Eixo Mouzinho/Flores Território do Recolhimento e do Mercadejar

October 13, 2016 | Author: João Henrique Bacelar Duarte | Category: N/A
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Eixo Mouzinho/Flores Território do Recolhimento e do Mercadejar

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ÍNDICE FICHA TÉCNICA .......... 03 AGRADECIMENTOS .......... 05 Mensagem do Presidente da Câmara Municipal do Porto .......... 07 Apresentação do Programa .......... 08 Apresentação do Roteiro .......... 11 Consolidação do Território .......... 13 1. Cardosas/Lóios .......... 23 2. Flores .......... 48 3. S. Francisco/S. Domingos .......... 65 4. Infante .......... 87 5. Mouzinho da Silveira .......... 133 Bibliografia .......... 154

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FICHA TÉCNICA Título Eixo Mouzinho/Flores - Território do Recolhimento e do Mercadejar Edição Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A. Coordenação Ana Paula Delgado Paulo de Queiroz Valença Margarida Mesquita Guimarães Equipa Técnica Beatriz Hierro Lopes Colaboração Ana Rita Souto Joana Fernandes José Pacheco Sequeira José Barral José Patrício Martins Luís Soares António Coordenação da Edição Beatriz Hierro Lopes Gabriela Magalhães Design e Paginação Filipa Paiva - Fundação da Juventude (versão papel) 327 CREATIVE STUDIO (versão ebook)

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Imagens Associação Comercial do Porto - 122; 123; 124; 125; 126; 127; 128 Busílis da Comunicação - 110 Casa do Infante - Arquivo Histórico Municipal do Porto - 4; 7; 8; 9; 16; 17; 20; 56; 68; 91; 115; 117; 118; 119; 144 Cidade das Profissões - 66 Empatia - Arqueologia, Lda. - 11; 12; 13 Filipe Pinheiro Campos - 79; 86; 175 Francisco Queiroz - 74; 164; 180 Foto Freitas - 14; 104 Fundação da Juventude - 77; 78 Gabinete Alexandre Soares - 25; 26; 27; 28; 29; 32; 34; 36; 38; 40; 41; 42; 44; 47; 48; 49; 50; 51; 55; 57; 58; 61; 64; 67; 69; 70; 71; 73; 80; 81; 83; 84; 85; 92; 93; 95; 96; 97; 101; 102; 103; 107; 108; 109; 111; 112; 113; 120; 129; 131; 132; 134; 135; 136; 137; 138; 139; 140; 141; 142; 145; 146; 148; 149; 150; 151; 152; 153; 154; 155; 158; 159; 161; 162; 163; 165; 166; 167; 168 Gestão de Obras Públicas da Câmara Municipal do Porto, EM - 10 João Barata Feyo - Capa Luís Aguiar Branco - 5; 6; 18; 21; 22; 30; 31; 33; 39; 43; 52; 54; 59; 60; 62; 65; 72; 76; 82; 87; 88; 89; 90; 94; 98; 106; 114; 116; 121; 130; 133; 143; 147; 169; 179 Ourivesaria Luiz Ferreira - 37 Ourivesaria Pedro A. Baptista, Lda. - 35; 45; 46 Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A. - 1; 2; 3; 15; 19; 23; 24; 53; 75; 99; 100; 105; 156; 157; 160; 170; 171; 172; 173; 174; 176; 177; 178; 181; 182 Roberto Cremascoli, Edison Okumura e Marta Rodrigues arquitectos, Lda. - 63 Impressão Multitema, Soluções de Impressão S.A. Tiragem 2500 ISBN 978-989-96862-9-8 Depósito Legal

Nota: Nesta publicação foi respeitada a grafia utilizada pelos seus diferentes autores.

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A Porto Vivo, SRU agradece a: A Cerca Adriano Antero Monteiro (Relojoaria Adriano) Ag Jewels Agostinho Jardim (Associação Infante D. Henrique e Centro Social Paroquial de S. Nicolau) Alfredo Ascensão (Alfredo Ascensão & Paulo Henriques, arquitectos Lda.) Alfredo Costa (Busílis da Comunicação) Ana Espregueira Mendes (Hotel Intercontinental) Ana Paula Cunha Nogueira Assucena (Retrosaria das Flores) André Nascimento (Empatia – Arqueologia, Lda.) António Marques de Oliveira (Ourivesaria Eduardo Carneiro & Cª, Lda.) António Martins Teixeira (Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto) António Tavares (Santa Casa da Misericórdia do Porto) Augusto Saldanha (Alfaiate) Bem Português British Association Carlos Alberto Loureiro (Empatia – Arqueologia, Lda.) Chocolataria Equador Cristina Lopes (Ourivesaria Neves & Filha, Lda.) Elvira Basílio (Porto Signs) Essência do Vinho Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto Fernol Filipe Pinheiro Campos Francisco Queiroz Furtado Mendonça Gabriel Pereira (Empatia – Arqueologia, Lda.) Galo Louco Hard Club Isabel Barros (balleteatro Escola Profissional) Joana Dixo (Dixo’s Oporto Hostel) Joana Oliveira (Mercearia das Flores) João Melo (Casa do Coração de Jesus)

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Joaquim Coelho (Olá Bazar) Jorge Manuel Dias (A Sementeira - Alípio Dias & Irmão) José António Barbosa Livraria Alfarrabista João Soares Livraria Chaminé da Mota Alfarrabista Loja 112 Luís Pedro Martins (Santa Casa da Misericórdia do Porto) Manuel de Novaes Cabral (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto) Maria Eduarda Ferreira de Matos (Ferreiras Joalheiros) Maria Geraldes (Fundação da Juventude) Maria Manuel Morais (Memórias) Moura, Pereira & Paiva, Lda. (Casa Mousinho – Loja das Bandeiras) Nuno Guerreiro (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto) Olga Lacerda (Feitoria Inglesa) Paula Rebelo (Manufaktura) Paulo Lobo (Hats & Cats e Lobo Taste) Pimm’s Portugalidades Prometeu Rui Melo (Tea Point) Rui Moreira (Associação Comercial do Porto) Rui Rio (Presidente da Câmara Municipal do Porto) Sofia Alves (Casa do Infante – Arquivo Histórico Municipal do Porto) Teresa Chaves (Cidade das Profissões) Vladimiro Feliz (Associação Porto Digital) Zof/House Gallery

sem cujos contributos e colaboração, a edição deste Guia não teria sido possível.

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Revisitar a Alma do Porto... Em boa hora a “Porto Vivo, SRU” se propôs editar

fazer renascer o valiosíssimo espólio dos nossos

o Guia Eixo Mouzinho/Flores, que agora chega às

antepassados. E o Eixo Mouzinho/Flores acordou do

mãos dos leitores. Porque para além de evidenciar

seu torpor para o século XXI. Ele aí está, a mostrar-

a relevância da regeneração em curso de uma

-se de novo em todo o seu esplendor.

importante zona da Baixa da Cidade, conduz-nos ao imaginário de outros tempos, onde a alma do

Se hoje o roteiro deste guia é já um percurso que

Porto respirava iniciativa, exibia o seu bom gosto,

das memórias do passado nos traz até ao sonho do

enaltecia as virtudes das nossas gentes, gozava os

futuro, amanhã – até ao final de 2013 – a conclusão

proveitos do sucesso.

da reabilitação do espaço público que lhe serve de espinha dorsal será o testemunho vivo de uma

As décadas foram-se sucedendo. Os tempos

outra era, oferecendo novos caminhos, estimulantes

causticaram a ação. Os desafios quebraram o

desafios, e oportunidades de eleição. De S. Bento ao

limite da força humana. E a vertigem da mudança

Infante, vai um salto do tamanho da alma do Porto…

superou o ritmo das gerações. Ano após ano foram-se exaurindo os recursos que o passado legou aos herdeiros do nosso tempo. Impunha-se, assim,

Rui Rio Presidente da Câmara Municipal do Porto

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Programa de Acção para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores_ CH.2

1. Território de Intervenção.

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O Programa de Reabilitação Urbana do Eixo

do Porto, Porto Vivo, SRU, Associação Porto Digital,

Mouzinho/Flores é mais uma das 10 Operações que

Fundação da Juventude, Santa Casa da Misericórdia

constituem a estratégia territorial definida no Plano

do Porto e TRENMO-Engenharia, S.A.

de Gestão do Centro Histórico do Porto Património Mundial.

O Programa desenhado assenta nas seguintes Operações:

É uma zona com 11 ha de território, com 15

• Estudo para a Mobilidade no Centro Histórico

quarteirões, 421 parcelas e mais de 200 000 m2

– estudo adjudicado a uma empresa com forte

de área construída; deste edificado, 45% está em

experiência neste domínio, e que propôs um modelo

mau estado, 20% está devoluto e 40% está apenas

de actuação sobre o desenho do espaço público, o

parcialmente ocupado.

estacionamento, os transportes e a mobilidade; • Requalificação do Espaço Público – intervenção

Trata-se de um Programa que em parte está

municipal em cerca de 35.000 m2 de superfície

comparticipado pelo QREN / ON.2 no âmbito de um

entre os Lóios e o Infante, que reviu o desenho

Protocolo de Financiamento assinado em Junho de

urbano, gerou novos espaços pedonais e um novo

2009, e que originou um Programa de Acção dirigido

esquema de trânsito, aumentou passeios e substituiu

para a regeneração de componentes urbanas que

pavimentos e redes de infraestruturas;

contribuam para a re-habitação da área e também

• Modernização e Qualificação dos Ninhos de

para a sua revitalização económica, isto porque para

Empresas – acção da responsabilidade da Fundação

além de se tratar de uma área classificada como

da Juventude, que regenerou os espaços destinados

Património Mundial, é um eixo central nos percursos

a instalar novas empresas existentes na Casa da

turísticos do Centro Histórico do Porto – da Baixa à

Companhia, na Rua das Flores;

Ribeira – com elevada visibilidade, mas deteriorado

• Apoio ao Empreendedorismo – projecto da Cidade

e deprimido nas suas funções vitais do quotidiano.

das Profissões / Associação Porto Digital, tendo em

E por isso o comércio local, a qualidade ambiental e

vista o apoio à instalação de empresas e o aumento

a vivência intensiva, estão prejudicados apesar de o

da dinâmica empresarial;

potencial ser enorme.

• Feiras Francas – realização de um conjunto de eventos articulados com a actividade do Palácio das

Para exponenciar a mudança que, de facto, já está

Artes - Fábrica de Talentos, cuja responsabilidade

em curso, foi definida uma estratégia que se centra

recaiu sobre a Fundação da Juventude;

na qualificação do espaço público – do seu conforto,

• Instalação do Museu da Santa Casa da Misericórdia

das facilidades disponibilizadas e da mobilidade –

do Porto – acção desenvolvida tendo em vista

juntando-se a este vector, outros mais dedicados às

estruturar o espólio e preparar conteúdos a integrar

actividades económicas, comerciais, de lazer e de

no futuro Museu de Arte Sacra;

turismo. E constituiu-se uma Parceria entre diversas

• Criação do Circuito do Vinho do Porto – adaptação

entidades públicas e privadas: Câmara Municipal

de espaços da Casa da Companhia, primeira sede

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da Real Companhia Vinícola, no sentido de criar um percurso da produção e do negócio do Vinho do Porto, criando também um local de provas; • Instalação e Operacionalização da Gestão de Área Urbana – expansão da responsabilidade e da presença da Equipa já estabelecida no Morro da Sé e a estender a todo o Centro Histórico, tendo em vista articular programas e políticas de dinamização e animação urbana; • Valorização do Espaço e do Comércio Tradicional através da Memória – criação de uma base de dados das unidades comerciais do Eixo Mouzinho/ Flores baseado no historial das actividades, dos comerciantes e das empresas. O Programa de Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores é um processo integrado que atinge os M€9 e tem comparticipação FEDER, a fundo perdido, de M€6,5, estando a sua conclusão prevista para o final de 2013. Acresce a este investimento, que se sustenta no Programa de Acção, um investimento de cerca de M€70 da responsabilidade primeira dos proprietários do parque edificado existente. Paulo de Queiroz Valença Coordenador do Gabinete de Operações Especiais e do Programa de Acção para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores Porto Vivo, SRU

2. Programa de Acção do Eixo Mouzinho/Flores. 1 - Requalificação do espaço público 2 - Museu de Arte Sacra da Santa Casa da Misericórdia 3 - Ninho de empresas (Casa da Companhia) 4 - Circuito do Vinho do Porto (Casa da Companhia)

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Apresentação do Roteiro O Guia Eixo Mouzinho/Flores – Território do

instituições, empresas e actividades, marcas do

Recolhimento e do Mercadejar é uma acção

passado e do presente. Pessoas e agentes, que são

integrada na Operação Plano de Comunicação que

parte da existência do local. E situações imateriais

faz parte do rol de operações do Programa de Acção

que são a argamassa desta construção global.

para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores _ CH.2, que foi comparticipado pelo QREN / ON2.

O Guia, porque trata um eixo, assenta num só circuito – entre S. Bento e o Infante. Inicia-se e

Visa estruturar a percepção de um espaço e de um

desce pelas Flores e sobe pela Mouzinho da Silveira,

contexto urbanos, quer através da sua realidade

respeitando assim a idade de abertura destas

actual (e até futura), quer através da sua história

artérias, mas contrariando o sentido das águas do

e das suas estórias. Uma realidade com 500 anos

Rio da Vila que vão desaguar ao Douro. E diverge,

e que hoje se assume como um dos factores da

pontualmente, aqui e ali, pelas imediações, para

mudança e da modernização do Centro Histórico do

salientar mais um marco ou um episódio da vida

Porto, que a UNESCO entendeu, e bem, classificar

deste território, onde a Igreja, com os seus Mosteiros

como património da humanidade em 1996. Um eixo

e Conventos, e onde o negócio, com as feiras e a

que surgiu como motivo de organização da cidade

actividade comercial, foram sempre a base da sua

medieval e de percurso de escoamento de produtos

vivência e da sua vitalidade.

que chegavam pelo Douro, e que hoje serve de ligante entre a Baixa e a Ribeira e assim de colector dos inúmeros turistas que nos visitam. No Guia Eixo Mouzinho/Flores – Território do Recolhimento e do Mercadejar identificam-se e caracterizam-se elementos do património construído,

Paulo de Queiroz Valença Coordenador do Gabinete de Operações Especiais e do Programa de Acção para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores Porto Vivo, SRU

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1. Cardosas / Lóios 2. Flores 3. S. Francisco / São Domingos 4. Infante 5. Mouzinho da Silveira

3. Mapa do Roteiro.

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Consolidação do Território Antes da Ocupação

4. Maqueta do Porto Medieval.

O Porto primitivo nasce e desenvolve-se em redor

partir do século XIV existia já o projecto de aí

do núcleo do Monte de Pena Ventosa, onde hoje

se criar uma sinagoga e um núcleo destinado à

encontramos a Sé e o Paço Episcopal, dando origem

comunidade judaica. Estas duas comunidades,

a pequenas ruelas e vielas que se estenderão,

apesar de afastadas, aproximam-se através de

primeiramente, à volta do supracitado local, para

inúmeras pontes, que atravessavam o Rio da Vila,

depois se desenvolverem ao longo do Rio da Vila

e cuja presença se faz ainda hoje sentir entre nós,

que bordejava o Morro e que se predispunha à

toponimicamente, em ruas como a Rua da Ponte

implementação de diversas actividades, como por

Nova, cuja ponte ligaria a futura Rua das Flores com

exemplo o curtume de peles, na área que hoje

a Rua da Bainharia (artéria antiga, cujo nome se

designamos, por essa razão, dos Pelames. A cidade

deve à concentração de mesteres ligados à produção

vai descendo, estendendo-se até ao Rio Douro,

de bainhas para espadas), ou mesmo como a Rua do

zona de rápido crescimento comercial relacionado

Souto, hoje mais reduzida na sua extensão, mas que

com actividades portuárias. Contudo, o Porto, a

até ao processo de abertura da Rua de Mouzinho da

partir do século XIII e XIV, sentirá a necessidade

Silveira, atravessava ambos os morros, prosseguindo

de se expandir para o Morro da Vitória, onde a

pela hoje denominada Rua dos Caldeireiros.

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rua das flores A Rua das Flores, anteriormente designada por Rua Nova de Santa Catarina das Flores, começou a ser aberta em 1521, segundo ordem régia de D. Manuel I, e localiza-se na margem direita do Rio da Vila, nos terrenos das Hortas do Bispo, do Cabido e da Misericórdia, servindo assim de ligação entre o Largo de S. Domingos e o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria. A abertura deste arruamento cumpre também a função de integrar na cidade o Mosteiro que se começara a edificar em 1518, pois era desejo de D. Manuel I, segundo a regra de S. Bento, concentrar as comunidades de mulheres religiosas num único local, evitando os lugares ermos para sua habitação; só quase vinte anos após o início da sua construção, em 1535, já no reinado de D. João III, estaria terminado este Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria1. A sua importância reflecte-se, também, no facto de ter sido a primeira rua calcetada do Porto. O seu calcetamento foi financiado pelos moradores que, entretanto, começam a adquirir à Mitra e ao Cabido o foro do terreno para a construção das suas casas. Cumpria ao enfiteuta (arrendatário) pagar anualmente por volta do S. Miguel de Setembro (dia 29 de Setembro) um valor previamente estipulado. Estas casas, dependendo do seu senhorio, eram marcadas com diferentes símbolos: a roda do martírio de Santa Catarina ou roda navalhada de Santa Catarina, que podemos encontrar nos edifícios com os n.os 60-62, 66-76, 130-138 e 277-279, era um signo bispal assinalando a propriedade da Mitra; as marcas no cunhal, em baixo ou alto-relevo, representando S. Miguel, o Arcanjo, eram símbolo do Cabido, podendo encontrar-se, ainda hoje, em vários edifícios desta rua. A Rua Nova de Santa Catarina das Flores, afirmar-se-ia como um dos mais importantes eixos de circulação da época, retirando importância ao eixo viário existente e que passava pela Rua do Souto e Rua dos Mercadores, unindo a zona ribeirinha à Porta dos Carros e à nova zona urbana do Olival. É de sublinhar que esta nova ligação era de extrema importância, pois relacionava as três zonas de maior actividade económica: junto à Porta dos Carros, no Largo de S. Bento de Avé-Maria, realizava-se, sob protecção das freiras beneditinas, uma feira onde se mercandava leite, hortaliças e fruta2, feira essa que se manteria activa até à extinção do Mosteiro por incumbência da Lei de Extinção das Ordens Religiosas

1. Pinho, 2004: p. 2. 2. Oliveira, 1973: p.393.

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em 1834; na zona ribeirinha, a feira do peixe, sendo de salientar que, na área que compreendia a Praça da Ribeira e a zona dos Banhos, se encontraria, a partir do século XV, a Rua da Ourivesaria, que congregava ourives de ouro e prata, os quais só a partir de finais do século XVIII se mudariam para a Rua Nova de Santa Catarina das Flores; e, por fim, a zona do Olival, onde se fixara a comunidade judaica. Consequentemente, e dada a sua localização, a Rua Nova de Santa Catarina das Flores rapidamente se transformaria numa área que atraiu uma população enobrecida. Testemunhando este facto, encontramos ainda hoje, edifícios que foram residência de famílias importantes, como a Casa dos Constantinos3, a Casa dos Sousa e Silva4, o Solar dos Figueiroa5, a Casa dos Maias ou dos Ferraz Bravo6 e a Casa dos Cunha Pimentel7. Comprovando a importância da Rua das Flores, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, em 1555, transfere do Claustro Velho da Sé do Porto para aqui a Igreja que substitui, assim, a capela de Santiago, onde se reunia desde 1499.

