitetónicos a que chama “cuttings” – transformações de edifícios a partir de cortes, para criar novos espaços com diferentes percursos, revelando materiais e texturas, propondo novas interpretações e vivências. No início da década de 1970 colabora nos projetos “112 Greene Street” e “Food”; cria Garbage Wall, um protótipo de um abrigo para os sem-abrigo; participa ativamente na construção de uma comunidade de artistas no Soho. Durante os anos 1970, realizou os trabalhos que lhe deram maior reconhecimento: a sua “anarquitectura”. Matta-Clark apresentou o seu trabalho em diversos museus e galerias, nomeadamente: Neue Galerie der Stadt Aachen, Alemanha (1974), Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris (1974), Museum of Contemporary Art de Chicago (1978). Em 2006, o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid) apresentou a obra de MattaClark, centrando-se no período compreendido entre 1971 e 1977, numa exposição comissariada por Gloria Moure que incluiu fotografias, fotocolagens, desenhos e os 19 filmes realizadas pelo artista.

Dennis Oppenheim Oppenheim (Electric City, Washington, 1938–2011), estudou no California College of Arts e na Stanford University, estabelecendo-se em 1967 em Nova Iorque, onde viveu até ao fim da vida. A sua obra tem sido identificada com diversas tipologias: da Land Art, Body Art, Video Art, Process Art, até à Arte Pública e Performance, frequentemente produzindo obras efémeras. Expôs nas Bienais de Veneza e Joanesburgo de 1997 e recebeu em 2007 a distinção “Lifetime Achievement”, atribuída pela Bienal de Escultura de Vancouver.

Joan Jonas Pioneira da arte vídeo e da arte da performance, Joan Jonas (1936, Nova Iorque) iniciou a sua atividade artística como escultora, começando no final da década de 1960 a explorar os domínios da performance e da imagem videográfica. As suas obras relacionam-se com diversas temáticas e áreas, tais como a literatura, a mitologia ou o folclore, investindo na possibilidade de gerar vários estratos de sentido e explorar questões ligadas à identidade e ao género, muitas vezes utilizando o seu próprio corpo como ferramenta de trabalho. É professora no Massachussetts Institute of Technology. A sua obra tem circulação internacional, tanto através de representação em coleções como de exposições, destacando-se aqui a retrospetiva organizada em 1994 pelo Stedelijk Museum de Amesterdão e a participação na 11ª edição da “documenta”, em 2002.

Joseph Beuys Depois da experiência da II Guerra Mundial (alista-se voluntariamente em 1940), Beuys (Krefeld, Alemanha, 1921–1986) frequenta o curso de escultura na Academia de Artes Düsseldorf (1947–51), onde mais tarde viria a lecionar (1961–72). Ao terminar o curso, concentra-se no desenho, na literatura e na filosofia, destacandose o seu interesse pela antroposofia de Rudolf Steiner, pela mitologia, pela botânica e pela zoologia. Em 1953 Beuys realiza a sua primeira exposição individual (escultura e desenho) na casa dos colecionadores Franz Joseph e Hans van der Grinten. Em 1961 estabelece-se em Düsseldorf. Entre 1963 e 1974 participa no movimento Fluxus, fazendo uma série de action-performances, em que utiliza materiais diversos, entre os quais gordura, mel e feltro. Beuys justifica a sua utilização recorrente de gordura com o facto de ter sido salvo por uma tribo nómada (tártaros), que o tratou com unguentos tradicionais depois da queda na Crimeia do avião que pilotava durante a II Guerra.

Marina Abramovic Marina Abramovic (1946, Belgrado, Jugoslávia) intitula-se avó da performance, já que iniciou o seu trabalho nesta área no princípio dos anos 1970, tendo desde então criado obras emblemáticas, que refletem acerca dos limites do corpo, da mente, da relação com o público e da própria performance enquanto género artístico. Em 1976 muda-se para Amesterdão, onde conhece o artista Uwe Laysiepen (Ulay), com quem viverá e trabalhará durante mais de uma década. Em 2010, o MoMA realizou uma importante retrospetiva da obra desta artista, a maior exposição de performance na sua história. Vários documentários e publicações lhe têm sido dedicados, assim como tem recebido diversos prémios, destacando-se o Leão de Ouro da XLVII Bienal de Veneza (1997), o “Bessie – New York Dance and Performance Award” (2003) e o “Cultural Leadership Award”, atribuído pela American Federation of Arts (2011).

