NIB >

November 1, 2017 | Author: Mirella Ana Luísa Vieira Neves | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

Download NIB >...

Description

circular 8

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO

Acaba de ser editada a obra acima indicada , em formato A4 , deitado e com capa dura. Trata-se de obra que se distribui por 400 páginas , profusamente ilustradas , a côres e que regista ,em capítulos individualizados , a Geologia , a Zoologia e a Botânica da ilha mais enigmática e recente dos Açores ; antecede-os um preâmbulo historico-geográfico climatológico . As campanhas sobre o terreno e uma parte substancial da edição foram patrocinadas pela Direcção Regional do Turismo do Governo dos Açores . Os autores do livro são Vulcanólogos , Biólogos , Climatologistas ,Cartógrafos e Técnicos de Geologia , colaboradores do OVGA - Observatório Vulcanológico dos Açores . A obra pode ser adquirida na sede do OVGA , na Avenida Vulcanológica nº 5 , Atalhada ,Lagoa ao preço de custo , 22,00 € ------ reserva via telefone 96 24 14 877 .

Pelo correio são aceites encomendas , em envelope acolchoado , pelo custo de 23,70 € ,sendo o envelope gratuito . Solicita-se o pagamento prévio de 23,70 €

através da conta BANIF

NIB > 0038.0000.9735.9236.301.06 As encomendas podem ser executadas através do e.mail

>>

[email protected]

solicitando-se o envio de : > data da transferência de 23,70 € > nome , morada e nº de contribuinte do requesitante , visando a remessa de recibo

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

AUTORES/AUTHORS: Zilda Melo França, Victor-Hugo Forjaz, Carlos Alberto Ribeiro, Amélia Matias Vaz, Elvira Ribeiro, Eduardo Brito de Azevedo, Jorge Miguel Tavares e Luís Miguel Almeida EDITOR/EDITOR: Victor-Hugo Forjaz EDIÇÃO/EDITION: OBSERVATÓRIO VULCANOLÓGICO E GEOTÉRMICO DOS AÇORES PONTA DELGADA, 2014

II

Ficha Técnica / Technical File

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

Autores / Authors: Zilda Melo França, Victor-Hugo Forjaz, Carlos Alberto Ribeiro, Amélia Matias Vaz, Elvira Ribeiro, Eduardo Brito de Azevedo, Jorge Miguel Tavares e Luís Miguel Almeida Título / Title: Guia de História Natural da Ilha do Pico / Pico Island Natural History Handbook Editor / Editor: Victor-Hugo Forjaz Créditos fotográficos / Photography: Alan Leslie Amélia Maria Matias Vaz Ana Cristina Figueiredo Carlos Alberto Gomes Ribeiro Carlos Pereira Donald A. Swanson Daniel Zachary Elvira Conceição Fernandes G. Ribeiro Enésima Mendonça

Fernando Abreu Fernando Decq Mota Foto Pico James D. Grigg João Brum José Manuel Neto Azevedo Joel Bried José António Rodrigues K. Shickman

Lurdes Bettencout Oliveira Luís Silva Maria João Pereira Marc Fernandez Masatoshi Ohi Marco Full Nelson Raposo Paulo Borges Paulo Oliveira

Pedro Rodrigues Sérgio Ávila SIARAM (siaram.azores.gov.pt) United States Geological Survey (USGS) United States Air Force (USAF) Victor Hugo Forjaz Vítor Manuel da Costa Gonçalves Virgílio Vieira Zilda França

Composições gráficas e Montagem / Text design and Layout: p. I-122, Pedro Melo; p. 123-392 Amélia Vaz e Carlos Ribeiro Traduções / Translations: p. I-16, Editorial, Preâmbulo, Enquadramentos gerais / Editorial, Preamble, General Overviews, OVGA; p. 16-392, Enquadramento Climático, Geologia, Biologia / Climate Overview, Geology, Biology, Amélia Vaz & Carlos Ribeiro. Impressão e Acabamento / Printing and Assembly: Nova Gráfica, Lda. - Açores; 400pp. Capa / Front cover - fotografias / photographs: 1- Foto Pico, 2- Silene uniflora ssp. cratericola [AMMV] Montanha do Pico / Pico Mountain [Foto Pico], 3- Juniperus brevifolia [ECFR], 4- Thalassoma pavo [ JB-DB], 5- Sterna hirundo hirundo [ JB], 6- Physeter macrocephalus [FDM]

2

3

4

5

6

1

Contracapa / Back cover - fotografia / photograph: José António Rodrigues Agradecimentos técnicos / Technical aknowledgements: Dra. Maria João Rafoto e Guias Milton Medeiros, César Gonçalves (da Gruta das Torres), Dr. Luís São Bento (Diretor da Biblioteca Pública e Arquivo da Horta), Professora Doutora Rute Dias Gregório e Dra. Iva Matos (Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada), Dr. Manuel Francisco Costa Jr e Dra. Maria de Fátima Rodrigues (Museu do Pico, Lajes), Whale Museum - New Bedford - USA, Professora Doutora Luísa Pinto Ribeiro (EMPEC), Eng.ª Valéria P. Pires (OVGA), José António Rodrigues e Mestre Pintor Emanuel Carreiro. Copyright: © 2014, Todos os direitos reservados. As imagens inseridas nesta obra são propriedade dos respectivos autores e destinaram-se exclusivamente a esta edição, encontrando-se cobertas pelos direitos de copyright adestritos à marca Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores / All rights reserved. All the images used in this book are the sole property of their respective owners and permission for their use was granted exclusively for this edition, being therein covered by the copyrights associated with the Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores brand. 1ª Edição / 1st Edition - Contacto / Contact: [email protected] ISBN: 978-989-8164-16-2 Depósito Legal / Legal Deposit: 380543/14 Financiamento / Financing: GRA /Azores Government / Direção Regional de Turismo / Tourism Regional Direction, 85%; OVGA, 15%.

III PREÂMBULO | PREAMBLE

Carta de Abrãao Cresques de 1375 - The Abrãao Cresques map of 1375: Açores, Canárias e Madeira. Em detalhe - in detail: Terceira ou Jnsula de brazil, Pico ou li columbj, Faial ou la uentura, S. Jorge ou zan zorzo, Flores ou li conigi e Corvo ou Jinsule de coruj marini.

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

IV

Índice / Table of Contents EDITORIAL EDITORIAL I - PREÂMBULO PREAMBLE II - GEOLOGIA DA ILHA DO PICO PICO ISLAND GEOLOGY GEOMORFOLOGIA GEOMORPHOLOGY VULCANISMO VOLCANISM Vulcanismo Histórico Historical Volcanism LITOLOGIA LITHOLOGY TECTÓNICA TECTONICS SISMICIDADE HISTÓRICA HISTORICAL SEISMICITY PONTOS DE OBSERVAÇÃO (1-31) OBSERVATION POINTS (1-31) ESPELEOLOGIA SPELEOLOGY GLOSSÁRIO SUCINTO SUCCINT GLOSSARY REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAPHIC REFERENCES

III – BIOLOGIA E ECOLOGIA DA ILHA DO PICO PICO ISLAND BIOLOGY AND ECOLOGY

BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO DA NATUREZA BIODIVERSITY AND NATURE CONSERVATION

3 7 31 32 43 55 58 62 64 75 116 117 121 123 124

A FLORA FLORA A FAUNA FAUNA Invertebrados Marinhos Marine Invertebrates Vertebrados Marinhos Marine Vertebrates Invertebrados Terrestres Terrestrial Invertebrates Vertebrados Terrestres Terrestrial Vertebrates REDE NATURA 2000 NATURA 2000 NETWORK PARQUE NATURAL DA ILHA DO PICO PICO ISLAND NATURAL PARK PERCURSOS DA NATUREZA NATURE TRAILS Conselhos úteis aos caminheiros Useful advice for hikers Código de ética e conduta dos ambientalistas Environmentalists code of ethic and conduct Segurança Safety Mais informações uteis More useful information PERCURSOS PEDESTRES DA ILHA DO PICO PICO ISLAND PESDESTRIAN TRAILS PLANTAS DOS HABITATS COSTEIROS PLANTS FROM THE COASTAL HABITATS PLANTAS DOS HABITATS MONTANHOSOS PLANTS FROM THE MOUNTAIN HABITATS GLOSSÁRIO GLOSSARY REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAPHIC REFERENCES

126 128 128 129 131 132 134 136 140 141 142 143 144 145 274 316 382 391

V PREÂMBULO | PREAMBLE

Açores Insulae (1584) de / by Luís Teixeira in Theatrum Orbis Terrarum de / by Abrãao Ortélio, uma dos melhores mapas dessas ilhas / one of the best maps about the islands. Cópia / copy in Portugaliae Monumenta Cartographica, vol. 3, coord. Armando Cortesão & Avelino Teixeira da Mota, Lisboa, 1960.

