Arte e identidade de gênero na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá_-MT

September 3, 2020 | Author: William Gusmão Pinheiro | Category: N/A
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Arte e identidade de gênero na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá_-MT

Graciela Cristine Oyamada (UNIVAG) [email protected] Flavio Gatti (UNIVAG) [email protected]

Resumo O objetivo deste artigo foi identificar a importância feminina na produção artesanal da Comunidade São Gonçalo Beira Rio, localizada à margem esquerda do rio Cuiabá, na cidade de Cuiabá/MT. A pesquisa considerou fatores qualitativos quanto aos valores, crenças, herança cultural e identidade do grupo pesquisado. Foi realizado um levantamento bibliográfico, além de entrevistas de campo por meio de questionários e registro fotográfico, para retratar a realidade e cultura locais. A pesquisa revelou que existe a preocupação dos artesãos quanto à extinção da atividade cerâmica, e das tradições e costumes locais, em função do envelhecimento dos atuais ceramistas e do baixo interesse por parte dos jovens, que vão em busca de outras profissões. A mulher ceramista, artesã e festeira, é parte fundamental na manutenção da atividade e esteio da família, por integrar e complementar a renda doméstica. Palavras-chave: Comunidade São Gonçalo Beira Rio, artesanato, gênero, políticas sociais.

Art and gender identity in the Community São Gonçalo Beira Rio in Cuiabá-MT Abstract The objective of this paper was to identify women's importance in the artisan production of São Gonçalo Beira Rio Community, located on the left bank of the river Cuiabá, in the city of Cuiabá / MT. The research considered qualitative factors as values, beliefs, cultural heritage and identity of the group studied. A literature review was conducted, and field interviews through questionnaires and photographic record, to portray reality and local culture. The survey revealed that there is a concern of craftsmen as the extinction of ceramic activity, and local traditions and customs, in function of aging of current potters and low interest of young people who go in search of other professions. The ceramist wife, artisan and partying, is a fundamental part in maintaining activity and foundation of the family, to integrate and supplement household income. Keywords: Community São Gonçalo Beira Rio, crafts, gender, social policies. Introdução

O processo produtivo da chamada agricultura familiar e seu consequente artesanato, na forma de bens de consumo, apresentado na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá/MT foram iniciados no século XVIII, momento em que começam a surgir os primeiros núcleos populacionais na região que hoje se configura a capital do Estado. E a partir dos aventureiros paulistas, os chamados “bandeirantes”, organizados em expedições rumo ao interior do Brasil, com o objetivo de penetrar pelos sertões à procura de índios para o cativeiro, negros foragidos da escravidão, e na procura de metais preciosos, adentraram no espaço territorial da coroa espanhola, de forma a descumprir o então Tratado de Tordesilhas. (Holanda, 1995) Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 53

São Gonçalo Beira Rio é uma das mais antigas e tradicionais comunidades ribeirinhas dentre as existentes na região de Cuiabá e Várzea Grande, e que ainda preservam hábitos e costumes, relações familiares, produção artesanal, reunidas numa trajetória de vida construída com base em valores, crenças, saberes e sentimentos transmitidos por gerações. A história da comunidade carrega traços desde a fundação da cidade de Cuiabá e da descoberta das minas em território mato-grossense, com a mistura de raças, crenças, e hábitos dos índios coxiponés, dos bandeirantes paulistas, e de negros cativos. Com essa mistura de raças, e com as transformações ocorridas ao longo da história, traz consigo momentos de auge e declínio, a apesar disso, sobreviveu através de sua identidade e de suas raízes. Este artigo tem o objetivo de identificar a importância feminina na produção artesanal da Comunidade São Gonçalo Beira Rio, dentro das políticas de equidade de gênero, localizada à margem esquerda do rio Cuiabá, na cidade de Cuiabá/MT. Utiliza metodologia com foco analíticodescritivo para caracterizar a realidade local da comunidade em estudo, com pesquisa de campo por meio de entrevistas, relatos de moradores, e fotografia. Além da introdução, o trabalho está dividido em quatro seções: a primeira trata de forma conceitual a ideia de comunidade e gênero de vida; a segunda descreve e caracteriza a Comunidade São Gonçalo Beira Rio; a terceira trata dos procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa; a quarta apresenta os resultados e discussões, finalizando com as considerações finais. A ideia de comunidade, gênero de vida, políticas sociais e equidade de gênero