John Baldessari John Baldessari nasceu em 1931 em National City, Califórnia, e vive e trabalha em Santa Monica, Califórnia. O seu extenso currículo (mais de 200 exposições individuais) inclui diversas bolsas, doutoramentos honoríficos e prémios, como o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, em 2009, ou distinções como a integração na American Academy of Arts and Letters, 2008. Com formação em pintura, Baldessari começa nos anos 1960 a incorporar texto e fotografia nos seus trabalhos, iniciando uma exploração que atravessará todo o seu percurso: a do potencial das imagens e da linguagem no contexto artístico. Na década seguinte alarga o espectro de atividade e dedica-se também à gravura, escultura, instalação, filme e vídeo. A sua extensa produção tem sido apontada por diversos artistas mais novos como uma importante referência.

Tino Seghal Nascido em Londres em 1976, Tino Seghal vive e trabalha em Berlim. Com formação em economia e dança, trabalhou com Xavier Le Roy, Jérôme Bel e com Les Ballets C. de la B., tendo em 2000 abandonado a interpretação para se dedicar exclusivamente à autoria. Representou a Alemanha na Bienal de Veneza de 2005 e está representado em importantes coleções, por exemplo: a Tate Gallery, Londres, o Stedelijk Museum, Amesterdão, o Guggenheim Museum e o MoMA, Nova Iorque, e o Hamburger Banhof, Berlim.

David Lamelas Nasceu em 1946, na Argentina. Estudou na St. Martins School of Art, Londres. A sua obra está representada em diversas coleções públicas, de entre as quais se destacam a do MAMBA, Argentina, do Centre Pompidou, Paris, do Hamburger Banhof, Berlim, da Tate Britain, Londres, do MACBA, Barcelona, entre outras. Expôs, entre outros, no PS1, Nova Iorque (1999), no MOCA, Los Angeles (2000), na Vienna Secession (2006) e no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid (2006).

Cindy Sherman Nascida em 1954 em Glen Ridge, Nova Jérsia, Cindy Sherman vive e trabalha em Nova Iorque. Começou por ser pintora, tendo rapidamente optado pela fotografia, área onde desenvolveu a sua carreira, interpretando diversos personagens através de uma elaborada caracterização, cenários e luz. Em 1997, o MOCA (Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles) organizou uma retrospetiva itinerante do seu trabalho e em 2012 foi a vez de o MoMA organizar uma exposição que reuniu mais de 170 fotografias suas, realizadas desde os anos 1970 até à atualidade. Participou nas Bienais de Veneza de 1982 e 1995 e, entre muitas outras, expôs

ainda individualmente no Stedelijk Museum de Amesterdão (1982), no Whitney Museum de Nova Iorque (1987), na Kunsthalle de Basileia (1991), na Scottish National Gallery of Modern Art de Edimburgo (2003) e no Martin-Gropius-Bau de Berlim (2006). A sua obra está representada em diversas coleções internacionais: Tate Gallery (Londres), MoMA, Metropolitran Museum e Whitney Museum of American Art (Nova Iorque), Museum of Contemporary Art (Chicago) e MOCA (Los Angeles).

Yvonne Rainer Yvonne Rainer nasceu em San Francisco, Califórnia, em 1934 e tem-se destacado como bailarina e coreógrafa, trabalhando também com filme. Estudou com Martha Graham e Merce Cunningham e foi uma das fundadoras da Judson Dance Theater (1962), tendo formado a sua própria companhia assim que este grupo cessou atividade. Coreografou a sua primeira peça em 1961 e quatro anos depois criou No Manifesto, estabilizando assim alguns dos princípios que caracterizam a arte das segundas vanguardas do século XX. A sua filmografia inicia-se em 1968, decorrendo, segundo a artista, do seu envelhecimento físico e perfil feminista; inicialmente criando curtas sequências para integrar nos seus trabalhos de dança, e posteriormente fazendo a total transição para esta linguagem. Para além de circularem internacionalmente, em 1997 foram realizadas retrospetivas dos seus filmes no Museu de Arte Moderna de San Francisco e na Film Society do Lincoln Center, em Nova Iorque.