5. Marcas no cunhal representando S. Miguel e as rodas navalhadas de Santa Catarina.

3. Rua das Flores, n.º 135-145. 4. Rua das Flores, n.º 77-81. 5. Rua das Flores, n.º 69. 6. Rua das Flores, n.º 21-37. 7. Rua das Flores e Largo de S. Domingos.

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Rua de Mouzinho da Silveira A Rua de Mouzinho da Silveira, data do último quartel do século XIX. A sua localização privilegiada em relação ao conjunto urbano envolvente, permitir-lhe-ia afirmar-se como a principal via de circulação, ligando a cota mais alta à cota ribeirinha da cidade. Tal trajecto foi, durante muitos séculos, pertença do Rio da Vila que desagua no Rio Douro; a cidade, dividida pelo rio, retirava dele proveito para as suas actividades económicas. Contudo, e tendo em conta os cuidados sanitários8 a que o século XIX esteve especialmente atento9, achou-se imprescindível ao desenvolvimento e progresso da cidade, encanar o Rio da Vila o que permitiu criar esta nova via de circulação urbana. Da autoria de Luís António Nogueira, o “Projecto de abertura da Rua Mouzinho da Silveira – Rua da Biquinha paralela à Rua das Flores”, seria aprovado em 1875, tendo-se iniciado as obras em 1877. Numa primeira fase, procedeu-se ao aumento, em largura, do troço entre o Largo de S. Bento da Vitória e a Rua de S. João, tendo-se prosseguido o projecto, numa segunda fase, prolongando a via até à actual Rua do Infante D. Henrique10. Tendo presente a configuração da malha medieval da cidade, facilmente se compreenderá a necessidade de desbastar certas infraestruturas e ruas, destruindo-se antigas ligações que uniam o tecido urbano do Morro de Penaventosa ao Morro do Olival11. São disso exemplo: a Ponte Nova, que sendo o rio encanado, perdera a sua função, a Capela e Praça de S. Roque e as ruas da Biquinha e Congostas, que desapareceriam para sempre.

6. Desenho da Fonte da Rua de Mouzinho da Silveira.

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No início da rua, encontra-se a Estação Ferroviária de S. Bento, aproveitando o local onde existira o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria. Um novo conjunto de fachadas novecentistas, cobre as traseiras das casas do Morro da Sé, e ocupa também antigos jardins dos edifícios da Rua das Flores. Entre estes prédios, distinguem-se o n.º 182, que faz esquina com a Rua da Ponte Nova, relevante pelos vestígios que aí se poderão encontrar de Arte Nova, o n.º 228, onde esteve instalado o Banco Aliança, de linhas neoclássicas. Diante deste, do outro lado da rua, outro edifício é, aparentemente, influenciado pelo traço do Arquitecto Marques da Silva. Junto ao Chafariz da Rua do Souto, na junção da Rua do Souto com a de Mouzinho da Silveira, o muro de granito curvilíneo é o único vestígio existente da Praça de S. Roque; um pouco mais acima, a Fonte da Rua de Mouzinho da Silveira, é de construção recente, 1966. À semelhança das ruas das Flores, de S. João e dos Mercadores, a Rua de Mouzinho da Silveira, ficou conhecida pelos seus armazéns de venda por grosso de produtos coloniais, óleos, mercearia, vinhos, adubos, cortiça e cereais, sendo que, nos nossos dias, ainda aqui podemos encontrar alguns armazéns de tecidos, lojas especializadas na comercialização de cortiça, lojas de venda de adubos, sementes e alfaias agrícolas.

7. Projeto da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira - Rua da Biquinha paralela à Rua das Flores.

8 A construção da Rua de Mouzinho da Silveira obrigou à drenagem das águas fétidas do rio da Vila, através de aqueduto, e à eliminação dos aloques, utilizados na curtição das peles (Pimentel, 2002: p. 171). 9 Com efeito, após a data de finalização desta via, estes cuidados seriam reforçados, uma vez que, em 1899, se dá no Porto, o último surto de peste, que se terá iniciado na Rua de S.João e na Rua da Fonte Taurina. Deste episódio salienta-se a importância do papel desempenhado pelo Dr. Ricardo Jorge, médico responsável pela descoberta da doença e das medidas que advieram do seu diagnóstico. 10 Pimentel, 2002: p. 170. 11 Pimentel, 2002: p. 171.

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Rio da Vila O Rio da Vila – também conhecido por rio da Cividade, por passar perto do Morro da Cividade – é elemento a destacar no seio do Eixo Mouzinho/ Flores pois, em grande parte da sua extensão, é a base do traçado da Rua de Mouzinho da Silveira e da Rua de S. João, e desagua no Douro junto da Praça da Ribeira. O Rio forma-se com as águas de dois mananciais: um deles, que nasce na zona do Monte da Lapa, desce pela Quinta do Laranjal (a Avenida dos Aliados dos nossos dias), passa pelo antigo Campo das Hortas (actual Praça da Liberdade); o outro que tem a sua origem na Fontinha, desce pelo actual Mercado do Bolhão, onde se lhe juntam as águas de mais um pequeno ribeiro, e prossegue pela que é na actualidade a Rua de Sá da Bandeira; os dois ribeiros juntam-se no local onde hoje está a Praça de Almeida Garrett, em frente à Estação de São Bento. A cidade foi, ao longo de tempos mais antigos, utilizando o Rio da Vila como um verdadeiro esgoto a céu aberto. Transformado assim num foco infeccioso, o Rio da Vila acabou por ser totalmente encanado. Em 1763, com a construção da Rua de S. João, foi coberto um primeiro troço tendo o restante sido coberto em 1875, na sequência da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira.

8. Mapa do curso do Rio da Vila.

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Rua de Ferreira Borges

9. Projeto de abertura da Rua de Ferreira Borges.

Aberta durante os anos 40 do século XIX, a Rua de Ferreira Borges foi construída, pouco tempo após a destruição do Convento de S. Domingos pelo incêndio de 1832. O principal objectivo da sua abertura foi o de ligar o Largo de S. Domingos com o local onde existiu o Convento de S. Francisco e onde, a partir de 1841, encontramos o Palácio da Bolsa, no qual se instala a Associação Comercial do Porto. Os despojos arqueológicos do anterior convento serviram para a construção do Pátio das Nações, um dos locais mais carismáticos do Palácio da Bolsa.

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O Território Hoje

10. Requalificação do Espaço Público do Eixo Mouzinho/ Flores.

Esta estrutura urbana de raízes ancestrais,

público; é o sector habitacional a reforçar-se e a

transforma-se de novo no início do séc. XXI. É o

repôr o cariz multifuncional deste local.

seu desenho a ser revisto, e de novo o espaço a

Assim, um território marcado por inovação no séc.

ser adaptado de modo a privilegiar o peão sobre o

XV e modernizado no final do séc. XIX, está de novo

automóvel; é a actividade económica a dar sinais

a transformar-se, agora num misto de património,

de modernização, o que sempre por aqui aconteceu

contemporaneidade e progresso, articulados com a

em cada época de mudança; é a sistematização de

recuperação de tradições e a revitalização de forças

eventos que voltam a reanimar o uso do espaço

que já teve outrora…

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À Redescoberta As obras de Requalificação Urbana do Eixo Viário Mouzinho da Silveira – Flores foram condicionadas ao acompanhamento arqueológico e à execução de sondagens, previamente definidas, nas zonas previstas para a colocação dos contentores de resíduos sólidos urbanos (RSU). No entanto, dado que a empreitada decorre numa área particularmente rica do ponto de vista arqueológico, verificou-se a necessidade de realizar escavações arqueológicas de emergência que permitiram registar e preservar parte dos 4.000 anos de História do Porto. São disso exemplos a cerca do antigo convento de S. Domingos (já

11. Parte da necrópole da antiga Igreja dos Terceiros de S. Domingos (Rua de Ferreira Borges).

escavada e protegida) e a necrópole (em parte intervencionada) da Capela da Ordem dos Terceiros, pertença daquele convento. A capela teria sido demolida em 1835, quando se iniciou o processo de abertura da Rua de Ferreira Borges. A requalificação da Rua de Mouzinho da Silveira permitiu, até ao momento, localizar alguns elementos alinhados com a antiga Rua das Congostas: duas estruturas habitacionais, um aparelho hidráulico de uma antiga indústria da Idade Moderna, dois arcos e um muro medievais, e ainda, um muro de datação romana.

12. Escavação dos níveis romanos na Rua do Infante.

Durante os meses de Setembro e Outubro de 2012 a equipa de arqueologia, que procedia ao acompanhamento na Rua do Infante, identificou e escavou um conjunto de níveis romanos associados a três estruturas. Numa primeira análise o material levantado aponta para uma cronologia entre os séculos I e IV, em consonância com elementos estudados em intervenções anteriores naquela área. O levantamento histórico cartográfico já realizado aponta ainda para a possibilidade de surgirem outros vestígios na Rua de Mouzinho da Silveira (bairro medieval, Capela de S. Crispim, Capela e Largo de S. Roque e vestígios romanos diversos); Rua de S. João (antiga ponte de S. Domingos, antiga albergaria medieval - mais tarde Hospital Crispiniano - hospital medieval de Santa Clara e vestígios medievais e romanos);

13. Arcaria localizada no início da Rua de Mouzinho da Silveira.

22

Largo de S. Domingos (chafariz da época Moderna e antigo Paço de S. Domingos); Rua de Trás e Rua do Arquitecto Nicolau Nazoni (proximidade das muralhas da cidade) e Largo dos Lóios (Convento de S. Elói), que só poderão ser confirmados no decorrer da obra. Este trabalho resulta do esforço conjunto de todos os intervenientes envolvidos na Reabilitação Urbana do Eixo Viário Mouzinho da Silveira – Flores, conscientes da ideia de que a preservação e estudo do seu património é um dos pilares do desenvolvimento sustentável da cidade. André Nascimento Carlos Alberto Loureiro Gabriel Pereira Empatia – Arqueologia, Lda.

14. Largo de S. Bento, atual Praça de Almeida Garrett (séc. XIX).

23

1. cardosas / Lóios

15. Esquema do percurso.

24 Cardosas / Lóios

Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria Sob os desígnios de D. Manuel I, foi iniciada a

Inicia-se então a demolição do Mosteiro. Se a

construção do Mosteiro em 1518. Porém, o edifício,

construção não fora tarefa fácil, a demolição

em estilo gótico com traços românicos, sofreu

também não o foi, alongando-se durante um

vários problemas construtivos que demoraram a sua

considerável período de tempo, sendo que apenas

conclusão, arrastando-se esta até ao reinado de D.

em 1900-1901 é demolida a sua Igreja.

João III que, deixando-se influenciar por Bartolomeu de Paiva, supervisor daquelas obras, permitiu a execução de alguns apontamentos renascentistas. O Mosteiro só estaria concluído em 1535. Nele se instalaram monjas que seguiam a regra beneditina, segundo o rito cisterciense, e que eram oriundas de outros mosteiros, mais modestos e em estado de decadência. Em 1834, com o êxito do Liberalismo, é decretada a extinção das ordens religiosas em Portugal. O decreto de Joaquim António Aguiar, assinado pelo

16. Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria: Antiga fachada com acesso para a Rua do Loureiro.

Rei D. Pedro IV, não deixou dúvidas: determinou a extinção imediata de mosteiros e conventos masculinos, proibiu a entrada no noviciado de novas freiras, esperando somente pela morte da última, para acabar, de igual forma, com os femininos. Nesse contexto a principal preocupação das freiras era dispor da quantia necessária para devolver os dotes dados pelas famílias das raparigas que, conforme o édito, já não podiam professar. Assim, venderam a casa do capelão na Rua do Loureiro, depois as pratarias, e, por fim, leiloaram todas as alfaias religiosas, incluindo o báculo da Abadessa. A última Abadessa morre em 1892. Dois anos depois, as ossadas beneditinas são transladadas para o Cemitério do Prado do Repouso.

17. Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria: Claustro.

25 Cardosas / Lóios

1.1 Estação Ferroviária de S. Bento Praça Almeida Garrett

18. Estação Ferroviária de S. Bento.

O plano do ramal, entre esta estação e a rede

Em 1896, chega o primeiro comboio à estação,

ferroviária nacional, com o nome de Linha Urbana

embora, a mesma, não tenha ainda sido inaugurada.

dos Caminhos de Ferro do Porto, foi apresentado,

A 9 de Novembro de 1903, o Rei D. Carlos e a Rainha

pelos vereadores António Júlio Machado e José Maria

D. Amélia presidem ao momento do lançamento da

Ferreira, a 8 de Julho de 1887, obtendo-se, no ano

primeira pedra da Estação de S. Bento que só seria,

seguinte, a autorização de Emídio Navarro, Ministro

inaugurada em 1916.

das Obras Públicas, para a sua construção. Escolhe-se para terminal do ramal um local estratégico, entre

O projecto, da autoria do arquitecto Marques da Silva,

a Praça de D. Pedro V e a Ponte Luís I: local onde

conta, no átrio, com quatro painéis centrais e vários

existia o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria.

frisos de azulejos, todos da autoria de Jorge Colaço.

26 Cardosas / Lóios

19. Pormenor de um painel de azulejos da Estação Ferroviária de S. Bento.

27 Cardosas / Lóios

Convento de Santa Maria da Consolação ou de Santo Elói (Convento dos Lóios)

Seguindo os costumes do século XV, D. Violante Afonso, encontrando-se viúva e sem descendência, decide legar os seus bens à Igreja, e sob orientação de D. João de Azevedo, Bispo do Porto, dá o seu contributo para a criação de um novo convento. Tal acção permitiu fortalecer o estabelecimento da Congregação de Cónegos Seculares de São João Evangelista em Portugal, que, a partir desse instante, passaria a dispor de um convento na cidade do Porto. Após autorização Papal, o Convento de Santa Maria da Consolação ou de Santo Elói (Convento dos Lóios) é fundado em 1490, com capacidade inicial para albergar apenas trinta cónegos, visto ser de modestas dimensões. Mais tarde, em 1592, iniciam-se obras de renovação que permitiram o aumento das suas alas e, consequentemente, da capacidade para albergar mais irmãos. Em pouco menos de dois séculos, tornou-se num dos mais importantes conventos da cidade. Porém, à semelhança do que aconteceria com o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria, também o Convento dos Lóios foi demolido na sequência da extinção das ordens religiosas em Portugal. A pretexto da ameaça de ruína de uma das torres da igreja, D. Maria II decidiu a sua demolição, mandando fundir o metal dos sinos que terá sido utilizado para cunhar moedas.

20. Desenho da Praça Nova, lado Sul, em 1833, vendo-se ainda de pé a Igreja dos Lóios, da autoria de J. Vitória Villa-Nova.

28 Cardosas / Lóios

1.2 Palácio das Cardosas Praça da Liberdade

21. Desenho do Palácio das Cardosas.

No local onde existiu o convento de Santa Maria

Transformou-se, já durante o século XX, em edifício

da Consolação existe agora o Palácio das Cardosas.

de serviços, aí se instalando diversas dependências

Encontrando-se em ruínas a Igreja e Convento, a

bancárias. Previa a última instituição proprietária,

Câmara Municipal do Porto obrigou à sua demolição

reconverter o Palácio em edifício de escritórios,

em 1838. Restou, nessa época, a fachada do

quando, em boa hora, se inicia o processo de

Convento que os Lóios haviam começado a construir

reabilitação urbana da Baixa Portuense que dá

já no século XIX, obra que interromperam quando

prioridade ao quarteirão em causa e redefine o

abandonaram o País.

uso deste edifício para equipamento hoteleiro. Daí a instalação do Hotel Intercontinental, que

A Câmara Municipal tomou posse e colocou à venda

reconverteu o Palácio e recuperou alguma da sua

em hasta pública os terrenos e restos construídos do

morfologia inicial, anteriormente muito alterada.

Convento, património que passou à propriedade de Manuel Cardoso dos Santos, um abastado negociante

São partes marcantes do volume edificado, quer a

com fortuna feita no Brasil, que se comprometeu a

Farmácia Vitália com a sua fachada modernista, uma

acabar a obra da fachada e a reedificar edifício de

intrusão hoje já bem assimilada, quer o Café Astória,

habitação no mesmo local – assim surgiu o Palácio.

que foi reinstalado no gaveto norte / nascente.

Após a sua morte, por herança, o edifício passou para a viúva e filhas, tendo, tal como o passeio fronteiro a norte, passado a denominar-se em função do apelido das suas novas proprietárias, como das Cardosas.

29 Cardosas / Lóios

22. Desenho de pormenor do alçado da Farmácia Vitália.

Farmácia Vitália Fachada da Farmácia Vitália integrada no Palácio das Cardosas, projecto de 1932 do Arq.to Manuel Marques (1890 – 1956). Trata-se de fazer arquitectura contemporânea, ao estilo art-déco, sobre, neste caso, uma fachada neoclássica existente, austera e sóbria. É uma fachada de geometria linear, classificada individualmente como de Interesse Público, onde sobressai o vidro e o ferro.

30 Cardosas / Lóios

Reabilitação Urbana do Quarteirão das Cardosas A reabilitação urbana do Quarteirão das Cardosas é

renovados, o que permite antever um grande

um projeto estratégico do Município do Porto e da

impacto, positivo, no coração da Baixa do Porto.