A comunidade pode ser entendida como uma formação social, a qual o termo é usado para designar um grupo mais ou menos numeroso de indivíduos que ocupam ou habitam uma área delimitada (povoado, aldeia, vila, fazenda, engenho etc.). A comunidade é composta por três formações sociais como: a solidariedade social, cujos membros sentem juntos qualquer acontecimento feliz ou não; cooperação social, nas comunidades rurais é comum o mutirão ou muxirão, em que trabalhadores da redondeza se juntam e realizam o trabalho em proveito de um só; comunicação social, os indivíduos mantêm-se em contato constante e influem uns sobre os outros (MUSSUMECI, 1962, p. 27-28). A comunidade é uma sociedade que possui localização geográfica precisa e um modo de vida comum; e é também mais definida e estruturada do que uma sociedade. Ela pode ser grande ou pequena, variando em tamanho desde povoado ou aldeia até um país de proporções consideráveis; pode, ainda, fazer parte de outra comunidade maior. Revela o grau de relações em os homens conduzem de forma direta ou indireta, seja de forma consciente ou inconsciente, cooperativas ou contrárias (RUMNEY e MAIER, 1979, p. 88), Dentre as questões sociais apontadas por Weber (1999) sobre as comunidades humanas, está a ação social, que se orienta pelo comportamento de outros, seja este passado, presente ou esperado como futuro. Os outros podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade indeterminada de pessoas completamente desconhecidas. Assim, a ação social, como toda ação, pode ser determinada de modo racional referente a fins como expectativas quanto ao comportamento de objetos de mundo exterior e de outras pessoas; de modo racional referente a valores pela crença, consciente como valor ético e religioso; de modo afetivo especialmente emocional; de modo tradicional. As políticas sociais têm suas origens nas mobilizações operárias, as chamadas “lutas de classes”, da Inglaterra no século XIX ao longo das primeiras revoluções industriais, voltadas para minimizar os conflitos surgidos entre capital e trabalho, com reivindicações por melhores condições de trabalho. Nesse momento, a política social foi compreendida como estratégia governamental de intervenção nas relações sociais. Desse modo, as primeiras iniciativas de políticas sociais podem ser entendidas como uma relação de continuidade entre Estado liberal e Estado social, em que houve uma mudança na perspectiva do Estado que num contexto de luta de classes, assume um Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 54

caráter mais social, com investimento em políticas sociais e no reconhecimento de direitos em consonância com os fundamentos do capitalismo (VIEIRA, 2004, p.140, e BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p.63) De acordo com Behring e Boschetti (2006), no Brasil, as Políticas Sociais referem-se ao processo de reprodução da força de trabalho, por meio da regulação das relações entre o estado capitalista e os trabalhadores. E ao estudar os efeitos das políticas sociais, revelam que algumas abordagens compreendem apenas como funcionais à acumulação capitalista, tanto do ponto de vista econômico quanto político:

Pelo ângulo econômico, as políticas sociais assumem a função de reduzir os custos da reprodução da força de trabalho e elevar a produtividade, bem como manter elevados níveis de demanda e consumo, em épocas de crise. Pelo ângulo político, as políticas sociais são vistas como mecanismos de cooptação e legitimação da ordem capitalista, pela via da adesão dos trabalhadores ao sistema. Mas são insuficientes e unilaterais porque não exploram suficientemente as contradições inerentes aos processos sociais e, como consequência, não reconhecem que as políticas sociais podem ser centrais na agenda de lutas dos trabalhadores e no cotidiano de suas vidas, quando conseguem garantir ganhos para os trabalhadores e impor limites aos ganhos do capital (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p.37-38).

Behring e Boschetti (2006) afirmam que o campo da política social é marcado por tensões políticas e societárias, já que o sistema capitalista é historicamente desigual, por ser baseado na exploração do capital sobre o trabalho, não havendo, portanto, possibilidade de sinergia positiva entre a acumulação de capital e o princípio de igualdade. E de acordo com esses conflitos de interesses, as políticas sociais não são a solução para a desigualdade, mas devem ser compreendidas como um primeiro passo a caminho da redução dessas desigualdades próprias do capitalismo assim como as que tratam de desigualdades de gênero. E no caso do Brasil, afirmam que:

Se a política social tem relação com a luta de classes, e considerando que o trabalho no Brasil, apesar de importantes momentos de radicalização, esteve atravessado pelas marcas do escravismo, pela informalidade e pela fragmentação/cooptação, e que as classes dominantes nunca tiveram compromissos democráticos e redistributivos, tem-se um cenário complexo para as lutas em defesa dos direitos de cidadania, que envolvem a constituição da política social (BEHRING e BOSCHETTI, 2006, p. 79).

