Editorial. JORNAL DA SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO DA ORDEM DOs ENFERMEIROs Setembro de 2009 ANO 7 Nº Editorial. 3 Pessoa Ostomizada. 4 Quem Sou?

October 16, 2017 | Author: Maria Vitória Vilaverde Laranjeira | Category: N/A
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Editorial

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JORNAL DA SECÇÃO REGIONAL DO CENTRO DA ORDEM DOs ENFERMEIROs



Setembro de 2009 | ANO 7 | Nº. 20

2 Editorial 3 Pessoa Ostomizada 4 Quem Sou?



6 Acidentes de trabalho Trabalhe a prevenção!

8 6 de Outubro Dia Mundial dos Cuidados Paliativos 10 Estratégias para viver com a incontinência urinária 11 Olhe e cuide de si… Veja com as mãos! 12 Regresso às aulas 13 Segurança Medicamentosa no Idoso

O que tinham sido pesadelos, hoje parecem apenas sonhos longínquos... Sou uma mulher abençoada! Voltei a sorrir e a andar de cabeça levantada

14 Associação Portuguesa de Ostomizados (APO) 15 Cultura e Lazer 16 GRIPE A(H1N1) Novo vírus… Nova gripe…

Enfermagem e o Cidadão | 1

Editorial

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Por uma sociedade mais inclusiva

Elevemos a voz e a acção Conjuntamente com outros países, Portugal foi dos primeiros a assinar, a 30 de Março de 2007, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas e seu Protocolo Opcional. Com a publicação das Resoluções da Assembleia da República (RAR) nºs 56/2009 e 57/2009 e dos Decretos do Presidente da República nºs 71/2009 e 72/2009, em Diário da República a 30 de Julho, ficaram respectivamente aprovados e ratificados, obrigando-nos a todos – cidadãos, profissionais de saúde e agentes políticos – a tudo fazer para a sua implementação, respeito integral e controlo, decorrendo este último, directamente do Protocolo Opcional. Constitui objecto desta Convenção “promover, proteger e garantir o pleno e igual gozo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.” (RAR 56/09), corroborando assim, o contemplado no artigo 1.º, da Declaração Universal dos Direitos do Homem, “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” De acordo com os seus princípios, esta Convenção visa o respeito pela identidade, dignidade, diferença, inclusão, igualdade e acessibilidade das pessoas com deficiência, no sentido da promoção da sua autonomia e liberdade, de forma a evitar todo o tipo de discriminação. Entende a mesma, que esta discriminação “designa qualquer distinção, exclusão ou restrição com base na deficiência que tenha como objectivo ou efeito impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade com os outros, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais no campo político, económico, social, cultural, civil ou de qualquer outra natureza. Inclui todas as formas de discriminação, incluindo a negação de adaptações razoáveis” (RAR 56/09). Reportando-nos à Constituição da República Portuguesa, está o Estado obrigado a “…realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores” (cf. nº2, art.º 71º, Cidadãos portadores de deficiência). Pugnando pelo princípio de igualdade de todos perante a lei, nos direitos e nos deveres, e em conformidade com todo o articulado legal referido, há que elevar a voz e a acção por uma sociedade mais inclusiva, justa e solidária. Relativamente à Saúde, são imputadas aos Estados subscritores da Convenção, conforme seu artigo 25º, as seguintes obrigações,“Os Estados Partes reconhecem que as pessoas com deficiência têm direito ao gozo do melhor estado de saúde possível sem discriminação… tomam todas as medidas apropriadas para garantir o acesso às pessoas com deficiência aos serviços de saúde que tenham em conta as especificidades do género, incluindo a reabilitação relacionada com a saúde…” devendo-lhes nomeadamente:

“a) Providenciar às pessoas com deficiência a mesma gama, qualidade e padrão de serviços e programas de saúde gratuitos ou a preços acessíveis iguais aos prestados às demais, incluindo na área da saúde sexual e reprodutiva e programas de saúde pública dirigidos à população em geral; b) Providenciar os serviços de saúde necessários às pessoas com deficiência, especialmente devido à sua deficiência, incluindo a detecção e intervenção atempada, sempre que apropriado, e os serviços destinados a minimizar e prevenir outras deficiências, incluindo entre crianças e idosos; c) Providenciar os referidos cuidados de saúde tão próximo quanto possível das suas comunidades, incluindo nas áreas rurais; d) Exigir aos profissionais de saúde a prestação de cuidados às pessoas com deficiência com a mesma qualidade dos dispensados às demais, com base no consentimento livre e informado, entre outros, da sensibilização para os direitos humanos, dignidade, autonomia e necessidades das pessoas com deficiência, através da formação e promulgação de normas deontológicas para o sector público e privado da saúde; e) Proibir a discriminação contra pessoas com deficiência na obtenção de seguros de saúde e seguros de vida, sempre que esses seguros sejam permitidos pelo Direito interno, os quais devem ser disponibilizados de forma justa e razoável; f ) Prevenir a recusa discriminatória de cuidados ou serviços de saúde ou de alimentação e líquidos, com base na deficiência.” Decorrente destas obrigações e reafirmando a nossa responsabilidade profissional e social, contem connosco, enfermeiras/os, para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde todos possamos viver o nosso projecto de saúde, de igual para igual, no respeito integral pela individualidade de cada pessoa. A propósito, no próximo dia 3 de Dezembro, Dia Internacional do Cidadão com Deficiência, participemos em todas as iniciativas que certamente ocorrerão no país e militemos para que todos os dias se cumpra o respeito pela diferença, na busca permanente da igualdade e liberdade para todos. Bibliografia e Leituras Recomendadas: - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA (Link: http://www. parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx) - CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - Resolução da Assembleia da República n.º 56/2009, de 30 de Julho (Link: http://www.inr.pt/bibliopac/diplomas/res_56_2009.htm) - PROTOCOLO OPCIONAL À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA - Resolução da Assembleia da República n.º 57/2009, de 30 de Julho (Link: http://www.inr.pt/bibliopac/diplomas/res_57_2009.htm)

Manuel Oliveira

(Presidente do Conselho Directivo Regional Secção Regional do Centro – Ordem dos Enfermeiros)

Ficha Técnica Distribuição Gratuita • Jornal da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros; Av. Bissaya Barreto, 185; 3000-076 COIMBRA; Tel.: 239 487 810; Fax: 239 487 819; www.ordemenfermeiros.pt; E-mail: [email protected] • Director Manuel Oliveira • Coordenação Editorial Filipe Marcelino; Manuela Coimbra • Conselho Editorial Fernanda Pereira; Fernando de Seabra; Isabel Sampaio; Fernando Júlio; Rosa Meneses; Tânia Morgado; Elisabete Santos; Hélder Araújo • Conselho Científico Manuela Coimbra; Manuel Oliveira; Cristina P. Carmona; Conceição Martins; José Manuel Cavalete • Colaboradores Especiais Ana Cristina Ferreira; Ana Seiça; Isabel Morais; Emília Ferrinho; Vitor Pereira, Vitor Manuel R. R. Costa; Daniel Silva; Filomena Ferreira; Equipa de Enfermagem do Centro de Saúde de Pinhel; Cátia Godinho; Tatiana Almeida; Antánio Cabral; José Coimbra • Revisão Editorial Tânia Morgado; M.ª João Henriques • Fotografia Diana Marcelino • Secretariado Rute Dias da Silva; João Pedro Pinto; Elizabete Figueira; Liliana Reis; Fernanda Marques • Maquetização, Produção PMP COIMBRA • Tiragem 5.000 exemplares • Depósito Legal 178374/02 • Impressão PMP  | Enfermagem e o Cidadão

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Falando Sobre...