Porto Vivo, SRU, dada a importância deste conjunto

A execução da totalidade do projeto atinge um

urbano no centro da Baixa da cidade.

investimento global de M€84, dos quais cerca de M€13 são investimento público. Assim, a cada

Antes da intervenção, a situação deste quarteirão

euro de investimento público corresponderá um

era, do ponto de vista da salubridade, da segurança

investimento privado cerca de 5 vezes maior.

e da estética, uma situação muito crítica, com cerca de 80% do espaço útil da periferia, desocupado ou com subocupação. O interior do mesmo estava preenchido na quase totalidade com

José Patrício Martins, Coordenador do Núcleo de Dinamização dos Quarteirões Porto Vivo, SRU

construções secundárias, deficientes e insalubres. O procedimento de reabilitação urbana foi desenvolvido ao abrigo do D. L. n.º 104/2004, de 7 de Maio e cumpriu todos os requisitos exigidos pela legislação nacional sobre a matéria, incluindo o devido e sistemático acompanhamento pelas autoridades nacionais responsáveis pela conservação e defesa do Património Histórico e Cultural. O projeto de intervenção contempla a criação de uma unidade hoteleira de elevado standard, a salubrização do interior do quarteirão com um espaço de uso público e um parque de estacionamento subterrâneo, com capacidade para cerca de três centenas de veículos, e a reabilitação generalizada das edificações da periferia do mesmo. Os projetos já aprovados para 25 parcelas, irão disponibilizar 78 fogos e 22 espaços comerciais

23. Planta da Unidade de Intervenção das Cardosas.

31 Cardosas / Lóios

Hotel Intercontinental O Intercontinental Porto Palácio das Cardosas abriu

Desde a sua abertura o Intercontinental Porto

as suas portas em Julho de 2011 em pleno coração

Palácio das Cardosas conseguiu dinamizar a famosa

da cidade do Porto.

Praça da Liberdade e assume-se como um factor de animação e marca turística do Porto, sendo

A localização do hotel foi um dos factores

o primeiro Hotel de luxo a se instalar no centro

determinantes e valorizados pela cadeia

do Porto.

Intercontinental para a instalação da sua marca na “Invicta”. Trata-se de uma zona nobre da cidade,

Sendo um elemento de impulso, para o

inserida no Centro Histórico, classificado como

desenvolvimento da região, e um pólo atractivo

Património Mundial, desde 1996.

de mais turismo de qualidade para o Porto: um “embaixador” da imagem da cidade junto a mercados

O Hotel está instalado num dos quarteirões–piloto

estratégicos.

identificados no Masterplan da Porto Vivo, SRU e constitui um elemento preponderante no processo

O intuito principal da cadeia é poder criar uma

de reabilitação e requalificação da Baixa portuense.

experiência única e memorável àqueles que aqui

O próprio Astória (datado de 1932), um local

passam e se hospedam, onde o cliente sente que

de excelência e prestígio, recuperado e inserido

tem as “chaves da cidade” nas suas mãos, e que

no Hotel, reabre com uma nova finalidade, a de

simplesmente está no melhor local do Porto, no

Restaurante, com as suas janelas viradas para os

coração da cidade, num local repleto de história!

Aliados, com uma integração total a esta nova Baixa, cheia de vida.

Ana Espregueira Mendes

24. Fachada.

25. Esplanada do Café Astória.

32 Cardosas / Lóios

1.3 Porto com Arte Largo dos Lóios, n.º8

26. Interior.

27. Expositor.

33 Cardosas / Lóios

1.4 Edifício do Largo dos Lóios Largo dos Lóios, n.º86-89

28. Fachada.

34 Cardosas / Lóios

1.5 Papelaria Modelo Largo dos Lóios, n.º76

29. Fachada.

30. Desenho da Fachada.

31. Desenho do interior da Papelaria Modelo.

35 Cardosas / Lóios

1.6 Edifício do Largo dos Lóios Largo dos Lóios, n.º47

32. Pedra de armas na fachada do edifício.

33. Desenho da Fachada.

36 Cardosas / Lóios

1.7 Relojoaria Adriano Rua de Trindade Coelho, n.º31

34. Interior.

Venda e reparação de relógios. Fundada em 1965, com atendimento profissional e personalizado. Com um nível de clientes de excelência. Adriano Antero Monteiro

37 Cardosas / Lóios

... ruas de ourives, do ouro e da prata!

35. Quadro Demonstrativo das Marcas dos Contrastes.

38 Cardosas / Lóios

1.8 Ourivesaria Luiz Ferreira Rua de Trindade Coelho, n.º9

“É no cenário da Rua das Flores, o arruamento por excelência dos ourives portuenses, que nasceu, em 1909, Luiz Ferreira, filho e neto de ourives. Com estas circunstâncias específicas, bem se pode dizer que este Artista encarna, geneticamente, a essência desta arte na cidade do Porto. Na década de 30, inicia o percurso profissional, trabalhando com seu pai David Ferreira até que, um ano após a sua morte, ocorrida em 1943, se formava uma sociedade com o nome «David Ferreira, Sucessor & Companhia», com loja na Rua das Flores, sendo no âmbito da sua actividade que Luiz Ferreira pode dar azo a toda a sua veia criativa. A partir da década de 60, passa a

36. Fachada.

juntar à punção «David Ferreira, Suc.» o seu «LF», que viria a caracterizar a fase mais criativa e famosa do seu percurso. Em 1970 abre a sua loja da Rua Trindade Coelho e é o início da sua afirmação individual, do seu percurso criador e comercial. A evocação desse ano de 1970 ficará marcada numa das diversas punções de ourivesaria que usou, em que as suas iniciais – «LF» – encimam a data de 1970. Anos mais tarde, já em 1984 e com 75 anos, forma uma sociedade «Luiz Ferreira & Filhos», em que passam a formar parte da própria empresa os seus próprios filhos. Faleceria em 15 de Maio de 1994, na sua cidade do Porto, mas a sua obra não deixaria de ser reconhecida.” Ferreira, 2012

37. Publicações sobre a obra de Luiz Ferreira.

39 Cardosas / Lóios

1.9 Ourivesaria das Flores Rua de Trindade Coelho, n.º1

38. Fachada.

39. Desenhos do teto, interior e pavimento.

40 Cardosas / Lóios

1.10 Chocolataria Equador Rua das Flores, n.º298

40. Chocolates Equador.

A Chocolataria Equador é uma marca de chocolate

Comprendemos que o sítio onde estávamos não

artesanal do Porto, com fabrico próprio que existe

era muito turístico, e que devido ao crescimento do

desde 2009. Inicialmente começámos por trabalhar

turismo na cidade, poderíamos abrir uma loja mais

apenas algumas referências que vendíamos pela

vocacionada para esse efeito. Assim, optámos por

internet e diretamente a amigos. Simultaneamente

abrir uma loja na rua das Flores, o que não foi muito

participámos em feiras como são exemplo as Feiras

fácil, pelo facto de não existirem lojas disponíveis

Francas, onde estivemos representados algumas

nesta zona.

vezes, logo nas primeiras edições. Abrimos a primeira loja ainda nesse ano, na Rua de Sá da Bandeira, no

A Chocolataria Equador é uma marca de Chocolate

Porto. Fidelizámos muitos clientes, no entanto, todos

100% Artesanal e 100% Nacional. Mais do que um

portugueses.

negócio a Equador é uma experiência. Chocolataria Equador

41 Cardosas / Lóios

1.11 Augusto Saldanha, Alfaiate Rua de Trindade Coelho, n.º1C

Aos 14 anos vivia no Largo dos Lóios, mais tarde, já em 1976 abri a Alfaiataria, cujo ofício aprendi com a minha família. Nestes trinta e seis anos em que aqui estou, fui acompanhando as diferentes épocas e como tenho por clientes famílias inteiras, também gerações e gerações. São meus clientes famílias tradicionais da cidade do Porto. Faço fatos, em alguns casos, para pai, filho e neto. Todos os meus clientes têm direito a um tratamento personalizado, sabem todos que podem sempre contar comigo. Gosto muito de estar na Zona Histórica do Porto e os meus clientes pedem-me para não mudar de zona. Agora, com o parque de estacionamento das Cardosas, melhor ainda!, pois é mais fácil para eles virem até aqui. Tenho muita fé na Zona Histórica. Augusto Saldanha

41. Augusto Saldanha no seu Atelier.

42 Cardosas / Lóios

1.12 Banco Carregosa Rua das Flores, n.º276-278

“O Banco Carregosa é uma instituição financeira privada portuguesa, especializada em banca privada, com sede no Porto. O nome Carregosa está associado ao sector financeiro há mais de 170 anos. Em 1833 foi criada a L.J. Carregosa, na Rua das Flores, no Porto para negociar em divisas. No final da segunda metade do século passado, a antiga Casa de Câmbios transformou-se, primeiro numa Corretora, e depois numa Sociedade Financeira de Corretagem. Em Maio de 2009 a L.J. Carregosa, Sociedade

42. Fachada.

Financeira de Corretagem, passou a Banco Carregosa.” L.J. Carregosa, 2012

43. Desenho da Fachada.

43 Cardosas / Lóios

1.13 Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda. Rua das Flores, n.º235

Fundada em 1928, Pedro A. Baptista Lda., é uma das ourivesarias mais conceituadas da cidade do Porto, com muita tradição, prestígio e atendimento personalizado. Amizade, honestidade e transparência são os três atributos constantes desta casa, quase centenária. Um misto eclético de joa-lharia antiga e moderna, em ouro, prata e prata dourada – alfinetes, colares e pulseiras em todas as suas formas – assim como objectos em prata, feitos à mão, com design próprio e elementos 44. Fachada.

decorativos únicos e diferentes, conferem-lhe qualidade, exclusividade e distinção. Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda.

45. Fotografia antiga do 1º andar da Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda.

46. Logótipo da Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda.

44 Cardosas / Lóios

1.14 Ourivesaria Eduardo Carneiro & C.ª, Lda. Rua das Flores, n.º223-227

47. Fachada.

Cronologia da Firma

colaborava na firma desde 1946. Foi resolvido em

Na segunda década de 1900, abre na Rua das Flores,

homenagem a Eduardo Alves Carneiro, manter o seu

uma ourivesaria sendo seu proprietário José Alves

nome na firma.

Carneiro, que poucos anos volvidos a passa a seu irmão Eduardo Alves Carneiro. Em 1928 é associado

Com a morte de António Marques Oliveira, entraram

à firma o seu colaborador António Marques de

para a firma seus netos Paulo e Alexandra, em

Oliveira, passando a mesma a denominar-se

escritura realizada em 14 de Agosto de 2002,

Eduardo Carneiro & Cª. Em Maio de 1952, Eduardo

passando então à designação de Eduardo Carneiro

Alves Carneiro, dada a sua avançada idade, resolve

& Cª, Lda.

abandonar a firma, entrando para a mesma António Carlos Magalhães Marques Oliveira, seu afilhado e filho do sócio António Marques de Oliveira, que já

Ourivesaria Eduardo Carneiro & C.ª, Lda.

45 Cardosas / Lóios

48. Interior.

A Minha Rua

desaparecimento de diversas instituições como

A minha ligação à Rua das Flores é imensa, pois

bancos, companhias de seguros e escritórios de

nasci, em Abril de 1930, no prédio onde está

transitários, fez iniciar o declínio da rua, culminando

inserida a Ourivesaria e lá tenho vivido até hoje,

com a desactivação da Alfândega.

podendo testemunhar o apogeu da rua e a sua decadência… Era hábito os comerciantes viverem

Actualmente vive-se a esperança de que as obras

nos prédios onde tinham os seus estabelecimentos

de modernização da rua e respectivas estruturas

e assim acontecia, dando vida intensa à rua e uma

se realizem, respeitando os prazos previstos e com

saudável convivência entre as diversas famílias,

a perfeição devida nos trabalhos de modo a que

deveras interessante.

o sacrifício que a todos é exigido para suportar as obras, seja recompensado.

Depois das décadas 40/50 houve um êxodo das famílias para as novas centralidades, o que, aliado ao

António Carlos Magalhães Marques de Oliveira

46 Cardosas / Lóios

1.15 Manufaktura Rua das Flores, n.º213-221

49. Interior.

O gosto pelo contacto com o público, o espírito

lojas e dos produtos, os ingredientes naturais e

empreendedor, a noção de ética profissional e o

inovadores, os benefícios associados à sua utilização

entendimento das necessidades de cada um de

e por último, mas não menos importante, o preço

acordo com as idiossincrasias de cada qual, entre

justo, foram sem dúvida, o mote que nos encantou

outros ensinamentos e conjunto de valores, são a

e despertou em nós o desejo de partilhar com todos

mais nobre das heranças que da família se pode

vós a Manufaktura.

receber. Tornou-se claro de imediato que a Manufaktura Mas o gosto de viajar e a nossa curiosidade

reunia todas as características para ser uma

de conhecer diferentes culturas, explorar e

referência nos hábitos quotidianos dos portugueses.

experimentar são os principais responsáveis pela

Tal como nós, deixe-se encantar pela Manufaktura...

presença da Manufaktura em Portugal.

e sinta tudo a que tem direito!

Numa viagem a Praga, tivemos o primeiro contacto

Paula Rebelo

com a marca. A imagem atractiva e romântica das

47 Cardosas / Lóios

1.16 Edifício da Rua das Flores Rua das Flores, n.º228

50. Fachada.

51. Marca de S. Miguel.

52. Desenho da Marca de S. Miguel.

48

2. FLORES

53. Esquema do percurso.

49 FLORES

2

2.1 A Pérola da Índia Rua das Flores, n.º218-220

54. Desenho da Fachada.

50 FLORES

2

2.2 Ourivesaria Coutinho, Joalheiro Rua das Flores, n.º187-189

55. Fachada.

56. Cartão de Visita.

51 FLORES

2

2.3 Ourivesaria Ferreiras (Joalheiros) Rua das Flores, n.º171

57. Fachada.

Um dia, já lá vão 37 anos, para que um ramo de uma ÁRVORE chamada FERREIRA, plantada nos finais do século XIX não secasse, foi apanhado pela FERREIRAS JOALHEIROS, Mãe e Filha, e assim se concretizou um desejo adormecido de lhe dar vida, para que enraizasse de novo na Rua das Flores, onde gosta de viver e tem um lugar ao sol. Maria Eduarda Ferreira de Matos

52 FLORES

2

2.4 Edifício da Rua das Flores Rua das Flores, n.º208-210

58. Pormenor dos azulejos e das telhas do beiral.

53 FLORES

2

2.5 Hospital de D. Lopo Rua dos Caldeireiros, n.º47/ Rua das Flores n.º159-189

59. Desenho dos edifícios que pertenciam ao Hospital de D. Lopo.

O Hospital e Albergaria de Santa Maria de

O interior do Hospital estendia-se pelo

Roc’Amador, terá sido fundado ainda durante a

quarteirão, incluindo a casa da Hospitalária, a

dinastia afonsina, no reinado de D. Sancho I. Um

Capela, a Albergaria dos Pobres e, ainda, outro

compromisso aprovado em 1446, atribui-lhe as

compartimento com capacidade para dezoito camas

seguintes funções: fazer bem aos pobres, tratá-los

destinadas aos pobres e outras cinco, num piso

e socorrê-los na doença, cuidá-los, quando fossem

superior, para pessoas com mais posses. Dispunha

incuráveis, ampará-los na velhice e invalidez, educar

de dois pomares.

órfãos, vestir nus, enterrar mortos e praticar todos os actos de piedade cristã.

54 FLORES

2

Sob responsabilidade da Misericórdia do Porto, há muito que a manutenção financeira do hospital se revelava difícil. Em 1584, com a morte de D. Lopo de Almeida, a Misericórdia do Porto vê-se agraciada com a totalidade da sua fortuna. Estipulou aquele que o Hospital e Albergaria deviam mandar construir uma capela e que deveria, obrigatoriamente, manter-se a sua missão inicial, usufruindo-se desta sua herança para ajudar e cuidar dos pobres e dos enfermos. A Misericórdia do Porto passou assim a dispor de um montante considerável para a sua obra; porém, àquela época, o Hospital de Roc’Amador encontrava-se ocupado por tropas espanholas (1581-1587). Após a desocupação espanhola, a Misericórdia do Porto entendeu por bem ampliar o antigo Hospital, comprando para o efeito, entre 1604 e 1605, dois edifícios na Rua das Flores (n.os159-165, n.os167169) e, já em 1640, um terceiro (n.os171-189). Na capela, concluída em 1589, foram depositados os restos mortais do benemérito. Mais tarde, em 1770, do Hospital de D. Lopo de Almeida foi extraída a primeira pedra do Hospital de Santo António, pedra essa pintada de azul e com uma cruz dourada.

60. Desenho do Claustro do Hospital de D. Lopo.

55 FLORES

2

2.6 Edifício da Rua das Flores Rua das Flores, n.º200-206

61. Fachada.

62. Desenho da Marca de S. Miguel.

56 FLORES

2

2.7 Casa dos Constantinos Rua das Flores, n.º 135-145

63. Alçado do projeto de reabilitação.

A Casa dos Constantinos é assim conhecida por

os azulejos que a revestem. Terá tido um terreno

ali ter vivido Cons-tantino Alves do Vale Pereira

nas traseiras, com jardim, pomares, hortas, fontes

Cabral, fidalgo portuense, que nos princípios do

e mirante, que se prolongava até à actual Rua da

século XIX adquiriu esta propriedade que, desde o

Vitória, sendo aí possível encontrar um grande

século XVI, pertencera à família dos Figueiroa. Uma

portal, cujo frontal é encimado pela pedra de armas

vez reconstruída a casa, com cinco pisos, a fachada

da família, que dá acesso a um estabelecimento de

apresentava-se corrida a varandas com guardas de

alojamento turístico. Esta casa, que se prolongava

ferro finamente trabalhadas, que alternam conforme

extensamente pelo miolo do quarteirão, teria ainda

o piso onde se encontram, com janelas de peitoril,

acesso pela actual Rua dos Caldeireiros, servindo de

com dezasseis vidraças. São ainda de salientar

serventia ao Hospital de D. Lopo.

57 FLORES

2

2.8 Edifício da antiga Papelaria Reis Rua das Flores, n.º150-160

A primeira obra de reabilitação promovida pela Porto Vivo, SRU aconteceu no nº 150/160 da Rua das Flores. Foi uma intervenção que permitiu devolver a função habitação a este edifício, agora num modelo de fracionamento em diversos fogos. As obras iniciaram-se em Junho de 2005, concluindo-se em Maio de 2006. Cumpriu-se o prazo (muito apertado) e o orçamento estipulados, sem quaisquer desvios. O prédio é constituído por um total de 6 pisos, no entanto

64. Fachada.

apenas o primeiro, segundo e terceiro se destinam a habitação, sendo que os 3 restantes, sub-cave, cave e rés-do-chão, têm como uso a actividade comercial. Cada piso habitacional, com entradas separadas em 2 caixas de escada, tem 2 apartamentos com tipologia T2, de aproximadamente 100 m2 cada, representando um total de 6 espaços para habitação. A superfície comercial tem uma área total de 650 m2. O edifício sofreu obras complexas e profundas, resultantes da elevada degradação e desadequação às exigências dos tempos actuais. A fachada foi recuperada e representa uma réplica fiel da que existia antes das obras de reabilitação mantendo-se o grafismo da designação “Papelaria Reis”, conquanto tenham sido introduzidos elementos de maior modernidade no piso recuado. Este edifício foi reabilitado sobre aquele que foi erigido no séc. XIX, substituíndo uma ancestral edificação que datava da época em que a rua foi aberta e contava com desenho gótico, nas ameias e nos caixilhos dos vãos.