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

VI

Dois tipos de desenhos de avistamento do Pico, de sul para norte / Two types of Pico profiles, from south to north: um de / one of 1755, in Carte Réduite Des Isles Açores (Paris) e outro de / and other of 1844, Cap. Alexander Vidal (cf. p. 14).

VII PREÂMBULO | PREAMBLE

Açores, 1755, carta francesa confidencial / confidential french chart - Carte Réduite des Isles Açores pour servir aux vaisseaux du Roi, Paris.

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

VIII

1803 - A Nova Carta dos Açores ou Ilhas Ocidentais / A new chart of the Azores or Western Islands by / por William Heather.

1 PREÂMBULO | PREAMBLE

Pico Volcano, 1819 in A description of the island of Saint Michael, comprising an account of its geological structure; with remains on the other Azores or Western Islands por / by John White Webster, Boston, 1821 (Primeiro livro de geologia sobre a ilha de S. Miguel. First book about S. Miguel geology). Colecção de / collection of Victor-Hugo Forjaz.

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

2

A montanha do Pico é uma fabulosa estação meteorológica - Pico Mountain is a fabulous weather forecasting station: o vulgar “chapéu” de nuvens / the common “hat” of stratocumulus lenticularis opacus clouds / anuncia a chegada de uma superfície frontal / announces the arrival of a frontal surface.

3 PREÂMBULO EDITORIAL | |EDITORIAL PREAMBLE

EDITORIAL EDITORIAL

Os visitantes das ilhas Canárias deparam,em diversas livrarias, centros culturais e organismos turísticos com abundante bibliografia temática - história, geografia, geologia, botânica, zoologia, etc. Nos Açores passa-se exactamente o contrário, facto possivelmente explicável pela iliteracia local e pelo diminuto fluxo turístico açoreano, bem mais modesto e vulnerável do que o canarino. Enquanto que em ilhas com forte densidade turística, como Tenerife e Lanzarote, existem boas livrarias, onde se podem adquirir álbuns fotográficos das mais variadas tipologias, do mais económico ao mais majestoso, ou edições quase enciclopédicas sobre a natureza das ilhas - geologia, climatologia, flora, fauna, paisagismo terrestre e submarino - nas ilhas dos Açores a pobreza editorial é exasperante (em termos de variedade temática, pois existem algumas obras de evidente valor). Por esse motivo, querendo acompanhar o plano editorial dos nossos colegas e velhos amigos dos Cabildos De Las Islas Canárias, este observatório concorreu, em 2011, a uma linha de financiamento editorial que visava colmatar lacunas das Ciências Naturais, iniciando-se pela ilha do Pico, a mais recente e enigmática de todas, incluindo as desaparecidas e que se transformaram em bancos e baixios. O

Canary Islands’ visitors can find, in different bookshops, cultural centres and tourist organisms, abundant thematic bibliography – history, geography, geology, botany, zoology, etc. In the Azores it exactly happens the opposite, what can be possibly explained, either by the local illiteracy, or by the small Azorean influx of tourists, which is more modest and vulnerable than the Canary Islands’ one. While in islands with a high tourist density, like Tenerife and Lanzarote, there are good bookshops, where you can buy photo albums of different typologies, from the cheapest to the most expensive one, or almost encyclopaedic editions about the islands’ nature – geology, climatology, flora and fauna and terrestrial and undersea landscaping, in the Azores islands the editorial poverty is exasperating (in what concerns thematic diversity because there are some works of evident value). For this reason, wishing to keep the pace with our colleagues and old friends from Cabildos from the Canary Islands, this observatory applied, in 2011, to an editorial funding line, which aimed to fill Natural history’s gaps, beginning by Pico island, the most recent and enigmatic from all the islands, including the disappeared ones, which were transformed in banks and shallows. The then-Regional Secretary

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

4

então Secretário Regional da Economia Dr Vasco Alves Cordeiro (actual Presidente do Governo dos Açores) aceitou o nosso desafio e honrou-nos com o deferimento do Projecto DRT-OVGA ref. GeoTurBio, tomando como modelos as ilhas do Pico, da Terceira e de S. Miguel (Vulcão do Fogo ou Serra de Água de Pau). Infelizmente, em 2012 e 2013, dois dos principais autores, incluindo o editor, atravessaram graves reveses de saúde pelo que o projecto sofreu um longo e doloroso atraso de 2 anos. O incumprimento dos prazos editoriais tornou-se inevitável, embora medicamente justificado. A iniciativa teria perecido se não fosse a compreensão da equipa liderada pelo Director Regional do Turismo, Dr João Bettencourt, na Horta, que aceitou prolongar o plano de trabalho, sabendo que se encontrava concretizada a fase denominada de campo,sobre o terreno, bastante violenta e muito condicionada pelas estações do ano. Como editor, manifesto os meus agradecimentos às entidades oficiais, patrocinadoras e fiscalizadoras, às equipas científicas de campo e de gabinete do OVGA e à firma Nova Gráfica, empresa que aceitou imprimir esta obra baseando-se no precioso e pontual apoio da DRT, manifestamente insuficiente, mas que serviu de adiantamento para trabalhos quase que dobrados (na Natureza desconhecida é assim… e não se pode decepar, eliminar). Realço, ainda como editor, que o grafismo da empresa NG apenas se reflete desde o Editorial até ao final da Geologia p. 122); daí em diante,a pedido dos autores da Biologia, concedi-lhes total liberdade, quer de apresentação e de montagem, quer de grafismo. Aceitei, excepcionalmente, transferirlhes essa responsabilidade porque ainda me encontro a 1 ano e meio de uma recuperação de cirurgia cardiológica bastante complexa e pretendo cumprir, como coordenador do projecto GeoTurBio, os compromissos assumidos perante a Direcção Regional de Turismo, ou seja, editar a primeira fase em 2014. Pressenti uns riscos.

for the Economy, Dr. Vasco Alves Cordeiro, (current President of the Regional Government of the Azores) accepted our challenge and honoured us accepting the Project DRT-OVGA ref. GeoTurBio, using as a reference Pico, Terceira and São Miguel’s islands (Fogo or Água de Pau mountain’s volcano). Unhappily in 2012 and 2013 two of the main authors, including the editor, suffered such severe health setbacks, that the project suffered a long and painful delay of two years. The default of the editorial deadlines was inevitable, although it was medically justified. The initiative would have perished if there hadn’t been understanding by the team led by the Regional of Tourism, Dr. João Bettencout, in Horta, who accepted to extend the work plan, knowing that the so called field stage, on the ground, which had been extremely violent and conditioned by the seasons, had been achieved. As editor, I express my thanks to the official, sponsored and supervisor entities, to the OVGA’s scientific field and office teams and Nova Gráfica firm, company that accepted to print this work, based on Regional Direction of Tourism’s precious and one-off support, which is clearly insufficient, but it served as advance payment for almost doubled works (in the unknown nature it works like that and it can’t be mutilated, eliminated). I still underline, as editor, that the Nova Gráfica firm’s graphics is only reflected since the editorial till the end of the Geology page 122; thereafter, on the request of the Biology authors, I accepted, exceptionally, to transfer some responsibility to them, because I have been recovering for one and half year from a very difficult heart surgery and I intend to honour the commitments to the Regional Direction of Tourism, that is, to edit the first part in 2014. I predicted some risks. The dissemination of Azores’ Natural History is still in the drawers of scientific culture, eternal poor relative of science. But this

Vapor / Steam Ship Lima, 1950, Lajes do Pico.