Jorge Molder Jorge Molder nasceu em Lisboa em 1947. Estudou filosofia. Vive e trabalha em Lisboa. Participou em

diversas exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro, das quais se destacam a XXXII Bienal de São Paulo (1994) e a XLVIII Bienal de Veneza (1999). Está representado em várias coleções públicas e privadas em Portugal e no estrangeiro, por exemplo: Caixa Geral de Depósitos, Coleção Berardo, Fundação LusoAmericana para o Desenvolvimento (todas elas em Lisboa), Art Institute of Chicago (Chicago), Artothèque de Grenoble (Grenoble), Everson Museum of Art (Syracuse, Nova Iorque), Fonds National d’Art Contemporain (Paris), Maison Européenne de la Photographie (Paris), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil) e Museo Extremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo (Badajoz). Foi diretor do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian de 1994 a 2009 e recebeu o prémio AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte) em 2007.

Dan Graham Dan Graham (Urbana, Illinois, 1942) vive e trabalha em Nova Iorque. A sua obra compreende fotografia, vídeo, performance e estruturas de vidro e espelho, que remetem para a escultura e arquitetura. Autodidata de formação, Graham iniciou a sua carreira em 1964 com a abertura da John Daniels Gallery, em Nova Iorque, onde apresentou trabalhos de Carl Andre, Sol LeWitt, Donald Judd, Robert Smithson e Dan Flavin, entre outros. Participou nas Bienais de Veneza de 1976, 2003, 2004 e 2005 e na “documenta” V, VI, VII, IX e X (1972, 1977, 1982, 1992 e 1997). Foram realizadas diversas retrospetivas do seu trabalho na Europa e nos Estados Unidos, incluindo no Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Whitney Museum of American Art, Nova Iorque e no Walker Art Center, Minneapolis.

Robert Smithson Robert Smithson (Passaic, Nova Jérsia, 1938–1973) iniciou os seus estudos na New York Art Students League, tendo também frequentado a Escola do Museu de Brooklyn em 1956. A sua primeira exposição individual realizouse em 1959, na Artist’s Gallery em Nova Iorque. O seu trabalho, fundamental no contexto da Land Art, já foi apresentado em diversas exposições retrospetivas, nomeadamente nos Estados Unidos e na Europa. Está representado em importantes coleções mundiais, por exemplo: Art Gallery of Ontario (Canada), Art Institute of Chicago (Chicaco), Australian National Gallery (Canberra), Dia Center for the Arts (Nova Iorque), Kröller-Müller Museum, (Otterlo, Holanda), Kunsthalle de Hamburgo, The Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque), Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museum Boijmans van Beuningen (Roterdão), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Madrid), National Museum of Art, (Osaka, Japão) ou Tate Modern (Londres), entre várias outras.

Alberto Carneiro Alberto Carneiro nasceu em 1937 em S. Mamede do Coronado. Estudou nas Escolas Soares dos Reis (Porto) e António Arroio (Lisboa). Licenciou-se em escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1961–67), tendo frequentado uma pós-gradução na Saint Martin’s School of Art, em Londres (1968–70), com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Iniciou os seus trabalhos nas oficinas de arte religiosa na terra onde nasceu (1947–58). Começa a expor em 1963. Foi professor na Escola Superior de Belas-Artes do Porto e na Faculdade de Arquitetura da mesma cidade. Foi também responsável pela orientação artística e pedagógica do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. A sua obra tem sido apresentada em várias instituições, destacandose as exposições individuais na Fundação de Serralves, no Porto (1991) e no Centro Galego de Arte Contemporánea, em Santiago de Compostela (2001).