65. Desenhos das antigas fachadas.

58 FLORES

2

66. Cidade das Profissões.

A Cidade das Profissões, instalada no local onde foi

São, assim, objectivos da Cidade das Profissões:

antes a Papelaria Reis, é um serviço universal que

a) capacitar os cidadãos na abordagem ao mercado

apoia as pessoas na gestão dos seus desafios

de trabalho e nos processos de integração,

e transições profissionais, ajudando-as a descobrir

transição e adaptação, b) promover a acessibilidade

o seu potencial empreendedor, de empregabilidade

a informação actual e de qualidade sobre

e/ou de crescimento profissional e a definir novas

empregabilidade e empreendedorismo,

estratégias de abordagem ao actual mercado

c) habilitar os cidadãos a serem agentes activos de

de trabalho.

desenvolvimento pessoal e profissional, e d) promover uma cultura empreendedora nos

Numa intervenção assente no princípio de

cidadãos, em particular nos jovens.

valorização da pessoa e numa lógica de promoção de responsabilidade e autonomia, o/a consultor/a

A Cidade das Profissões é um serviço promovido

de percursos profissionais da Cidade das Profissões

pela Câmara Municipal do Porto, através da

orienta a pessoa no processo de descoberta do seu

Fundação Porto Social, aberto a todos e que a todos

potencial profissional e de definição de seu projecto

acolhe, informa e orienta, independentemente da

de vida e trabalho, apoiando na identificação de

idade, do género, da raça, da religião, da aptidão

oportunidades de desenvolvimento pessoal e

física, da escolaridade ou da situação profissional.

profissional, pelo aperfeiçoamento de competências, técnicas e transversais, na definição de estratégias e na construção e mobilização de ferramentas de empregabilidade.

Teresa Chaves

59 FLORES

2

2.9 Ourivesaria Neves & Filha, Lda. Rua das Flores, n.º117-119

67. Fachada.

Loja de ourivesaria com 160 anos, que herdei dos meus pais e onde procuro aliar a sabedoria e tradição dos meus antecessores, com a modernidade dos modelos de jóias que desenho. Por isso, tenho um vasto leque de clientes tanto portugueses, como do mundo inteiro, junto dos quais divulgo a arte e beleza 68. Cartão de Visita.

das jóias portuguesas. Cristina Lopes

60 FLORES

2

2.10 Mercearia das Flores Rua das Flores, n.º110

69. Interior.

A Mercearia das Flores abriu em Fevereiro de 2012,

presuntos e enchidos, tostas, doces e bolachinhas.

no número 110 da Rua das Flores. Aqui temos

Com a “matéria-prima” de luxo que temos a sorte de

produtos regionais portugueses e biológicos, com

ter, podemos proporcionar um menu genuinamente

especial destaque para os dos pequenos produtores.

português, mais ou menos tradicional e muito bom.

Poderá levar as suas compras para casa ou então

Podemos também elaborar um cabaz à escolha para

provar aqui mesmo, num ambiente simpático e

levar ou para ser entregue por esse país fora…

acolhedor para que volte! Na Mercearia das Flores, todos são bem vindos, os Quase todos os dias há pão fresquinho a chegar de

amigos, o portuense, o turista e os vizinhos.

Trás-os-Montes, aperitivos como a amêndoa torrada e azeitonas, saladas e pratinhos de conservas com a melhor broa d’Avintes que encontrámos. Outras sugestões do nosso menu, incluem vários queijos,

Joana Oliveira

61 FLORES

2

2.11 Retrosaria das Flores Rua das Flores, n.º104

70. Interior.

A Retrosaria das Flores é um espaço para quem

multiplicidade de cores, padrões e texturas dos

deseja adquirir matérias-primas para as mais

produtos e, simultaneamente, na diversidade de

diversas atividades manuais como costura criativa,

destinos que se pode dar a determinado produto.

bordados, tricot, patchwork, artesanato.

Durante a visita o cliente disfruta de um espaço gracioso e criativo e atendimento personalizado.

A par desta oferta, a Retrosaria das Flores apresenta

A Retrosaria das Flores está instalada no Porto, na

propostas criativas de artesanato e é ainda

deslumbrante e singular Rua das Flores, e partilha

complementada com a realização de oficinas e

com a cidade o “momento” de crescimento e

workshops, que abrangem as diferentes temáticas

entusiasmo cultural e comercial em que se encontra

das manualidades.

a zona histórica.

O ambiente criado é um convite à exploração

Ana Paula Cunha Nogueira Assucena

deste mágico universo “retroseiro” que vive da

62 FLORES

2

2.12 Casa dos Sousa e Silva Rua das Flores, n.º77-81

A Casa dos Sousa e Silva, datada de 1703, conta com três pisos e uma fachada revestida a azulejo, onde, ao nível do segundo andar, é visível o brasão de armas dos Sousa (de Arronches) e Silvas. Possuía terreno nas traseiras, que se prolongava até à Rua da Vitória. Esculpida em granito, encontra-se uma marca, da roda navalhada de Santa Catarina12 que, como já foi anteriormente realçado, servia para assinalar ter sido a Mitra proprietária do terreno onde se ergueu a propriedade. As rodas navalhadas, símbolo do martírio de Santa Catarina, integravam o brasão de D. Pedro da Costa (Bispo do Porto entre 15071563), que na época administrava na diocese. (Silva, 2008: p.29)

12

72. Roda de Santa Catarina.

71. Pedra de armas na fachada.

63 FLORES

2

2.13 Porto Digital Rua da Ponte Nova, n.º70

73. Interior.

A fixação das instalações da Associação Porto Digital

Podemos ainda dizer que a intervenção de

no Centro Histórico do Porto, mais propriamente

requalificação do espaço público, como se impõe

na Rua das Flores, foi um passo importante na

promovida por parte dos agentes públicos no

consolidação da atividade desta organização. Não

sentido de induzir uma mudança no ambiente

só pela materialização de projetos como a Cidade

urbano, apresenta-se como um forte contributo

das Profissões, que ali nasceu, se autonomizou e

para a dinamização económica desta zona, pois uma

ganhou o seu espaço próprio, mas acima de tudo

Cidade cuidada é uma melhor Cidade para viver,

pela estabilização da atividade da Associação.

investir, divertir ou trabalhar, e só uma Cidade que

Estarmos localizados numa zona ímpar da Cidade,

revela pertença por parte daqueles que a vivem,

que na minha opinião será uma das ruas de eleição

é uma boa Cidade para visitar.

da Baixa e do Centro Histórico e consequentemente do Porto, portanto numa zona premium da Cidade,

É portanto com muita expectativa que estamos

é, não só inspirador, mas também potenciador do

inseridos nesta nova vida da Baixa e do Centro

trabalho em rede, aspeto essencial na atividade

Histórico do Porto, mais concretamente neste

da Porto Digital.

Eixo Mouzinho/Flores. Vladimiro Feliz Presidente da Associação Porto Digital

64 FLORES

2

74. Cabeçalho de fatura da Typographia Central.

65

3 S. FRANCISCO / S. DOMINGOS

75. Esquema do percurso.

66 S. Francisco / S. domingos

3

3.1 Casa da Companhia Rua das Flores, n.º69

Casa da Companhia / Antigo Solar dos Figueiroa, onde actualmente se encontra instalada a Fundação da Juventude. No piso térreo, salienta-se a existência de pequenas janelas oculares ao nível da entrada principal, sendo o andar nobre constituído por seis janelas de sacada, cada qual com uma varanda independente. Subindo a rua do Ferraz, encontra-se a capela e as lojas que pertenciam a esta casa, como de resto, do outro lado da rua, acontecia com a Casa dos Sousa e Silva; desta forma, a Rua do Ferraz, servia de entrada secundária para as capelas e lojas de ambas as casas, podendo-se evitar a entrada

76. Desenho da Fachada.

principal pela Rua das Flores. Como o seu nome indica, esta casa terá pertencido a Manuel Figueiroa Pinto, nos finais do século XVII. Posteriormente, é arrendada à Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1761, que mais tarde a compraria, motivo pelo qual é também chamada de Casa da Companhia.

77. Interior.

67 S. Francisco / S. domingos

3

Circuito do Vinho do Porto

dos jovens para um consumo de bebidas alcoólicas

Fazendo jus à história da Casa onde se instala e

moderado e responsável.

num propósito de servir o Centro Histórico do Porto com mais um equipamento de índole turística, a

Desta forma, todas as actividades estão

Fundação da Juventude entendeu promover, em

prioritariamente destinadas a um público jovem,

parte do seu espaço, um “percurso” em torno da

abordando a importância do Vinho do Porto para a

actividade do Vinho do Porto, um ex-libris da cidade

cidade e as saídas profissionais do ramo vitivinícola.

e da região do Douro. Assim, propôs desenvolver esta operação explorando as envolvências

De entre as várias actividades desenvolvidas

histórica e turísticas no âmbito da criação de

destacam-se as exposições e os workshops

núcleos museológicos temáticos, desenvolvidos

promovidos em parceria com diversas entidades

em parceria com o Museu do Douro, a Associação

relacionadas com a Produção, Comercialização,

dos Produtores / Engarrafadores e Exportadores /

Distribuição, Promoção do Vinho do Porto, e o

Marcas, integrando-se na rota do Vinho do Porto que

visionamento de um filme didático sobre a história

se estende ao longo do Rio Douro.

do Vinho do Porto. Todas as actividades pretendem promover a (re)descoberta e divulgação do Vinho do

Este projecto tenta, também, conjugar a promoção

Porto e da Região do Alto Douro.

do Vinho do Porto com os objectivos da Fundação da Juventude, que visam o apoio aos jovens para a sua integração no mundo laboral e a mobilização

Maria Geraldes

68 S. Francisco / S. domingos

3

Ninhos de Empresas

uma Equipa de Mentores, constituída por consultores

A Fundação da Juventude promove, desde 1990, o

séniores a convite da Fundação da Juventude, que

Programa “Ninhos de Empresas”, instalado na sua

se disponibilizam para assessorar a diferentes

sede, na Casa da Companhia. O Programa “Ninhos

níveis: marketing, internacionalização, fiscalidade,

de Empresas” tem como objectivo fomentar o apoio

planeamento financeiro, estratégia comercial, gestão

ao empreendedorismo jovem e contribuir para

de clientes, gestão de recursos físicos e humanos,

o reforço do Auto-Emprego, designadamente de

entre outras, conforme a necessidade específica da

jovens licenciados e incentivar a criação de Micro-

empresa instalada no Ninho de Empresas.

Empresas. As condições de instalação passam pela apresentação de candidatura por jovens com idades

Maria Geraldes

compreendidas entre os 18 e os 35 anos (inclusive), recém-licenciados ou com formação técnica especializada, ou com experiência profissional comprovada ou complementar na sua área de negócio, que se queiram candidatar individualmente ou em grupo, até ao limite de quatro elementos, para constituir a sua empresa. Após a sua aprovação, procede-se à celebração de um contrato e à instalação física da empresa, pagando uma renda desse espaço, por um período de 3 anos, não renovável.

78. Ninho de Empresas da Fundação da Juventude no Porto.

Para a boa operacionalização do Programa, integram-se os projectos empresariais na rede de contactos da Fundação da Juventude, que se compromete a promover os seus serviços e a desafiar o seu envolvimento directo em actividades promovidas pela Fundação, de forma a lançar a empresa, dando-lhe visibilidade que, lançada isoladamente no mercado, teria dificuldade em conquistar. Associa-se, ainda, o apoio prestado por

79. Pormenor de Letra.

69 S. Francisco / S. domingos

3

3.2 Casa Mota & Faria, Lda. Rua das Flores, n.º74

80. Edifício reabilitado.

70 S. Francisco / S. domingos

3

3.3 Vidraria Fonseca Rua das Flores, n.º50-52

81. Fachada.

A Vidraria Fonseca inicia a sua actividade em 1908 na Rua das Valas, hoje Rua de Nª Sª de Fátima, pela mão de Manuel Francisco da Fonseca. Em 1909 muda-se para o centro histórico do Porto, para a Rua dos Caldeireiros, onde hoje ainda se encontra e em 1992, abre a segunda das suas actuais três filiais na Rua das Flores. A Vidraria Fonseca comercializa todo o tipo de vidros para cons-trução e decoração – desde vidro de segurança a vidro colorido, vidro duplo ou vidro lacado, laminados e películas, vidro para vitrais, vidro opalino, protecções para varandas – bem assim como molduras e outros acessórios em vidro e metal.

71 S. Francisco / S. domingos

3

3.4 Casa dos Ferrazes e Capela de Nicolau Nasoni Rua das Flores, n.º21-37

“Mais conhecida por Casa dos Maias, nome da

intervenções realizadas no século XVIII. Sobressai

última família que a habitou, esta casa apalaçada foi

ainda, como característica particular desta fachada,

construída ainda no século XVI, pelo fidalgo Martim

o beiral muito saliente, assente numa série de

Ferraz, descendente de uma família nobre de Entre

cachorros em granito. No interior, a casa possui uma

Douro e Minho. Os Ferrazes Bravo, por consórcio da

larga escadaria em granito, com dois lanços laterais

família Ferraz com o também fidalgo Manuel Bravo,

e um lanço central, em cujo corrimão se apoiam

foram proprietários da casa até ao século XIX, altura

seis colunas elevadas até ao piso nobre. Nos salões

em que foi adquirida por Domingos de Oliveira

existem tectos de estuque trabalhado. A planta do

Maia. Trata-se de um amplo edifício com loja,

conjunto é em “U”, definindo um pátio nas traseiras,

sobreloja e andar nobre, cuja feição quinhentista foi

pavimentado em lajes de granito, onde terá existido

radicalmente alterada por obras setecentistas. Na

uma fonte barroca, da qual resta a taça e o grande

fachada principal, de linhas barrocas, rasgam-se oito

golfinho que serviria de bica. Data da época das

janelões sobrepujados por frontões triangulares, com

obras de renovação do imóvel, certamente meados

varandas de ferro forjado, sobre igual número de

do século XVIII, a construção de uma capela no pátio,

janelas da sobreloja, duas das quais, enquadrando os

atribuída ao risco do artista italiano Nicolau Nasoni.

dois portais centrais, ficam parcialmente obstruídas

A capelinha, de planta octogonal, era revestida a

pelas grandes pedras de armas onde figuram os

talha, mais tarde recolocada na capela da Quinta

brasões partidos dos Bravos e Ferrazes. Estes

do Vale de Abraão, em Lamego, pertencente aos

brasões são constituídos por escudos de armas que

mesmos proprietários.”

podem ser quinhentistas, embora estejam montados numa estrutura ornamental composta por volutas

IGESPAR, 2012

e enrolamentos barrocos, talvez em resultado das

82. Desenho da Fachada.

83. Pedra de armas na fachada.

72 S. Francisco / S. domingos

3

3.5 Livraria João Soares Alfarrabista Rua das Flores, n.º40

84. Interior.

Abriu ao público em Janeiro de 1998 para dar continuidade ao “vício” dos sócios pela divulgação do livro antigo. Reformados bancários, havia mais a fazer do que ocupar o tempo numa actividade a seu gosto? Se procura há muito algum livro, se tem temas de sua preferência, é só consultar-nos. A ocupação do livreiro é colocar o livro ao alcance do comprador. João Soares

73 S. Francisco / S. domingos

3

3.6 Livraria Chaminé da Mota Alfarrabista Rua das Flores, n.º28

Livraria Chaminé da Mota fundada em 1981 pelo Sr. Pedro Chaminé da Mota e D. Laura Isabel Rodrigues Teixeira, situada na conhecida Rua das Flores no nº28 na cidade Invicta. Actividade principal: Livreiro-Alfarrabista compra e venda de livros raros ou vulgares, revistas, cartografias, clássicos, ciências, artes, literatura, novelas, educação e devoção. Revistas de literatura

86. Pormenor de Letra.

e Tripeiros (todas as séries), banda desenhada, policiais, curiosidades, postais ilustrados, tudo do antigo ao moderno.

tempos, tendo a sensação que entramos num museu, uma imensidade de belas peças que se

Ao entrar na Livraria Chaminé da Mota encontra-se

encontram no seu interior visíveis por todo o lado

num dos maiores Alfarrabistas do País composto

marcam a diferença, coisas bizarras que para uns

por quatro pisos onde se deparam com mais de um

são menores para outros maiores onde nas Livrarias

milhão de livros autênticas raridades e antiguidades

comuns e nas outras casas não encontram, fazem-

assim como objectos que nos fazem recuar nos

nos também sonhar. As nossas montras temáticas, alusivas a acontecimentos relevantes são também apreciadas pelos transeuntes. Teremos muito gosto em que nos visite e será sempre bem-vindo, a um dos ícones da cidade do Porto, a nossa Loja, na certeza porém que será recebido com humildade, por pessoal paciente e atencioso como é nosso apanágio. Chaminé da Mota

85. Interior.

74 S. Francisco / S. domingos

3

3.7 Santa Casa da Misericórdia do Porto Rua das Flores

Fundada em 1499 por D. Manuel I, a Santa Casa da Misericórdia (SCMP), pela natureza da missão que há mais de cinco séculos vem desenvolvendo, assume-se como uma das mais importantes instituições da cidade. Instalada, depois de transferida do Claustro Velho da Sé, na recém-aberta rua das Flores a partir de 1550, o conjunto edificado da SCMP, desde a sua construção até aos nossos dias é o testemunho material dessa pujança. O património edificado ilustra as diversas fases de construção e as diferentes correntes artísticas, desde a casa do despacho, a primeira dependência a ser construída, passando pela igreja, obra de Manuel Luís, que utiliza o esquema de nave de duplo quadrado, característico das “igrejas caixa”. A capela-mor, cuja construção se inicia a partir de 1584, obra do mesmo mestre Manuel Luís, apresenta uma solução maneirista, à qual se associa a gramática flamenga. A partir de 1748, a igreja foi reedificada, segundo o projecto de Nicolau Nasoni. Na nova fachada, Nasoni concretiza uma das suas mais requintadas composições, inserida no barroco. No interior, a intervenção consta de um aditamento ornamental no arco cruzeiro, no entablamento e no arco recortado do coro. São deste período os estuques decorativos do tecto da igreja. No século XIX o claustro existente vai ser adaptado, tendo como objectivo a exposição permanente dos retratos dos benfeitores, porventura a maior galeria de retratos do país. Foi escolhida a solução de uma estrutura em ferro com cobertura