Ao conceituar temas sociais, Weber (1999) apresenta relação social como sendo um comportamento recíproco referindo quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referência. E avalia, de forma distinta, outra relação, que é definida quando e na medida em que a atitude na ação social – no caso particular ou em média ou no tipo puro - repousa no sentido subjetivo dos participantes de pertencer ao mesmo grupo, chamada de relação comunitária. Essa mesma relação pode apoiar-se em todas as espécies de fundamentos afetivos, emocionais ou tradicionais. Diante das enormes mudanças nas práticas culturais e pós-modernas que envolvem as comunidades, vale ressaltar o conceito de pós-moderno, que se entende como sendo condição sociocultural e estética do capitalismo contemporâneo, também denominado pós-industrial ou financeiro. Essa colocação nos faz refletir sobre o que vem ocorrendo no passar do tempo, e como essas mudanças no comportamento e no pensamento interferem nas aspirações culturais. Enfim, seja qual for a forma que o pós-modernismo intelectualizado possa tomar, descrita por Harley (2005, p. 63), ele foi fundamentalmente antecipado nas culturas metropolitanas dos últimos vinte anos: entre os significantes eletrônicos do cinema, da televisão e do vídeo, nos estúdios de gravação e nos gravadores, na moda e nos estilos da juventude, em todo os sons, imagens e histórias diversas que são diariamente mixados, reciclados e arranhados juntos na tela Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 55

gigante que é a cidade contemporânea. De acordo com Sorre (1994), o gênero de vida representa um conjunto de adaptações técnicas, de modo que haja a possibilidade de suas populações promoverem a sua territorialização ou enraizamento em uma determinada fração do espaço, mesmo ele possuindo, também o significado de forma específica que cada grupo desenvolve: sua maneira de ser e viver. Como é o caso das comunidades, que carregam consigo, sua herança cultural, suas crenças, tradições, costumes, saberes e fazeres, e habilidades passadas por gerações. Historicamente, homens e mulheres buscam garantir seus direitos sociais e econômicos, bem como o acesso à cidadania e aos direitos sociais e políticos, por meio das políticas sociais asseguradas pelo Estado. E de acordo com Marshall (1965), a política social deve ser entendida como uma forma de intervenção do Estado, expressa através de ações com impacto direto sobre a vida e o bem-estar dos cidadãos, de caráter interventivo nas relações sociais, e na reprodução da vida. Conforme aponta Scott (1994) apud Albrecht (2011), foi somente no século XIX, que a mulher foi observada e descrita com alguma importância, no debate da convivência, da moralidade a até da legalidade de suas atividades assalariadas, em que o que chama de “mulher trabalhadora” foi produto da Revolução Industrial, tornando-se figura visível e perturbadora no contexto das lutas de classes. Para Albrecht (2011, p. 5), mesmo com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a história das mulheres continua a se desenvolver de forma desigual. A divisão sexual do trabalho continua marcando e definindo os papeis sociais que homens e mulheres devem seguir. A divisão sexual do trabalho destinou e continua destinando papeis e espaços específicos para homens e mulheres, legitimando no âmbito da esfera produtiva certa desigualdade entre homens e mulheres. Os trabalhos femininos foram e continuam sendo por diversas vezes caracterizados pela inferioridade hierárquica, por baixos salários, e por atividades específicas, por típicas profissões femininas ou então os empregos secundários e mal pagos. Na concepção de Scott (1995), gênero pode ser definido com base em duas proposições que devem ser entendidas em conexão, a primeira é que o “gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos”; e a segunda, que este entendimento deve estar ligado à compreensão de que “o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder”. Em síntese, deve ser compreendido como o conjunto cultural, social e histórico de normas, valores, costumes e práticas por meio das quais a diferença biológica entre homens e mulheres é significada na sociedade. Diante do exposto, o estudo dos conceitos relacionados à comunidade objetiva facilitar a compreensão da vivência dos grupos rurais. E em meio às constantes mudanças do mundo global, observa-se que algumas localidades ainda mantêm características culturais artesanais atreladas as tradições e costumes, denotando a superação da mulher no contexto familiar, como é o caso da Comunidade de São Gonçalo. A Comunidade São Gonçalo Beira Rio

A comunidade ribeirinha São Gonçalo Beira Rio (15°38'58"S e 56°4'11"O) foi fundada no século XVIII, e está situada à margem esquerda do rio Cuiabá, a cerca de onze quilômetros do centro da cidade, região Sul da Capital de Mato Grosso, próxima ao Rio Coxipó, no Distrito de Coxipó da Ponte. Possui uma área de 106,58 hectares e cerca de 70 famílias, com aproximadamente 300 moradores que têm entre si algum grau de parentesco. Caracterizada por ser uma comunidade de pescadores e artesãos que se transformou num cartão postal da capital, pela tradicional arte de fabricar produtos cerâmicos, a Viola-de-