Pessoa Ostomizada Ana Cristina Ferreira; Ana Seiça; Isabel Morais Enfermeiras do Gabinete de Estomaterapia do IPOCFG,E.P.E.

A Pessoa Ostomizada é aquela que após uma cirurgia fica portadora de uma ostomia. Desta técnica resulta um estoma, que significa boca ou abertura e serve para exteriorizar à pele uma víscera oca – traqueia, intestino ou ureteres. São diversos os tipos de ostomias, denominadas em função do segmento exteriorizado. Assim, se é a laringe que é retirada dizse que a pessoa fica com uma laringectomia; se é exteriorizado o intestino delgado diz-se que a pessoa fica com uma ileostomia; se é o intestino grosso diz-se que a pessoa fica com uma colostomia e se são os ureteres exteriorizados diz-se que a pessoa fica com urostomia. As ostomias mais frequentes são as colostomias e estima-se que em Portugal existam cerca de 12 mil Pessoas Ostomizadas. Existem variadíssimas causas que levam à necessidade de uma ostomia que pode ser de carácter temporário ou definitivo, no entanto, o cancro é a causa mais frequente. Qualquer tipo de ostomia constitui uma mutilação física, que com maior ou menor impacto, levanta problemas de natureza psicossocial na vida da pessoa que a ela é sujeita. A perda da autoestima inerente à alteração da imagem corporal e à incontinência provocada pela perda da função esfíncteriana vesical ou anal, ou, a perda da voz, conduzem a Pessoa a fragilidades emocionais e psicológicas, que se repercutem nos vínculos familiares e sociais. Nalguns casos, a perda da liberdade e autonomia, as alterações da sexualidade, bem como os problemas de natureza económica dificultam o processo de adaptação. Todos estes aspectos também têm repercussões na família. Assim, a pessoa ostomizada e a sua família necessitam de tempo e de ajuda especializada para se ajustarem às modificações verificadas de forma abrupta nas suas vidas. A necessidade de desen-

volverem habilidades voltadas para o autocuidado e o regresso às actividades de vida diária assumindo os papeis e relações familiares, sociais e profissionais anteriores à ostomia livres de medos, tabus e fantasias, constitui um verdadeiro desafio para os profissionais de saúde na reabilitação da pessoa ostomizada, só possível com a intervenção de uma equipa multidisciplinar onde o Enfermeiro com competências em estomaterapia tem um papel crucial. Mas, ser Pessoa Ostomizada não significa ser inválida ou deficiente, ou perder qualidade de vida, pelo contrário! Com os avanços tecnológicos e científicos, essenciais ao aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas, dos equipamentos e produtos para os cuidados à ostomia e pele circundante – a pele periestomal, a variedade de materiais disponíveis no mercado e o aumento de uma melhor assistência em cuidados de enfermagem de estomaterapia, têm contribuído para promoção da qualidade de vida da Pessoa Ostomizada. Se tem uma ostomia deixamos-lhe alguns conselhos práticos, use apenas os materiais indicados à sua situação e às suas necessidades, de acordo com as suas preferências. Esteja atento aos sinais de possíveis complicações e consulte o Enfermeiro de Estomaterapia sempre que tenha qualquer dúvida. Como sabe, a saúde é o nosso melhor bem! Optar por um estilo de vida saudável é sempre uma boa escolha. Faça uma alimentação variada e equilibrada. Controle o excesso de peso. Não fume, evite o álcool e modere o stress. Beba água. Pratique exercício físico regularmente, conviva e divirta-se. Faça vigilância de saúde e participe nos programas de rastreio. Para mais informações pode consultar o Gabinete de Estomaterapia do Instituto Português de Oncologia de Coimbra através do site [email protected]. Enfermagem e o Cidadão | 

Tem a Palavra

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Quem Sou? O meu nome é EMILIA FERRINHO, tenho uma Colostomia Definitiva, sou doente Oncológica do IPO de Coimbra desde 03 de Janeiro de 2005. Tenho 57 anos, estou aposentada e moro em Leiria. FALANDO MAIS DE MIM: Sou viúva desde os 30 anos, tenho a sorte de ter um filho lindo, de 33 anos, que vive em Lisboa e é o meu grande amor, o meu orgulho e a minha luz. A minha Família é muito unida e querida. A minha Mãe é maravilhosa, de 89 anos, cheiinhos de energia e juventude. É a minha melhor amiga e a pessoa mais bonita, corajosa, inteligente e forte que conheço. Para além deles, ainda fui abençoada por um grupo de Amigos Especiais e fantásticos. E é a magnanimidade de todas estas pessoas tão queridas, tão cheias de amor, carinho e amizade que dá sentido, cor e alegria à minha existência. Procurei sempre ser feliz e cuidar de mim, dos meus e da vida, em todos os campos, quer profissional, social ou familiar, da melhor forma que consegui, mantendo boa atitude, optimismo, muito respeito, muito trabalho, muita perseverança, confiança, honestidade, humildade, compreensão, gratidão, carinho e muita fé. Pratiquei e ainda gosto de praticar quase todos os desportos. Gosto de rir, de ler, escrever e pintar, de dançar e brincar, de ouvir música e cantar e de ir ao cinema ( aliás continuo cinéfila). Gosto de jogar canasta, King ou Eleven, Monopólio, etc, e até de fazer palavras cruzadas. Amo e sempre amarei a mãe natureza, o Céu e as Estrelas, o Sol e o Luar, as flores do campo, até a chuva e o seu cheiro, a praia e o mar… Aprendi a nadar aos 52 anos!!! E tinha um horror, não sei bem a quê. Tinha medo da água… E até fui sócia fundadora duma Rádio da nossa cidade do Lis, onde era locutora, fiz alguns programas e era “pivot” das notícias do dia. Enfim, tive uma vida cheia, intensa, onde fiz de quase tudo… Falta dizer que ando quase sempre alegre, um pouco atrevida, um pouco irreverente, sou simpática e também sou vaidosa, dizem, sem exageros, ou melhor, porque sempre gostei de me ver e sentir bem, pois desse modo estarei sempre bem onde quer que esteja.

No dia seguinte apresentei me cedo ao trabalho, e um pouco mais produzida mas não aparentando nada de especial e marquei reunião mal todos estivessem da minha área, no meu gabinete. Armada em forte dei conta da situação, disse que não sabia o que iria acontecer. Pedi ajuda da equipe de trabalho. Pedi que não chorassem, mas isso foi difícil, e pedi que não divulgassem. Surpreenderam-me pois deram todos as mãos e transmitiram-me carinho e coragem sem palavras. Abracei os individualmente e retomamos o nosso trabalho. Mais tarde chega a Directora e minha amiga e foi uma desgraça, chorámos ambas. Ao meu filho é que eu não sabia como é que lhe ia dizer. Só pensava Meu Deus ele já perdeu o pai e agora estou eu assim, não consegui. Liguei-lhe depois da reunião a dizer que tinha que ir para o Hospital, e ele meteu-se logo ao caminho. Os filhos são como as mães, também têm 6º sentido. Fui hospitalizada várias vezes em Leiria e dei entrada no IPO de Coimbra a 03/01/2005. Não consegui falar, só chorava, apenas perguntei à Médica na DT se me iam curar…Aí confirmaram a colostomia definitiva. Trabalhei até 17 de Fevereiro, sempre de sorriso nos lábios e quimio a tiracolo… até ter uma pneumonia. Iniciei quimioterapia a 11 de Janeiro. Durou quase 1 ano este tratamento(antes e depois da cirurgia)e mês e meio de Radioterapia concomitante com quimio diariamente. Ia e vinha todos os dias de Leiria/Coimbra/Leiria.Foi tão mau…vieram tantos males… sentia-me a ir, nem sei para onde, não conseguia pensar, não comia, não dormia, vomitava muito, era quase um vegetal, estava a faltar-me a força.Era tão grande o mal estar de que padecia, que já quase nada me interessava…estava sozinha em casa, porque não queria que a minha mãezinha me visse e soubesse o que eu tinha (o pai dela tinha morrido com o mesmo problema).É muito difícil a uma mãe “fazer” sofrer outra mãe, e era isso que não queria para a minha. No entanto e dadas as circunstâncias, acabei por ir em meados de Março, para casa dela. Esperava os fins de semana com ansiedade pois vinha o meu filhinho, a minha força, a minha vida... Passou-se o tempo, pararam os tratamentos e outra etapa viria.