Lajes do Pico, 2012

work highlights that the geological characteristics of the different islands conditioned everything – since their discovery, their natural occupation (flora and fauna), their successive settlements and, even the current anthropic destruction (deforestation, and the once unbridled quarries are sad examples...). As in the volcanic and recent Azores the intrinsic and surrounding nature is its most valuable treasure, according to what has been written you can conclude that these islands need, perhaps idealistically, a new settlement... And this is nothing new! Victor Hugo Forjaz

5 PREÂMBULO EDITORIAL | |EDITORIAL PREAMBLE

A divulgação da História Natural dos Açores ainda se encontra nas gavetas da cultura científica, eterno parente pobre da Ciência. Mas desta obra ressalta que as particularidades das geologias das várias ilhas tudo condicionou - desde o achamento, à ocupação natural (flora e fauna), aos sucessivos povoamentos e até ao actual desmantelamento antrópico (o desflorestamento e as desenfreadas pedreiras de antanho são um triste exemplo…). Como nos Açores vulcânicos e recentes a Natureza intrínseca e envolvente é o seu mais valioso Bem, perante o exposto concluiu-se que estas ilhas requerem, talvez utopicamente, um novo repovoamento… Não se trata de novidade!!

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

6

1813 - curiosos detalhes da carta inglesa / curious details of the british chart - History of the Azores or Western Islands; cointaining na account of government, laws, and religion, the manners, ceremonies, and character of the inhabitants: and demonstrating the importance of these valuable islands to the British Empire. London.

I.

PREÂMBULO | PREAMBLE

I

7

PREÂMBULO PREAMBLE Autores: / Authors: Victor-Hugo Forjaz Eduardo Brito de Azevedo Jorge Miguel Tavares Luís Miguel Almeida Créditos cartográficos: / Maping credits: Bibliotecas Públicas e Arquivos da Região Autónoma dos Açores Eduardo Brito de Azevedo Centro de Estudos do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais da Universidade dos Açores / Research Center for Climate, Meteoroly and Global Change of the Azores University, Angra do Heroísmo. Luísa Pinto Ribeiro EMEPC-Estrutura de Missão pªExtensão da Plataforma Continental Portuguesa /Portuguese Task Group for the Extension of the Continental Shelf, Paço d´Arcos. Victor-Hugo Forjaz OVGA - Observatório Vulcanológico e Geotémico dos Açores / Azores Volcanological and Geothermal Observatory, Ponta Delgada.

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

8

17

Pormenor batimétrico da Região Açores / Bathymetric detail of the Azores Region

Ilhas e relevos submarinos / Islands and submarine topography

Campos hidrotermais submarinos / Submarine hydrothermal fields

1. Santa Maria

7. Graciosa

13. Menez Gwen

2. Formigas

8. São Jorge

14. Lucky Strike

3. São Miguel

9. Pico

15. Saldanha

4. Bacia Hirondelle

10. Faial

16. Rainbow

5. B. D. João de Castro

11. Flores

17. Mid-Atlantic Ridge

6. Terceira

12. Corvo

Hipsobatimetria / Hypsobathymetre

High:1828m

Low: -5821m

Referências principais / Main references Ribeiro, L. P. (2008) (1) EMEPC; (2) OVGA (PIC-CHRONOS) Smith, W. H. F., and D. T. Sandwell, Global seafloor topography from satellite altimetry and ship depth soundings, Science, v. 277, p. 1957-1962.

9 PREÂMBULO | PREAMBLE

A - ENQUADRAMENTOS GERAIS A - GENERAL OVERVIEWS

–1– A ilha do Pico geograficamente insere-se na denominada Região da Macaronésia (ou Ilhas Afortunadas do séc. XIV - Açores, Madeira, Canárias e Cabo-Verde) e situa-se no Grupo Central do Arquipélago dos Açores, ocupando o segmento mais a sul dessa divisão insular da União Europeia. A ilha do Pico encontra-se enquadrada pelas seguintes coordenadas: = a norte - o paralelo 38º 33´ 41,9´´ N, na Ponta da Baixa dos Arcos do Lajido = a sul - o paralelo 38º 22´ 55,7´´ N, na Ponta da Queimada das Lajes = a poente - o meridiano 28º 32´ 51,3´´W, na ponta da Madalena (ou 28´ 32´ 51,3´´ no centro dos ilhéus da Madalena) = a nascente - o meridiano 28º 01´ 45,1´´ W, na Ponta da Piedade A ilha do Pico, sendo a segunda mais extensa dos Açores, ocupa uma área de 445 km2 e tem um perímetro costeiro de 126 km; a costa é agreste sendo raras as praias de areia (basáltica). O ponto mais alto da ilha (aliás o mais elevado do país) denomina-se Piquinho, tem a cota de 2.350 m e as coordenadas de 38º 28´ 07,6´´ N e 28º 24´ 01,6 ´´ W. Trata-se de uma estrutura geológica pouco vulgar, como adiante se explica, ou seja, um pequeno e quase perfeito cone de lavas basálticas, muito fluidas,

–1– Pico’s island is geographically part of the so called Macaronesia Region (or Fortunate Isles from the 16th century – Azores, Madeira, Canary Islands and Cape Verde) and it is situated in the Central Group of Azorean Archipelago, occupying the southernmost part from that insular division of the European Union. It is framed in the following geographical coordinates: = north – the parallel 38º 33´ 41.9 ´´ N, in Ponta da Baixa dos Arcos do Lajido = south – the parallel 38º 33´ 41.9 ´´ N, in Ponta da Baixa dos Arcos do Lajido = west - the meridian 28º 32´ 51.3´´W, in Ponta da Madalena (or 28´ 32´ 51.3´´ in the middle of Madalena’s islets) = east - the meridian 28º 01´ 45.1´´ W, in Ponta da Piedade Pico’s island is the second largest of the Azores, it has an area of 445 square kilometres and it has a coastal perimeter of 126 kilometres, the coast is wild with few sandy beaches (basaltic). The highest point of the island (which is also the highest point of the country) is called Piquinho, it is 2,350 metre high and its coordinates are 38º 28´ 07.6´´N and 28º 24´ 01.6 ´´W. It has

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

10

vítreas, enraizado na última fase da grande cratera da Montanha do Pico. O Piquinho, embora seja uma paisagem valiosa, encontra-se em infeliz fase de destruição acelerada porque todo o mundo esmaga, pisoteia, calca com botas, todos os anos, cada vez em maior número, feroz e inconscientemente, sem lei protectora, aquelas excepcionais lavas vítreas do cume do belo vulcão-montanha! E o guias ajudam… Dos céus, a ilha do Pico assemelha-se à de S. Jorge, longilínea mas com uma inopinada montanha, quase cónica, soerguendo-se do oceano, no extremo ocidental dos diversos alinhamentos de dezenas de cones vulcânicos (o que não acontece na vizinha S. Jorge…). –2– Não se conhece a data certa da descoberta do Pico. Contudo na carta catalã de 1375 do judeu maiorquino Abrãao Cresques (p. III) grosseiramente orientadas segundo norte - sul em vez de noroeste - sueste, já se distinguem 6 ilhas, ou seja, a ilha da Terceira (Insula de brasil), a do Pico (li colunbj), a do Faial (Insula de la uentura), a de S.Jorge (san zorzo), a das Flores (li conigi) e a do Corvo (Insule de coruj marinj). A carta de Abrãao Cresques é uma das peças mais impressionantes da cartografia mundial uma vez que abrange territórios deste o norte ao Cabo Bojador, entrando pelo Atlântico adentro. Estranhamente não se encontram representadas as ilhas de São Miguel (ou caprara) e de Santa Maria (ou luouo), já assinaladas em outra cartografia. Segundo comunicação pessoal do historiador Carlos Melo Bento, o Infante D. Pedro, encontrando-se mal relaccionado com o pai, o Rei D. João I, decidiu-se por longa viagem europeia. Quando na Itália, interessado em cartografia, adquiriu por elevado custo o raro mapa de 1375, de Abrãao Cresques; e regressou ao reino em 1429 com tão precioso documento. Porém, antes dessa carta catalã, já se conheciam cartas, os portulanos, assinalando as diversas ilhas atlânticas (Carta de Angelino Dulcert de 1339, Carta dos Pizigani de 1367; Atlas Medeci de ~