87. Desenho da Fachada da Igreja da Misericórdia.

75 S. Francisco / S. domingos

3

envidraçada, inserida na corrente da “arquitectura

Coroa do MMIPO é a pintura “Fons Vitae”, obra maior

do ferro”. Já no século XX, o edifício-sede foi alvo de

da escola flamenga, datada de cerca de 1520. No

uma intervenção profunda, da autoria de Rogério de

painel está patente a imagem do Cristo Crucificado,

Azevedo, que contemplou a obra da actual fachada e

com forte carga dramática e simbólica, assim como

o acrescento de um piso.

a de D. Manuel I e família real. Convocados foram igualmente a nobreza e a burguesia do Porto do

O museu, contempla a conservação da casa do

início do século XVI, sendo um testemunho da

despacho, da provedoria e da galeria dos benfeitores.

pujança da cidade e das suas ligações com o norte

O Museu da Misericórdia do Porto (MMIPO) aqui

europeu, período que corresponde à primeira

instalado, tem uma forte componente de arte

internacionalização da cidade do Porto.

sacra, mas também os acervos enquadrados na história da ciência e da técnica, ligados à acção da

O objectivo último do museu, conforme preconiza

SCMP nos domínios da saúde, educação e diversas

o seu programa museológico, é a celebração

componentes sociais. Igual relevância é dada aos

da memória da instituição e contribuir para a

seus beneméritos, à sociedade portuense, com

regeneração urbana do Centro Histórico do Porto.

particular ênfase na burguesia do século XIX. É ainda dado relevo à Arte Contemporânea. A Jóia da

Santa Casa da Misericórdia do Porto

76 S. Francisco / S. domingos

3

3.8 Edifício da Rua das Flores Rua das Flores, n.º32-36

Esta casa pertenceu a D. Micaela Freire, casada com D. António Távora, que a herdou de seu pai, Roque Pires Picão, fidalgo da Casa Real. Aqui viria a nascer uma das principais figuras da primeira metade de Setecentos, o Deão Jerónimo de Távora Noronha Leme e Cernache, mecenas de Nicolau Nasoni e unificador/criador da Irmandade dos Clérigos, assim como presidente da mesma durante o período que precede a decisão da edificação da Igreja dos Clérigos. Como se sabe, Jerónimo de Távora viria a ter por morada a Casa da Vandoma que, com ele, vive o seu momento áureo de ampliação, agregando não só o cubelo das feiticeiras, o Arco da Vandoma, sobre o qual se construiria capela, e ainda outros edifícios, sendo um deles parte do antigo Aljube. Ora, residindo numa das maiores e imponentes casas da cidade, sua mãe, viúva, decide fazer seu subenfiteuta João da Silva Guimarães, escrivão do auditório eclesiástico, pagando-lhe este a renda de 60 000 réis, pelo edifício localizado nos nºs 32-36 da Rua das Flores. Desta forma se compreende, quer através da sua localização, diante da Igreja da Misericórdia, quer pela família que serviu, a importância desta casa, pela qual se pagaria tão avultada renda.

77 S. Francisco / S. domingos

3

89. Desenho do teto. 91. Papel timbrado da Nova Drogaria Medicinal Santos e Santos que existiu neste Edifício.

88. Desenho da Fachada.

92. Fachada Azulejada.

90. Pormenores do teto.

78 S. Francisco / S. domingos

3

3.9 Memórias Rua das Flores, n.º18

93. Interior.

Memórias conheceu a luz do dia a 29 de Junho de

o azulejo, o barro, a madeira, cuja luz anima o

1999, numa rua de artífices – a dos Caldeireiros – da

coração das peças. O espaço está invadido pelos

cidade invicta, pela mão de Maria Manuel Morais.

cheiros das rosas, da alfazema, e dos sabonetes que

Actualmente, está sediada no Centro Histórico do

renasceram de tempos antigos. A cor, o cheiro, a

Porto, na histórica rua das Flores.

tranquilidade, o requinte das peças em exposição e o atendimento personalizado contribuem para a

Nasceu com a finalidade de mostrar a importância

fidelização dos clientes e para a qualidade do nosso

de que se reveste o artesanato português na

turismo. Lugar privilegiado, é particularmente

decoração requintada da festa do quotidiano, dando

conhecido pela excelente variedade de presépios.

a conhecer ao público em geral a beleza da obra

Lugar de memória é espaço acolhedor a que acorrem

saída dos artesãos – mãos e rostos iluminados pelo

clientes fiéis, para apreciarem apenas a exposição

sopro criador – e oferecendo ao olhar dos turistas

ou para encontrarem a peça singular que trazem na

estrangeiros a riqueza do nosso país, sempre

imaginação. Lugar de criatividade, onde se preparam,

surpreendidos pela excelência e pela multiplicidade

cuidadosa e requintadamente, peças únicas

de poéticas artesanais, que resultam da diversidade

marcadas pela originalidade.

dos materiais que as corporizam: os linhos, as rendas, os bordados, a pedra, o ferro, a cerâmica,

Maria Manuel Morais

79 S. Francisco / S. domingos

3

3.10 Casa dos Cunha Pimentel Rua das Flores, n.º2-12

94. Desenhos das Fachadas.

Em 1523, o mercador Francisco Dias e sua

- Porto, 5 de Março de 1984). Em 1918, a casa foi

mulher Grácia Lopes emprazam os terrenos para a

vendida pelos herdeiros, tendo sido propriedade da

construção de cinco casas (com os actuais números

Companhia de Seguros Garantia.

2-6, 8-12, 14-18, 20-24, 26-30), no gaveto da Rua das Flores. Foram herdeiros destas casas o cavaleiro

A Santa Casa da Misericórdia do Porto adquiriu o

fidalgo vereador e juiz pela ordenação, João Dias,

imóvel na década de 90 do século XX para aí instalar

que foi vedor da Imperatriz D. Isabel de Portugal,

alguns dos seus serviços administrativos.

e sua mulher, Joana Serrã, moça de câmara da dita Imperatriz. Em 1699, o desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel compra as cinco casas. Mantiveram-se na posse desta família as duas primeiras casas, ostentando na esquina da rua das Flores com o Largo de S. Domingos o brasão de armas da família Cunha Pimentel. Nesta casa nasceu o poeta Pedro Homem de Mello (Porto, 6 de Setembro de 1904

95. Pedra de armas no cunhal da Casa dos Cunha Pimentel.

80 S. Francisco / S. domingos

3

3.11 Tea Point Largo de S. Domingos, n.º78

96. Interior.

A seguir à nossa paixão pelo chá, logo veio outra de

este enquadramento tão desafiante, quer através dos

igual ou superior força, a paixão pelo Largo de São

pratos e bebidas que fazem a ponte entre a tradição

Domingos. E, assim, nasceu o Tea Point enquadrado

e o cosmopolitanismo , quer pela música que nos

numa pequena praça, que será, talvez, a mais bonita

bem dispõe ou quer pela muita alegria e paixão nas

desta renascida baixa do Porto.

conversas que fluem nas suas mesas ou na rua, à volta de um copo ou de uma fumaça. Outro aspecto

Basta parar alguns minutos e contemplar a beleza

importante, é o papel activo que queremos ter no

dos edifícios que o enquadram, com a fantástica

renascer da vida neste Eixo Mouzinho/Flores. Através

Igreja da Misericórdia servindo de guardiã do Largo,

das degustações gastronómicas que promovemos,

observar as pessoas que passam, com um equilíbrio

da música e das danças que levamos ao Largo ou

crescente entre os seus habitantes de sempre e

mesmo do apoio que sempre prestamos a todos os

turistas de múltiplas nacionalidades, ouvir os sinos

querem desenvolver iniciativas culturais no Largo.

das igrejas, os risos das crianças que brincam ou os gritos das gaivotas que passam. Naturalmente, o Tea Point e as suas ofertas gastronómicas foram evoluindo para dar resposta a

Rui Melo

81 S. Francisco / S. domingos

3

3.12 Escola Superior Artística do Porto Largo de S. Domingos, n.º81

97. Entrada.

A actual ESAP, Escola Superior Artística do Porto, com

está relacionada com a Árvore, Cooperativa de

sede no Largo de S. Domingos no centro histórico do

Actividades Artísticas, da qual partilhou o nome

Porto, é uma das duas escolas superiores artísticas

Árvore até 1989.

tituladas pela CESAP, Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto, localizando-se a outra escola no

A localização da escola no Porto não se reduz hoje

centro histórico de Guimarães. A origem da actual

ao largo de S. Domingos, estando assim disseminada

CESAP em 1982, 30 anos comemorados este ano,

por vários edifícios todos no centro histórico, nas

82 S. Francisco / S. domingos

3

ruas de Mouzinho da Silveira, Belmonte, Comércio

Por último é assumido o reconhecimento e a

do Porto e Infante D. Henrique, que fomos ocupando

adequação de muitas actividades comerciais

e reabilitando, transformando a escola e a cidade

tradicionais ou não, ao ritmo e calendário escolar o

num campus universitário ligado às artes. O mútuo

que reflecte um sistema implícito de funcionamento

benefício, autêntica simbiose entre a escola e o

ajustado à presença da escola.

centro histórico, é visível em inúmeros aspectos, nomeadamente: Primeiro, o centro histórico é

Foi fundamental em todos estes processos a

simultaneamente fonte e recurso no processo de

integração na comunidade local, processo gradual

ensino e aprendizagem da nossa escola, através das

que contou com o contributo de toda a comunidade

suas ruas, gentes, edifícios, características e história

escolar e a boa aceitação da sua presença.

acumulada. A escola está portanto também na rua, sente-se a sua presença quer os alunos estejam ou

Assim, muito antes dos processos de reabilitação

não dentro das salas de aula.

urbana agora em curso, já a CESAP e a ESAP nela participavam, principalmente pela vivência e

Por outro lado a escola, com os fluxos que gera,

presença diária de aproximadamente 1000 alunos,

contribui para germinar e influenciar o surgimento

professores e funcionários. Desta forma a CESAP e a

de ateliers na sua proximidade, atraindo para

ESAP continuarão a contribuir para a qualificação do

além de alunos e professores outros criativos

Centro Histórico do Porto.

e actividades profissionais, favorecendo assim uma ocupação diversificada e renovada do centro histórico.

António Martins Teixeira Presidente da Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto (CESAP)

83 S. Francisco / S. domingos

3

3.13 Papelaria Araújo & Sobrinho Largo de S. Domingos, n.º50

99. Estátua de Sta. Catarina no interior da Papelaria.

98. Desenho da Fachada.

“Fundada em 1829, a Araújo & Sobrinho é uma das mais antigas papelarias do mundo. O seu edifício-sede inscrito na Zona Histórica do Porto, representa um património inestimável, apresentando na fachada um exclusivo painel de azulejos. No interior da loja, um vasto conjunto de peças museológicas conta a história de sucessão que se mantém desde sempre, no seio da família.” Papelaria Araújo & Sobrinho

100. Pormenor da fachada azulejada.

84 S. Francisco / S. domingos

3

3.14 Oporto Touristic Apartments e Restaurante Traça Largo de S. Domingos, n.º88-94

101. Fachada.

102. Pormenor das telhas do beiral.

85 S. Francisco / S. domingos

3

3.15 Farmácia Moreno Largo de S. Domingos, n.º44

“A Farmácia Moreno remonta ao início do século XIX, mais precisamente a 1804. Nestes mais de dois séculos de existência atravessou inúmeros momentos históricos marcantes, sejam sociais, políticos, culturais, naturais. A eles se procurou adaptar, sobrevivendo nalguns, destacando-se noutros. É desde sempre um marco arquitetónico de relevo na cidade do Porto, fruto da sua magnífica e imponente fachada. Nas suas instalações, e na área do medicamento, a Farmácia Moreno desde sempre foi pioneira no fabrico, distribuição e representação de diversos produtos farmacêuticos. Diversos deles distribuídos por todo o continente e com elevado 103. Fachada.

reconhecimento e reputação. Hoje, fruto da evolução de todo o sector do medicamento, dedica-se integralmente à sua actividade de Farmácia Comunitária, sendo no entanto detentora de algumas especialidades farmacêuticas e patentes nacionais.” Farmácia Moreno, 2012.

86 S. Francisco / S. domingos

3

104. Arco Triunfal construído na Rua das Flores para a receção festiva feita a D. Pedro II, por ocasião do seu regresso a Portugal (séc. XIX).

87

4 Infante

105. Esquema do percurso.

88 INFANTE

4.1 Edifício Douro / Palácio das Artes Fábrica de Talentos Largo de S. Domingos, n.º16-22

106. Desenho do Palácio das Artes.

Localizado no Largo de S. Domingos no Porto, foi

Em 2001, a Fundação da Juventude adquiriu o

construído no mesmo local do antigo Convento de

imóvel com o objectivo de aí instalar o “Palácio das

S. Domingos, fundado no séc. XIII e que sofreu um

Artes - Fábrica de Talentos” um projecto ambicioso

incêndio em 1832, durante o Cerco do Porto, tendo

que transformou o edifício num local vocacionado

sido objecto de diversas intervenções ao longo

para a promoção de jovens artistas em diferentes

do tempo. Posteriormente, o edifício foi cedido ao

áreas de actividade.

Banco de Lisboa (hoje, Banco de Portugal), que o reconstruiu, aproveitando algumas das antigas

Em 2005, a firma Alfredo Ascensão & Paulo

estruturas do edifício setecentista. A última

Henriques, arquitectos, Lda. assumiu a elaboração

ocupação é feita em 1934 pela Companhia de

do projecto de recuperação do Palácio, dando

Seguros Douro, da qual o edifício herdou o nome.

resposta a um programa que contemplou a

89 INFANTE

instalação de vários ateliers, salas de formação,

Feiras Francas

áreas de exposições, permanentes e temporárias, um

é um projecto inspirado numa antiga tradição da

restaurante e algumas lojas comerciais. Ao carácter e

cidade do Porto, as Feiras Francas, que tiveram o seu

monumentalidade exterior do edifício, correspondia

início em 1451, todos os dias 1 de cada mês, nas

um interior labiríntico e bastante alterado por

arcadas do Convento de S. Domingos.

intervenções pouco criteriosas, fruto das sucessivas adaptações do espaço às necessidades em cada

O projecto “Palácio das Artes - Fábrica de Talentos”,

momento. O projecto de recuperação assumiu como

recupera esta tradição, realizando-a também

princípio, a reposição da escala original do edifício

mensalmente, reavivando a história, numa

e a restituição da sua monumentalidade. O sistema

envolvente comercial e económica, interagindo

construtivo adoptado assentou, sempre que possível,

de forma dinâmica com o Centro Histórico, com

na recuperação das estruturas originais do imóvel. A

a comunidade residente, com o Turismo e com

equipa integrou também alguns técnicos de várias

os agentes culturais, potenciando a associação

áreas, com particular relevância para os trabalhos

patrimonial, tradicional, económica e cultural,

arqueológicos, onde foi possível expor algumas das

abrindo novos circuitos comerciais. No piso nobre

paredes e estruturas, até aí desconhecidas, do antigo

são apresentados trabalhos (mostra) de jovens

Convento de S. Domingos.

criadores de várias áreas artísticas e criativas, que vendem os seus produtos e apresentam as suas

Em 2010, a firma Alfredo Ascensão & Paulo

performances nas áreas da dança, teatro e música,

Henriques, arquitectos Lda. e a Fundação da

colaborando ainda na produção e divulgação das

Juventude, ganharam o Prémio João de Almada,

Feiras Francas numa vertente pedagógica

atribuído pela Câmara Municipal do Porto à melhor

de formação.

obra de recuperação de património edificado no biénio 2008/2010.

As Feiras Francas desenvolvem-se em torno de um tema. Este tema serve de guia à seleção de projectos

Alfredo Ascensão

mas também de fio condutor e conceito de toda a Feira. Em vários casos (como na área de ilustração), os temas servem de “provocação” para vários criadores, no sentido de desenvolverem projectos especificamente direccionados para a edição das Feiras Francas em que participam. A participação é gratuita e o acesso livre. Maria Geraldes

90 INFANTE

4.2 Lobo Taste Largo de S. Domingos, n.º20

107. Interior.

A Lobo Taste instalada no Palácio das Artes comercializa produtos de origem portuguesa tendo 3 princípios/vertentes fundamentais: produção e comercialização de produtos de artesanato puro em extinção; redesenhar produtos utilizando as bases dos já produzidos pelos artesãos; utilização de técnicas seculares na produção de peças de desenho contemporâneo onde o designer se funde com a técnica e alma do artesão. A abertura deste espaço permite proximidade entre os jovens que iniciam o seu percurso propondo-nos desenhos e produtos que poderão ser seleccionados e produzidos por nós. A nossa localização permite mostrar os nossos produtos a muitos turistas. Paulo Lobo

91 INFANTE

4.3 DOP Largo de S. Domingos, n.º18

108. Interior.

92 INFANTE

4.4 Takeaway Porto Rua de Ferreira Borges

109. Interior.

93 INFANTE

4.5 Busílis da Comunicação Rua de Ferreira Borges, n.º92

Busílis da Comunicação, um nome controverso

A estratégia passa por contrariar o clima de

mas adequado a um mercado em que toda a gente

pessimismo em que vivemos, pegando em frases

diz que as coisas não estão fáceis. Alfredo com

típicas do marasmo popular, transformando-as em

formação na área gráfica e engenharia civil e Raquel

ação: “Eu vou ver o que posso fazer” passa a “Eu vou

com formação em jornalismo e pós-graduação em

fazer”, “Eu não quero gastar muito” transforma-se em

marketing e comunicação, decidiram resolver o

“Eu quero muito”, “Olha para o que digo não olhes

busílis, não da questão, mas da comunicação.

para o que eu faço” pede um “Olha para o que eu faço” ou o “Para já fica assim, depois vê-se” dá lugar a

Busílis da Comunicação, uma boutique de produção

um definitivo “Fica assim”.

gráfica, localizada bem no Centro Histórico do Porto, num edifício do séc. XIX reabilitado mas

Alfredo Costa

respeitando a traça original. Uma zona privilegiada e em franca expansão, onde gravita a criatividade e as ideias se materializam, junto do Palácio das Artes, da ESAP e dos inúmeros ateliers, que tanto têm feito para trazer de volta o encanto que a Cidade do Porto merece. E porquê uma boutique de produção gráfica? Até há pouco tempo, determinadas técnicas de impressão e encadernação estavam acessíveis apenas a profissionais da área e para grandes quantidades. Queremos democratizar o consumo e mostrar que é possível comunicar sem quaisquer restrições, sejam elas de quantidade ou preço. Dar um aspecto profissional a uma tese, livro ou desenvolver uma encadernação personalizada para apenas 1 unidade, adicionando-lhe uma pitada de criatividade e bom gosto, são apenas exemplos do que podemos fazer. Aqui não há problemas de comunicação.