A DOENÇA: A 14 de Dezembro de 2004 foi me diagnosticado Adenocarcinoma do recto. Não acreditei, nunca pensei poder ter cancro. Não quis dizer a ninguém. Era impossível, além disso a ser verdade, era uma coisa minha que eu tinha que tentar saber gerir. Após saber, pedi ao meu namorado que me levasse a casa da minha mãe, senti essa necessidade, não para contar, não! Estive a rir e a comer, ainda lembro, broa com chouriço. Depois dei beijinho como é hábito e fui para minha casa. E então sim, falei ao telefone com a minha afilhada querida que é médica, e que tantas vezes me tinha chamado a atenção, e chorei, chorei, chorei. Falou-me logo do saquinho, mas ainda tinha fé que isso não acontecesse.

A CIRURGIA: Queria que tudo acabasse depressa, mas ao mesmo tempo, tinha tanto medo do que ia acontecer. Nem sequer queria imaginar, embora me tivessem facultado documentação. Achei que precisava de serenar, depois se via. No dia anterior à cirurgia, conheci o meu hoje ANJO DA GUARDA (minha querida Enfermeira Isabel Morais), que com o seu carinho, profissionalismo, respeito e cuidado me marcou a barriga onde supostamente eu iria ficar com o Estoma e me transmitiu as informações necessárias, já que eu não era capaz de fazer perguntas. Disse que depois me ia visitar e perguntou me se gostaria de conhecer alguém com o mesmo problema ao que acedi.

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Surgiram então as Cirurgias, uma a 17 e outra a 19 de Maio/05, continuava sem pensar em nada que não fosse no meu filho querido com quem acordava e adormecia, mas estava sempre alegre apesar daqueles tubos todos. Dos Enfermeiros às Auxiliares, todos eram dum carinho e simpatia extrema e então o meu muito querido Dr. Navarro, nem se fala, sempre a ver se tudo estava bem. Até que certo dia, já estava na Enfermaria mas ainda entubada, aproxima-se de mim uma senhora linda de maravilhosos olhos azuis, sorriso bem rasgado, toda bem vestida e com calça ganga justa. Querida Amélia, como me fizeste bem! Deu-me um beijinho, mostrou-me orgulhosa o saquinho. Falou da sua vida e eu agradecida pensei, se Tu conseguiste também vou conseguir! E prometi a mim mesma, que se fosse capaz de aceitar e conviver com esta coisa que logo baptizei de ET, iria fazer voluntariado, iria ajudar como fui ajudada. Enquanto estive hospitalizada as coisas foram menos difíceis. Já em casa a situação complicou-se muito, porque quando tentava tratá-lo das primeira vezes, e embora acreditasse que tinha que conseguir, chorava sempre, mas nunca desistia. Ele fazia muitos barulhos, cheirava mal e sujava-se e sujava-me, quando e onde bem lhe apetecia. Assustava-me muito, e das duas uma, ou ia andar amargurada, ou ia encontrar o equilíbrio entre os dois. Foi isso que aconteceu. Desisti da tristeza, porque não tinha hipótese nenhuma de deixar de conviver com ele, logo brinco com ele. Mostrava o ET a toda a família. Bolas fazia parte de mim! Era como que um pedido de aceitação também da minha pessoa, agora desta maneira, com ele! Era tão estranho este buraco na barriga, com um saquinho pendurado, carecia de apresentação e conforme as caras dos meus irmãos, mais vontade me dava de o mostrar. Posso dizer que neste momento já quase toda a gente que eu amo e até outras pessoas, o conhecem e já se riem quando ele faz barulho ou cheira mal e mais até lhe fazem festas. Engraçado não é? Quem diria!? O meu optimismo acabava por vencer, dado que tentava ridicularizar as situações difíceis, e à medida que ia conhecendo o ET e as suas diabruras, também ia descobrindo que podia vestir a roupa gira que eu quisesse e que não se notava, que podia ir ao cinema, que podia viajar e a verdade é que nunca viajei tanto, como desde que tenho o ET. A única coisa que precisava ter sempre por perto era o material e uma WC, não fosse o diabo tecê-las. Quando estava com alguém que não sabia, e ele se lembrava de fazer barulhos, eu batia com o tacão do sapato no chão, para disfarçar e mais tarde ria imenso com a situação. Mas e há sempre um mas, apesar de tudo isto, sentia-me diminuída, menos mulher. Achava que mais ninguém olharia para mim da mesma maneira, a não ser claro a família e os amigos. Eu que praticava às vezes 3horas seguidas de STEP ou Aérobica, que dançava, corria, que até achava que tinha um corpo bonito, que sempre cultivei, que achava que era gira… vejo-me assim. Meu Deus ajuda-me. E claro, temos que pedir ajuda para sermos ajudados. Não se pode perder a fé. NUNCA! E é por isso que para mim o apoio do Gabinete de Estomaterapia é uma bênção. É o meu porto de abrigo. Onde vou buscar tantas vezes ainda “alimento” quando sinto mágoa. Onde vou desanuviar e espantar dúvidas, tristezas e incertezas. É onde encontrei o conhecimento, a serenidade, a dedicação e a simpatia num cuidado constante.