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Cocho1 (ROMANCINI, 2005). E possui também o grupo folclórico “flor ribeirinha”, especializado nas danças regionais, principalmente o “cururu e o siriri”. O Rio Cuiabá teve papel fundamental no desenvolvimento da Comunidade São Gonçalo Beira Rio, pois desde 1719 quando este local detinha o porto que permitia a comunicação entre as minas de ouro e a Capitania, já se constituía este povoado, anteriormente denominado de São Gonçalo Velho. Neste mesmo local foi construída a Capela de São Gonçalo e havia uma pequena imagem do santo que deu origem ao nome do bairro, tendo sido encontrada dentro do rio por um dos primeiros ocupantes da área. (SANTOS, 2009). No ano de 1914 foi instalada a Usina de São Gonçalo, próxima à comunidade, com produção de açúcar e álcool, promovendo crescimento daquela região. Na primeira metade do século XX, teve início o êxodo rural, por causa da decadência da usina de São Gonçalo e também pelo desgaste do solo na região. E com a decadência da produção açucareira em Mato Grosso na década de 1930, a comunidade encontra na abundância de argila às margens do Rio Cuiabá, a oportunidade de trabalhar com o artesanato em cerâmica como alternativa de subsistência (SIQUEIRA, 2002). Ao final da década de 1960, a comunidade foi incorporada à área urbana da capital Cuiabá e intitulada de bairro São Gonçalo Beira Rio. Nas décadas de 1970 e 1980 a cidade voltou a crescer com serviços e infraestrutura, devido à pujança econômica oriunda da expansão do agronegócio. E somente a partir de 1990, o turismo local foi estimulado, atraindo renda para as comunidades ribeirinhas. O tombamento municipal, ocorrido em dezembro de 1992, declarou o bairro de São Gonçalo como área prioritária para estímulo à produção e à comercialização da cerâmica artesanal. Principalmente, por se tratar de uma das mais antigas e tradicionais manifestações culturais com sua famosa festa de São Gonçalo como importante manifestação popular de interesse para o patrimônio cultural do município de Cuiabá. (FERREIRA, 1997; MOÇALE e MOREIRA, 2013). Para Oliveira e Moraes (2014), a comunidade São Gonçalo tem perfil tradicional, formada por pessoas unidas por laços sociais que vão além dos interesses particulares de cada indivíduo, pois entre seus moradores existe, apesar do tempo e das mudanças, um sentimento de pertencimento, memória coletiva, identidade e união. A Festa de São Gonçalo que antes era típica da comunidade, hoje é divulgada pela prefeitura municipal e traz turistas de vários lugares da região e interior do Estado. Tem caráter de espetáculo, com coreografia de danças típicas locais e ensaios antes da apresentação (Santos, 2009). Diante dos apontamentos a respeito das origens e características culturais da Comunidade São Gonçalo Beira Rio, expressa através das relações sociais, familiares e de trabalho constatadas no espaço da comunidade, julga-se necessária a retomada de alguns conceitos sobre o artesanato em comunidades tradicionais e sua importância econômica local. Ao entender que na arte de fazer, e de saber fazer, ou “savoir-faire”, como dito por Godelier ([196-]) possibilita transformações, pela destreza do indivíduo, ao transmitir sua identidade em relação ao contexto sociocultural. Assim sendo, toma-se como base o conceito de artesão extraído da Base Conceitual do Artesanato Brasileiro, que diz:

Artesão é o trabalhador que de forma individual exerce um ofício manual, transformando a matéria-prima bruta ou manufaturada em produto acabado. Tem o domínio técnico sobre materiais, ferramentas e processos de produção artesanal na sua especialidade, criando ou produzindo trabalhos que tenham dimensão cultural, utilizando técnica predominantemente manual, podendo contar com o auxílio de equipamentos, desde que não sejam automáticos ou duplicadores de peças (BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, 2012, p. 11). 1

A viola de cocho é um instrumento que é utilizado nas festas religiosas da região de Cuiabá-MT, sendo o principal elemento das danças regionais de Siriri, Cururu, das festas típicas tradicionais de São Gonçalo Beira Rio. (NUNES e ROMANCINI, 2005).

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E conceitual o Artesanato como sendo:

Toda a produção resultante da transformação de matérias-primas, com predominância manual, por indivíduo que detenha o domínio integral de uma ou mais técnicas, aliando criatividade, habilidade e valor cultural (possui valor simbólico e identidade cultural), podendo no processo de sua atividade ocorrer o auxílio limitado de máquinas, ferramentas, artefatos e utensílios (BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, 2012, p. 12).