110. Fachada.

94 INFANTE

4.6 Hotel da Bolsa Rua de Ferreira Borges, n.º101

111. Fachada.

95 INFANTE

4.7 A Cerca Rua de Ferreira Borges, n.º63

112. Interior.

96 INFANTE

4.8 Galo Louco Rua de Ferreira Borges, n.º57

113. Interior.

97 INFANTE

4.9 Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto Rua de Ferreira Borges, n.º27

114. Desenho do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.

O vinho, e muito em particular o vinho do Porto, é o

pontos do centro histórico da cidade, incluindo as

elemento identitário do centro histórico do Porto.

caves de vinho do Porto situadas em Vila Nova de Gaia, é um passo importante nesse sentido.

Num tempo em que o turismo é global, quem anda

Perguntarão qual a razão deste argumentário num

pelo mundo cada vez mais procura os elementos que

texto sobre a reabilitação do centro histórico do Porto.

definem o caráter dos territórios. No Porto temos a sorte de ter essa identidade bem definida através do

Entendemos que a reabilitação é um processo

vinho e, tantas vezes por desconhecimento da nossa

dinâmico e transversal. A reabilitação física é uma

própria história, não nos damos conta da força que o

parte da equação. Tem de ser acompanhada pela

vinho tem para o turismo moderno.

reabilitação do espaço público e, sobretudo, tem de ser capaz de cativar os diferentes públicos para

A criação da Rota Urbana do Vinho em 2011 pela

habitarem e viverem este velho-novo espaço. Sem

Câmara Municipal do Porto, a qual identifica 23

pessoas não há reabilitação sustentada.

98 INFANTE

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto está

classificado pela Unesco como património da

instalado no Centro Histórico do Porto desde a sua

humanidade em 2001.

fundação, em 1933, num magnífico edifício que foi

Que melhor poderia querer quem nos visita e quer

sede do Banco Comercial do Porto desde 1833 – em

conhecer o vinho do Porto do que iniciar a sua

cuja fundação e existência estiveram bem presentes

visita nesta Casa do Instituto dos Vinhos do Douro

os comerciantes de vinho do Porto!

e do Porto, integrada num centro histórico com caráter e identidade, devidamente preservado e

Todo o louvável trabalho que tem sido desenvolvido

vivido, continuando depois para as caves de Vila

nos últimos anos para reabilitar o património

Nova de Gaia, subindo depois o Douro, para se

construído e o espaço público é manifestamente um

deixar maravilhar com o Douro Vinhateiro, afinal a

bem para alguns dos objetivos que fazem parte da

realidade mais séria que temos em Portugal, como

missão do IVDP: mostrar a quem nos visita, numa

dizia Torga?

casa aberta e dinâmica, o vinho do Porto, produzido na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro, também ele

Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto

115. Fotografia antiga do Edifício do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.

99 INFANTE

4.10 Mercado Ferreira Borges Praça do Infante D. Henrique

116. Desenho do Mercado Ferreira Borges

Criado em 1885, por iniciativa da Câmara Municipal

As estruturas metálicas interiores assentam em

do Porto, o Mercado Ferreira Borges tinha a

colunas de ferro, e são rematadas por capitéis

finalidade de vir substituir o antigo e deteriorado

coríntios, assim sustentando a cobertura de vidro.

Mercado da Ribeira, papel que acabará por não

No interior das referidas condutas canalizavam-se

desempenhar de forma cabal. Em 1900, a Câmara

as águas pluviais para o rio, dezenas de metros a

estabeleceria que o Mercado já não possuía boas

sul do edifício. Degradado e deixado ao abandono,

condições para a sua finalidade.

albergou ocasionalmente tropas do exército, ou serviu como depósito de materiais de guerra. Na

O complexo fora projectado pelo engenheiro

década de cinquenta do século XX, o espaço serve

João Carlos Machado, por solicitação da Câmara

à Junta Nacional das Frutas, que nele acomoda o

Municipal. A ideia da sua construção nascera em

Mercado Abastecedor de Frutas do Porto. O espaço,

1882. Todo o processo de construção foi conturbado,

porém, perdia consistência e, já nos anos setenta,

tendo o início da sua edificação sido impedido

voltou a ser abandonado. A Câmara Municipal, por

por diversos problemas. Finalmente adjudicada

iniciativa do Comissariado para a Renovação Urbana

à Companhia Aliança (Fundição de Massarelos)

da Área da Ribeira/Barredo (CRUARB) procedeu, em

a obra apresentava várias inovações técnicas,

1983, à recuperação estrutural do antigo Mercado,

designadamente a utilização do ferro fundido

um século passado após a sua edificação.

e do vidro.

100 INFANTE

117. Fotografia antiga da construção do Mercado Ferreira Borges.

118. Fotografia antiga do Mercado Ferreira Borges.

A Câmara Municipal do Porto, em 1983, presidida

próxima sessão. É aprovado sete dias depois.

pelo Excelentíssimo Senhor Eng.º Paulo Vallada

A 15 de Maio de 1884, abre as primeiras propostas…

e apoiada no mecenato da Fundação Calouste

aprecia-as e manda-as para os competentes serviços

Gulbenkian, decidiu conservar um testemunho da

para examinar e dar o seu parecer.

construção em aço e vidro, do último quartel do séc. XIX.

A 18 de Dezembro de 1884... sendo esta uma obra importante e de embelezamento do local não

A construção de um mercado coberto inscreve-se

podia por isso decidir-se a preferência unicamente

nas medidas de salubridade pública, em curso na

pela barateza… e propôs que se nomeasse um júri

cidade, nos finais de novecentos, substituindo

de reconhecida competência para examinar as

a feira da Ribeira.

propostas e projectos… para resolver este assunto… precisava de reflectido estudo.

Dos livros das vereações da Câmara Municipal do Porto extraem-se momentos significativos,

A 5 de Fevereiro de 1885, aceitou a proposta que

de como nasceu o novo mercado “de Ferreira

mais se aproximava do projecto e adjudicou-a à

Borges”, tais como:

“Companhia Aliança”, com a condição de apresentar as modificações indicadas pela comissão de

A 9 de Março de 1882, manda realizar um

engenheiros.

anteprojecto, pelos seus serviços. Em Maio de 1888, a Companhia Aliança, entrega a Em 31 de Janeiro de 1884, deliberou… expô-lo ao público e adiar a decisão da sua aprovação para a

obra realizada.

101 INFANTE

Esta empresa restaurou a sua obra cem anos depois e extinguiu-se! Resumindo, a administração municipal, desde o início, reflecte e, mune-se de pareceres ponderados para decidir acertadamente e é capaz de aceitar a nova estética saída da utilização do aço e do vidro considerando-a embelezante da praça e à altura dos edifícios circunstantes. Como entender? O comportamento elevado destes autarcas municipais decorre do quadro mental e físico (cultural) em parte imanado da vivência das respostas rápidas às necessidades humanas em todos os domínios induzidas pelas deslocações velozes da máquina a vapor e pelo fascínio das recentes realizações em aço e vidro de infra-estruturas e equipamentos, tanto na Cidade, como no País. A trajectória. Primeiro, há hesitações na sua utilização e até da função, depois a decadência por falta de convicção na utilidade e consequente débil gestão deste equipamento, e nos finais dos anos cinquenta, do século passado, fecha e entra em fase de colapso. Estão estes valores dentro e fora de nós! Cuide-se dele como coisa preciosa e delicada! Furtado Mendonça

119. Fotografia antiga do Mercado Ferreira Borges num dos seus dias de glória: o lançamento da primeira pedra para o Monumento ao Infante D. Henrique (1894).

102 INFANTE

Após concurso público promovido pela Câmara

e actividades gratuitas no seu palco acústico.

Municipal do Porto, o projecto Hard Club - Turismo

Renovado desde Junho de 2012, o novo conceito

de Animação Cultural, obteve, por 17 anos, o

de restauração do Hard Club assenta na tradição

direito de superfície do Mercado Ferreira Borges,

portuense das cervejarias, envolvido por um

inaugurando ao público em Setembro de 2010.

ambiente descontraído, muito ao estilo industrial,

O Monumento Histórico, datado de 1888,

tendo, por trás do seu conceito criativo, Luís Américo,

classificado pelo IGESPAR como Edifício de Interesse

um dos mais conceituados chefs da actualidade

Público, foi assim devolvido à cidade após décadas

no Porto.

de inactividade, constituindo um exemplo de regeneração e preservação arquitectónica, com

Com um importante papel na contribuição para

assinatura do Arquitecto Francisco Aires de Mateus.

que as artes, a cultura e o turismo se assumam

As infra-estruturas, as condições técnicas e acústicas,

como vectores decisivos de competitividade, o Hard

a capacidade logística e a inovação do conceito

Club tem-se concertado com distintos sectores de

contribuíram para que rapidamente obtivesse o

actuação e segmentos de público-alvo, no sentido

reconhecimento nacional e internacional.

de se revestir de uma transversalidade capaz de integrar criadores artísticos consagrados, novas

No seu interior, às Salas 1 e 2, com capacidade

gerações de artistas e diversos produtores culturais,

para 1000 e 300 pessoas, respectivamente, e que

abraçando áreas tão distintas como as artes

recebem a um ritmo diário concertos, teatro, cinema,

plásticas, a música, a dança, o cinema, o teatro, entre

feiras, actividades performativas, educativas e

outras.

turísticas, junta-se o Main Floor, com acesso livre, espaço que estimula a apresentação de exposições

Hard Club

120. Interior do Hard Club.

103 INFANTE

4.11 Palácio da Bolsa Rua de Ferreira Borges

121. Desenho do Palácio da Bolsa.

Associação Comercial do Porto

Nos seus estatutos releva-se como principal função

Fundada em 1834, a Associação Comercial do Porto,

“indagar as necessidades do comércio e defender os

instituição de utilidade pública sem fins lucrativos,

interesses e direitos dos comerciantes (banqueiros,

é herdeira da Bolsa de Comércio do século XIII e da

corretores, comissionistas, negociantes de fábrica,

Juntina, a congregação que nos finais do século XVIII

mercadores) e promover o desenvolvimento de tudo

reunia os negociantes do Porto para defesa dos seus

o que directa ou indirectamente possa contribuir para

interesses. Com mais de 175 anos de existência é a

a sua prosperidade e ilustração”.

mais antiga associação empresarial portuguesa.

104 INFANTE

A Associação Comercial do Porto tem como missão promover a prosperidade e a ilustração da Região do Porto e do Norte em geral e da sua comunidade de negócios em particular. Inspirando-se nos princípios da livre iniciativa, do livre cambismo e do primado do indivíduo, sempre desempenhou funções de Câmara de Comércio e Indústria, estatuto que lhe foi reconhecido pela Portaria 176/82, de 8 de Fevereiro, no âmbito da Lei-quadro que regula a actividade das Câmaras do Comércio e Indústria em Portugal (Decreto-Lei n.º 244/92, de 29 de Outubro). A Associação Comercial do Porto está ligada a projectos de inegável valor para o desenvolvimento da Região, como o ante-projecto do primeiro código comercial português, a construção do Palácio da Bolsa, do qual é proprietária, a criação do Centro de Estudos Económicos e Financeiros, que deu origem à Faculdade de Economia do Porto, a criação dos dois primeiros bancos e da primeira companhia de 122. Pátio das Nações.

seguros, bem como a criação da Bolsa de Valores do Porto. Foi também impulsionadora da construção da 1ª fase do Porto de Leixões e mais recentemente, da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações, tendo estado na origem da criação do destino turístico “Porto/Norte de Portugal” e do 1º Cartório de Competência Especializada do Porto, entre muitos outros projectos, ideias e iniciativas. Rui Moreira Presidente da Associação Comercial do Porto

105 INFANTE

Palácio da Bolsa O Palácio da Bolsa é sede e propriedade da

O Palácio é um espaço vivo e activo, aberto à

Associação Comercial do Porto que iniciou em 1842

comunidade, onde se dá continuidade aos objectivos

a sua construção. Ao longo de três gerações, muitos

e razões que presidiram à sua edificação: ser um

mestres e artífices trabalharam para a edificação desta jóia arquitectónica do séc. XIX.

ponto de encontro, uma sala de visitas, local onde se trocam impressões, onde se promovem negócios,

Edifício de inspiração neoclássica, conhecido,

onde se realizam eventos, onde se forma opinião ou

principalmente, pelos seus aspectos arquitectónicos,

simplesmente se convive.

possui também um acervo notável em termos de pintura, escultura, mobiliário e artes decorativas de

Centro Cultural e de Conferências, o Palácio da Bolsa

interiores, para além de uma Biblioteca, Centro de

é um espaço com condições únicas para a realização

Documentação e Arquivo Histórico.

de concertos, palestras, seminários, apresentações, acções de formação, assembleias-gerais, recepções,

Classificado como Monumento Nacional, o Palácio

congressos, incentivos, mostras e tertúlias literárias,

da Bolsa, um dos principais ex-libris e pólos de

leilões, exposições da mais variada índole, passagens

atracção da Cidade e da Região, recebe anualmente

de modelos e outros eventos de médio porte,

mais de 200.000 visitantes. Autêntica sala de visitas

espaço a ser utilizado por iniciativas que tenham

da região, ali se realiza a maioria das recepções

a excelência e a promoção cultural da cidade por

oficiais do Estado no Norte de Portugal. Pelo Palácio

atributos.

da Bolsa têm passado governantes e dignatários de quase todos os países do Mundo.

Para além de disponibilizar espaços, o Palácio da Bolsa presta serviços de apoio que vão do catering

Localizado na área classificada pela UNESCO como

à decoração de salas, passando pela instalação

Património da Humanidade, o Centro Histórico do

de equipamentos técnicos ou a utilização do

Porto, tem merecido especial atenção por parte

Restaurante “O Comercial”.

da Associação Comercial do Porto, que desde sempre tentou contribuir para a sua promoção e revitalização.

Rui Moreira Presidente da Associação Comercial do Porto

106 INFANTE

123. Escadaria Nobre.

124. Biblioteca.

125. Sala Dourada.

126. Sala das Assembleias-gerais.

127. Sala dos Retratos.

128. Sala do Tribunal.

107 INFANTE

129. Salão Árabe.

Salão Árabe

Árabe, sobretudo quando iluminado na sua vasta

Iniciada a sua construção em 15 de Setembro de

amplitude por intensos focos de luz que o revestem

1862, sob projecto de Gonçalves de Sousa, ficou

de singulares e maravilhosos efeitos cromáticos.

concluído em 12 de Julho de 1880, data em que foi inaugurado aquando das comemorações do

Por esse motivo, o Salão Árabe é justamente

Centenário de Camões. Para o seu traçado serviu de

considerado o Salão de Recepções da cidade. Aí

modelo o belo Palácio de Alhambra.

têm sido levadas a efeito brilhantes festas em honra de Chefes de Estado em visita oficial ao

Os efeitos visuais da bizarra e sumptuosa policromia

Porto, desde El-Rei D. Luís ao actual Presidente da

oriental em que o oiro jorra incandescências entre

República, homenageadas altas personalidades e

a polifonia luminosa das cores vivas e berrantes, e

realizados inúmeros eventos solenes, nacionais e

as suas janelas, tecto e portas onde facilmente se

internacionais.

adivinham as regras tradicionais e as combinações arquitectónicas do classicismo ocidental, tornam difícil, senão impossível, traduzir em palavras a imagem visual que oferece o esplendoroso Salão

Rui Moreira Presidente da Associação Comercial do Porto

108 INFANTE

4.12 Igreja e Convento de S. Francisco Rua do Infante D. Henrique

130. Desenho da Igreja de S. Francisco.

A Ordem de S. Francisco foi a primeira a estabelecer-

tempos vários estilos arquitectónicos foram sendo

-se no Porto, no decurso do século XIII, tendo-lhe

integrados no edifício, razão pela qual é possível

sido oferecido um terreno para esse efeito. Porém,

encontrar vestígios do gótico, maneirismo, barroco,

a sua instalação ver-se-ia dificultada devido a uma

rococó e neoclássico. Durante a Guerra Liberal, 1833,

antiga querela que opunha o poder eclesiástico ao

o Convento é bastante danificado pelos miguelistas.

régio e que se prendia com a limitação do burgo.

Terminada a guerra, a Associação Comercial do

Esta questão só viria a ser resolvida através da

Porto, pede à Rainha D. Maria II que doe o terreno

interferência do Papa Inocêncio V, que confirma,

onde se encontravam ainda vestígios do convento

na Bulla Doelentis Accepimus, a posse do terreno.

para a construção do que viria a ser o futuro Palácio

A construção da Igreja e Convento de S. Francisco

da Bolsa. Em 1910 a Igreja de S. Francisco foi

vai-se estender desde 1244 até 1410. Ao longo dos

classificada como Imóvel de Interesse Público.

109 INFANTE

4.13 Hats & Cats Rua do Infante D. Henrique, n.º117

131. Interior.

A Hats & Cats tem como protagonista: o chapéu.

Os “Hats” também de todo o mundo trazem-nos o

Os “Cats” são objectos cosmopolitas com tradição

entrançado dos panamás do Equador contrapondo

e simplicidade que propomos. Estes objectos que

design de moda de escolas Holandesas e Suecas. A

promovem o étnico e o design provenientes de todo

localização no triângulo Ribeira / Bolsa / S. Francisco

o mundo confrontam-se, fundem-se mesclando cores

é fundamental para apresentar este conceito aos

e texturas, pureza e alma. Objectos de arte africana

Portuenses mas também aos inúmeros turistas que

contrastam com arrojo e design Italiano assim

nos visitam.

como a cor de objectos da América Latina toca com o rigor e tecnologia de objectos de origem Alemã.