Tem a Palavra O acompanhamento é sempre duma disponibilidade sem limites. É onde continuo a ir buscar a Vontade para continuar. De lá sempre trouxe Esperança, conhecimentos e mimos para prosseguir a minha vida. A atenção, o atendimento e o carinho geraram uma imensa cumplicidade, e como não tenho tabus, foi me aconselhado, caso quisesse ter uma vida sexual activa, que teria que ter relações. Ai Ai, então tinha sido operada em Maio. Em Junho ainda andava a navegar com o meu ET, digamos que estávamos à experiência e já exigiam mais de nós? Só podia ser sexo terapêutico, mais nada, mas tinha que ser! E mais uma vez, lá vou pedir conselho ao meu filhote e então não é que ele me deu algumas sugestões bastante úteis, do tipo: atar um lenço sexy à volta da barriga, usar bastante lubrificante, levar a coisa meio a sério meio a brincar e inclusivé ofereceu-me um vibrador lilás, coisa que eu nunca tinha visto na vida. Esta prova também foi superada, porque de novo, a paciência e o amor foi mais forte que a dor. Se alguém tem dúvidas de que o sorrir, gera alegrias, é bom que comece a treinar, só para ver se é verdade… e outra coisa, nunca devemos deixar de lutar, baixar os braços, nunca, nem que seja apenas por momentos, porque a Felicidade é feita apenas de momentos... e corremos o risco de a perder. Não se deve ser egoísta e muito menos quando estamos doentes, porque quem nos ama e nos trata, acaba tantas vezes por sofrer ainda mais do que nós, porque nós sabemos até onde vai a nossa dor, mas eles não. Tudo isto e ainda o não querer que me vissem nesse estado, também me ajudava a diminuir o sofrimento, porque desse modo, já não o via tanto quando olhavam por mim e para mim. Mas se caminhei desta maneira, foi com esperança no amanhã, sorrindo quando me apetecia chorar e em especial com a ajuda de todos os que me amam e eu amo e a esses também bendigo. Temos tantas capacidades escondidas. Tudo fui capaz de ultrapassar. Tudo foi voltando e acontecendo na minha vida. Mas já não era a mesma vida, mas uma melhor vida, revigorada, fortalecida em amor, fé e confiança. Fui caminhando e agarrando com firmeza o que tinha perdido, a alegria de viver, a confiança, a auto-estima. E O DEPOIS: De olhos no Céu grandioso e lindo, e sem revoltas, agradeço a Deus tudo o que me deu e cada etapa conseguida. O que tinham sido pesadelos, hoje parecem apenas sonhos longínquos de alguma imaginação mais fértil. Há um tempo para tudo, um tempo sem tempo, um tempo difícil, mas ainda assim um tempo, e é mesmo só quando acontece esse tempo que devemos pensar. E embora haja tempo para chorar, há sempre tempo para rir, para ser feliz, para nos sentirmos abençoados, para sermos gratos e para amarmos o que nos foi dado, porque apesar de termos isto ou aquilo, temos a obrigação de ser capazes de ver, amar e saborear as coisas boas da vida, que são tantas! Sou uma Mulher Abençoada! Voltei a sorrir e a andar de cabeça levantada. Já me dizem: estás de volta! Tenho de novo uma vida cheia. Namoro muito. Canto no Orfeão de Leiria, pratico aulas de dança, faço passeios a pé, vou à praia, faço férias onde me apetece, durmo as horas que quero, leio, escrevo, convivo, vou ao cinema, viajo muito, e este ano vou para a Universidade Sénior. Enfim faço tudo o que na minha Vida me apetecer fazer, claro está que sempre acompanhada, pelo Senhor ET e por tudo o que a ele diz respeito. Enfermagem e o Cidadão | 

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19 a 25 OUtUBro de 2009 Semana Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho



ACIDENTES DE TRABALHO Trabalhe a prevenção!

Vítor Pereira

Especialista em Enfermagem de Reabilitação

Nas últimas décadas, a Comissão Europeia tem produzido um vasto conjunto de directivas, que Portugal, à semelhança dos outros estados membros, tem vindo a adoptar, obrigando os serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (SHST) a seguir uma orientação mais compreensiva da saúde dos trabalhadores, centrada na promoção da saúde e na manutenção da capacidade de trabalho ao longo da vida activa. Apesar de todo o esforço que tem sido feito na área da sinistralidade laboral, os números continuam a ser dramáticos: a cada três minutos e meio morre uma pessoa na UE por causas relacionadas com o trabalho e a cada quatro segundos e meio, um trabalhador da UE tem um acidente que o força a permanecer em casa pelo menos três dias úteis (dados da EUOSHA). Em Portugal temos assistido a uma diminuição da sinistralidade laboral. Os últimos dados, divulgados pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), revelam que já morreram 45 trabalhadores, vítimas de acidentes de trabalho, nos primeiros seis meses deste ano, evidenciando uma diminuição  | Enfermagem e o Cidadão

comparativamente com o mesmo período do ano passado, em que foram registados 56 acidentes mortais. Ainda segundo a mesma fonte, os dados da sinistralidade laboral nos últimos anos são os seguintes: ao longo de 2008 ocorreram 120 acidentes de trabalho mortais (59 na construção), em 2007 foram registados um total de 163 acidentes mortais (82 na construção), em 2006 um total de 157 (71 na construção) e em 2005 um total de 169 acidentes mortais (86 na construção). As principais causas de morte são as quedas em altura, esmagamento e choque com objectos. Se atendermos ao número total de acidentes de trabalho dos últimos anos, eles cifram-se em mais de 200 mil por ano, sendo a indústria transformadora o sector económico onde o número é mais elevado. A sinistralidade laboral tem sido objecto de análise e estudo, estando comprovado e demonstrado que os acidentes ocorrem devido a uma conjugação de vários factores (causa pessoal, causa mecânica, erro de gestão) e que estes ocorrem em locais onde existem riscos.

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Estes factos levam-nos a considerar que a prevenção deve obedecer a vários princípios, nomeadamente: a prevenção deve iniciar-se no momento da concepção do edifício, das instalações e dos processos de trabalho; as operações perigosas e as substâncias nocivas, devem ser substituídas por operações e substâncias inofensivas ou menos nocivas; devem ser adoptadas medidas de organização do trabalho de forma a reduzir o tempo de exposição dos trabalhadores ao risco; a instalação de equipamentos de segurança deve privilegiar a segurança colectiva; deve existir ao nível das empresas uma gestão estruturada da segurança laboral, com propósitos na identificação e avaliação dos riscos, no planeamento de medidas correctivas, na implementação e execução das mesmas e por fim, ao nível da avaliação e auditoria. A avaliação de riscos constitui uma análise sistemática de todos os aspectos do trabalho empreendido, com objectivos de identificar aquilo que é susceptível de causar lesões ou danos, avaliar se os riscos podem ser eliminados e/ou quais as medidas de prevenção ou protecção que existem, ou deveriam existir, para controlar esses riscos. Nesta avaliação é fundamental que os trabalhadores sejam consultados e envolvidos, para que a identificação dos perigos se faça, não só pelo conhecimento teórico dos riscos, mas também pelo conhecimento das condições de trabalho e do tipo de efeitos adversos que esses perigos têm para os próprios trabalhadores. A prevenção da sinistralidade laboral deve abranger ainda, os seguintes aspectos: a fiscalização; a sensibilização das entidades patronais; a consciencialização e a formação dos trabalhadores; a promoção e vigilância da saúde dos trabalhadores; a formação e a consequente admissão nas empresas de Técnicos em Prevenção de Riscos Laborais e Técnicos de Higiene e Segurança no Trabalho. Ao nível dos trabalhadores os acidentes de trabalho são muitas vezes evitáveis com a prática de medidas simples, das quais destacamos: - Cumprir as prescrições de segurança, higiene e saúde no trabalho; - Usar correctamente equipamentos de protecção individual – vestuário de protecção adequado, protecções auriculares para o ruído, óculos, capacetes, dispositivos anti-queda e equipamento de protecção respiratória, entre outros; - Não ingerir bebidas alcoólicas ou outras drogas; - Utilizar correctamente máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos; - Seguir escrupulosamente as regras de segurança na realização de actividades mais perigosas; - Organizar o local de trabalho, não deixando objectos fora dos seus lugares ou mal arrumados; - Procurar formação e informação sobre os riscos e cuidados que deve ter na actividade que desenvolve e quais as formas de protecção para reduzir esses riscos; - Participar sempre nas acções ou cursos de prevenção de acidentes que a empresa lhe proporcionar; - Utilizar correctamente os dispositivos de segurança próprios das máquinas e das instalações e jamais os retirar; - Avaliar o peso das cargas antes do transporte manual; - Utilizar meios mecânicos para auxiliar na movimentação manual de cargas (acima de 20 ou 30 kg); - Adoptar posturas correctas;

Todos os Dias são Dias A prevenção dos acidentes de trabalho deve ser entendida como um investimento, para os empregadores com retorno na produtividade e melhoria da imagem da empresa, para os trabalhadores, com retorno na sua saúde e qualidade de vida. - Comunicar imediatamente à entidade patronal ou aos responsáveis, toda e qualquer situação de trabalho que represente um perigo grave ou imediato para a segurança e saúde, bem como qualquer defeito nos sistemas de protecção; - Respeitar a sinalização de segurança; - Manter o local de trabalho arrumado e limpo; - Manter as zonas de passagem limpas e desimpedidas; - Acondicionar correctamente materiais e produtos; - Respeitar normas de utilização de material eléctrico; - Organizar o local de trabalho para que seja confortável em termos de luminosidade, temperatura, postura, disposição do material, altura das mesas e bancadas de trabalho; - Não improvisar; - Adoptar medidas gerais de promoção da saúde – alimentação, exercício físico, horas de sono, vacinação e rastreios periódicos.