Para Moraes e Pereira (2012), o saber-fazer do/a ceramista não está apenas nas habilidades manuais, mas também no conhecimento do barro, na escolha das melhores camadas, na preparação da massa, na lenha adequada à queima, nas técnicas de colocação das peças no forno, isto é, um conjunto de saberes herdados. O artesanato mato-grossense é resultado da união de várias culturas ameríndias e europeias, destacando a ibérica. E grande parte desse artesanato é formada pelos instrumentos de trabalho das populações rurais, como pelos utensílios domésticos de uso diário e pelos instrumentos musicais. (ROMANCINI, 1994). Essa técnica de fabricação artesanal deixada por seus antepassados tem promovido uma crescente procura por estas peças, conhecidas por boa parte dos turistas que visitam a cidade de Cuiabá. (SILVA, 2010) Estas manifestações culturais denotam a influência luso-indígena que caracteriza o período da mineração em Mato Grosso e da influência paraguaia e boliviana nesta região (BORGES, 2001). De acordo com Velho (2007), o fato de a comunidade ter sido fundada no século XVIII em território de índios Coxiponés, reforça a presença nos traços físicos dos moradores, no ritmo e nos passos da dança e em elementos do modo de vida como a pesca, a canoa esculpida em tronco de árvore, a benzedeira, o manuseio de ervas e o artesanato com cerâmica. O município de Cuiabá-MT apresenta peculiaridade singular quanto à produção artesanal e agrícola, presente em praticamente todas as comunidades ribeirinhas, cujo processo de trabalho ainda é realizado através de técnica rudimentar, a qual permite a elaboração de produtos com aspectos específicos, criando assim uma identidade própria de produção. O artesanato produzido pelas mulheres ceramistas em São Gonçalo são peças em cerâmica que inicialmente eram produzidas para suprirem as necessidades cotidianas das famílias para o transporte e armazenamento de bebidas e alimentos. A produção excedente destes utensílios adquiriu valor de troca por mercadorias, as quais os ribeirinhos não produziam e assim, se fizeram presentes em inúmeras localidades e fazendas espalhadas pelo Estado. (ROMANCINI, 2005b). A arte e a habilidade de manipular o barro, além de moldá-lo e prepará-lo para a queima é uma herança passada de geração para geração. Os mais jovens aprendem com os mais velhos, e assim o conhecimento é transmitido por gerações, e essa herança reflete o estilo e a forma a ser desenvolvida por cada artesão na confecção de cada peça. (NUNES e ROMANCINI, 2005). Outra característica marcante no contexto de relações estabelecidas pela comunidade é a essência familiar, em que a artesã ceramista é casada com o pescador, que também fabrica peças em cerâmica/ou viola de cocho, sendo a pessoa que toca e canta as músicas para a realização das danças de siriri, cururu nas tradicionais festas realizadas pela comunidade. Esse sentimento de pertencimento constitui a essência da comunidade, neste aglomerado urbano situado entre Cuiabá e Várzea Grande, em termos de preservação das tradições mato-grossenses. (ROMANCINI, 1994).

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Foto 01 – Exposição dos Artesanatos em Cerâmica na Comunidade São Gonçalo Beira Rio

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Cada membro realiza a produção em sua própria residência, utilizam seus próprios materiais e seu forno, de acordo com a tradição. As relações e a prática de trabalho com o barro e a queima da peça cerâmica pouco difere do modo como se fazia há séculos atrás. Cada artesão possui seu estilo de trabalho e é livre a escolha por uma temática. As peças se transformam em pequenos pescadores em suas embarcações, peixes, codornas, cestas, objetos utilitários, bonecas, santos, entre outros objetos. Recebem uma pintura discreta, e a assinatura do artesão que a produziu. (ROMANCINI, 2005a). Atualmente, a comunidade possui diversas peixarias e pontos de venda de artesanato em cerâmica, que atraem muitas pessoas, além de promover quatro festas tradicionais durante o ano, que são: Festa de São Gonçalo, Festa do Peixe, Festa dos Pescadores, e a das Ceramistas. Foto 02 – Peças expostas em loja para comercialização

Fonte: Pesquisa de campo, 2014.

Na produção desta cerâmica é identificada a marca de cada nova geração, de acordo com novos hábitos e costumes que são incorporados com o tempo e com as mudanças no âmbito social. É possível perceber que estes objetos cerâmicos, simbolizam um conceito, uma identidade, que é resultado da criatividade e dos sentimentos deste artesão e de sua cultura. E na perspectiva feminina, o processo de criação com o barro envolve o emocional, a simplicidade da vida, os gestos cotidianos, a sensibilidade artística de cada ceramista. As peças confeccionadas pelas mulheres ceramistas representam uma linguagem Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 59

simbólica baseada na memória afetiva, e geram bens preciosos para si e para a comunidade, configurando na própria identidade de gênero. Procedimentos metológicos da pesquisa