Paulo Lobo

110 INFANTE

4.14 Pimm’s Rua do Infante D.Henrique, n.º95

132. Interior.

111 INFANTE

4.15 Igreja de S. Nicolau Rua do Infante D. Henrique

133. Desenho da Igreja de S. Nicolau.

112 INFANTE

4.16 Ourivesaria Tradicional Portuguesa Rua do Infante D. Henrique, n.º91

134. Interior.

Situada numa das zonas mais nobres da cidade

Para oferta de uma lembrança ou para uso próprio

do Porto, a Ag Jewels é sinónimo da verdadeira

a Ag Jewels tem uma variedade enorme em anéis,

ourivesaria tradicional portuguesa. Implantada

berloques, medalhas, brincos, pulseiras, fios, relógios,

num edifício do século XIX, o qual foi totalmente

etc... todas as nossas peças são manufaturadas em

restaurado, tendo existido um cuidado em manter

prata de lei e quando por encomenda poderão ser

a originalidade do mesmo, também a decoração

executadas em ouro de lei.

da loja foi executada respeitando a traça antiga do prédio, criando assim uma harmonia perfeita para

Visite-nos e conheça uma arte tipicamente

a exposição das peças por nós executadas, na qual

portuguesa.

poderemos destacar as filigranas e os marcassites, ambas produzidas com uma dedicação enorme e entrega a uma arte: a ourivesaria.

Ag Jewels

113 INFANTE

4.17 Portosigns Rua do Infante D. Henrique, n.º71

135. Interior.

A Portosigns (“sinais do Porto e de Portugal”!)

hábitos e os símbolos nacionais sempre bem

está totalmente direcionada e vocacionada para o

presentes duma forma moderna e distinta.

Turismo Nacional e Internacional.

• Saboaria portuguesa, desde a tradicional à mais moderna, merece destaque pelos diversos aromas

Expõe, divulga e vende produtos e conceitos com

e embalagens requintadas que despertam os

qualidade exclusivamente portuguesa:

sentidos de qualquer consumidor! • Joalharia e bijutaria tradicional ou contemporânea

• Artigos em cortiça e em tecido de cortiça, que

– peças de autor – únicas pela criatividade

comercializa há já 6 anos e que cada vez mais,

e inspiração profundamente lusitana.

pela divulgação que se tem feito, está em grande evolução – é a maior loja comercial na Cidade

A Portosigns faz ligação do tradicional com o

do Porto, com quantidade, variedade e qualidade

moderno duma forma simples, mas sofisticada,

destes produtos.

sempre a pensar no futuro sem esquecer o passado!

• Artesanato contemporâneo de vários criadores nacionais, com raízes culturais portuguesas – todo o tipo de “Gifts” do Porto e de Portugal são os

Elvira Basílio

114 INFANTE

4.18 Causaefeito Rua de Mouzinho da Silveira, n.º1-11 e 27-39

136. Interior.

115 INFANTE

4.19 Casa das Rolhas Rua de Mouzinho da Silveira, n.º13-15

137. Fachada.

116 INFANTE

4.20 Chance - Fuxia Rua de Mouzinho da Silveira, n.º17-23

138. Interior.

117 INFANTE

4.21 Zof/House Gallery Rua de Mouzinho da Silveira, n.º88

139. Interior.

Uma loja urbana e contemporânea, onde pode descobrir Fracomina, Fracomina Mini, Religion e Dr. Denim; Al&Ro, DR. Martens, Claus e DMD noutra gama de artigos. O espaço funciona, também, como palco de objectos que nos fascinam porque embora possa parecer à 1ª vista, não é mais uma loja de roupa. Uma mesa de estilo vintage, um espelho romântico e um tapete relvado que demarca uma zona de inspiração lounge. Um ambiente sugestivo para quem se deixar seduzir pelo glamour da ZOF. Zof/House Gallery

118 INFANTE

4.22 Dixo’s Oporto Hostel Rua de Mouzinho da Silveira, n.º72

140. Interior.

O Pedro e a Joana dão-te as boas vindas ao Dixo’s Oporto Hostel, a tua casa longe de casa! Aqui podes encontrar um espaço acolhedor, onde nossa equipa bilingue, está disponível 24 horas por dia e ao teu dispor para tudo o que precisares. O Dixo’s Oporto Hostel, é o resultado da renovação de uma casa Portuguesa do Século XIX. Se tiveres a oportunidade de nos visitar, vais poder usufruir da tua estadia num confortável edifício classificado pela UNESCO como Património Mundial, na melhor localização da cidade do Porto. Joana Dixo

119 INFANTE

4.23 Essência do Vinho Rua de Mouzinho da Silveira, n.º56

A EV-Essência do Vinho lidera a comunicação e

bens e produtos em mercados como Brasil, Espanha,

divulgação do vinho em Portugal, estando também

Suíça, Dinamarca, Angola e Estados Unidos. No caso

presente em força no Brasil.

específico do Brasil, no início de 2012 foi criada a Essência do Vinho Brasil, empresa direcionada para

Criada em 2004, nas vésperas da realização da

atuar naquele mercado e que, entre outras ações,

primeira edição do emblemático “Essência do Vinho

promove anualmente a “Brasil International Wine

– Porto”, a EV é liderada por Nuno Botelho e Nuno

Fair”, feira profissional de vinhos, no Rio de Janeiro.

Guedes Vaz Pires, dois jovens empreendedores portugueses mas já com vasta experiência

A EV - Essência do Vinho é também detentora dos

e know-how na produção de eventos

projetos WINE-A Essência do Vinho (revista mensal,

enogastronómicos.

disponível em Portugal e no Brasil), Essência do Vinho TV (televisão online) e Escola Essência do

Entre outros aspetos, a EV diferencia-se por

Vinho by Teka (cursos de cozinha e vinho, em Lisboa

disponibilizar uma solução all in one aos seus

e Porto).

clientes, podendo executar as diferentes etapas de um longo processo, como é o da preparação e

No universo online, a EV ultrapassou a fasquia dos 2

execução de um evento - da logística à proposta

milhões de visitas num só ano, contabilizando ainda

de programação, criação de imagem, marketing e

mais de 67.000 seguidores nas redes sociais. Em

assessoria mediática.

2011, mais de 400.000 pessoas visitaram os nossos eventos.

A EV conta ainda um trajeto de internacionalização que inclui a produção de eventos e ações promocionais para instituições, empresas, marcas,

Essência do Vinho

120 INFANTE

141. Interior.

142. Perspetiva do saguão.

121 INFANTE

4.24 Casa do Infante Rua da Alfândega, n.º 10

A Casa do Infante é um edifício multifacetado que

Através destas diferentes valências e variedade

oferece um conjunto de valências diversificadas

programática, dirigida a todos os públicos e faixas

inerentes às suas funções de Arquivo Municipal,

etárias, a Casa do Infante afirma-se como local de

Biblioteca de Assuntos Portuenses, Centro de

visita incontornável para os habitantes da cidade do

Interpretação do Edifício e Loja de Vendas.

Porto, assim como ponto de referência obrigatória a todos os que a visitam.

Este edifício é sede do Arquivo Histórico Municipal do Porto, cujo acervo é constituído pela documentação camarária acumulada desde a Idade

Casa do Infante Arquivo Histórico Municipal do Porto

Média até à contemporaneidade, assim como por arquivos de instituições públicas já extintas e vários arquivos privados e coleções. Através das suas Salas de Leitura, Sala Memória, Sala de Exposições e Auditório, a Casa do Infante tem desenvolvido uma série de atividades complementares da sua vocação original de apoio à Administração e aos investigadores. Entre elas, destacam-se iniciativas como o Documento e Peça do Mês, os Circuitos Gastronómicos e exposições temporárias relacionadas com a identidade e história da cidade do Porto, assim como todo um conjunto de visitas e oficinas disponibilizadas pela área de extensão cultural. O Centro de Interpretação do Edifício permite rever a história da cidade desde o período da ocupação romana até aos nossos dias.

143. Desenho da Casa do Infante.

122 INFANTE

144. Infante D. Henrique pormenor dos Painéis de S. Vicente.

O Infante D. Henrique Filho do Rei D. João I, fundador da II Dinastia, e de D. Filipa de Lencastre, o Infante D. Henrique, imortalizado historicamente como O Navegador, nasceu na cidade do Porto em 1394, tendo falecido em 1460. Apadrinhou e estimulou as primeiras viagens náuticas portuguesas de envergadura, que conduziriam à gesta dos Descobrimentos. Assenhoreia-se do Norte de África e do Atlântico. Este homem, com uma personalidade lendária, de contornos misteriosos, apesar do seu enorme poder (Infante, se intitulava, e não Duque), possuía uma sólida educação, à qual aliava uma fé devotadíssima e um carácter austero: Protector da Universidade de Lisboa, atribui renda ao curso de Teologia. O seu empenho pela navegação terá possibilitado o patrocínio de uma escola de cartografia. D. Henrique é tenaz na tomada e conservação de Ceuta; suporta o revés de Tânger; organiza a armada das Canárias; afronta a pirataria; tem um desempenho notável na colonização das ilhas Atlânticas, especialmente da Madeira. Figura incontornável da Cidade do Porto, D. Henrique, o Infante de Sagres, revelar-se-á como uma das mais importantes personagens da História de Portugal.

123 INFANTE

4.25 balleteatro Escola Profissional Rua do Infante D. Henrique, n.º28

145. Aula no balleteatro.

O balleteatro apresenta-se como um espaço informal

POPH Tipologia 1.2, o balleteatro proporciona uma

e criativo com programas ao nível da produção,

formação de nível 4 em dança e teatro, equivalente

formação, programação e residência de artistas.

ao 12º ano de escolaridade. Numa abordagem pluridisciplinar, o plano de estudos pressupõe

É uma estrutura única no país pelas suas

que os alunos trabalhem a um nível profissional

características de formato e missão. De 1983, ano

em criações, orientadas por artistas convidados

da sua fundação, a 1995 foi-se estruturando até se

portugueses e estrangeiros em regime de residência,

apresentar como uma forma múltipla interdisciplinar

e ainda criem projectos individuais em pequenos

e plurifuncional: Auditório, Companhia, Escola

formatos apresentados no contexto Mostras.

Profissional e Serviço Educativo. Isabel Barros

Enquanto Escola Profissional, oficializada pelo Ministério da Educação e financiada pelo programa

124 INFANTE

4.26 Carris Hoteles Porto Ribeira Rua do Infante D. Henrique, n.º9

146. Fachada.

“Situado em pleno Centro Histórico do Porto, com vista para o Rio Douro, o Carris Hoteles Porto Ribeira está junto à Praça da Ribeira, ao Palácio da Bolsa e muito próximo do Centro de Congressos da Alfândega. Resultado de uma reabilitação integral de 5 edifícios, o Hotel, um quatro estrelas superior, conta com um total de 90 quartos, sendo que 10 deles são suites. Dispõe de salões perfeitamente equipados e com diferentes estruturas para a celebração de reuniões e banquetes. Conta também com um restaurante próprio, “Forno Velho”, com Show Cooking.” Carris Hoteles, 2012.

125 INFANTE

4.27 Feitoria Inglesa Rua do Infante D. Henrique, n.º2-14

147. Desenho do Edifício.

A Feitoria Inglesa, situada na Rua Infante D.

mais característicamente inglesa que portuguesa,

Henrique, anteriormente conhecida como Rua

sendo grande parte do seu mobiliário e recheio

Nova dos Ingleses, foi desenhada no estilo

proveniente de Inglaterra. A construção da Feitoria

Palladian, e construída entre 1785 e 1790 pelo

foi financiada por um imposto conhecido como

Consul Britânico John Whitehead, no local de

“Contribution Fund”, e que também era utilizado para

uma construção anterior. Inicialmente o edifício

providenciar o bem estar da Comunidade Britânica.

alojou o consulado e funcionou também, durante

Das várias Feitorias originalmente estabelecidas

muitos anos, em diferentes épocas, como Câmara

pelos mercadores ingleses, esta é indubitávelmente

de Comércio, estalagem, clube, e centro da vida

o único exemplar sobrevivente.

social da comunidade Britânica. A decoração interior, que sobrevive virtualmente intacta é

126 INFANTE

Hoje em dia os membros da Feitoria Inglesa continuam a ser, como dita a tradição histórica, representantes dos interesses ingleses no comércio do Vinho do Porto e, de forma semelhante aos directores dos museus, são responsáveis pela conservação do edifício e das suas colecções. Todos os anos é nomeado rotativamente um novo Tesoureiro, que supervisiona a manutenção e gestão da Feitoria. Além de funcionar como espaço onde os comerciantes do Vinho do Porto se reunem periódicamente, as salas são por vezes alugadas

148. Escritório.

para jantares, sob autorização dos sócios. A histórica colecção está agora aberta a visitas, com marcação prévia, de escolas, universidades, universidades sénior. O tradicional “Almoço de Quarta-feira” continua a realizar-se regularmente para os sócios e seus convidados, que no fim da refeição têm de adivinhar o ano do Vintage servido nesse almoço, selecionado ao acaso pelo Tesoureiro. O ponto alto do ano é o Baile de Natal, que se realiza no deslumbrante salão de baile. British Association

149. Sala dos Mapas.

127 INFANTE

150. Salão de Baile.

151. Biblioteca.

152. Átrio de Entrada.

153. Corredor de acesso ao Salão de Baile. gerais.

154. Sala de Jantar.

155. Cozinha.

128 INFANTE

4.28 Fachadas Almadinas Rua de São João

Como surgiu a composição dos desenhos das

execução de novos espaços, arruamentos e edifícios

fachadas Almadinas?

de uso público.

Em meados do séc. XVIII houve um grande

Com a abertura das novas vias sobre a cidade

desenvolvimento social, económico e industrial na

medieval, houve a necessidade de criar novas

cidade do Porto, que até aí vivia ainda ao ritmo da

composições arquitetónicas tanto a nível dos

dinâmica medieval com uma estrutura urbana e

espaços urbanos como a nível das fachadas,

muralhas da mesma época.

adotando-se os recentes conceitos urbanísticos do Iluminismo.

Gerou-se assim uma mudança de mentalidades com a introdução de novos pensamentos que, resultaram

Nasce assim uma nova filosofia urbana, designada

em novas diretrizes políticas de governação, sob a

por regularidade urbana, que impôs uma nova

égide do Marquês de Pombal.

conceção, algumas regras de composição e uma correta integração no ordenamento de conjunto, o

Com este novo desenvolvimento e a nova expansão

que fez valorizar o Porto em termos paisagísticos,

urbana consequente, houve a necessidade de abrir

estéticos e monumentais. Com isto pretendeu-se

novas vias entre a parte alta (atual Estação de São

também criar um equilíbrio harmonioso, reduzindo

Bento) e a parte baixa da cidade (Ribeira), eixos

o contraste entre as velhas construções da Idade

fundamentais para permitir o tráfego comercial. A

Média e os edifícios que dominavam a imagem do

Rua Mouzinho da Silveira e a Rua de São João foram

burgo. Um dos critérios adotados foi a correção das

artérias que responderam a este problema.

cérceas, com o objetivo de estabilizar uma mesma escala e a continuidade da métrica dos vãos nos

Criada por João de Almada e Melo, primo do

pisos superiores.

Marquês de Pombal, que se estabeleceu no Porto, em 1757, como 1º Governador das Armas, a Junta

Com o aumento de cérceas, a composição de

das Obras Públicas assumia-se como um organismo

fachadas e sua morfologia sofreram grandes

autónomo, mas em contacto direto com o governo

transformações baseadas na herança Maneirista

central. Atuava no processo de transformação da

e Protoneoclássico. É neste contexto que surge o

cidade, através da criação de condições urbanísticas,

desenho, nunca totalmente executado, das fachadas

procura de financiamento, expropriações e modos de

da Rua de São João.

129 INFANTE

Porque se encontram hoje diferenças face ao projeto

arbitrário das cérceas introduziu alterações

da Junta das Obras Públicas?

morfológicas que não respeitam a leitura do

Hoje em dia, com o passar do tempo, o alçado

conjunto; por outro lado, as fusões de parcelas

Almadino da Rua de São João, encontra-se bastante

modificaram os desenhos das fachadas; por fim

modificado face às prescrições do projeto da Junta

criaram-se fachadas que não se adaptaram ao

de Obras Públicas, não se sentindo a lógica da

parcelamento fundiário.

fachada de arruamento. Por um lado, o aumento

156. Alçado realizado pela Junta de Obras Públicas para a Rua de S. João.

157. Alçado atual da Rua de S. João

130 INFANTE

4.29 Olá Bazar Rua de São João, n.º86

158. Interior.

A OláBazar existe desde 2009 e tem como objectivo

da nossa imagem de simpatia e afabilidade.

a comercialização de produtos 100% produzidos em

Bazar – com mais ou menos um “a” na sua

Portugal, é nosso ponto de honra tudo fazer para

construção, é sem dúvida uma palavra sem

que tal seja uma realidade, onde o lema: “comprar

pretensões de credos, crenças ou religiões; pois

português é comprar qualidade aliada a uma boa

quando falamos em Bazar, estamos sempre a tratar

dose de criatividade”.

de compra, venda, ou troca de produtos e também de saberes e experiências vividas. Na OláBazar, com

OláBazar não é simplesmente um nome, nós

certeza irão encontrar a peça certa, para colocar

preferimos chamar-lhe um conceito:

no lugar certo, para a pessoa certa, e recordar com nostalgia o Porto, o Douro e, claro, Portugal.

Olá - palavra que não sendo exclusivamente portuguesa se torna numa expressão aglutinadora

Joaquim Coelho

131 INFANTE

4.30 Centro Social Paroquial de S. Nicolau e Associação Infante D. Henrique Rua de São João, n.º77-79

Centro Social Paroquial de S. Nicolau

Para a concretização destes objectivos, possui um

O Centro Social Paroquial de S. Nicolau é uma

conjunto de áreas de intervenção:

Instituição Particular de Solidariedade Social do

Educação: Centro de Apoio ao Estudo para jovens

Centro Histórico do Porto que desenvolve a sua

do 5º ao 9º ano; programa de férias; grupo de

acção desde 1991, sediada na Rua de S. João 77-79,

jovens; Participação, Cultura e Lazer: Promoção

possuindo igualmente uma entrada de serviço pelo

de festas comunitárias (ex: S. Nicolau, Presépio

Pátio S. Salvador (Rua de Mouzinho da Silveira).

ao vivo, Festa de Reis, Celebração Pascal); festas cíclicas (ex: Magusto, Santos Populares); exposições/

A instituição tem como missão promover o espírito

feiras dos trabalhos realizados pelos utentes;

comunitário através da mobilização dos seus

participação em vários eventos culturais (ex: teatro,

próprios recursos, saberes e experiências tendo

revista, concertos); passeio/convívio anual; grupo

como fim último o desenvolvimento económico-

de teatro; Trabalho em Rede/Projectos e Parcerias:

-social da comunidade de S. Nicolau. Procura actuar

parcerias estabelecidas com segurança social; Rede

com a comunidade e para a comunidade tendo

Europeia Anti-Pobreza, Solidariedade Porto Histórico

em vista transformá-la em agente da sua própria

- Soporthis, Câmara Municipal do Porto, Associação

mudança e desenvolvimento. Regendo-se por

metropolitana de Serviços, Instituições locais, entre

valores como a reciprocidade, a justiça, o respeito e

outras; Serviço Social: Atendimento no âmbito da

a autonomia o Centro Social Paroquial de S. Nicolau

Acção social, RSI e Sem Abrigo; Centro Distribuição

assenta em três grandes objectivos de intervenção:

de Géneros Alimentares; grupos de desenvolvimento para sem abrigo e mulheres; Psicologia: consulta

Promover a participação activa da população de S.

de psicologia; orientação vocacional; apoio à

Nicolau e do Centro Histórico do Porto; Desenvolver

transição escolar e clube de emprego; Formação/

capacidades/potencialidades e promover

Sensibilização: Cursos de formação; acções de

competências; Consolidar o trabalho em rede através

sensibilização e grupos de desenvolvimento.

de mais e melhores mecanismos de comunicação inter e intra institucional.