Fernando Calhau Fernando Calhau (Lisboa, 1948– 2002) frequentou o curso de gravura da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (1966). Licenciou-se em pintura em 1973 na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. No mesmo ano, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, estuda gravura na Slade School of Art, em Londres. Aí prepara os filmes Super-8 que viria a realizar em 1974 em Portugal. Mais tarde viria a integrar a Secretaria de Estado da Cultura, onde trabalha durante 25 anos, chegando a dirigir o Instituto de Arte Contemporânea entre 1997 e 2000. Em 2000 apresenta a exposição “Um passo no escuro”, no Pavilhão Branco, em Lisboa (com Rui Chafes). A sua última exposição individual – “Work in Progress” – teve lugar em 2001, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Francesc Torres Nascido em Barcelona em 1948, Francesc Torres desenvolveu grande parte da sua carreira fora de Espanha. Em finais da década de 1960 trabalhou em Paris, e entre 1972 e 2002 viveu nos Estados Unidos (onde criou a maior parte das suas obras), tendo vivido dois anos em Berlim durante os anos 1980. Tem criado a sua obra sobretudo no domínio da instalação multimédia, embora também seja ensaísta e colaborador de diversos jornais e revistas, assim como comissário de exposições. A sua prática artística aproxima-se por vezes da pintura, incluindo desenho e outras explorações menos divulgadas. O seu trabalho tem sido apresentado em diversos museus internacionais, como o Museum of Modern Art (Nova Iorque), a Nationalgalerie (Berlim), o Stedelijk Museum (Amesterdão) e o State Hermitage Museum (S. Petersburgo). Foi apresentada uma retrospetiva da sua obra no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía de Madrid (uma retrospectiva), e também expôs no Museo Guggenheim de Bilbao, na Fundação

Joan Miró (Barcelona) e no MACBA (Museu de Arte Contemporânea de Barcelona), onde se realizou a retrospetiva Da Capo (2009). Foi presidente da Associação de Artistas Visuais da Catalunha e recebeu o Prémio Nacional de Artes Plásticas do Governo da Catalunha.

Albuquerque Mendes Nascido em Trancoso em 1953, Albuquerque Mendes tem desenvolvido a sua obra nos campos da pintura, performance e instalação. Foi membro fundador do Grupo Puzzle (1976–1980), que no pósrevolução investiu na intervenção no espaço urbano. Nos anos 1980, conjuntamente com Gerardo Burmester, abriu a Associação de Arte Espaço Lusitano, no Porto, destinada a acolher a obra de jovens artistas portugueses. Expõe individualmente desde 1971, sobretudo em Portugal e no Brasil. Iniciou a sua atividade enquanto performer em meados dos anos 1970 (em 17 de janeiro de 1974 realiza a intervenção A arte é bela, tudo é belo, integrada no 1000011º Aniversário de Arte, iniciativa dinamizada por Ernesto de Sousa, no Centro de Artes Plásticas de Coimbra). Em 1997 recebeu o prémio Amadeu de SouzaCardoso.

Chris Burden Chris Burden (Boston, Massachusetts, 1946) estudou artes, física e arquitetura. Iniciou o seu trabalho de performance no princípio da década de 1970, implicando frequentemente perigo real nas suas apresentações, assim gerando controvérsia. Mais recentemente dedica-se à escultura e instalação de grandes dimensões, refletindo sobre a associação entre arte, ciência e tecnologia. Foi professor na Universidade da Califórnia entre 1978 e 2005. Foram realizadas importantes

retrospetivas da sua obra no Newport Harbor Art Museum, Califórnia (1988) e no MAK – Museu de Artes Aplicadas, Viena (1996). Em 1999 Burden expôs na 48ª Bienal de Veneza e na Tate Gallery, em Londres.

Ana Mendieta Ana Mendieta nasceu em Havana, Cuba, em 1948. Com 13 anos de idade vai para os Estados Unidos como exilada política, passando a viver com a irmã num orfanato estatal no Iowa, onde em finais dos anos 1960 frequentou o ensino superior. Em meados dos anos 1970 foi professora na Henry Sabin Elementary School. Morreu em 1985 em Nova Iorque. Uma exposição focando a obra desta artista itinerou em 1996 e 1997 pelo Centro Galego de Arte Contemporánea (Santiago de Compostela), a Kunsthalle de Düsseldorf, a Fundação Antoni Tàpies (Barcelona), o Miami Museum of Dade County e o MOCA, Los Angeles.