Datas a reter:

19 a 25 Outubro de 2009 - Semana Europeia para a Segurança e a Saúde no Trabalho 28 de Abril - Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 28 de Abril - Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho

Sítios web de interesse:

http://www.act.gov.pt (Autoridade para as Condições do Trabalho) http://osha.europa.eu (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho)

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6 de OUtUBro Dia Mundial dos Cuidados Paliativos Vitor Manuel Rodrigues Rua da Costa

Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Arcebispo João Crisóstomo

Ligados à religião cristã, com o aparecimento em Roma dos primeiros “Hospices”, os Cuidados Paliativos surgem de uma forma estruturada na década de 60, em Inglaterra, com a criação do St. Cristopher Hospice em Londres, por Cicely Saunders, Enfermeira Inglesa que mais tarde se licenciou em Medicina, para “poder cuidar bem dos doentes terminais, esquecidos pelos médicos tradicionais”. O St. Cristopher Hospice foi o primeiro que, numa visão holística do ser humano e de cuidados integrados, ligou o alívio da dor e controle de sintomas, com cuidado humanizado, ensino e pesquisa clínica. É sem dúvida a partir daqui que os Cuidados Paliativos adquirem visibilidade e se constituem com o decorrer do tempo, como uma especialidade da Medicina dedicada ao controlo dos sintomas que geram desconforto e ao alívio do sofrimento, incluindo o sofrimento psicológico e espiritual do doente e da família.  | Enfermagem e o Cidadão

Perante o desespero de muitos doentes que sentiam que já nada havia a fazer por eles, Cicely Saunders teve um dia esta afirmação: “Quando já não há nada a fazer, muito ainda se pode fazer:” Efectivamente os Cuidados Paliativos são a esperança daqueles que já não têm esperança, pois na ausência de expectativas de cura, os Cuidados Paliativos devolvem a esperança de poder ter um final de vida digno, pela promoção da qualidade de vida, aliviando tudo o que possa causar desconforto ou sofrimento. O termo paliativo deriva do termo latino “pallium” que significa manto, capa. Assim, nos Cuidados Paliativos envolvemse os sintomas por tratamentos que visam aliviar o sofrimento e promover o conforto do doente, melhorando a sua qualidade de vida e indo para além dos sintomas físicos, integrando também os de natureza psicológica e espiritual, facilitando uma

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Todos os Dias são Dias

Ligados à religião cristã com o aparecimento em Roma dos primeiros “Hospices”, os Cuidados Paliativos surgem de uma forma estruturada na década de 60, em Inglaterra, com a criação do St. Cristopher Hospice em Londres, por Cicely Saunders, Enfermeira Inglesa que mais tarde se licenciou em Medicina, para “poder cuidar bem dos doentes terminais, esquecidos pelos médicos tradicionais”. O St. Cristopher Hospice foi o primeiro que, numa visão holística do ser humano e de cuidados integrados, ligou o alívio da dor e controle de sintomas, com cuidado humanizado, ensino e pesquisa clínica. aceitação construtiva da morte. Desta forma, entende-se por acção paliativa toda a medida terapêutica sem intuito curativo, que visa minorar em internamento ou no domicílio, as repercussões negativas da doença sobre o bem-estar global do doente e da sua família. Os Cuidados Paliativos constituíram um grande avanço ao centrarem-se no doente e na família e não na doença, valorizando a qualidade de vida, pois que a Medicina sempre colocou grande ênfase nas doenças e nos seus tratamentos, muitos deles produtores de sofrimento. Por outro lado, tradicionalmente os Cuidados Paliativos estavam muito ligados a situações terminais. Hoje os Cuidados Paliativos aplicam-se no início do curso das doenças progressivas, no sentido de assegurar aos doentes, para além das intervenções terapêuticas necessárias, todo o tipo de apoio sócio-familiar, psicológico e espiritual, valorizando mais a dimensão humana e espiritual. Em Portugal, os Cuidados Paliativos iniciaram-se desde há cerca de uma dezena de anos, com abertura de Unidades e algumas experiências na comunidade, mas é com a criação da

Rede Nacional de Cuidados Continuados, em Junho de 2006, que inclui como uma das suas tipologias os Cuidados Paliativos, que estes adquirem visibilidade e se tornam efectivamente uma resposta integradora. Hoje a Rede conta já com cerca de uma dezena de Unidades disponíveis, bem como equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados Paliativos ou estando esses cuidados acessíveis a qualquer cidadão que deles necessite, sendo a referenciação efectuada a partir de qualquer unidade de internamento de agudos, através da Equipa de Gestão de Altas do respectivo Hospital, ou na comunidade pelas Equipas de Cuidados Continuados Integrados (onde existam) ou pelo Médico de Família, através das Equipas de Coordenação Local. Após avaliação das necessidades dos doentes, e tendo em conta o nível de intervenção e a prioridade, serão os doentes encaminhados para o recurso mais adequado. As equipas são multidisciplinares, no sentido de assegurar cuidados holísticos, e no seu funcionamento é muito importante a sua interdisciplinaridade, pelo princípio de que “nenhum de nós é melhor que nós todos”. Enfermagem e o Cidadão | 

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Estratégias para viver com a incontinência urinária Daniel Silva Enfermeiro

A incontinência urinária (IU) é uma patologia que afecta cerca de 600.000 portugueses com impacto negativo na qualidade de vida (QV) dos doentes. Esta doença aumenta com a idade e atinge ambos os sexos, embora predominando na mulher. A IU de “esforço” é mais comum na mulher abaixo dos 60 anos e a “incontinência por urgência” e “mista” acima dos 60 anos (VALE, P; 2007). O impacto na QV traduz-se por continuar a ser um tema tabu na sociedade, existe o sentimento de vergonha em referir o problema, podendo trazer repercussões a nível familiar, social, económico, laboral, sexual e do lazer (viajar, desporto, …), levando mesmo, segundo MONTEIRO (1998), a uma vivência solitária e silenciosa, devido a um processo de conformismo e desinformação. O mesmo autor faz ainda referência que as pessoas com IU são mais susceptíveis de desenvolverem depressão. Actualmente, a forma mais eficaz de tratamento para a IU de esforço é o cirúrgico, sendo o tempo de internamento cerca de 24 horas. Após este tratamento têm-se constatado excelentes resultados, com cerca de 85% de sucesso (CARNEIRO, M. et al; 2002). Apesar do tratamento cirúrgico demonstrar eficácia os tempos de espera ainda são elevados a nível do sector público e para cada tipo de IU é necessário um tratamento específico. Há, contudo, estratégias que o doente pode adoptar para lidar melhor com o seu tipo de IU, tais como: - elaboração de um diário miccional - permite identificar