Este trabalho utiliza um estilo analítico-descritivo para caracterizar a realidade local e importância feminina na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá/MT. Nesse sentido, tem um enfoque exploratório, sendo realizada uma revisão bibliográfica e levantamento de dados primários com análises descritivas baseadas na observação-participante. O escopo da pesquisa envolveu os moradores da Comunidade São Gonçalo Beira Rio localizada à margem esquerda da capital Cuiabá-MT, é formada por cerca de 70 famílias, e possui aproximadamente 300 moradores, que trabalham no sistema de produção artesanal e agrícola. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e mediante a visita às residências e aos locais de produção e comercialização, com anotação escrita e registros fotográficos realizadas em Junho/2014. A pesquisa de campo verificou que cerca de 30 famílias se utilizam da produção de artesanato em cerâmica na Comunidade São Gonçalo Beira Rio, destas foram retiradas uma amostra de 10 unidades a serem entrevistadas, representando 33% do total de artesãos envolvidos na fabricação de artigos de cerâmica. Foram aplicados questionários e realizadas entrevistas, para entender e caracterizar hábitos, atitudes, representações, valores, crenças e opiniões, adequando-os aos fatos e processos particulares e específicos de indivíduos e grupos, promovendo assim a compreensão da realidade da comunidade. Discussão dos resultados De acordo com Moraes e Pereira (2012), no processo de fazer cerâmica, que vai desde a pigmentação do barro ao forno, do brilho dado a cada peça à pintura e apliques decorativos, surge a concepção de natureza de ceramistas e a própria natureza suavizada por elementos da vida cotidiana, hábitos, sentimentos, amores, saudade, modos de vida e trabalho, corpo e sexualidade. A pesquisa de campo constatou que o perfil dos entrevistados quanto à sua idade é de 41 a 50 anos para as mulheres, e de 45 a 75 anos para os homens, em que 60% dos moradores trabalham com artesanato. A atividade está entre as principais fontes de renda, principalmente para as mulheres na manutenção do nível de vida e de qualidade das suas famílias. Essa importância na composição da renda familiar reflete a preocupação dos moradores em continuar mantendo a tradição artesanal que é transmitida por gerações. Assim, a venda dos utensílios de cerâmica, das redes de dormir, e dos doces caseiros contribui com as despesas das famílias. No século passado, a participação dos fabricantes dessa modalidade era maior em relação aos anos recentes, em que se destaca a dedicação e o empenho das pessoas mais idosas pelo artesanato em cerâmica. Já os demais participantes da pesquisa, não representaram significância do questionário. Fica visível a despreocupação dos mais jovens, com uma participação bastante incipiente, em dar sequência ao segmento cerâmico, visto que, ao buscar o trabalho assalariado, abandonam antigas relações de trabalho familiares. E cabe aos mais velhos, a tarefa de persistir e em manter viva os traços da cultura ribeirinha com a pesca, a fabricação de doces caseiros, a criação de pequenos animais, e o artesanato em cerâmica. Na percepção de Oliveira e Moraes (2014), apesar desses homens e mulheres disporem de poucos recursos herdados da família de origem para delinear suas trajetórias de vida, além de possuírem pouca escolaridade, sobretudo das mulheres, indicam que: Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 60

“A herança do trabalho com a cerâmica foi o esteio para se mantivessem na comunidade, embora e resistências dos mais jovens em dar continuidade a esse tipo de trabalho, comprometa a sua manutenção. É um trabalho que gera pouca renda, que exige muito esforço físico e que aos poucos vai se tornando cada vez menos atrativos aos jovens” (OLIVEIRA e MORAES, 2014, p. 11)