an unusual geological structure, as it will be further explained, that is a small and almost perfect cone of very fluid and vitreous basaltic lavas, rooted on the last phase of the big crater of Pico’s mountain. The Piquinho, despite being a valuable landscape, is in an unhappy phase of quick destruction because every year more and more people crush, step and trample with their boots, fiercely and unconsciously, without a protective law, those exceptional vitreous lavas of the top of the beautiful mountain-volcano. And the guides help that process… Seen from the sky Pico’s island looks like São Jorge’s, long lined, but with an unexpectedly, almost conic mountain, raising from the ocean, at the western end of the different alignments of dozens of volcanic cones (what doesn’t happen in São Jorge’s island). –2– You don’t know the accurate date of Pico’s discovery. However, in the Catalan map of 1375 of the Jewish Majorcan Abrãao Cresques (page III), grossly oriented north – south instead of northwest – southeast, you can already see 6 islands, that is, Terceira’s (Insula debrasil), Pico’s (li colunbj), Faial’s (Insula de la uentura), São Jorge’s (san zorzo), Flores’ (li conigi) and Corvo’s island (Insule de coruj marinj). Abrãao Cresques’s map is one of the most impressive pieces of world’s cartography, once it covers territories since the north of Cape Bojador, entering into the Atlantic Ocean. Strangely you can’t see São Miguel (ou caprara) and Santa Maria’s islands (ou luouo), which were already reported in another map. According to the historian Carlos Melo Bento’s personal communication, Infante D. Pedro, who was angry with his father, the king D. João I, decided to do a long trip through Europe. As he was interested in cartography, he decided to buy Abrãao Cresques’s rare map of 1375 when he was in Italy; and he returned to the Portuguese kingdom in 1429 with that precious document. However, before that Catalan map, there were already maps, the portolans, showing the different Atlantic islands, (Angelino Dulcert’s map from 1339, Pizigani’s maps from 1367; Medeci’s Atlas from

~1370, Pinelli-Walckenaer’s Atlas from ~1384 , Mecia de Viladestes’s map from 1413 and Nautical Charter from 1424 (referred in Armando Cortesão, 1975). The Cartography collected by Infante D. Henrique and other interests that appeared meanwhile, accelerated the settlement (or occupation, according to José Hermano Saraiva), in all the Atlantic’s islands, including the Canary Islands, Portuguese islands. So, in 1431, Gonçalo Velho, identifies Formigas’ islets (from where you can see Santa Maria and São Miguel) and in the Summer of 1439 the settlement of Santa Maria started ordered by the Infante. Some historians admit that São Miguel was settled after 1444 (?!), but it is almost unanimous that, in 1432, 7 from the 9 Azores’s islands were already known (seen). In Cristoforo Soligo’s map from ~1475, São Jorge, Pico and Faial’s islands are already drawn with Henrique’s designative (or current names; Pico’s island is also referred as Insula Columbi, or then Dom Diniz’s island, or São Diniz’s island, according to the source…). The year of 1481 is considered as a reference about Pico’s first written documents, but only in 1507 the first detailed cartography appears, with many topographical quotations, drawn by Valentim Fernandes (De insulis et peregrinatione lusitanoricum). In 1587 the precious map by Luís Teixeira appears, copied in many works, it was geographically rigorous, but geomorphologically deformed, work that is available in the famous Library Nazionale di Firenze (Descripcam das Ylhas de Sam Iorge e do Piqo, 1587). However, it is in the year 1587 that Doctor Gaspar Frutuoso writes the th 4 volume from Saudades da Terra, dedicated to the Azores, impressive in the details, gigantic in the topics and unique in the Atlantic aspects, descriptive and analytical “mater” work about the insular territories. Frutuoso was seen as the western world’s first volcanologist and he describes in fact the islands not only with passion, but also with knowledge. He describes Pico naturally with special fervour--- (…) whose top sometimes appears over the clouds (…)

11 PREÂMBULO | PREAMBLE

1370, Atlas de Pinelli-Walckenaer de ~ 1384, Carta de Mecia de Viladestes de 1413 e a Carta Náutica de 1424 (cf. Armando Cortesão, 1975). A cartografia coleccionada pelo Infante D. Henrique e outros interesses entretanto surgidos aceleraram o povoamento (ou ocupação, segº. José Hermano Saraiva) de todas as ilhas do Atlântico, incluindo as Canárias, ilhas portuguesas. Assim, em 1431 Gonçalo Velho identifica os ilhéus das Formigas (de onde bem se avista Stª Maria e S.Miguel) e no verão de 1439 inicia-se o povoamento de Stª Maria a mando do Infante. Alguns historiadores admitem que S. Miguel foi povoado após 1444 (?!) mas é quase unânime que em 1432 já estariam reconhecidas (avistadas) 7 das 9 ilhas dos Açores. Na carta de Cristoforo Soligo, de ~1475, encontram-se desenhadas as ilhas de S. Jorge, do Pico e do Faial com os designativos henriquinos (ou nomes actuais; a ilha do Pico também é referida como Insula Columbi ou então ilha de D. Diniz ou ilha de S. Diniz, conforme a fonte…). O ano de 1481 é considerado como referência da primeira documentação escrita sobre o Pico mas apenas em 1507 é que surge uma cartografia criteriosa, com amplas citações toponímicas, elaborada por Valentim Fernandes (De insulis et peregrinatione lusitanoricum). Em 1587 surge a preciosa cartografia de Luís Teixeira, copiada em inúmeras obras, geograficamente rigorosa mas geomorfologicamente deformada, obra consultável na famosa Biblioteca Nazionale di Firenze (cf. Descripcam das Ylhas de Sam Iorge e do Piqo, 1587). Contudo é nesse ano de 1587 que o Doutor Gaspar Frutuoso escreve o Livro 4º das Saudades da Terra, o dedicado aos Açores, impressionante nos detalhes, gigantesca nos temas e única na atlanticidade, obra mater descritiva e analítica dos territórios insulares. Frutuoso foi apontado como o primeiro vulcanólogo do mundo ocidental e de facto descreve as ilhas com paixão mas também sabedoria. Naturalmente narra o Pico com excepcional fervor -(…) cujo cume às vezes aparece sobre as nuvens (… ).

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

12

–3– Como atrás citámos, antes de 1375 a ilha do Pico já era conhecida. Mas o respectivo povoamento, pelos portugueses, apenas se processou após 1432. As embarcações desses heróicos povoadores abordaram a ilha na zona das Lajes - mais abrigada e de enseadas baixas - e ali se estabeleceram e irradiaram para o interior dos nortes, para nascente (Ribeiras e Piedade) e para poente (Madalena). Crê-se que nunca tenham visto cone vulcânico tão alto e até fumegante; decerto que ficaram extasiados com a topografia picoense porque Luís Teixeira, em 1587, em portulano memorável, desenha a cratera, o Piquinho, as rasgadas e dantescas grotas de águas temporárias e os deslizamentos de areeiros de piroclastos instáveis. E esse fantástico Luís Teixeira nem se esqueceu do famoso anel de nuvens que frequentemente glorifica as grandes montanhas! Em tal data deveriam existir no Pico cerca de 500 habitantes, essencialmente concentrados nas Lajes.