o tipo de incontinência e as alterações verificadas com o inicio das estratégias; - modificação dos hábitos de vida - adequar a ingestão de líquidos às actividades diárias (evitar chás e café), reduzir o peso, aumentar a ingesta de fibras (prevenir a obstipação) e reduzir/abandonar hábitos tabágicos; - uso de vestuário fácil de despir e pouco apertado; - adaptação a produtos absorventes (fraldas e pensos higiénicos) – protegem, proporcionam conforto e ajudam na gestão e reeducação da IU; - adaptação da habitação para fácil acesso à instalação sanitária; - exercícios de tonificação dos músculos pélvicos em posição sentada ou deitada, 10 a 15 minutos, diariamente, durante 12 semanas. Estas soluções permitem que haja melhoria no quadro clínico e favorecem o tratamento em 50 a 85% (DUMOULIN, 2009). Como forma de reduzir o impacto da IU na QV dos utentes, as intervenções de enfermagem deverão incidir numa perspectiva de detecção, informação e esclarecimento destas estratégias, nomeadamente nos exercícios de fortalecimento muscular abdominopélvico, para que os doentes que sofram de IU possam tomar consciência que é um problema com solução e “quebrar” o silêncio comunicando aos profissionais de saúde de referência, restabelecendo desta forma a sua auto-estima e o seu papel na família e sociedade.

Bibliografia:

CARNEIRO, M. et al. – La technique TVT. Inter Bloc. Paris. ISSN 0242-3960. Tome XXI, nº 2, ( Juin, 2002), p. 96-98. DUMOULIN, Chantal; TANNENBAUM, Cara – L’incontinence: brisons le silence. Montréal: Université de Montréal, 2009. ISBN 9782-550-56355-6. MONTEIRO, L. A. – Sofrer em Segredo. Medicina & Saúde. Lisboa. A.1, nº 13, (Novembro,1998), p. 68-69. VALE, Paulo - O impacto socioeconómico. Dossier Saúde especial: Dia da incontinência urinária [em linha]. [S.l.: s.n.], (2007). [Consult. 7 Set. 2009]. Disponível em:< http://www.apurologia.pt/pdfs/dossiersaude.pdf>.

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Olhe e cuide de si… Veja com as mãos! Filomena Ferreira

Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica

Prevenir, detectar precocemente é regra de que todos os homens e mulheres devem ter consciência, sobretudo quando falamos de um bem precioso - SAÚDE. É importante que sejamos mais vigilantes, conhecendo os factores de risco e sinais precoces da doença, de modo a procurar os serviços de saúde para ser esclarecido e iniciar o tratamento logo que possível, se for caso disso. A possibilidade de cancro da mama existe nas mulheres e também nos homens, embora seja mais frequente na população feminina. Apesar de não existir uma forma garantida de prevenção do cancro da mama, a detecção precoce de alterações é fundamental para esclarecimento diagnóstico. O auto exame da mama é a forma de “ver com as mãos”. Pode parecer constrangedor no início, mas é uma ajuda preciosa na prevenção. Ao examinar-se, familiariza-se com o tecido mamário, reconhece qual é a aparência, coloração e o volume normal das mamas entre outras particularidades pessoais. A mama normalmente apresenta uma textura irregular ou com pequenas granulações, pelo facto de ser formada por vários tipos de tecido. No ciclo de vida da mulher há modificações no tamanho, na textura e na forma das mamas. Vários factores podem provocar alterações temporárias ou definitivas na anatmofisiologia: idade, ciclo menstrual, gravidez/lactação, terapêutica hormonal, menopausa, traumatismos, além de outras. Daí que os objectivos do auto exame sejam conhecer as características da mama, detectar precocemente alterações e procurar esclarecê-las com a sua equipa de saúde. Quem e quando se deve fazer o auto exame? - Todas as mulheres a partir dos 20 anos, mensalmente, uma semana após o período menstrual; se não for menstruada fará o auto exame mensalmente num dia fixo à escolha. Aprenda a “ver com as mãos” use sempre a mesma técnica e examine ambas as mamas da mesma forma. Deste modo qualquer modificação será mais fácilmente notada. Como e onde fazer o auto exame? Em frente ao espelho Observe, verifique se há diferenças entre o formato, tamanho, coloração e aparência das duas mamas e se surge corrimento ao pressionar cada um dos mamilos. Em frente ao espelho, deitada ou no duche Ponha uma das mãos atrás da cabeça e utilize a outra para palpar a mama do lado oposto. Proceda do mesmo modo para cada um dos lados. Faça deslizamento das mãos na mama. A aplicação de um creme ou gel de banho no duche podem facilitar. Com os dedos esticados faça movimentos percorrendo a mama desde a área próxima da axila até aos mamilos.

Utilize este tipo de movimento na altura do auto exame. A mão percorre a mama verticalmente num movimento para cima e para baixo cobrindo toda a extensão da mama. Com movimentos concêntricos, a mão parte da periferia da mama até chegar ao mamilo. Num movimento de vaivém, a mão vai do mamilo até à periferia da mama e retorna ao mamilo. O que deve procurar? Alterações de: forma, volume, / tamanho, espessamento, aparência (pele tipo casca de laranja), cor da pele da mama. Verifique alterações da posição ou cor do mamilo, se está invertido se tem corrimento. Procure à palpação das mamas algo diferente, por exemplo, um nódulo ou um inchaço diferente do resto do tecido mamário, ou um nódulo ou inchaço nas axilas, no braço ou em redor da clavícula. No caso de ter implante estético da mama deve do mesmo modo executar mensalmente o auto-exame da mama. Esclarecer-se com a sua equipa de saúde sobre o tipo de implante e como o distinguir do tecido mamário, facilitarão a execução do auto exame. Encontrou algo diferente ou que a preocupa? Qualquer dos sinais referidos deve ser esclarecido pela equipa de saúde. A maioria das alterações não tem gravidade, contudo devem ser esclarecidas. Um diagnóstico precoce de cancro da mama pode fazer toda a diferença para decisões sobre o tipo de tratamento e pode também ter influência no prognóstico. “Ver com as mãos” é a atitude de vigilância que todas as mulheres do mundo devem aceitar pensando na sua saúde. É um cuidado simples e rápido, que com a repetição e o tempo a tornará mais confiante e segura a sua realização.

Tem 10 minutos para “olhar e cuidar de si…”? O bem-estar e a saúde podem estar ao alcance da sua mão. http://www.vencerviver.dpp.pt/publicacoes http://www.vencerviver.dpp.pt/autoexame.pdf http://www.ligacontracancro.pt/ http://www.spsenologia.pt http://www.laco.pt/ http://www.wsh.nhs.uk/documents/PatientLeaflets/5449-1P.pdf http://www.mentorcorp.com/global-pt/breast http://www.orientacoesmedicas.com.br/examedemamas.asp

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Regresso às aulas Equipa de Enfermagem do Centro de Saúde de Pinhel