Vito Acconci Nascido em Nova Iorque em 1940, Vito Acconci é designer, arquiteto paisagista e performer, trabalhando também com instalação. Formado em literatura, inicia o seu percurso profissional como poeta, dando início à carreira como performer na década de 1970, utilizando a fotografia, o vídeo e o filme como recursos, e o próprio corpo para realizar os seus trabalhos. As suas obras convocam e exploram aspetos como a relação performer-público, corpo e identidade, público e privado, sujeito e objeto. Fundou em 1988 o Studio Acconci, dedicado a todas as suas valências profissionais.

Artur Barrio Nascido no Porto em 1945, Artur Barrio é um artista brasileiro

que vive e trabalha no Rio de Janeiro, criando desde os anos 1960 instalações e performances que frequentemente implicam a participação do público, por vezes convocando noções de efemeridade e precaridade. Barrio tem desenvolvido um modo muito pessoal de documentar as suas ações e situações através de registos como o texto, a fotografia, o livro de artista, o filme ou o vídeo. Essa relação muito particular entre o registo e a situação que o origina tem vindo a ser reconhecida em múltiplas exposições internacionais onde o seu trabalho tem sido apresentado. Sendo um dos protagonistas de um contexto artístico que, no Brasil, contribuiu decisivamente para uma crítica do modernismo e uma redefinição da obra de arte, a obra de Barrio tem sido divulgada internacionalmente, desde a célebre exposição “Information”, que o MoMA apresentou em 1970, até às suas mais recentes participações na XI “documenta” de Kassel em 2002, na 29ª Bienal de São Paulo (2010) ou na 54ª Bienal de Veneza (2011), onde representou o Brasil. Recebeu em 2011 o Prémio Velásquez, atribuído pelo Ministério da Cultura espanhol. Valie Export Nascida Waltraud Lehner (1940, Linz, Áustria), adota em 1967 o nome artístico Valie Export, impondo-se numa cena artística então dominada pelos Acionistas Vienenses, cujos trabalhos implicavam transgressão, violência e escatologia, tornando-se provocadores e escandalosos. A obra desta artista mantém de certa maneira estes aspetos, embora revele uma consciência de género que fez com que fosse conotada com o feminismo. Tendo vivido num convento até aos 14 anos e posteriormente estudado pintura, desenho e design, Valie Export trabalha com vídeo, performance, cinema, fotografia e escultura. Em 2004, o MAMCO – Musée d’Art Moderne et Contemporain, Genebra, Suíça, dedicou-lhe uma

retrospetiva. Expôs individualmente em diversos museus, destacandose: o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; o Centre Pompidou, Paris; o NCCA - National Centre for Contemporary Art, Ekaterina Cultural Foundation, Moscovo; o mumok – Museum moderner Kunst Stiftung Ludwig, Viena; a Akademie der Künste, Berlim; a Whitechapel Gallery, Londres; a Generali Foundation, Viena; e o Hamburg Arts Center, Hamburgo.

Martha Rosler Martha Rosler vive em Nova Iorque, cidade onde nasceu em 1943. Tem trabalhado sobretudo com imagem e texto, utilizando vídeo, instalação e performance, sendo também crítica e conferencista, colaborando frequentemente com as revistas Artforum, Afterimage, e NU Magazine. A sua obra relaciona-se frequentemente com questões sociais. É autora de diversos livros sobre espaço público (habitação, aeroportos, estradas, etc.). Expôs na “documenta” de Kassel (Alemanha), em diversas Whitney Biennials (Nova Iorque), no Institute of Contemporary Art (Londres), no MoMA (Nova Iorque), no Dia Center for the Arts (Nova Iorque), entre outros. Entre 1998 e 2000, a retrospetiva Martha Rosler: Positions in the Life World foi mostrada em cinco

cidades europeias (Birmingham, Villeurbanne, Viena, Barcelona e Roterdão) e em Nova Iorque no New Museum e no International Center of Photography.

CRONOLOGIA

1909 Um grupo de futuristas, incluindo Filippo Tommaso Marinetti, autor do Manifesto Futurista, organiza a primeira Serata Futurista, no teatro Chiarella, em Turim.

1965 Joseph Beuys apresenta a performance Wie man dem toten Hasen die Bilder erklärt [Como explicar quadros a uma lebre morta] na Galeria Schmela, em Düsseldorf.