–3– As we have already said Pico’s Island was already known before1375. But its respective settlement by Portuguese people only started after 1432. Those heroic settlers’ vessels arrived at the island at Lajes’s area – the most sheltered and of low coves – and they settled themselves there and they moved to the northern inner, to the eastern (Ribeiras e Piedade), to the western part of the island (Madalena). It is believed that they had never seen such a high and burning volcanic cone before; they must have been ecstatic with Pico’s topography, because Luís Teixeira draws, in 1587, in memorable portolan, the crater, the Piquinho, the torn and dantesque temporary water caves and the sandy landslides of unstable pyroclasts. And this memorable Luís Teixeira didn’t even forget the cloudy ring, which often glorifies the big mountains. In those times there should be, in Pico, about 500 inhabitants, who were essentially concentrated in Lajes.

–4– A ilha do Pico encontra-se administrativamente dividida em 3 concelhos (Madalena, São Roque e Lajes) que englobam 17 freguesias (cf. p. 19). Actualmente o Pico é uma das nove ilhas da Região Autónoma dos Açores, desde Setembro de 1976 ( constituição do actual figurino autonómico dos Açores - Assembleia Legislativa, Governo Regional e Representante da República - e o correspondente fim da reforma administrativa de Marcello Caetano). Até 1974 o Pico integrava o Distrito Autónomo da Horta, em sintonia com o Faial, as Flores e o Corvo; o Governador Civil era a entidade política principal, sendo escolhido pelo governo de Lisboa. A Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta administrava as 4 ilhas citadas. Além da inerente separação físico-insular do oceano, nas ilhas existiam, durante anos a fio, inacreditáveis divisões político-administrativas: assim, como exemplo, do Pico para a vizinha ilha de S. Jorge, a escassas 10 milhas náuticas, por esta integrar outro Distrito Autónomo, o de Angra do Heroísmo, existia con-

–4– Pico’s Island is administratively divided in 3 town councils (Madalena, São Roque and Lajes), which have 17 civil parishes (page 19). Nowadays Pico is one of the nine islands of the Autonomous Region of the Azores, since September 1976 (undertaking of the current autonomous pattern of Azores - Legislative Assembly, Regional Government and a Representative of Republic – and the corresponding end of Marcelo Caetano’s administrative reform). Until 1974 Pico incorporated Horta’s Autonomous District as well as Faial, Flores and Corvo’s islands; the Perfect was the main political body and he was chosen by Lisbon’s government. The General Council of Horta’s Autonomous District administered the 4 referred islands. Besides the ocean’s inherent physical insular distance, there were for many years, in the islands, unbelievable political – administrative divisions: so, for instance: from Pico to its neighbour island, São Jorge, whose distance is only 10 nautical miles, as the last one belonged to another Autonomous District,

Angra do Heroísmo, there was customs control of goods, passengers’ police surveillance, (stricter in Flores’s island because of French military presence) and other usual measures from the previous centuries’“captaincies”during the settlement. According to the census of 2011 there were 14,148 inhabitants, that is, less 858 than in the census of 2008 (14,806).

–5– Em cartografia retirada da 1ª edição do Atlas Básico dos Açores do Projecto Comunitário Vulcmac 1, completamos este resumo introdutório com peças que permitem perceber uma parte da antiga cartografia, o relevo segundo modernas tecnologias, a topografia submarina, os declives, a rede hidrográfica e respectivas bacias envolventes, o potencial hidrológico utilizado (trata-se de ilha com evidentes carências de água potável imediata), as acessibilidades, a divisão administrativa, a densidade populacional e como remate, o clima cujo novo enquadramento se deve à equipa pioneira do Projecto Comunitário Climaat.

–5– In cartography taken from the 1st edition of Atlas Básico of Açores from the Community Project Vulcmac1, we complete this introductory summary with pieces which allow you to understand a part of ancient cartography, the elevation according to modern technologies, the undersea topography, the slopes, the hydrographic network and its surrounding basins, the used hydrological potential (it is an island with obvious lack of immediate drinkable water), accessibilities, the administrative division, the population density and, in conclusion, the weather whose frame is due to the pioneer team from the Community Project Climaat.

a)

b)

Canal / Channel Faial - Pico, ed. 1843, expedição / expedition 1841 - 1845 HMS Styx, 1º levantamento hidrográfico dos Açores / Azores 1st hydrographic maping - Cap. Alexander Vidal. Desenhos / drawings: a) Vista para o Faial e b) perfil Faial - Pico / A view to Faial and a profile Faial -Pico. Colec. Ernesto do Canto, Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada.

13 PREÂMBULO | PREAMBLE

trolo alfandegário de mercadorias, vigilância policial de passageiros (mais rigorosa nas Flores por força da presença militar francesa) e outras medidas dignas das épocas das “capitanias” de séculos anteriores,quando do povoamento. No censo de 2011, no Pico registaram-se 14.148 habitantes, ou seja, menos 858 do que os identificados em 2008 (14.806).

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

14

A famosa carta do / the famous chart of Cap. Alexander Emeric Vidal, ed. 1844. A equipa sondou os mares, recolheu amostras (ainda existentes!) e desenhou as topografias de diversas ilhas dos Açores / The staff surveyed and drawn seas and lands of several islands, including rock samplings existing already (prof./ deep in fathoms ~1,82 m).

15 PREÂMBULO | PREAMBLE

100 0

São Jorge 200

10 0

500

Faial

100 0

30

10 0

500

1000

500

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

Pico - carta digital / digital map (bases: Inst. Geog. Exército - Inst. Hidrográfico / Marinha Portuguesa - Observ. Vulc. Geot. Açores).

0

2

4

8 km

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

16

B - ENQUADRAMENTO CLIMÁTICO B - CLIMATE OVERVIEW

O Clima das Ilhas dos Açores depende, de uma forma muito evidente, do seu enquadramento geográfico e da sua relação com o mar que as circunda, mas também de aspectos particulares que as diferenciam umas das outras. A expressão espacial dos elementos climáticos, bem como assimetrias significativas do clima no interior de cada ilha, estão relacionadas com a sua dimensão e orografia, com a orientação da sua topografia, com a sua estrutura geológica superficial, com a vegetação que as recobre, mas também, em alguns casos, com a influência recíproca de ilhas vizinhas. O Arquipélago dos Açores, localizado em plena bacia do Atlântico Norte, a norte da influência predominante dos ventos alísios e em pleno cinturão subtropical das altas pressões, situa-se numa zona de transição e de confrontação de massas de ar de proveniência tropical com as massas de ar mais frio de origem polar. Suficientemente afastado das costas continentais, as massas de ar que o atingem revelam um forte incremento de propriedades associadas ao seu percurso marítimo. A dinâmica do clima do Arquipélago dos Açores é determinada pelo evoluir do campo da pressão atmosférica sobre o Atlântico Norte. Às cristas e talvegues barométricos associados ao regime geral de circulação subpolar,

The Climate of the Islands of the Azores depends, quite evidently, of their geographic setting and their relationship with the surrounding sea, but also of particular aspects that set them apart from each other. The spatial expression of the climatic elements, as well as the significant inland climatic asymmetries of each island, are related to their dimensions and orography, with the orientation of their topography, their superficial geologic structure, the vegetation covering them, but also, in some cases, with the reciprocal influence of neighbouring islands. The Azores Archipelago, located in the middle of the Atlantic Ocean basin, north of the predominant influence of the trade winds and in the influence of the subtropical high-pressure belt, sits in an area of transition and confrontation between air masses from the tropics and colder air masses originated in the pole. Sufficiently far apart from the continental coasts, the air masses that hit it reveal a strong increment in properties associated with their maritime route. The dynamic of the climate of the Azores Archipelago is determined by the evolution of the atmospheric pressure field over the North Atlantic Sea. Opposed against the barometric ridges and troughs associated with the general regime of subpolar circulation, are the semi-