Convém elencar alguns elementos norteadores do processo de mudança do cotidiano dos moradores de São Gonçalo, observadas no estudo de Oliveira e Moraes (2014), tais como: a chegada da energia elétrica, da água tratada, da televisão, responsáveis pela mudança nos estilos da produção cerâmica de peças utilitárias para decorativas, e nas tradições religiosas, com fins turísticos e comerciais; o Rio Cuiabá, elemento fundamental da existência da comunidade, também sofreu alterações decorrentes das atividades desenvolvidas nas imediações de suas margens e em seu leito, com o desmatamento da vegetação ciliar, o desbarrancamento das margens, o assoreamento do leito provocado pelas dragas existentes na localidade, a extração mineral, e a poluição pelo lançamento de esgotos domésticos e produtos químicos. Quanto à origem dos moradores abordados na pesquisa, cerca de 33,33% são provenientes de outras localidades e 66,67% nasceram na própria comunidade. Dentre os entrevistados, 77,7% trabalham na área rural da própria comunidade, em pequenas lavouras de subsistência e atividades de pesca para a manutenção das diversas peixarias situadas na região. O resultado apresentado evidencia o predomínio da participação das mulheres (80%) na atividade artesanal de peças em cerâmica, enquanto que a baixa representatividade masculina (20%) deixa claro que estes buscam outras formas de trabalho assalariado, principalmente os mais jovens, permanecendo na comunidade os homens mais idosos e já aposentados. Aqui os dados apontam para a não invisibilidade das mulheres, que participam tanto na composição da renda familiar, quanto nas expressões culturais e sociais do grupo envolvido. Das peças confeccionadas pelos artesãos, a maior parte destina-se a fins decorativos, e que antes eram fabricados para uso doméstico. Enquanto que no passado os utensílios herdados dos índios fossem somente e exclusivamente para uso doméstico, hoje as mudanças culturais tratam os trabalhos artesanais como objetos decorativos e formas de divulgar nossa tradição e cultura. Afinal, a revolução tecnológica veio proporcionar transformações e mudanças, tanto em produto como em processos, proporcionando novos perfis de comportamento e consumo. Por pertencerem a uma herança cultural passada através de gerações, fazem parte dos inúmeros objetos de decoração oferecidos pelas artesãs, que expressam a cultura cuiabana. Enquanto que os demais instrumentos característicos do local, são cativos de produção pelas fabricantes, e ganha espaço e carisma em meio as tradicionais moringas. Pela pesquisa, verificouse que há pouca diversificação de objetos, sendo basicamente moringas, bacias, travessas, animais, pescadores e outros. A produção dos artefatos aumenta quando da divulgação da comunidade pela tradicional dança do siriri ne cururu e das tradicionais festas de santos. E quando questionados sobre a demanda por objetos artesanais produzidos em São Gonçalo, a maioria dos entrevistados responderam que a atividade se encontra estável, diante de um cenário de transformações sociais, econômicas e culturais que ocorreram em comunidades ribeirinhas. Por expressar o regionalismo cultural, a comercialização ganhou espaço em outros pontos como a Casa do Artesão, situada no bairro Porto, em Cuiabá, e outras lojas especializadas em artigos regionais. Isto garante que as mulheres da comunidade se mantenham motivadas pela produção artesanal. De acordo com a pesquisa de campo, os entrevistados responderam que dos consumidores que visitam a comunidade, 33% são turistas e outros 53% são pessoas da própria região (Cuiabá e Várzea Grande) que a visitam geralmente nos fins de semana, e que se interessam por objetos de decoração, lembranças locais e/ou regionais, após visita às diversas peixarias localizadas na Comunidade São Gonçalo Beira Rio. O cenário mais recente traz evidências de que novas culturas foram introduzidas na Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 61

região de Cuiabá vindas de outros estados, e o costume de consumir produtos artesanais passou a ser menor devido a procura por artigos mais modernos e de luxo em decoração, ou mesmo para utensílios domésticos. Sendo assim, houve uma estagnação no preço dos produtos encontrados à venda nos pontos de comércio, conforme relatos dos próprios artesãos e comerciantes locais. É consensual entre 90% dos entrevistados que os incentivos governamentais e institucionais contribuem muito na divulgação da produção do artesanato local, da cultura, das peixarias, do folclore e das tradições, e festas e danças típicas realizadas pela comunidade em várias datas no decorrer do ano. Apesar disso, cerca de 70% dos entrevistados afirmaram que falta a valorização do poder público por meio de mecanismos formais criados para orientar a promoção de produtos específicos com características qualitativas particulares e maiores incentivos para as comunidades ribeirinhas, principalmente quanto á inovação em processos de comercialização e promoção dos produtos. Referindo-se ao incentivo à cultura da produção artesanal de objetos cerâmicos pelos órgãos municipais de Cuiabá, 90% dos entrevistados disseram não haver oferta de cursos de gestão e marketing, por parte do setor público (prefeitura), ficando a cargo de órgãos como SEBRAE que apoia iniciativas empreendedoras. Os moradores relataram que tudo o que fazem ocorre por conta própria, sem incentivo de melhorias, ajuda ou mesmo suporte para continuar essa atividade. Assim, o fator econômico que contribui para a permanência nesse trabalho se dá pela necessidade de renda para ajudar na despesa familiar. O sistema de produção artesanal da cerâmica funciona em regime familiar, ou seja, a produção é voltada para complemento da renda da família. Outro dado relevante para a manutenção do segmento, é que são poucos os jovens que expressam interesse no artesanato em cerâmica. Enfim, a maior preocupação de todos os participantes da pesquisa se resume na extinção dessa cultura e das relações tradicionais, que durante o processo de mudanças vividas pela comunidade, ocorrido com perdas, sofrimento e dor, ainda há o conflito com as novas gerações, pois com o envelhecimento dos produtores atuais não existirão substitutos para a perpetuação da atividade. Considerações finais Este artigo objetivou caracterizar a realidade local e a importância feminina na Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá/MT. A pesquisa teve um enfoque exploratório, sendo realizada uma revisão bibliográfica e o levantamento de dados primários por meio de entrevistas e aplicação de questionários com análises descritivas baseadas na observaçãoparticipante. Ficou evidente na pesquisa de campo que a participação da mulher no artesanato em cerâmica é fundamental na composição da renda familiar, bem como por sua força em não ser socialmente invisível. As peças produzidas pelas mulheres ceramistas carregam consigo uma identidade própria, expressa por sentimentos, valores, crenças, raízes, costumes e tradições ribeirinhas. Dos fatores que levam a baixa valorização dos produtos artesanais da Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá/MT, foram observados: a baixa produção tem como consequência o abandono progressivo do artesanato; o enfraquecimento organizacional por parte dos produtores; o envelhecimento da população da comunidade e a crescente falta de mão de obra jovem nas atividades de artesanato por falta de interesse na atividade; a falta de divulgação dificulta a venda de produtos artesanais locais; excessiva dependência de ajuda do setor público; carência de investimentos produtivos; baixo dinamismo empresarial e carência em inovação; e ausência de capacidade empreendedora. Dos fatores que levam à valorização dos produtos artesanais da Comunidade São Gonçalo Beira Rio em Cuiabá, foi constatada a necessidade de: promover a identidade cultural das Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 62