1916 Emma Hennings e Hugo Ball fundam o Cabaret Voltaire, em Zurique, Suíça.

1966 10 artistas nova-iorquinos (Robert Rauschenberg, John Cage, David Tudor, Yvonne Rainer, Deborah Hay, Robert Whitman, Steve Paxton, Alex Hay, Lucinda Childs e Öyvind Fahlström) colaboram com 30 engenheiros e cientistas dos Bell Telephone Laboratories e apresentam performances inovadoras inseridas no programa E.A.T., Experiments in Art and Technology [Experiências em arte e tecnologia].

1920-25 Os Ballets Suédois, sediados em Paris, apresentam os seus trabalhos na Europa e nos Estados Unidos da América. 1923 Oskar Schlemmer assume a direção da Oficina de Palco da Bauhaus. 1944 Merce Cunningham e John Cage apresentam-se a solo pela primeira vez, em Nova Iorque. 1950 Hans Namuth fotografa Jackson Pollock a pintar para a revista Life. 1952 O crítico americano Harold Rosenberg introduz o termo Action Painting, num artigo da revista Art News.

1955 Primeira exposição do Grupo Gutai no Japão.

1967 Hélio Oiticica cria Tropicália, um dos seus penetráveis (instalações com as quais os espectadores podem interagir). 1968 Bruce Nauman torna-se artista da galeria de Leo Castelli, dois anos depois de ter iniciado as diversas filmagens que realizou seu estúdio e criado Self Portrait as a Fountain [Autorretrato como Fonte]. Alberto Carneiro escreve Notas para um Manifesto de Arte Ecológica.

1970 Robert Smithson cria Spiral 1956 Allan Kaprow introduz o termo Jetty, obra icónica da Land Art. happening no ensaio Legacy of Jackson Pollock. 1971 Chris Burden realiza a performance Shoot. 1960 Le saut dans le vide [O salto no vazio], de Yves Klein. 1973 Marina Abramovic cria Rhythm 10, a sua primeira performance. 1961 Piero Manzoni cria Socle du Monde, um plinto metálico com 1974 No dia 10 de Junho, no Porto, a inscrição (invertida) “Socle uma “Comissão para uma cultura du Monde, Hommage à Galileo”, dinâmica” formada por artistas colocado num campo em Herning, plásticos, escritores e poetas realiza Dinamarca, declarando o mundo o Funeral do Museu Nacional de como obra de arte. Soares dos Reis, em protesto contra o sistema museológico português. 1962 Hermann Nitsch, Adolf Frohner e Otto Muehl apresentam a 1975 Para a Bienal de Paris, Gordon performance Drei Tage Einmauerung Matta-Clark cria Conical Intersect, [Confinamento de três dias]. cortando dois edifícios de Les Halles, destinados à demolição Início da atividade do grupo Judson devido à construção do Centro Dance Theater, que durante dois Georges Pompidou. anos atua na Judson Memorial Church, em Nova Iorque.

GLOSSÁRIO

Action Painting Segundo Harold Rosenberg, crítico americano que instaurou o termo action painting, “a certa altura a tela começou a ser para os pintores americanos uma arena na qual agiam (…), o que surgiria na tela seria não uma imagem mas um acontecimento”. A action painting enfatiza o processo de feitura da obra de arte através de uma variedade de técnicas, incluindo o dripping (pingar) ou o dabbing (aplicar tinta com pinceladas curtas), combinando o controlo exercido pelo artista com a aleatoriedade e o acaso.

Ballets Suédois Companhia de dança sediada em Paris, dirigida por Rolf de Maré. Existiu entre 1920 e 1925, itinerando na Europa e nos Estados Unidos, em digressões com um intenso calendário de apresentações em diversas cidades e países. O espectro de criação artística extravasou o campo da dança, compreendendo áreas como o filme, conforme comprova a obra Entr’acte, resultado da colaboração entre vários artistas, por exemplo Erik Satie, Man Ray, Francis Picabia e Marcel Duchamp. O trabalho vanguardista desenvolvido pelos Ballets Suédois tornou-os num importante foco artístico na arte produzida no período entre guerras.