17

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

Declives Slopes

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

PREÂMBULO | PREAMBLE

Hipsometria Hypsomeytry

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

18

contrapõem-se os anticiclones subtropicais semi-permanentes dos quais se destaca a configuração recorrente anticiclónica genericamente designada por Anticiclone dos Açores. A norte destes sistemas situa-se uma faixa de transição para o ar polar, zona de significativo gradiente barométrico e térmico, de forte actividade meteorológica, e onde evoluem os sistemas associados à Frente Polar. No Inverno, a tendência de posicionamento do Anticiclone dos Açores mais para Sul, em resposta à migração meridional da Zona Intertropical de Convergência (ZITC), permite uma descida da Frente Polar, aproximando-se esta do arquipélago, e fazendo-se sentir através da acção dos seus meandros depressionários intercalados por cristas anticiclónicas sobre os quais evoluem as superfícies frontais. Contornando o Arquipélago de Oeste para Este, a evolução destes sistemas é em larga medida responsável pelo ritmo sincopado do estado do tempo da época, caracterizado por episódios de chuva abundante e por ventos vigorosos. Nos meses de Verão, pelo contrário, a deslocação do Anticiclone mais para norte conduz ao afastamento da Frente Polar para latitudes mais elevadas, bem como das perturbações que lhe estão associadas, dando assim oportunidade às situações de bom tempo. Com carácter de maior raridade, sobretudo nos fins de Verão e durante o Outono, malgrado a posição setentrional que o Arquipélago dos Açores ocupa, este é também atingido por tempestades de origem tropical, normalmente já em fim de vida face a águas do mar mais frias, mas que se revelam ainda de grande virulência. De acordo com a classificação climática de Köppen o clima do litoral das ilhas do Arquipélago dos Açores está abrangido pela categoria dos climas temperados quentes (grupo C), caracterizados por apresentarem verão e inverno e uma temperatura média do mês mais frio inferior a 18ºC mas superior a -3ºC. Porém, a distribuição em diagonal das ilhas ao longo de aproximadamente 700 quilómetros conduz, no entanto, a que

permanent subtropical anticyclones, with emphasis on the recurring anticyclone configuration generally called “Azores High ”. North of these systems, there is an area of transition to polar air, an area of significant barometric and thermal gradients, with heavy meteorological activity, and from where the systems associated with the Polar Front arise. In winter, the Azores High’s tendency to be positioned further south, in response to the meridional migration of the Intertropical Convergence Zone (ITCZ), allows the Polar Front to descend, approaching the Archipelago and making itself felt through the action of its low pressure meanders, interspersed with anticyclonic ridges over which the weather fronts evolve. Circumventing the Archipelago from West to East, the evolution of these systems is in large measure responsible for the syncopated rhythm of the season’s weather, characterized by heavy rain episodes and vigorous winds. In the summer months, on the contrary, the shift of the Azores High further north forces the Polar Front and the associated disturbances to drift away to higher latitudes, giving rise to good weather conditions. More rarely, especially in the summer’s end and during autumn, and despite its septentrional position, the Azores Archipelago is also struck by tropical storms, normally already losing power, given the colder oceanic waters around it, but that still reveal themselves as quite virulent. According to the Köppen climate classification, the littoral climate of the Azores Archipelago islands is included in the temperate climates category (group C), characterized by having a summer and a winter and an average temperature of the colder month below 18ºC but above -3ºC. However, the diagonal distribution of the islands across an area of about 700 kilometres, leads to its climate being classified from east to west as a transition between the Cs and Cf subgroups, respectively, transitioning from temperate rainy climate with dry summer to temperate rainy climate,

19

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

Madalena 30 km2 2581 Hab.

Concelho

Madalena County

Bandeiras 28 km2 626 Hab.

Concelho

Santa Luzia 30 km2 422 Hab.

São Roque

Criação Velha 16 km2 768 Hab.

Concelhos e Freguesias Counties and Parishes

São Roque do Pico 41 km2 1316 Hab.

Candelária 31 km2 822 Hab.

Prainha 28 km2 547 Hab. São Mateus 17 km2 772 Hab.

Hab. < 500 501 - 1000 1001 - 1500 1501 - 2000 2001 - 2500 2501 - 3000 3001 - 3500 3501 - 4000 > 4000

Limites administrativos Administrative Division

County

Santo António 32 km2 815 Hab.

São Caetano 24 km2 480 Hab.

São João 33 km2 423 Hab.

Lajes do Pico 53 km2 1802 Hab.

Santo Amaro 13 km2 288 Hab. Ribeiras 31 km2 925 Hab.

Ribeirinha 9 km2 374 Hab. Calheta de Nesquim 16 km2 343 Hab.

Piedade 12 km2 844 Hab.

Concelho

Lajes

County Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

PREÂMBULO | PREAMBLE

Acessibilidades Accessibilities

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

20

o seu clima possa ser classificado de leste para oeste de transição entre os subgrupos Cs e Cf, respectivamente, transitando de clima chuvoso temperado com verão seco a clima chuvoso temperado, húmido em todas as estações. Ainda de acordo com o mesmo sistema de classificação, a amenidade do clima das ilhas pode ser enfatizada pela conjugação da letra b a estes dois códigos, passando ambos, Csb e Cfb, a significar que a temperatura média do mês mais quente não ultrapassa em média os 22ºC. As características oceânicas acentuam-se de Oriente para Ocidente, revelando-se as ilhas das Flores e Corvo as que apresentam propriedades mais oceânicas. A esta matriz climática de escala regional sobrepõem-se os factores característicos de cada ilha conferindo-lhes especificidades climáticas à escala local e microclimática. O clima da Ilha do Pico À escala local, tal como acontece com as restantes ilhas do Arquipélago dos Açores, a significativa diferenciação espacial e as assimetrias climáticas observadas no interior da Ilha do Pico estão correlacionados com diversos factores que se expressam através de diferentes processos e mecanismos. Sendo a única ilha que se desenvolve de uma forma expressiva para além da Camada Limite Planetária, até aos domínios da atmosfera livre, o seu clima é marcadamente diferenciado pela altitude. Para além disso, o seu volume, em particular o da montanha do Pico, e a orientação da sua orografia face à circulação atmosférica predominante, determinam assimetrias climáticas muito significativas quando comparados os climas de barlavento com os observados a sotavento mesmo que à mesma altitude. Aspectos particulares do clima da Ilha do Pico são também explicados pela sua geologia, factor fortemente correlacionado com o seu coberto vegetal ou aptidão agrícola, como acontece no caso das escoadas lávicas pouco evoluídas designadas localmente por “mistérios”. De facto, é sobretudo devido às suas características geológicas e geomorfológicas que

humid on all seasons. Still according to the same classification system, the mildness of the island’s climate can be emphasized by combining the letter b with these two codes, becoming, both of them, Csb and Cfb, meaning that the average temperature of the warmest month is, on average, below 22ºC. The oceanic characteristics are accentuated from the East to the West, with the islands of Flores and Corvo having the most oceanic properties. The characteristic factors of each island overlaps to this regional scale climatic frame, giving them climatic specificities at a local and microclimatic scale. Pico Island Climate At a local scale, similarly to what happens with the remaining islands of the Azores Archipelago, the significant spatial differentiation and the climatic asymmetries felt inland on Pico Island are correlated with several factors that express themselves through different processes and mechanisms. Being the only Island that unravels itself expressively beyond the Planetary Boundary Layer, into the free atmosphere domain, its climate is markedly differentiated by altitude. Besides that, its volume, particularly the volume of the Pico Mountain, and the orientation of its orography in face of the predominant atmospheric circulation, determine very significant climate asymmetries, when comparing the windward and the leeward climates, even at the same altitude. Particular aspects of the Pico Island climate are also explained by its geology, a factor strongly correlated with its vegetation cover or agricultural aptitude, as is the case with the unevolved lava flows locally called “mistérios”. In fact, it is mostly due to its geologic and geomorphologic characteristics that this Island has the greatest climatic diversity of the whole archipelago. To the mild climate felt on the littoral,