As férias de Verão chegaram ao fim e o regresso às aulas está aí. Nem sempre é fácil deixar a “bela vida” de sol, praia, brincadeira, deitar tarde, … Recomeçar exige algum esforço e sobretudo regras e organização. Com alguns dias de antecedência os Pais devem começar a fomentar, se necessário, impôr os horários para deitar, acordar, almoçar, brincar, de forma a retomar o ritmo normal. Este exercício é fundamental para que as crianças aprendam a importância da organização e a ter tempo para tudo. Neste início de ano lectivo, mais uma vez, queremos chamar a atenção para aspectos fundamentais que devem merecer a atenção dos Pais e Educadores, nomeadamente a alimentação, as mochilas e os acidentes rodoviários, porque estes podem ser determinantes no futuro das crianças e suas famílias. 1- Uma alimentação saudável promove um bom desenvolvimento cerebral e físico, melhora a aprendizagem escolar, incrementa a capacidade de resposta imunológica e previne o desenvolvimento de doenças metabólicas, degenerativas, entre outras. Desde cedo, devem ser incutidos princípios de alimentação saudável nas crianças de modo a promover o seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. A falha do pequeno-almoço pode provocar um défice de rendimento escolar, sendo esta refeição, o primeiro passo para iniciar o dia com energia, atenção, resistência e tranquilidade. Para além da falha do pequeno-almoço, saltar pequenas merendas, como o meio da manhã e o meio da tarde, pode desencadear situações de hipoglicemia, fomentar o mau hábito de “debicar” a toda a hora, e ainda, aumentar o apetite na refeição seguinte. As pequenas merendas que as crianças levam para a escola, devem ser preparadas com amor e carinho, devendo ser evitados produtos ricos em gorduras e açúcares, que predispõem ao aparecimento de doenças como a obesidade e cáries dentárias. A água faz parte da constituição de quase todos os alimentos é, por isso, a melhor bebida. A criança beneficia por beber água e evitar refrigerantes, ricos em açúcar, substâncias estimulantes e, por vezes, gás. As bebidas alcoólicas devem ser completamente banidas da alimentação da criança. Comportamentos e práticas alimentares saudáveis determinam a construção do corpo durante todas as fases da vida, promovendo um corpo são e uma mente sã. 2 - Nesta perspectiva, não podemos deixar de ter em conta também, as mochilas que as crianças carregam durante todo o ano lectivo. Carregar um peso maior do que o adequado aumenta a pressão sobre os discos intervertebrais, que funcionam como amortecedores da coluna. Estudos em biomecânica mostram que o peso deve ser bem distribuído entre os dois ombros, caso contrário forçará um dos lados, dando início a desvios de coluna. Quando um jovem carrega peso superior ao recomendado pelos especialistas (10% do peso do jovem), a tendência natural é inclinar o corpo para a frente. Por estarem em fase de crescimento rápido, crianças e

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adolescentes têm o corpo mais adaptável e adquirem as posições em que passam a maior parte do tempo. Assim ficam mais susceptíveis a alterações posturais. Os pais devem saber sempre o que os seus filhos transportam na mochila. Assegurarem-se de que não há objectos desnecessários para as aulas daquele dia, colocando os objectos mais pesados atrás, junto às costas e não nos bolsos da frente; transportar sempre a mochila colocada nos dois ombros ajuntando as alças de maneira a que a base da mochila fique acima das ancas. Se ainda assim houver necessidade de carregar peso excessivo, recomenda-se o uso de mochilas com rodinhas, mas é importante escolher uma mochila com puxador adequado à altura da criança, e ensinar-lhe a alternar o braço com que puxa, ora com o direito ora com o esquerdo, para evitar a escoliose. 3- Os acidentes rodoviários, na sua maioria acontecem perto de casa, a velocidades inferiores a 45km/h, porque as crianças não estão devidamente protegidas. É, por isso, imprescindível, utilizar o cinto de segurança (quer em carro próprio quer em transportes públicos) que deve passar nos ombros, peito e anca. Não colocar nunca as crianças ao lado do condutor, estas devem ir sempre atrás, não no colo da mãe, mas sim num dispositivo de retenção (cadeira ou banco) adequado à idade/altura (até 12 anos ou 1,50m). A saída da viatura deve ser sempre pelo lado do passeio. O condutor deve estar atento e respeitar as passadeiras, ensinando as crianças a atravessar somente nas mesmas. Mesmo que o semáforo esteja ”verde” para os peões, apenas e só depois de confirmar que os veículos já pararam, é que a criança deve colocar o pé na passadeira. Assim evitar-se-ão muitas lesões e sofrimento a todos. Se tivermos em conta estes cuidados certamente o regresso às aulas será muito mais tranquilo podendo usufruir da alegria do reencontro com os amigos.



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Segurança Medicamentosa no Idoso Cada vez mais, a população idosa consome quantidades importantes de medicamentos, sendo a velhice, muitas vezes, considerada como uma doença que é preciso curar com medicamentos. O fenómeno do sobreconsumo de medicamentos, apesar de bastante disseminado é, no entanto, mal conhecido, voluntariamente ignorado e, por vezes, escondido. Esta situação inquietante e trágica constitui um obstáculo maior à promoção da saúde dos idosos e coloca problemas importantes aos profissionais de saúde. Segundo a OMS: “Idoso é uma pessoa de idade avançada, classificada cronologicamente como pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.” O envelhecimento “é uma fase regressiva do ciclo vital humano que se manifesta por alterações anatómicas e fisiológicas. È um processo normal, caracterizado por uma grande diminuição das funções corporais e principalmente mentais…” (Dicionário Enciclopédico, 1996). A terapia medicamentosa aplicada aos pacientes idosos requer cuidados especiais pois, a acção dos fármacos é bastante afectada pela idade, devido, sobretudo, ao facto do metabolismo dos fármacos e a função renal serem menos eficientes. Como os sistemas orgânicos dos idosos funcionam com “menos eficácia”, estes tornam-se mais susceptíveis a reacções paradoxais, inabituais ou tóxicas. Para além disso, as substâncias medicamentosas representam perigos potenciais para a saúde dos idosos. De entre os factores que constituem risco para a pessoa idosa, destacamos os seguintes: • O envelhecimento torna o organismo menos tolerante e mais vulnerável às substâncias medicamentosas;

• As perdas de memória, as alterações visuais e a substituição dos medicamentos, que aumentam o risco de erros; • Redução da margem de segurança entre o efeito desejado e a toxicidade; • Polimedicação associada às diversas patologias; • Acumulação e interacção medicamentosa devido à má utilização e ao sobreconsumo de medicamentos; • Quando as funções fisiológicas estão alteradas, os factores de risco por acumulação ou interacção nociva aumentam. • Incumprimento do tratamento, relacionado com o número de medicamentos consumidos, esquecimentos e omissões,etc. Frequentemente os idosos alteraram o regime terapêutico, aumentam ou diminuem as doses, suspendem ou prolongam o tratamento e utilizam medicamentos para fins diferentes daqueles para os quais são prescritos. • A falta de informação, nomeadamente no que diz respeito à forma de tomar os medicamentos e à finalidade do tratamento. Os profissionais de saúde assumem uma posição privilegiada relativamente às intervenções junto das pessoas idosas. Especificamente os enfermeiros que ao trabalharem com o idoso e respectiva família na adesão ao regime terapêutico, podem, de alguma forma, intervir nas competências que se pretendam que estes venham a adquirir. Assim, deve ser feita regularmente a análise das dificuldades no cumprimento do regime terapêutico de determinado idoso, e delinear estratégias indo de encontro às necessidades encontradas e ao reforço das respectivas competências. É igualmente importante que os profissionais de saúde estejam sensibilizados para perceber a capacidade de percepção/ compreensão do idoso/família e conseguir delinear a estratégia adequada para cada situação. As famílias têm também a responsabilidade de vigilância do cumprimento do regime terapêutico, bem como das reacções anómalas que possam surgir. Bibliografia: • ELIOPOULOS, Charlotte – Enfermagem Gerontológica. 5ª Edição, São Paulo: ARTMED Editora, 2005. • http://pt.wikipedia.org/wiki/Idoso • L. BERGER, M. Éd. – Pessoas idosas: Uma abordagem global. Lisboa: Editora Lusodidacta, 1995. • MONIZ, José Nunes – A Enfermagem e a Pessoa Idosa. Lisboa: Editora Lusodidacta, ISBN 978-972-8383-49-7