Bauhaus Escola de artes que existiu na Alemanha entre 1919 e 1933, tendo passado subsequentemente pelas cidades de Weimar, Dessau e Berlim, sob a direção de Walter Gropius, Hannes Meyer e Ludwig Mies van der Rohe. A Bauhaus, oficialmente designada Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), propôs um modelo de ensino inovador, aliando artes e artesanato às novas tecnologias, de maneira a favorecer a criação de obras totais. Associou tradição e inovação, disponibilizando aos alunos diversas oficinas (escultura, tecelagem, palco, etc.), cuja frequência permitia

uma abordagem prática e teórica a várias técnicas e especialidades. Deixou um importante legado, influenciando o desenvolvimento de áreas como o design, a arquitetura ou as artes gráficas.

próprio mercado. Frequentemente efémeros, estes trabalhos chegam ao público geral através de documentação textual, fotográfica ou filmográfica.

Persona

Cabaret Voltaire Criado em 1916 por Hugo Ball e Emmy Hennigs, Cabaret Voltaire era o nome de um cabaré em Zurique (na Suíça, país neutro durante a Primeira Guerra Mundial) dedicado a apresentar criações artísticas dos artistas interessados em mostrar os seus trabalhos. Embora tenha tido uma existência curta, por ali passaram nomes marcantes no panorama das artes no século XX, geralmente associados à atitude dadá, tal como Marcel Janco, Tristan Tzara ou Richard Huelsenbeck, mas também de outras tendências, como Rudolf von Laban ou os futuristas. Espaço aberto à comunidade, teve um importante papel na divulgação das artes performativas e proporcionou o contacto entre protagonistas de várias esferas artísticas, tendo sido um foco de experimentalismo e difusão de ideias e obras.

Instalação Uma instalação é uma obra de arte que congrega vários elementos, tendo em atenção o espaço em que se situa. Utilizado desde os anos 1960, o termo implica uma componente ambiental e está muitas vezes ligado a uma participação mais ativa por parte do espectador.

Land Art Termo utilizado para definir obras de arte fortemente ligadas à natureza, através da sua localização, conceção e materiais utilizados. O seu aparecimento na década de 1960 prendese com o questionamento da institucionalização da arte, implicando a rejeição dos espaços convencionais de exibição, como museus ou galerias, assim como do

Significando soar através de, este termo deriva da palavra latina que define as máscaras utilizadas pelos atores clássicos e é atualmente sinónimo de personagem ou papel social, nesta aceção.

Tropicalismo Nome dado a um movimento brasileiro surgido no final dos anos 1960, envolvendo sobretudo música, mas também poesia, teatro, cinema e artes plásticas. Caracterizado por combinar diversas raízes e géneros, esteve ligado à produção artística vanguardista nacional, mas foi também permeável a influências estrangeiras. Na música, por exemplo, mesclam-se ritmos brasileiros com africanos e pop. O movimento convoca as raízes indígenas e a cultura latina associada à colonização, implicando muitas vezes uma atitude política. O Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade (1928) é um dos momentos fundadores do conceito de canibalismo cultural, inerente ao tropicalismo. Esta designação tropicalismo advém de uma obra de Hélio Oiticica intitulada Tropicália (1967).

BIBLIOGRAFIA

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Roselee Goldberg, Performance Art: From Futurism to the Present, Thames & Hudson, 1988. Roselee Goldberg, Performance: Live Art since the 60s, Thames & Hudson, 1998. Chrissie Iles, Into the Light: The Projected Image in American Art 1964-1977, Whitney Museum of American Art, 2001. André Lepecki (ed.), Of the Presence of the Body – Essays on Dance and Performance Theory, Wesleyan University Press, 2004. Linda Montano (ed.), Performance Artists Talking in the Eighties. University of California Press, 2001 Yvonne Rainer, Feelings Are Facts, a Life, The MIT Press, 2006. Paul Schimmel (ed.), Out of Actions – Between Performance and the Object, 19491979, Thames & Hudson, 1998. Serralves 2009 – A Colecção (cat. exp.), Porto: Fundação de Serralves, 2009.

Lea Vergine, Body Art and Performance – The Body as Language, Skira, 2000.

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