comunidades rurais e distritais da Baixada Cuiabana, estimulando a valorização da produção agrícola familiar e artesanal, melhorando a eficiência da economia e da sociedade rural; preservar a característica dos produtos fabricados, a diversidade e a riqueza da paisagem agrícola tradicional são algumas variáveis que constituem fatores de competitividade da produção local, mantendo a identidade dos produtos oriundos da comunidade; a valorização do poder público, ou seja, a utilização de mecanismos formais criados para orientar a promoção de produtos específicos com características qualitativas particulares; promover a valorização e qualificação das localidades rurais como forma de potencializar a atividade turística, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e para o fortalecimento da identidade local. Observa-se que a produção cerâmica da comunidade São Gonçalo Beira Rio estabelece ao mesmo tempo, forte ligação com a manutenção da tradição e a incorporação de novos elementos, opiniões e ideias advindas do tempo presente. Isto acontece através de processos de reorganização das relações estabelecidas dentro e fora desta comunidade. Estes novos elementos incorporados à produção cerâmica são resultados das modificações das estruturas socioculturais, concretizados na forma de objeto cerâmico. O interesse por esta temática se deu pela observação da cultura cuiabana, que traz encanto e orgulho à sociedade local, e em especial ao papel das mulheres no fortalecimento da atividade artesanal e na manutenção da família, presente nas manifestações culturais da comunidade São Gonçalo e pelo processo que envolve a produção, carregando simplicidade, destreza e sentimentos. Ressalta-se que este trabalho não objetiva esgotar os questionamentos das comunidades locais e ribeirinhas, bem como a relação com as questões sociais que devem ser contínuas. REFERÊNCIAS ALBRECHT, M. S. Gênero, trabalho e políticas sociais. In: III Seminário Nacional de Gênero e Práticas Culturais: Olhares diversos sobre a diferença. 26, 27 e 28 de outubro de 2011, João Pessoa – PB, 2011. p.1-11. BEHRING, Elaine Rossetti. Política social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006. BORGES, F. T. M. Do extrativismo à pecuária: algumas observações sobre a história econômica de Mato Grosso: 1870-1930. São Paulo: Scortecci, 2001. 191 p. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC. Programa do Artesanato Brasileiro. Base Conceitual do Artesanato Brasileiro. Brasília, 2012. FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus municípios. Mato Grosso: Secretaria do Estado de Mato Grosso, 1997. GODELIER, M. Racionalidade e irracionalidade na economia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, [196-]. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. MORAES, M. D. C.; PEREIRA, L. C. Mulheres ceramistas no Poti Velho em Teresina-PI: fazendo arte e narrando identidades de gênero. Trabalho apresentado no XV Encontro de Ciências Sociais do Norte e Nordeste e pré-alas Brasil, de 4 a 7 de setembro de 2012, Universidade Federal do Piauí – UFPI. Teresina-PI. 21p. MUSSUMECI, V. Organização social e política brasileira. São Paulo: Brasil, 1962. 235 p. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) - FESAR – v. 3, n. 1, Jan/Abr – 2016 Página 63

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