21

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

Bacias Hidrográficas Watersheds

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

PREÂMBULO | PREAMBLE

Ribeiras, Lagoas e Lagoeiros Streams, Lakes & Puddles

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

22

esta Ilha apresenta a maior diversidade climática do conjunto das ilhas do arquipélago. À amenidade climática observada junto ao seu litoral, conferida pelo efeito conjugado da proximidade ao mar e pela elevada capacidade de armazenamento térmico das escoadas de basalto negro, contrapõe-se o adverso clima de montanha observado a mais de dois mil metros de altitude. É também esta ilha a única ilha do arquipélago que reúne as condições para que, com alguma frequência, seja observada queda de neve nas suas zonas mais altas, particularmente nos meses de inverno, bem como a sua manutenção por períodos mais ou menos longos de tempo. A temperatura do ar: a temperatura média anual do ar junto ao litoral da Ilha do Pico situa-se próxima dos 18,0ºC, com valores médios das mínimas de 10,5ºC observados em Fevereiro e com os valores médios das máximas a ultrapassarem os 26,0ºC em Agosto. A amplitude diurna média anual é baixa, próxima dos 6,0ºC. Em altitude, a temperatura decresce de forma regular, à razão de 0,9ºC por cada 100 metros (gradiente adiabático do ar seco) até ser atingida a temperatura do ponto de orvalho a uma altitude que se situa, em média, próxima dos 600 metros. A partir daí, por efeito da cedência de energia à atmosfera pelo processo de condensação, a temperatura decresce de uma forma menos brusca, à razão média de 0,5ºC por cada 100 metros até ser atingido o topo da cobertura nublosa. No troço terminal da montanha, acima da cobertura de nuvens, o decréscimo da temperatura volta a acentuar-se, recuperando novamente o valor do gradiente adiabático para o ar seco. A temperatura média anual estimada para o cimo da ilha rondará assim os 4,0ºC, com valores negativos nos meses de inverno, sendo no entanto susceptível de grandes amplitudes térmicas diurnas, típicas dos climas de montanha. A temperatura da água do mar: a temperatura da água do mar que banha o litoral da Ilha do Pico é mais elevada do que a observada nas regiões costeiras do continente Europeu à mesma latitude. Esta

a result of the conjugated effect of the ocean’s proximity and the high thermal accumulation and retention capability of the black basalt lava flows, opposes the adverse mountain climate felt at an altitude of over 2000 m. This is also the only island of the archipelago that gathers the conditions for the occurrence, with some frequency, of snowfall in its higher lands, particularly in the winter months, as well as its persistence for more or less extended periods of time. Air temperature: the annual average air temperature on the coast of Pico Island is located around 18.0°C, with average minimums of 10.5°C felt on February and average maximums going over 26.0°C in August. The annual average diurnal amplitude is low, around 6.0°C. As the altitude increases, the temperature decreases regularly; on a ratio of 0.9°C per 100 meters (dry lapse rate) until the dew point temperature is reached, at an average altitude of about 600 meters. From that point on, due to the effect of energy transfer to the atmosphere by the condensation process, the temperature decreases at a slower rate, an average of 0.5°C per 100 meters until the top of the cloud cover is reached. On the final stretch of the mountain, over the cloud cover, the temperature decrease rate increases again, returning to the dry lapse rate value. The annual average temperature estimated for the top of the island is around 4.0°C, with negative values in the winter months; being, however, susceptible to great daily thermal amplitudes, typical of the mountain climates. Sea water temperature: the temperature of the seawater bathing the Pico Island’s coast is higher than in the coastal areas of the European continent located at the same latitude. This is due to the effect of the meanders of the Warm Gulf Stream that, starting on the Occidental Group, describe a downward arch interpenetrating the channels between the islands. The water temperature varies regularly throughout the year, ranging from an average of 15.0°C in February/

23

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores

Precipitação média anual Annual average precipitation (mm)

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Modelo / Model CIELO (Azevedo, 2008); Projecto / Project CLIMAAT

PREÂMBULO | PREAMBLE

Furos e Nascentes Vertical wells and springs

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

24

circunstância deve-se ao efeito dos meandros da Corrente Quente do Golfo que, a partir do grupo Ocidental, descrevem um arco descendente interpenetrando os canais entre as ilhas. A temperatura da água do mar varia de forma regular ao longo do ano, oscilando em média entre os 15,0ºC observados em Fevereiro/Março e valores médios ligeiramente acima dos 23,0ºC observados em Agosto/Setembro. A humidade relativa: a humidade relativa do ar no litoral da Ilha do Pico apresenta-se, por regra, menos elevada do que na generalidade das restantes ilhas do arquipélago. Acompanhando de forma inversa o regime da temperatura, a humidade relativa média ao longo do ano situa-se entre os 70% e os 80%. De verão, no litoral, novamente por efeito da redução da amplitude térmica diurna proporcionada pelo efeito termorregulador das escoadas basálticas, a humidade relativa mantem-se baixa mesmo durante a noite, proporcionando reconhecidas condições de conforto humano e favoráveis às culturas frutícolas, em particular à da vinha. Em altitude, a humidade relativa aumenta com a diminuição da temperatura até aos limites da camada limite planetária, aproximadamente até aos 1500m, diminuindo bruscamente a partir daí por efeito da ocorrência de ar mais seco em circulação na atmosfera livre. Em determinadas situações podem ser observadas condições excepcionais de secura do ar no cimo da montanha com valores de humidade relativa abaixo dos 10%. A precipitação: os Açores encontram-se localizados numa zona do Atlântico a que corresponde uma precipitação média anual ao nível do mar que varia, de leste para oeste, entre os 700 e os 900 mm. No entanto, as transformações termodinâmicas induzidas pelo impulso orográfico a que o ar se vê obrigado devido à proximidade das ilhas, conduzem a que junto ao litoral a precipitação seja por norma já superior a esses valores. Também devido a mecanismos termodinâmicos são observadas assimetrias significativas da precipitação entre vertentes

March and an average of slightly above 23.0°C in August/September. Relative humidity: the relative humidity of the air on the coast of Pico Island is, in general, lower than in the remainder of the islands of the archipelago. Inversely accompanying the temperature regime, the average relative humidity throughout the year is located between 70% and 80%. In the summer, on the coast, again as a result of the reduced daily thermal amplitude effect created by the thermoregulating effect of the lava flows, the relative humidity remains low, even at night, providing renowned conditions for human comfort, and favourable to fruticulture, particularly viticulture. In altitude, the relative humidity increases with the decrease in temperature, until reaching the limits of the planetary boundary layer, at approximately 1500 m altitude, diminishing drastically from there due to the dryer air circulating on the free atmosphere. In certain situations exceptional conditions of air dryness can be observed on the top of the mountain with relative humidity values below 10%. Precipitation: The Azores are located on an area of the Atlantic that has a corresponding annual average precipitation at sea level that varies, from east to west, between 700 and 900 mm. However, the thermodynamic transformations induced by the orographic impulse of the air, due to the proximity of the islands, normally leads to the occurrence of higher values of precipitation even near the coast. Also due to thermodynamic mechanisms, significant precipitation asymmetries are noticeable between slopes opposite to the atmospheric circulation regime, whenever an orographic obstacle stands between them. This is what happens on Pico Island, where the average annual precipitation values on the south and southeast coasts are of about 1000 mm, whereas on the northeast coast, and at the same altitude, the values reach 2000 mm. In the same way, the precipitation rises accompanying the elevation of the island, asymmetrically dislocated to northeast of the Pico volcanic cone, with estimated precipitation values over 5000 mm for altitudes between 800

25

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Modelo / Model CIELO (Azevedo, 2008); Projecto / Project CLIMAAT

Temperatura média anual Annual average temperature (ºC)

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Modelo / Model CIELO (Azevedo, 2008); Projecto / Project CLIMAAT

PREÂMBULO | PREAMBLE

Humidade relativa média anual Annual average relative humidity (%)