Cátia Godinho Tatiana Almeida

e

Enfermeiras

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Espaço Cidadania

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Associação Portuguesa de Ostomizados (APO) António Cabral

Presidente da Direcção da APO

A Associação Portuguesa de Ostomizados (APO) tem como objectivo prioritário apoiar o Ostomizado e acompanhá-lo no decorrer do seu percurso de vida. As dificuldades que mais se observam nestes doentes são a vergonha de se sociabilizarem (no trabalho, na família, …), vivendo num segredo constante da sua doença e o desconforto profundo com a sua alteração fisiológica/anatómica. A não socialização da pessoa ostomizada deve-se, em grande parte, ao encobrimento da sua nova situação, sentindo-se como um inútil à sociedade, e o que é mais grave, transplanta toda a sua negatividade para o seio familiar. Neste momento, as estatísticas são desoladoras! Em relação à mortalidade devido ao cancro colo rectal: cerca de 3 mil/ano, 9 mortes por dia, que afecta na sua grande generalidade o cólon e/ou a bexiga. História: Foi criada em 6 de Julho de 1979 conforme Escritura e Estatutos transcritos no Diário da República nº 204-III Série de 4 de Setembro de 1979. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), reconhecida como Pessoa Colectiva de Utilidade Pública, conforme publicação no Diário da República - III Série - Nº 228 de 01/10/1988. Ultrapassou actualmente os 3000 sócios, para um presumível universo nacional de 20.000 a 25 000 ostomizados. Está filiada na: IOA - International Ostomy Association EOA - European Ostomy Association Objectivos da APO: - Agrupar com fim de assistência mútua, as pessoas que tenham sido submetidas a cirurgia de ileostomia, colostomia e urostomia; - Desenvolver métodos para os cuidados e controlo dos problemas das ostomias e fomentar o aperfeiçoamento dos dispositivos e outro equipamento de ostomia; - Promover a informação com vista a uma adequada reabilitação das pessoas que tenham sido submetidas a cirurgia da qual resultou uma ostomia; - Divulgar o conhecimento das doenças gastro-intestinais, suas causas, prevenção, tratamento e cura; - Colaborar com as classes médica e paramédica e instituições adequadas na reabilitação social dos ostomizados; - Prestar assistência e apoio aos ostomizados, designadamente promovendo visitas a novos ostomizados, prestando-lhes assistência moral e às suas famílias; - Obter junto de autoridades e particulares, benefícios sociais a favor dos ostomizados; - Promover a formação de grupos locais de ostomia para que o seu auxílio esteja ao alcance de todos os ostomizados; 14 | Enfermagem e o Cidadão

- Encorajar e manter troca de ideias e métodos para promover a reabilitação dos ostomizados; - Informar todo o público através de exposições, conferências e reuniões de ostomia, contribuindo assim, para eliminar preconceitos e discriminações. Acções desenvolvidas actualmente pela Associação: - Projecto Local Designação; - Consultas de Estomaterapia - Sede da APO, com acompanhamento no ensino aos doentes e familiares; - Apoio Financeiro de Nível Nacional - Apoio financeiro ao associado na aquisição do material de Ostomia. Contactos: Associação Portuguesa de Ostomizados Avenida João Paulo II, Lt. 552, 2º-B · 1950-154 Lisboa Telefone: 21 859 60 54 / Fax: 21 839 42 95 E-mail: [email protected] www.apostomizados.pt

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Cultura e Lazer

CURIOSIDADES: - Uma lata de alumínio reciclada permite poupar a energia necessária para manter uma televisão ligada durante 3 horas. - O vidro é 100% reciclável, o que significa que as garrafas colocadas no ecoponto verde darão origem a outras tantas recicladas. - Para as abelhas conseguirem um kg de mel, têm de visitar mais de 4 milhões de flores, percorrendo uma distância de cerca de 4 voltas à Terra. - Hipopotomonstrosesquipedaliofobia é uma doença psicológica que se caracteriza pelo medo irracional (ou fobia) de pronunciar palavras grandes ou complicadas.

SOPA DE LETRAS Encontre os 7 frutos

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GRIPE A(H1N1) Novo vírus… Nova gripe… José Coimbra

Especialista em Enfermagem Comunitária

Muito semelhante à gripe sazonal, esta nova gripe “importada” do México veio ocupar parte das nossas preocupações desde o final do mês de Abril. Inicialmente confinado a alguns casos no país de origem, este novo vírus acaba por se espalhar rapidamente, e em pouco mais de um mês atinge em todos os continentes, mais de setenta países, adquirindo assim o título da mais recente pandemia. Este novo vírus (H1N1) é um novo subtipo de vírus da gripe, resultante de uma combinação de genes das variantes humana, aviária e suína, do vírus da gripe. Tem a capacidade de afectar os seres humanos e de se transmitir de pessoa para pessoa.

Sintomas

Sendo semelhante à gripe comum, também os seus sintomas são idênticos, caracterizando-se por início repentino de febre alta (> 38ºC), tosse, dores de garganta, dores no corpo (principalmente dores musculares), dores de cabeça, arrepios, cansaço e fraqueza geral. Têm sido ainda relatados nalguns casos desta gripe, vómitos ou diarreia.

Formas de transmissão

Existem duas formas de transmissão do vírus. Transmissão directa, quando uma pessoa doente fala, tosse ou espirra próximo de pessoas sãs, a uma distância inferior a um metro, e estas inalam as gotículas de saliva emitidas e transmissão indirecta, através

do contacto das mãos da pessoa sã, com objectos ou superfícies contaminados, levando-as depois à boca, nariz ou olhos. Depois de estarem infectadas com o vírus, estas pessoas podem contagiar outras durante um período que vai até 7 dias. Não existe outra forma de transmissão, pelo que, a ingestão de carne de porco ou derivados devidamente confeccionados, não acarreta qualquer risco para a saúde humana.

Tratamento

Não existindo ainda, qualquer tipo de vacina para este novo vírus, o tratamento consiste na utilização de medicamentos anti-virais e no alívio dos sintomas, como sejam baixar a febre, aliviar as dores e os sintomas respiratórios.

Cuidados a ter

Os cuidados a adoptar pelo cidadão comum, segundo as recomendações da Direcção-Geral da Saúde, são: • Evitar o contacto próximo com pessoas que apresentem sintomas de gripe: febre, tosse, dores de garganta, dores no corpo ou musculares, dores de cabeça, arrepios e fadiga; • Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando um lenço de papel. Nunca as mãos; • Utilizar lenços de papel uma única vez, colocando-os no lixo; • Lavar frequentemente as mãos, com água e sabão, para reduzir a probabilidade de transmissão da infecção; • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem ter lavado as mãos; • Limpar superfícies sujeitas a contacto manual muito frequente (como, por exemplo, as maçanetas das portas, corrimãos, telefones, computadores) com um produto de limpeza comum; • O cumprimento destas indicações é igualmente adequado no que respeita a crianças. Caso se sinta doente, e apresente os sintomas da gripe atrás descritos, deverá permanecer em casa, ligar para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e seguir as instruções que lhe forem dadas. Do mesmo modo, os viajantes que venham de áreas afectadas (com casos de doença confirmados), ou qualquer pessoa que tenha tido contacto próximo com alguém doente e que apresente sintomas nos 7 dias seguintes, deve também ligar para a Linha Saúde 24 (808 24 24 24). 16 | Enfermagem e o Cidadão

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