Padre Agostinho Jardim

132 INFANTE

159. Interior.

Associação Infante D. Henrique

Reconhecendo a urgência de um agir comum, a AIDH

A Associação Infante D. Henrique – Associação para

não se constitui para substituir os agentes meritórios

o Desenvolvimento do Centro Histórico do Porto

que já se encontram no território - instituições,

(AIDH) é uma associação de direito privado, sem fins

empresas, associações e movimentos cívicos da

lucrativos, constituída a 12 de Julho de 2011 que

população. Assume-se assim como um movimento

visa a promoção do desenvolvimento económico,

de congregação e de sinergias que nasceu para

do desenvolvimento social, do desenvolvimento

ajudar a fazer acontecer, para concertar ideias e

ambiental, da capacitação para a concertação e da

para desempenhar um papel complementar na

inovação, numa óptica de promoção da qualidade de

recuperação do património habitacional, cultural,

vida do Centro Histórico da cidade do Porto.

social e humano do Centro Histórico do Porto. Associação Infante D. Henrique Associação para o Desenvolvimento do Centro Histórico do Porto

133

5 Mouzinho da Silveira

160. Esquema do percurso.

134 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.1 Loja 112 Rua de Mouzinho da Silveira, n.º112

161. Interior.

Uma loja um pouco ao estilo “Carnaby Street”, onde o mundo da moto está presente em acessórios pessoais e de décor, onde encontra o capacete Retro para a sua old scooter, a T-shirt, bem como as luvas também necessárias à sua segurança, mais aqueles óculos motard que o avô tinha! Um mundo de novidades exclusivas no Porto e muitas mesmo em Portugal. Tudo num espaço incomum, oldtimer mas integrado no “novo” comércio tradicional do Porto! Welcome! Loja 112

135 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.2 Casa Mousinho - Loja das Bandeiras Rua de Mouzinho da Silveira, n.º118

162. Fachada.

Iniciámos a nossa atividade, em 21 de Dezembro de 1961, com produção e venda de bandeiras estampadas ou bordadas, bem como galhardetes, emblemas, mastros, estandartes, etc. Iniciou-se com três sócios, atualmente conta apenas com um sócio-gerente, Moisés Luiz da Rocha Paiva, tendo os outros sócios já falecido. Ao longo de 50 anos, fomos desenvolvendo o serviço de bandeiras, executando e fornecendo diversas entidades, câmaras, juntas, coletividades recreativas e desportivas, bombeiros, bandas de música, vendas ao público em geral tomando por encomenda, mediante as indicações dos clientes. Moura, Pereira & Paiva, Lda.

136 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.3 Prometeu Rua de Mouzinho da Silveira, n.º136

163. Interior.

164. Cabeçalho de fatura.

137 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.4 Bem Português Rua de Mouzinho da Silveira, n.º148

No coração da cidade do Porto, um espaço “bem português”, uma acolhedora e atraente combinação entre artesanato e sabores, sons e imagens que nos reportam para o que de melhor existe em Portugal. À entrada podemos encontrar várias peças de artesanato, numa original colecção de símbolos característicos, verdadeiros fragmentos de história harmonizados com o presente pela mão dos seus autores. Subindo ao 1º piso temos o privilégio de reencontrar

165. Piso térreo.

sabores típicos reunidos numa variedade de conservas portuguesas recuperadas para trazer de novo o prazer dos sabores tradicionais e saudáveis, em embalagens que nos reportam ao passado, mas nos fazem apreciar o presente, e desfrutar deste espaço único e singular, que se enche de tradição, música e sabor... “bem português”. Bem Português

166. Piso superior.

138 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.5 Fernol Rua de Mouzinho da Silveira, n.º156

167. Interior.

139 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.6 Portugalidades Rua de Mouzinho da Silveira, n.º172

168. Interior.

140 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.7 A Sementeira Alípio Dias & Irmão, Lda. Rua de Mouzinho da Silveira, n.º178

A completar oitenta anos ao serviço da Agricultura, a contribuir para a criação de mais vida, de vida melhor e mais farta. A pequena semente de 1933 é hoje, quase oitenta anos volvidos, uma árvore mais estável enraizada em amizades profundas e em dedicações que nunca esqueceremos. Aos nossos clientes, agricultores, engenheiros agrónomos, técnicos agrários, serviços oficiais, devemos agradecimentos sinceros pela confiança em nós depositada, pela lealdade e pela exigência, que tanto nos ajudaram a aperfeiçoar os nossos serviços e nos levam, a olhar o futuro com esperança. Aos nossos colaboradores devemos também palavras gratas pelo esforço e dedicação que nunca regatearam. A ultrapassar os oitenta anos – marco apreciável na vida de uma empresa – e encorajados pelas amizades conquistadas, olhamos de frente os anos que hão-de vir e os seus desafios. Abertos aos novos conhecimentos e ao espírito dos tempos, vamos também permanecer fiéis a princípios que sempre nortearam a nossa vida comercial e estão invariavelmente na base de todas as obras que perduram. Jorge Manuel Dias 169. Desenho do Edifício.

141 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.8 Porto Vivo, SRU Rua de Mouzinho da Silveira, n.º212

170. Logótipo.

A Porto Vivo, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A. é uma empresa de capitais públicos, constituída a 27 de Novembro de 2004, detida pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P. (IHRU) e pela Câmara Municipal do Porto, na proporção de 60% e 40%, respetivamente. A sua criação estabelece como missão, à luz do Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio, promover e conduzir a reabilitação e reconversão do património degradado da Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística do concelho do Porto, estabelecida no Decreto Regulamentar n.º 11/2000, de 24 de Agosto. Depois de executados diferentes estudos sobre o edificado, população e tecido económico da Baixa Portuense e do seu Centro Histórico, foi possível definir 5 grandes objetivos estratégicos ou vetores de desenvolvimento, tal como são identificados no Masterplan da Porto Vivo, SRU (2005): •A re-habitação; •O desenvolvimento e promoção do negócio; •A revitalização do comércio;

142 MOUZINHO DA SILVEIRA

•A dinamização do turismo, cultura e lazer;

coordenando a execução da respetiva Operação

•A qualificação do domínio público.

de Reabilitação Urbana em estreita relação com

A Porto Vivo, SRU cumpre o papel de orientar o

os particulares, no que diz respeito à reabilitação

processo de reabilitação e reconversão, elaborar a

dos edifícios privados, e com o Município, no

estratégia de intervenção e atuar como mediador

âmbito das operações urbanísticas planeadas para

entre proprietários e investidores, entre proprietários

o espaço público, recorrendo aos meios legais à

e arrendatários e, em caso de necessidade, tomar a

sua disposição para a realização de intervenções

seu cargo a operação de reabilitação, com os meios

urbanísticas sempre que não seja obtido acordo

legais que lhe foram conferidos. A delimitação de

para a sua realização.

uma Zona de Intervenção Prioritária (ZIP), onde se concentra o esforço de reabilitação urbana, permitiu

A Porto Vivo, SRU dá a conhecer e promove

redirecionar sinergias e maximizar estratégias, bem

um conjunto de incentivos à reabilitação,

como definir polos e fileiras de desenvolvimento

nomeadamente, por via da ação da Loja de

sustentável, identificando e envolvendo atores

Reabilitação Urbana e usando o Site institucional.

e parceiros.

No âmbito dos incentivos à reabilitação contam-se benefícios fiscais, redução de taxas municipais, o SIM

Por força do Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de

Porto, o Programa Viv’a Baixa, e o Protocolo Bancário,

outubro, deu-se início ao processo de conversão

que assegura condições especiais de financiamento.

da Zona de Intervenção Prioritária em Áreas de

Mais informação pode ser obtida nos seguintes

Reabilitação Urbana, havendo sido concluído o

contactos:

processo de delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico do Porto, conforme

Rua de Mouzinho da Silveira, nº 212

Aviso n.º 9562/2012, de 12 de julho. O “Projeto

Tlf.: 222 072 700/Fax: 222 072 709

de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana

Email : [email protected]

do Centro Histórico do Porto” foi aprovado, a 4 de

www.portovivosru.pt.

junho de 2012, pela Assembleia Municipal do Porto, tornando-se a Porto Vivo, SRU na entidade gestora,

143 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.9 Edifício Totta & Açores Rua de Mouzinho da Silveira, n.º228

171. Fachada.

144 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.10 Galerias Vandoma Antiguidades e Leilões Rua de Mouzinho da Silveira, n.º175

172. Fachada.

145 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.11 Moysés Cardoso & Cª Lda. Rua de Mouzinho da Silveira, n.º223-233

173. Tabuleta da loja.

146 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.12 Casa Faria Rua de Mouzinho da Silveira, n.º237

174. Interior.

175. Pormenor de Letras.

147 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.13 Casa das Associações Rua de Mouzinho da Silveira, n.º234

A Federação das Associações Juvenis do Distrito

eventos associativos como seminários, iniciativas

do Porto (FAJDP) foi fundada em Novembro de

culturais, entre outras; área administrativa onde as

1986 e nasceu da necessidade de encontrar um

associações têm o seu “espaço sede”; um espaço

pólo agregador dos objectivos e reivindicações

de convívio – o “Bar do Mundo” com produtos do

do movimento associativo juvenil no distrito do

Comércio Justo; área comprometida à formação de

Porto. Atualmente a FAJDP representa mais de 90

dirigentes associativos.

associações juvenis filiadas que envolvem mais de 20.000 jovens oriundos dos vários concelhos do

Salienta-se a grande versatilidade do modelo de

distrito do Porto.

funcionamento do espaço que facilmente se adapta às necessidades pontuais de utilização apresentadas

O projeto “Casa das Associações” da FAJDP resulta

pelas Associações Juvenis e grupos de jovens.

de uma necessidade identificada de dotar a cidade e a região com um espaço que promovesse espírito

Este “sonho”, tornado realidade, resulta de um

empreendedor dos jovens no domínio associativo,

esforço persistente de sucessivas direcções da

que dignificasse este movimento e afirmasse a

federação e de um processo negocial e efectivo

participação dos jovens na sociedade. Este espaço,

apoio de varias entidades, das quais destacamos o

que funciona em molde similar a um “ninho de

Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ),

empresas” no sector associativo, procura estimular

a Câmara Municipal do Porto e a Sociedade de

e oferecer condições para o desenvolvimento do

Reabilitação Urbana.

empreendedorismo jovem na área social, cultural, desportiva, animação, ambiental, etc. É constituído por um edifício situado na Rua Mouzinho da Silveira, n.º 234, que recentemente abriu as portas a diferentes associações em início de atividade. A Casa das Associações compreende, assim, várias valências a conhecer: espaço público de convívio que privilegia a informação juvenil; Gabinete de Inserção Profissional apoiado pelo IEFP; espaço dedicado ao acesso às novas tecnologias de informação; área polivalente para realização de

Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto (FAJDP)

148 MOUZINHO DA SILVEIRA

176. Piso térreo.

177. Piso superior.

149 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.14 Viela do Anjo e Edifícios envolventes Largo do Duque da Ribeira

A urbe, nos primórdios desenvolvia-se entre a cota alta, do Morro da Sé, e a cota baixa, do Cais da Ribeira. O casario do Porto cresceu ao longo dos percursos de ligação entre estes dois pólos, em especial aproveitando parte da Via Romana, que contornava o morro para vencer o desnível em espiral através das actuais ruas dos Mercadores, Bainharia e Escura. A abertura da Rua de Mouzinho da Silveira no séc. XIX, cobrindo o Rio da Vila e demolindo diversos edifícios, permite criar novos espaços e introduzir uma nova lógica na circulação

178. Vista do Largo.

viária. A Viela do Anjo passa a ficar definida pelo tardoz dos novos edifícios da Rua de Mouzinho da

dotar de maior salubridade uma zona da cidade que

Silveira e da Rua da Bainharia, adquirindo assim

se encontrava por cerzir desde a abertura da Rua

um carácter secundário e marginal. Os logradouros

de Mouzinho da Silveira. Procuramos estabelecer

são progressivamente ocupados por construções de

novas ligações, articulando percursos existentes e

carácter precário que invadem os espaços público e

propostos, ligando a cota alta à cota baixa, a cidade

privado.

antiga à cidade nova. Recuperamos os edifícios envolventes, introduzimos novos alinhamentos e

O projecto da Viela do Anjo e Edifícios Envolventes,

definimos novos acessos, utilizamos uma linguagem

insere-se na estratégia global de recuperação do

contemporânea que foi materializada com o recurso

Centro Histórico do Porto, iniciada pela Câmara

a materiais de tradição local, como o granito, as

Municipal do Porto nos anos 70 do séc.XX, e pelo

madeiras, o aço, o azulejo, o reboco e as tintas à base

Projecto-Piloto Urbano do Bairro da Sé, programa

de cal e de óleo. Os edifícios de habitação têm no

comparticipado pela Comunidade Europeia a partir

rés-do-chão espaços comerciais e na praça existe um

de 1993, data de início do projecto. A intervenção

equipamento de apoio. A grande diferença de cotas,

situa-se no quarteirão definido pelas antigas ruas do

e a dimensão da intervenção, permitiu criar um

Souto, da Bainharia, da Ponte Nova e Viela do Anjo e

estacionamento subterrâneo em dois pisos.

pela nova Rua de Mouzinho da Silveira. A proposta prevê a criação de uma pequena praça que permite

José António Barbosa

150 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.15 Casa do Coração de Jesus Rua de Mouzinho da Silveira, n.º302

A Casa do Coração de Jesus nasceu a 18 de Outubro

daquela rua foi demolida e a loja transferiu-se para

de 1885, numa altura em que o cerimonial das

a vizinha Rua de Mouzinho da Silveira, nº 302, em

celebrações religiosas era mais rico e complexo que

1950, onde ainda se mantem.

nos nossos dias. Daí a viabilidade da criação de um atelier de fabrico de paramentaria e outras alfaias

Hoje como ontem, na Casa do Coração de Jesus a

religiosas destinadas ao culto.

arte de comerciar adquire tonalidades próprias. Pode-se comprar quase tudo o que se relaciona com

Conhecendo o mercado, Joaquim da Silva Melo,

o culto católico.

abalançou-se aos 25 anos a abrir uma loja de artigos religiosos na Rua do Corpo da Guarda, nº 19 a 21.

Apesar de viver desde sempre uma estabilidade

Aproveitando a circunstância de sua esposa ser

razoável, a simplificação do culto e a modernização

bordadeira criou desde logo uma secção de fabrico

da forma de estar na Igreja, operadas pelo

na Rua de D. Hugo, nº 37, onde trabalhavam quatro

Concílio Vaticano II, vieram modificar um pouco a

outras bordadeiras. Joaquim da Silva Melo ao criar a

natureza dos artigos disponíveis na casa, trazendo

Firma, deu-lhe logo a designação social de Joaquim

naturalmente quebras significativas nas vendas.

da Silva Melo & Cª, embora os únicos sócios fossem ele e a mulher.

Hoje a Firma é liderada por João Melo, neto de um dos sobrinhos do Fundador, tendo efectuado

À medida que o negócio se ia desenvolvendo, foi

a renovação da loja, dando-lhe um novo alento.

chamando, um após outro, os seus sobrinhos. Devido à abertura da Avenida da Ponte, parte

João Melo

151 MOUZINHO DA SILVEIRA

179. Desenho da fachada do antigo Banco Joaquim Alves d’Oliveira, atual Casa do Coração de Jesus.

180. Cartão de visita.

152 MOUZINHO DA SILVEIRA

5.16 Corpo da Guarda Rua de Mouzinho da Silveira, n.º306-348

181. Frente urbana do Quarteirão Corpo da Guarda.

Na Unidade de Intervenção do Corpo da Guarda,

A solução arquitectónica pugnou pela manutenção

que incide no quarteirão delimitado pelas ruas

da imagem exterior do edificado de origem, quer

de Mouzinho da Silveira, do Corpo da Guarda, dos

no que concerne à individualidade de cada prédio,

Pelames e do Souto, foi desenvolvida, sob a gestão

quer no que concerne aos materiais, revestimentos

da Porto Vivo, SRU, enquanto proprietária, uma

e desenhos de vãos. O interior surpreende pela

operação urbanística em parceria com os restantes

estruturação funcional, onde surge o espaço de

proprietários privados, em 8.200 m2.

estacionamento num piso elevado voltado à Rua de Mouzinho da Silveira, mas à cota da Rua do Corpo da

Tratou-se de reabilitar 27 prédios, dos quais 50%

Guarda por onde se faz o acesso automóvel. O piso

estava em mau estado de conservação, e, destes,

térreo e a mezzanine têm uso comercial e os pisos

cerca de 75% devolutos. Nesta operação conjugada,

superiores destinam-se a habitação.

entre proprietários e segundo um modelo de emparcelamento físico, gerou-se estacionamento

Este empreendimento encontra-se actualmente

para 18 viaturas, fogos habitacionais de diversas

em comercialização, sendo um dos primeiros

tipologias e espaços para acolhimento de

acontecimentos que contribui para a mudança do

actividades comerciais.

ambiente global do Eixo Mouzinho/Flores.

153 MOUZINHO DA SILVEIRA

182. Início das ruas de Mouzinho da Silveira e das Flores. À esquerda os edifícios reabilitados do Quarteirão Corpo da Guarda; ao centro o edifício que encabeça o Quarteirão, já reabilitado, de Trindade Coelho; à direita, o Quarteirão das Cardosas. De salientar que na obra de reabilitação do Quarteirão de Trindade Coelho se manteve, no edifício do topo, os reclamos que constituem imagem de marca deste quarteirão.

154

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Co-financiamento

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