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

26

opostas ao regime da circulação atmosférica, sempre que entre elas se interpõe o obstáculo da orografia. É o que acontece na Ilha do Pico, onde o valor da precipitação média anual observada no litoral sul e sudoeste anda próximo dos 1000 mm, enquanto que, na costa nordeste, e à mesma altitude, os montantes sobem para valores que atingem os 2000 mm. Da mesma forma a precipitação sobe acompanhando a elevação da ilha, assimetricamente deslocada para nordeste do cone vulcânico do Pico, estimando-se valores da precipitação superiores a 5000 mm para altitudes entre os 800 e os 1500 metros. A partir daí, e até ao cimo da Ilha, a precipitação decresce de forma acentuada até valores que se estimam abaixo dos 500 mm ano. O vento: O vento é uma constante do clima açoriano. Ao longo ano o vento sopra de forma regular, mais moderado nos meses de verão e de forma mais vigorosa nos meses de inverno. Situadas em plena zona de confluência de diferentes sistemas de circulação atmosférica, as ilhas são abordadas tanto por ventos que derivam do bordo superior do Anticiclone dos Açores, como por aqueles gerados a partir dos sistemas depressionários associados à evolução dos meandros da Frente Polar. Por norma, a velocidade do vento aumenta das Ilhas do Grupo Oriental para as do Grupo Ocidental. De uma forma geral, de inverno, a evolução sincopada dos sistemas depressionários a norte do arquipélago conduz a que os ventos rondem as ilhas por norte e de oeste para leste. Durante o verão, com a subida em latitude dos sistemas de altas pressões, as ilhas são assediadas por ventos de Sudoeste. Neste período, e em determinadas circunstâncias de subida do Anticiclone dos Açores, o arquipélago pode ser atingido pela circulação directa dos ventos Alísios. De Junho a Outubro, em determinadas circunstâncias de proximidade de tempestades tropicais em evolução na bacia atlântica, podem ser observados ventos fortes cuja direcção decorre do trajecto desses sistemas depressionários em relação ao posicionamento de cada uma das ilhas.

and 1500 m. From there on up, and all the way to the top of the Island, the precipitation steeply decreases to values below 500 mm a year. Wind: The wind is a constant of the Azorean climate. Throughout the year the wind blows regularly, more moderately in the summer months, and more vigorously in the winter months. Located in the midst of a confluence area of different atmospheric circulation systems, the islands are reached by winds derived from the upper edge of the Azores High, and by winds generated from the low pressure systems associated with the evolution of the meanders of the Polar Front. Normally, the wind speed increases from Islands of the Oriental Group to the ones on the Occidental Group. Generally, in winter, the syncopated evolution of the low pressure systems north of the Archipelago leads the winds to circumventing the islands thru the north and from the west to the east. During the summer, with the north shift in latitude of the high pressure systems, the islands are besieged by winds from the southwest. In this period, and in certain circumstances when the Azores High shifts deeply to north, the archipelago may be hit by the direct circulation of the trade winds. From June to October, in circumstances resulting from the proximity of evolving tropical storms on the Atlantic basin, strong winds can be felt, with their direction following the course of these low pressure systems in relation to the location of each of the islands. On Pico, like on all the Islands, the wind speed increases with altitude and as the atmospheric circulation releases itself gradually from the friction of the planetary boundary layer, all the while assuming greater regularity on its orientation. The average wind regime on Pico Island is largely “rigged” by topography, particularly by the influence of the enormous topographic obstacle that is its Mountain. On the coast, the annual average wind speed is around 17 km/h. In the winter months, the average velocity approaches 20 km/h, although there rarely is a year when gusts reaching

27

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Modelo / Model CIELO (Azevedo, 2008); Projecto / Project CLIMAAT

Temperatura média de Agosto Average temperature for August (ºC)

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Modelo / Model CIELO (Azevedo, 2008); Projecto / Project CLIMAAT

PREÂMBULO | PREAMBLE

Temperatura média de Fevereiro Average temperature for February (ºC)

100 km/h aren’t felt. In the summer months, on the contrary, the wind velocity values decrease to under 10 km/h. It is also in this period that, due to the diminishing influence of the higher predominance systems, we can observe the formation of coastal breezes on the coast of Pico Island. This type of breezes was well-known to the coastal fishing communities of the island, particularly when sailing boats were the predominant means of transportation for fishing and whale hunting. These local winds are characterized by an alternation in the direction of the local atmospheric circulation between the cooler early hours of the day and the sunny afternoons, determined by the heating cycle, throughout the day, of the sides of the mountain, related to seawater temperature values more regular but still high, above 23°C between August and September, if we take into account the Azores Archipelago’s latitude.

30.0

0.0

0.0

Dez

5.0 Nov

50.0 Out

10.0

Set

100.0

Ago

15.0

Jul

150.0

Jun

20.0

Mai

200.0

Abr

25.0

Mar

250.0

Fev

Referências / References:

(altitude: 40 m; fonte - source IM)

300.0

Ávila, E. (2010) - Álbum da Ilha do Pico, ed. Publiçor, Ponta Delgada, 214 pp.

Temperatura do ar - Air temperature (ºC)

Clima normal - Normal Climate - São Roque - Ilha do Pico

Jan

No Pico, tal como acontece em todas as Ilhas, a velocidade do vento aumenta com a altitude e à medida que a circulação atmosférica se vai libertando do atrito da camada limite planetária, assumindo porém maior regularidade na sua orientação. O regime médio dos ventos na Ilha do Pico é em larga medida “viciado” pela topografia, em particular pela influência do enorme obstáculo topográfico que constitui a sua Montanha. No litoral, a velocidade média anual do vento é da ordem dos 17km/h. Nos meses de Inverno, a velocidade média aproxima-se dos 20km/h, muito embora seja raro o ano em que não se observam rajadas a atingir os 100 km/h. Nos meses de verão, pelo contrário, o valor da velocidade do vento decresce para valores inferiores aos 10km/h. É também neste período que, devido à diminuição da influência de sistemas de maior predominância, pode ser observada a formação de brisas costeiras no litoral da Ilha do Pico. Este tipo de brisas era bem conhecido pelas comunidades piscatórias ribeirinhas da ilha, particularmente numa altura em que predominava a navegação à vela para a faina da pesca e baleação. Estes ventos locais caracterizam-se por uma inversão de direcção da circulação atmosférica entre as madrugadas mais frescas e o período da tarde dos dias soalheiros, determinada pelo ciclo de aquecimento ao longo do dia das vertentes da montanha, face a valores da temperatura da água do mar mais regulares mas mesmo assim elevados, acima dos 23ºC entre os meses de Agosto e Setembro, se tomarmos em consideração a latitude do Arquipélago dos Açores.

Precipitação - Precipitation (mm)

GUIA DE HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DO PICO | PICO ISLAND NATURAL HISTORY HANDBOOK

28

Bento, C. Melo (2008) - História dos Açores, vol. 1, ed. Autor, Ponta Delgada, 200 pp.

Gregório, R. Dias et allia (2014) - As Ilhas de Gaspar Frutuoso (Catálogo), ed. Bibliot. Públ. Arq. Regional de Ponta Delgada, Ponta Ddelgada, 140 pp.

Forjaz,V. H., editor (2004) - Atlas Básico dos Açores - The Azores Basic Atlas, formato A3, Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores, Projecto UE - Interreg - Vulcmac, Ponta Delgada, 112 pp. Forjaz, V. H. et allia (2006) Mística e Nuvens do Vulcão do Pico, ed. N.º 18 OVGA, Ponta Delgada, 110 pp. Viana, M. (2010) - História da Ilha do Faial, vol. II, ed. Câmara Mun. Horta, Horta, 200 pp.

Faial, Pico, São Jorge M. Atlantic Ridge

Fracturas de 1980 1980 fractures

Graben, Pico - São Jorge

Horst, Pico

Fonte / Source: Atlas Básico dos Açores Tectónica / Tectonics: Forjaz, 2008

Fig. 13

29 PREÂMBULO | PREAMBLE

Sismicidade geral General seismicity

Arq. / File: New Bedford, Whale Museum, 1841/5, ed. 1847.

View more...

Comments

Copyright � 2017 SILO Inc.